Hist. Americana – Portal Conservador https://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Tue, 25 Jan 2022 12:20:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.8.6 65453639 Olavo de Carvalho morre aos 74 anos nos Estados Unidos https://portalconservador.com/olavo-de-carvalho-morre-aos-74-anos-nos-estados-unidos/ https://portalconservador.com/olavo-de-carvalho-morre-aos-74-anos-nos-estados-unidos/#respond Tue, 25 Jan 2022 12:19:56 +0000 https://portalconservador.com/?p=5529 read more →]]> Escritor bolsonarista anunciou que estava com covid-19 no dia 16, mas a causa da morte não foi revelada pela família

O escritor Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo, morreu na noite da segunda-feira, 24, aos 74 anos, em um hospital na região de Richmond, na Virgínia, Estados Unidos. O anúncio foi feito pela família de Carvalho nas redes sociais, na madrugada desta terça-feira, 25. A causa da morte não foi revelada, mas o escritor anunciou ter se infectado com o novo coronavírus no dia 16.

“A família agradece a todos os amigos as mensagens de solidariedade e pede orações pela alma do professor”, diz a publicação. No ano passado, Carvalho teve diversos problemas de saúde, que o levaram a uma série de internações em São Paulo e nos Estados Unidos, onde morava.

Em sua rede social, o presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou homenagem ao bolsonarista e desejou o conforto da família. “Nos deixa hoje um dos maiores pensadores da história do nosso país, o filósofo e Professor Olavo Luiz Pimentel de Carvalho. Olavo foi um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. Seu exemplo e seus ensinamentos nos marcarão para sempre”, escreveu.

– Que Deus o receba na sua infinita bondade e misericórdia, bem como conforte sua família.

Apesar de ter sido um grande apoiador do presidente durante as eleições de 2018, Olavo vinha realizando uma série de críticas ao governo, depois que esse perdeu o viés ideológico ao abrir espaço para o Centrão. Mesmo com o racha, o escritor ainda declarava voto a Bolsonaro em 2022.

Professor de filosofia, Olavo de Carvalho nasceu em Campinas, interior de São Paulo, em 1947. O escritor era cardiopata e portador da Doença de Lyme, doença transmitida por carrapatos, e um apoiador assumido do conservadorismo. O escritor deixa a esposa, Roxane, oito filhos e 18 netos.

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Após 5 anos, estado americano de Oklahoma vai voltar a executar presos https://portalconservador.com/apos-5-anos-estado-americano-de-oklahoma-vai-voltar-a-executar-presos/ https://portalconservador.com/apos-5-anos-estado-americano-de-oklahoma-vai-voltar-a-executar-presos/#respond Sun, 16 Feb 2020 20:57:27 +0000 https://portalconservador.com/?p=4678 read more →]]> (16 de Fev. de 2020) O estado americano de Oklahoma anunciou, na quinta-feira (13), que vai voltar a executar presos condenados à pena de morte com injeções letais. As execuções estavam suspensas desde 2015, depois de uma série de erros na aplicação das substâncias.

As autoridades do estado, um dos que mais aplicam a pena de morte nos Estados Unidos, disseram que agora têm acesso às drogas necessárias para aplicar as injeções letais. As execuções devem voltar a ser programadas em 150 dias (cinco meses), quando acaba a proibição determinada pela Justiça.

“Eu acredito que a pena capital é apropriada para os crimes mais hediondos, e é nosso dever enquanto oficiais de estado obedecer às leis do estado de Oklahoma e cumprir essa tarefa sombria”, declarou o governador do estado, o republicano Kevin Stitt, em uma coletiva de imprensa na capital estadual, Oklahoma City.

Duas autoridades estaduais — o procurador-geral e o Departamento de Correções — vêm trabalhando para revisar o protocolo de execução de Oklahoma e estabelecer um fornecimento confiável de drogas letais injetáveis, segundo o jornal americano “The New York Times”.

Também não há planos de mudar a sequência de drogas que eram usadas nas execuções no estado antes da suspensão dos procedimentos: midazolam, um sedativo; brometo de vecurônio, que para a respiração; e cloreto de potássio, que para o coração.

Problemas na execução dessa sequência foram o que levou à suspensão, na Suprema Corte americana, de três execuções em 2015 (veja mais abaixo na reportagem).

“O histórico de erros e más práticas de Oklahoma revela uma cultura de descuido em torno de execuções”, declarou Dale Baich, defensor público federal que representa prisioneiros no corredor da morte. “Nos próximos dias, aconselharemos o tribunal federal e continuaremos com o litígio em andamento que contesta a constitucionalidade do protocolo de Oklahoma”, disse.

Já o governador e outras autoridades expressaram confiança de que o estado poderia seguir adiante com as execuções sem novos problemas.

“As coisas que acrescentamos ao protocolo simplesmente adicionam mais freios e contrapesos, mais salvaguardas ao sistema, para garantir que o que aconteceu no passado não ocorra novamente”, declarou o procurador-geral de Oklahoma, o também republicano Mike Hunter, na quinta-feira (13).

Segundo dados do “Death Penalty Information Center”, que faz levantamentos sobre a pena capital nos EUA, 49 prisioneiros estavam no corredor da morte em Oklahoma em dezembro do ano passado. O estado tem, além disso, o terceiro maior número de execuções nos EUA desde 1976: foram 112, comparadas a 113 na Virgínia e 569 no Texas.

Falhas

Erros na administração e supervisão do suprimento de drogas usadas nos procedimentos foram os fatores que levaram a problemas nas duas últimas execuções do estado.

A primeira delas foi em abril de 2014, na penitenciária estadual na cidade de McAlester. Um prisioneiro, Clayton Lockett, pareceu gemer e lutar durante a execução, que durou 43 minutos. Médicos concluíram que ele não havia sido completamente sedado: Lockett recuperou a consciência durante o processo e se contorceu de dor antes de morrer — por um longo tempo após testemunhas, incluindo a imprensa, serem escoltadas da sala de observação da câmara de execução, disse o “The New York Times”.

Depois, em janeiro de 2015, Charles Warner foi executado em um procedimento que durou 18 minutos, no qual funcionários usaram a droga errada para parar seu coração: acetato de potássio em vez de cloreto de potássio.

A mesma droga quase foi usada em um segundo prisioneiro, Richard Glossip, mas, duas horas antes de sua execução, os funcionários da prisão perceberam que a droga errada havia sido enviada pela segunda vez.

O caso levou as autoridades estaduais a suspenderem todas as execuções em Oklahoma até que os procedimentos de pena de morte do estado pudessem ser revistos. A decisão, depois, foi apoiada por um juiz federal no estado.

Mesmo depois das falhas na aplicação das penas, os eleitores de Oklahoma aprovaram, em 2016, uma medida que protege a pena de morte na constituição estadual.

Em 2015, o estado se tornou o primeiro nos EUA a aprovar o uso de nitrogênio gasoso em execuções, mas nunca finalizou os planos para usar a substância, segundo a Associated Press.

Além de Oklahoma, outros 28 dos 50 estados americanos preveem a pena de morte — entre eles a Califórnia, onde, em dezembro de 2019, havia 729 pessoas no corredor da morte, a maior quantidade em todo o país, segundo o “Death Penalty Information Center”.

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Filósofo explica retorno de políticas fascistas nos Estados Unidos https://portalconservador.com/filosofo-explica-retorno-de-politicas-fascistas-nos-estados-unidos/ https://portalconservador.com/filosofo-explica-retorno-de-politicas-fascistas-nos-estados-unidos/#comments Mon, 02 Jul 2018 20:18:57 +0000 http://portalconservador.com/?p=4033 read more →]]> Jason Stanley, professor na Universidade de Yale e autor de ‘How Fascism Works’, mostra como identificar o fascismo atual

Uma nova pesquisa revelou que 8 em 10 americanos temem pela democracia no país e dois terços acreditam que o sistema democrático está enfraquecido. A pesquisa foi encomendada por um grupo bipartidário, o Democracy Project, que envolve o ex-presidente George W. Bush e o ex-vice presidente Joe Biden. A mais longa campanha presidencial da história dos Estados Unidos, que começou em 2015, reintroduziu no discurso político americano palavras que muitos acreditavam pertencer ao passado. Especialmente duas palavras carregadas de temor histórico, fascismo e nazismo. Mas o triste retorno não se deveu apenas à vitimização desonesta de tragédias históricas, como usar as palavras para xingar qualquer pessoa não identificada com a esquerda.

Uniformes nazistas confiscados pela polícia de Berlim Foto: Fabrizio Bensch/Reuters

Simpatizantes do fascismo e do nazismo não foram erradicados nos EUA. A diferença, na eleição de 2016, é que eles deram apoio aberto a um candidato e passaram a ter mais visibilidade em comícios e na mídia digital de direita, inclusive no site do então futuro alto assessor presidencial Steve Bannon. E o candidato republicano não se indignava com o apoio. Republicanos moderados e democratas liberais tentaram ver neste súbito protagonismo de extremistas antes marginalizados uma anomalia passageira. Afinal, como disse o ex-diretor do FBI James Comey, a sem precedentes interferência russa na eleição a favor do ex-apresentador de O Aprendiz podia ser investigada sem alarde porque nem ele, nem boa parte dos observadores políticos imaginavam que Hillary Clinton não seria eleita.

Mas, mesmo antes de começar a campanha presidencial, a semente do renovado namoro com o fascismo foi plantada pelo birtherismo, teoria conspiratória segundo a qual o primeiro presidente negro do país não teria nascido no Havaí e sim no Quênia. Em março de 2011, Donald Trump disse à rede ABC que estava pensando em se candidatar e, sim, era preciso duvidar que Obama era cidadão americano, uma acusação que manteve acesa até, sem a menor sinceridade, renunciar a ela dois meses antes de ser eleito.

O birtherismo chamou atenção do filósofo e professor da Universidade de Yale Jason Stanley, um filho de refugiados da 2.ª Guerra e neto de Ilse Stanley, a atriz judia alemã que salvou centenas de judeus posando como oficial nazista em campos de concentração e narrou suas memórias em The Unforgotten, publicado em 1957. Jason Stanley lançou, no final de 2016, o elogiado How Propaganda Works (Como Funciona a Propaganda), um livro sobre a fragilidade das democracias sob a difusão de propaganda.

Em setembro, sai nos Estados Unidos How Fascism Works: The Politics of Us and Them (Como Funciona o Fascismo: A Política de Nós e Eles), a nova obra do filósofo. O livro oferece contexto e referências históricas, mas não é uma história do fascismo, é um guia de identificação de políticas fascistas no mundo contemporâneo. Numa entrevista exclusiva ao Aliás, Jason Stanley refletiu sobre o peso da palavra fascismo. Ela teria perdido o impacto? “Não”, responde resoluto. “Era a palavra apropriada em 2016. É possível ser fascista, como já aconteceu na Inglaterra, na década de 1930, e não se engajar em crimes.” O autor lembra que a origem italiana da palavra (fascio, feixe, ajuntamento) faz com que seja evitada por nacionalistas brancos, os neofascistas americanos.

Apesar do mea culpa coletivo pela complacência com o autoritarismo anunciado na campanha, o professor Stanley cobra mais sobriedade dos jornalistas. “Veja a semana que passou, quanto tempo foi dedicado à jaqueta da primeira dama, que dizia ‘Eu não me importo e você?’ Alguém notou o plano de cortar o programa de nutrição que atende a 12% da população? Os jornalistas aderiram a esta política simbólica preferida dos dependentes químicos da indignação,” denuncia.

Stanley cita Hungria, Polônia, Turquia e Rússia como exemplos de países onde políticas fascistas têm sucesso pela via eleitoral. Assim como no slogan da campanha americana de 2016, Faça a América Grande de Novo, que romantiza o país dos anos 1950, um recurso crucial da política fascista é promover a volta ao passado que não aconteceu. “É o passado mítico, glorioso”, explica. “Daí vem o outro ingrediente importante do fascismo que é a oposição à ciência e a uma educação pública liberal. A ciência e a educação ampla desmentem o passado fictício. A escola pública é inimiga, coloca pessoas de grupos e classes diferentes em contato e, se você interage com o outro, tem menos chances de considerá-lo uma ameaça.”

Como explicar a devoção cultista do eleitor do atual presidente diante de políticas como as que cortam acesso a assistência médica, benefícios e a guerra comercial que deve provocar alta de preços e desemprego? Afinal, dizia o clichê, na Itália de Benito Mussolini, ao menos os trens estavam sempre no horário. A devoção, afirma Jason Stanley, é racial, ilustrada, segundo ele, por 53% de mulheres brancas que votaram no presidente e mais de 90% de mulheres negras que votaram em Hillary Clinton. Mas, se o patriarcado é um dos elementos do fascismo, como ele explica tanto apoio feminino a Trump? De novo, raça, ele afirma. O patriarca protege o grupo interno da ameaça externa.

No epílogo de How Fascism Works, Stanley responde à possível crítica de que exagera o retrocesso democrático em curso. O problema da normalização é real, ele argumenta, e cita um estudo recente de dois acadêmicos de Yale sobre o “julgamento da normalidade.” Nossa percepção do que é normal depende, além de nossos princípios, do que consideramos estatisticamente normal. “Quando a crueldade se torna mais frequente,” ele diz, como no caso das crianças tomadas dos pais na fronteira, “ela se torna mais aceitável. É um caminho para transformar uma política fascista numa realidade fascista.”

Pergunto ao professor Stanley, que tem alunos entre 18 e 21 anos e dá um curso chamado Propaganda, Ideologia e Democracia, se está otimista com a consciência democrática de seus estudantes. “Não”, dispara. “Há dois anos, minhas turmas estavam perturbadas com a direção da nossa política. Os calouros que entraram este ano não conheceram outro presidente. Não têm memória, parecem achar isso tudo normal.”

Jason Stanley indica como reconhecer um fascista em dez etapas:

Fetiche do passado

A gênese do fascismo está no passado mítico, quando havia pureza étnica, religiosa ou cultural. A mitologia é intencional, para provocar nostalgia pelo que não aconteceu.

Propaganda

Criar um problema, como uma crise de imigração fictícia e unificar um grupo em torno do combate à invasão de estrangeiros.

Anti-intelectualismo. Para erodir o discurso público bem informado, é preciso minar a ciência, a educação liberal, o conhecimento especializado.

Irrealidade

Uma vez que o anti-intelectualismo é bem sucedido, o debate racional é substituído por medo e raiva, o estímulo de um sentimento de perda para o qual é preciso encontrar culpados.

Hierarquia

A natureza impõe hierarquias de domínio que são incompatíveis com a aspiração de igualdade diante da lei que vinha se expandindo sob a democracia liberal.

Vitimização

Aumento de representação de minorias provoca um sentimento de vítima entre maiorias pressionadas a compartilhar poder. O coração do fascismo é lealdade à tribo – étnica, religiosa, cultural.

Lei e ordem

Esse slogan mascara a licença para violar a lei e a ordem. Impunidade de assassinatos policiais, abusos carcerários são vistos como necessários para proteger a sociedade virtuosa.

Ansiedade sexual

Se o demagogo é o pai da nação, qualquer ataque ao patriarcado e à família tradicional é uma ameaça. É preciso sexualizar o outro com fantasias de agressão e “desvio” sexual. Hitler dizia que os judeus conspiravam para usar soldados negros para estuprar as puras mulheres arianas. Linchamentos de negros no sul dos EUA ocorriam pelo simples boato de que um negro teria tentado flertar com uma mulher branca.

Nós e os outros

É preciso desumanizar segmentos da população, o “outro” como imigrantes latinos, muçulmanos, o que ajuda a justificar o tratamento destes grupos.

Publicado originalmente em Aliás-Estadão.

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Trump reverteu praticamente todas as suas promessas de campanha – para deleite do establishment https://portalconservador.com/trump-reverteu-praticamente-todas-as-suas-promessas-de-campanha-para-deleite-do-establishment/ https://portalconservador.com/trump-reverteu-praticamente-todas-as-suas-promessas-de-campanha-para-deleite-do-establishment/#respond Sat, 29 Apr 2017 01:03:36 +0000 http://portalconservador.com/?p=3354 read more →]]> É assim que funciona a política, e é difícil entender por que as pessoas ainda se surpreendem. Aconteceu o esperado: os eleitores de Trump estão assistindo à captura do Executivo americano pelo establishment de Washington. A captura é tão explícita, que todas as suas mudanças de postura estão sendo elogiadas pela grande mídia. O Washington Post, embora continue o atacando 24 horas por dia, já admite que ele vem adotando “posições mais centristas“. A BBC também fez a mesma observação.

Em menos de 100 dias, Trump deu uma guinada de 180 graus em várias áreas: Síria, Afeganistão, a promessa de revogar o ObamaCare, a alegação de que a China manipula sua moeda, relações com a Rússia, a importância da OTAN, a promessa de sair do NAFTA, a suspensão de novas contratações de funcionários públicos, a abolição do Ex-Im Bank, a re-nomeação de Janet Yellen como presidente do Federal Reserve, e a urgência de uma reforma tributária. Confira toda a lista aqui.

Comecemos pelos mais óbvios.

Durante toda a sua campanha eleitoral, Trump prometeu abertamente abolir o ObamaCare e, em seu lugar, simplesmente liberar a concorrência entre as seguradoras de saúde (o governo federal americano proíbe que a seguradora de um estado forneça serviços em outro estado). Tal mudança seria ótima. Porém, logo após sua eleição, ele mudou o tom e, em vez de abolir, passou a falar em “substituir”. Para isso, lutou pela aprovação de um novo modelo para o sistema de saúde, repleto de concessões aos democratas, elaborado pelo congressista republicano Paul Ryan.

Este modelo, denominado de RyanCare, era tão repleto de meios-termos, concessões e acomodações estatistas, que a ala mais libertária do Partido Republicano — denominada de Freedom Caucus — bloqueou sua aprovação. Trump, então, declarou guerra a eles. Só que isto será de pouca serventia a Trump, pois ele não possui grandes poderes políticos nos distritos destes congressistas. Com efeito, a maioria deles teve um desempenho eleitoral muito melhor que o de Trump em novembro passado.

Já o Export-Import Bank vem concedendo subsídios a grandes empresas exportadoras há décadas. A função deste banco é fomentar a exportação, e ele faz isso concedendo garantias para instituições bancárias que financiam as exportações de algumas empresas americanas. Na prática, o banco estatal serve aos interesses da Boeing e subsidiam as importações de produtos americanos pelos estrangeiros. Quando candidato, Trump disse que iria abolir o banco. Agora presidente, ele diz que apóia o banco.

Para o candidato Trump, a China manipulava a moeda para adquirir uma vantagem exportadora. O governo chinês, segundo Trump, estaria diminuindo artificialmente o valor de sua moeda. Como ele estaria fazendo isso é algo que Trump nunca explicou. E nem mais precisará, pois isso já é passado. Para Trump, a China não mais é uma manipuladora de moedas. O problema agora, segundo Trump, é o dólar, que estaria muito forte. Ainda mais esquisita foi sua justificativa para essa sua mudança de postura: segundo o próprio, ele parou de criticar a China simplesmente porque precisa da ajuda do país contra a Coreia do Norte.

E quanto ao Federal Reserve? Enquanto candidato, Trump criticou a política de juros baixos do Banco Central americano. Disse, corretamente, que ela prejudicava os poupadores. E que Janet Yellen deveria se envergonhar do que está fazendo. Não mais. Agora, a política do Fed é ótima, e Trump já até fala em conceder a Yellen mais um mandato como presidente do Banco Central americano.

E quanto ao inchaço da folha de pagamento do governo federal americano? Em seu terceiro dia como presidente, Trump assinou uma ordem executiva congelando a contratação de novos funcionários públicos fora das forças armadas. No início de abril, o congelamento derreteu, e as contratações federais voltaram a ser liberadas. A mais recente deserção ocorreu em relação à OTAN. Para o candidato Trump, a OTAN era obsoleta. Não mais. Agora, a OTAN é muito boa.

E quanto aos cortes de impostos para a classe média? Ele ainda tem de introduzir um projeto de lei. E o muro na fronteira com o México? Ele ainda tem de introduzir um projeto de lei.

E quanto a expulsar os imigrantes ilegais? Ele ainda tem de introduzir um projeto de lei. A administração diz que não mais haverá deportações em massa. Quando candidato, Trump disse que deportaria de 2 a 3 milhões de imigrantes ilegais que eram criminosos. Isso significa que teria de haver mais de 2.000 deportações por dia, durante quatro anos, para se chegar a 3 milhões. O custo seria de aproximadamente US$ 25.000 por deportação. O governo Obama deportou 333.000 apenas em 2015. Este número não mudou.

Algumas das mudanças, disseram membros do governo, demorarão para ser implantadas por causa dos custos, e também porque algumas das políticas terão de ser anunciadas por meio do registro federal. Funcionários do governo se recusaram a estimar os custos para a burocracia adicional necessária, inclusive a contratação de mais juízes especializados em imigração para acelerar as audiências, bem como a construção de um significativo número de novas casas de detenção para alojar imigrantes ilegais à espera da resolução de seus processos judiciais.

“Isso não irá acontecer amanhã”, disse um funcionário do Department of Homeland Security. [O Ministério da Segurança Nacional dos EUA].

Quando ocorrerá?

E quanto ao NAFTA? Quando candidato, Trump disse que retiraria os EUA do acordo comercial. Até agora, não apenas nenhuma mudança foi apresentada, como, de acordo com o site Vox:

Uma proposta do governo Trump que recentemente passou a circular no Congresso não parece querer uma transformação radical do NAFTA. Muito menos quer a sua abolição. Com efeito, todo o texto do documento parece … construtivo.

A proposta adota um teor surpreendentemente radiante em relação à importância do livre comércio com os parceiros dos EUA no NAFTA, Canadá e México, reconhecendo seus “interesses e valores em comum”. O documento contém vários daqueles fraseados convencionais sobre ‘acesso ao mercado’ e ‘redução das barreiras comerciais’ que costumam acompanhar este tipo de texto.

E, embora haja algumas cláusulas contra as quais México e Canadá possivelmente protestarão, é notável a ausência das propostas protecionistas tão defendidas por Trump durante sua campanha, as quais garantiriam que o acordo fosse revogado.

Essa agora é de especial interesse para aqueles que imaginavam que Trump atacaria os globalistas e a Nova Ordem Mundial:

O governo dos EUA pede a remoção de um dos três principais processos de solução de disputas judiciais sob o NAFTA, conhecido como Capítulo 19, o qual permite a criação de tribunais internacionais para ajudar a ordenar desavenças acerca de medidas criadas para punir fraudes comerciais. No entanto, não pede a eliminação do mais controverso de todos — o sistema de solução de disputas judiciais envolvendo investidores e governos, o qual permite que investidores processem governos em tribunais comerciais privados, basicamente concedendo a grandes corporações o status de países sob a lei internacional.

Por fim, e quanto às tarifas sobre produtos importados? Ele ainda tem de introduzir um projeto de lei.

Esta última, ao menos, está sendo uma louvável reversão de postura.

Qual a surpresa?

Eleições presidenciais nada mais são do que um show de marionetes. A maioria das promessas de campanha, para o bem e para o mal, não se concretiza após as eleições. No entanto, e curiosamente, as pessoas seguem acreditando em promessas eleitorais e votando de acordo com elas, aparentemente sem se dar conta de quão pouco as campanhas e manobras eleitorais têm a ver com os resultados concretos do governo eleito. As pessoas votam por uma coisa e recebem outra completamente diferente.

Quando as pessoas vão às urnas, elas não estão votando em políticas específicas (exceto no caso de um referendo), mas sim em pessoas específicas — as quais, tão logo eleitas, não estão comprometidas com absolutamente nenhuma promessa. Uma vez no poder, eles podem fazer o que quiser. Tão logo o poder sobe à cabeça, elas estão livres para se comportar de qualquer maneira, desde que consigam se safar. Portanto, não, Trump não cometeu nenhuma traição eleitoral. Ele simplesmente está dando continuidade a uma tradição da democracia. Como bem disse o Procurador-Geral John Mitchell (governo Nixon) antes de ir para a cadeia: “Observem aquilo que fazemos, e não aquilo que falamos”.

Publicado em Instituto Mises Brasil. Escrito por Gary North.

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Com mais de 5 milhões de livros vendidos, o polêmico “Politica, ideologia e conspirações” chega às livrarias em março https://portalconservador.com/com-mais-de-5-milhoes-de-livros-vendidos-o-polemico-politica-ideologia-e-conspiracoes-chega-as-livrarias-em-marco/ https://portalconservador.com/com-mais-de-5-milhoes-de-livros-vendidos-o-polemico-politica-ideologia-e-conspiracoes-chega-as-livrarias-em-marco/#respond Fri, 24 Mar 2017 19:44:13 +0000 http://portalconservador.com/?p=3328 read more →]]> Sempre ouvimos teorias sobre conspirações guiando o mundo, comandadas por políticos, ditadas por sociedades secretas, confrarias, religiões e organizações à sombra do Estado. No entanto, nunca eram apresentadas provas nem documentos que atestassem a real existências dessas tramas. Até agora!

A Faro Editorial lança em março o polêmico “Politica, ideologia e conspirações” de Gary Allen e Larry Abraham. Este livro, que já vendeu mais de 5 milhões de exemplares, apresenta muitas teses que hoje são amplamente confirmadas sobre como praticamente toda a nossa história foi moldada por interesses individuais.

Nenhum grupo poderoso e influente está limpo ou a salvo neste manifesto: Illuminatis, banqueiros, líderes mundiais, presidentes, ditadores, comunistas e capitalistas, globalistas, ONU, movimentos pela paz, anarquistas…

Este livro mostra que, além os que os autores chamam de As piores conspirações, não se tratam de algo secreto e nem discreto, mas de uma guerra aberta, declarada e constante, que nos distrai com sua tática de colocar socialistas contra liberais, esquerda contra direita, capitalismo vs comunismo. Fomos divididos em torcidas de uma falsa disputa, e os que realmente vencem nem precisam entrar em campo, sempre estiveram juntos em um terceiro lado, que não estava disputando nada, apenas nos ocupando enquanto mantinham o poder.

Os autores apresentam documentos que comprovam suas denúncias, para nos propor enxergar a história de outra maneira. Como por exemplo, famílias como Rockefeller, Rothschild e outras que foram responsáveis por estourar guerras mundiais e revoluções, lucrando inclusive com armas que mataram ambos os lados nos conflitos. E mesmo o comunismo foi fomentado e financiado por essas famílias para promover uma instabilidade econômica onde ainda não dominavam, rearranjando o poder com elas no topo.

Outro exemplo é o Manifesto Comunista de Karl Marx, que, segundo os autores, foi baseado num livro que existia 70 anos antes, mas era uma cartilha dos Illuminatis. A obra ainda denuncia o jogo de poder que estava por trás da grande depressão das bolsas americanas. Tramada para que os banqueiros para desestabilizar a economia mundial, falindo concorrentes e tornando seus promotores como únicos controladores do sistema.

Não dizem que toda história tem dois lados? Este é o lado da história que, provavelmente, você nunca ouvir falar.

Ficha Técnica
Título: Política, ideologia e conspirações
Nº de págs: 114
Preço: 29,90

Sobre os autores

GARY ALLEN graduou-se em História pela Stanford University e estudou na California State University, em Long Beach. Foi um membro preeminente da John Birch Society, da qual era porta-voz. A partir de 1964, escreveu para revistas como Conservative Digest e American Opinion, e também foi o redator dos discursos de George Wallace durante as campanhas do governador do Alabama para presidente. Faleceu em 1986.

LARRY ABRAHAM também formado em História e um estudioso do Direito, liderou movimentos republicanos ainda na juventude, tornando-se uma voz ativa dentro do meio liberal, tendo sido responsável por ajudar a formar milhares de grupos de estudos acerca do Pensamento Liberal. Foi co-fundador da PanAmerica Capital Group, Inc., autor e palestrante sobre temas políticos, econômicos e financeiros. Era um membro destacado da John Birch Society, sociedade ligada aos movimentos conservadores. Faleceu em 2008.

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Casa Branca anuncia “importante presença” do governo de Trump na Marcha pela Vida https://portalconservador.com/casa-branca-anuncia-importante-presenca-do-governo-de-trump-na-marcha-pela-vida/ https://portalconservador.com/casa-branca-anuncia-importante-presenca-do-governo-de-trump-na-marcha-pela-vida/#respond Fri, 27 Jan 2017 12:33:22 +0000 http://portalconservador.com/?p=3155 read more →]]> WASHINGTON DC, 26 Jan. 17 / 11:00 am (ACI).- Sean Spicer, secretário de imprensa da Casa Branca, anunciou que o governo de Donald Trump terá uma “importante presença” na Marcha pela Vida, que acontecerá na sexta-feira, 27 de janeiro, em Washington D.C.

Em coletiva de imprensa no dia 24 de janeiro, um jornalista recordou a Spicer que o ex-presidente George W. Bush tinha o costume de saudar os participantes no evento e perguntou se Trump “continuará com essa tradução”.

“Obviamente teremos uma importante presença lá”, assegurou o secretário de imprensa da Casa Branca.

“Acredito que não é um segredo que o presidente fez campanha com um presidente pró-vida. É algo que é muito importante para ele, como foi evidenciado pela restauração da ‘política da Cidade do México’ que assinou”, assinalou.

Durante a campanha eleitoral que o levou à presidência, Trump promete nomear juízes pró-vida para a Suprema Corte, assinar leis para proibir abortos tardios e para que não se financie abortos com dinheiro dos impostos, assim como cortar o financiamento de fundos públicos para a multinacional do aborto Planned Parenthood.

Em seu terceiro dia no cargo, 23 de janeiro, Trump reinstaurou a “política da Cidade do México”, que proíbe o financiamento com dinheiro de impostos a organizações não governamentais que realizam ou promovem o aborto como uma política de controle de natalidade fora dos Estados Unidos.

Esta política, implementado pela primeira vez por Ronald Reagan em 1984, leva o nome da cidade em que foi anunciada. A norma é considerada uma referência da agenda política do novo presidente sobre o aborto.

Durante seu mandato, Bill Clinton revogou a norma, que foi reinstaurada mais tarde por George W. Bush. Barack Obama eliminou mais uma vez a “política da Cidade do México”.

Sean Spicer recordou que Kellyanne Conway, Conselheira do Presidente, participará da Marcha pela Vida, mas indicou que mais tarde terão “mais informação sobre a potencial participação do presidente”.

O secretário de imprensa da Casa Branca indicou que ainda não pode precisar o “nível de participação do presidente”, que poderia ser “uma saudação de alguma forma ou um telefonema”.

Via ACI Digital.

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Como Trump conquistou o voto religioso mesmo sendo moralmente tão controverso? https://portalconservador.com/como-trump-conquistou-o-voto-religioso-mesmo-sendo-moralmente-tao-controverso/ https://portalconservador.com/como-trump-conquistou-o-voto-religioso-mesmo-sendo-moralmente-tao-controverso/#respond Thu, 10 Nov 2016 12:52:52 +0000 http://portalconservador.com/?p=3066 read more →]]> 10.11.2016 – Após uma campanha acirrada, os Estados Unidos elegeram ontem seu novo presidente: o republicano Donald Trump venceu a democrata Hillary Clinton. E as estatísticas indicam que o voto dos religiosos fez a diferença nessa vitória.

Segundo a ABC News, 81% dos evangélicos do país votaram em Trump e 16% em Hillary. Na Carolina do Norte, por exemplo, onde Trump superou Hillary por 50% a 46%, o índice de votos para o republicano entre evangélicos brancos foi de 78%. Para o escritor Tony Campolo, conselheiro do ex-presidente Bill Clinton, a vitória de Trump foi “sem dúvida devida em larga medida a homens brancos evangélicos”.

Para Jerry Falwell Jr., presidente da Liberty University, uma instituição evangélica, somente as lideranças dentro das denominações é que se dividiram em relação a Trump. “Os evangélicos já apoiavam amplamente Trump muito antes dos líderes o fazerem”, disse ao Christian Today.

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Diante das acusações de abuso sexual e dos múltiplos casamentos do novo presidente dos EUA, Falwell respondeu: “Os evangélicos acreditam que todos são pecadores. Todos erramos, todos precisamos de perdão. O Donald Trump que conheço tem um grande coração, ama o povo, ama seu país”. Trump declara-se presbiteriano e Hillary, metodista.

Além de ser a favor do casamento gay e a legalidade do aborto até o nono mês de gestação – além de outras posições ainda mais extremas -, Hillary gerou revolta entre os cristãos depois do vazamento de e-mails de alguns membros de sua equipe de campanha. Em uma dessas conversas, John Podesta, o diretor da campanha, e Sandy Newman, da organização Voices for Progress, falam sobre “plantar as sementes da revolução” dentro da Igreja Católica, para favorecer uma “primavera católica” que encerre a “ditadura medieval” e dê início a “um pouco de democracia e respeito pela igualdade de gênero”.

Até mesmo líderes evangélicos viram nisso um atentado contra a liberdade religiosa. 26 deles, todos afroamericanos, chegaram a assinar uma carta aberta à candidata democrata “com relação à liberdade religiosa para os negros americanos”.

A repercussão dos e-mails e das posições de Hillary entre os católicos ficou clara: entre eles, Trump também levou a melhor, embora de forma mais tímida, superando Hillary por 52% a 45%. Em 2012, era Obama quem tinha vencido entre os católicos.

A análise dos fatos deixa claro que questões importantes para os religiosos não podem ser deixadas de lado nas eleições americanas. Michael Wear, que foi conselheiro de Obama em assuntos relacionados a religião, culpou a negligência da campanha de Hillary em se envolver com comunidades evangélicas e católicas por sua derrota. “Isso deve ser parte da discussão sobre aonde vai o Partido Democrata a partir de agora”, disse ele ao Christian Today.

Publicado originalmente em Sempre Família.

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Está aberta o Trump Day. Confira os melhores memes da eleição presidencial https://portalconservador.com/esta-aberta-o-trump-day-confira-os-melhores-memes-da-eleicao-presidencial/ https://portalconservador.com/esta-aberta-o-trump-day-confira-os-melhores-memes-da-eleicao-presidencial/#respond Wed, 09 Nov 2016 16:36:11 +0000 http://portalconservador.com/?p=3038 09.11.2016 – Interrompemos nossa programação normal para comemorar o Trump Day. Nosso Editorial ganhou de presente uma folga para comemorar a vitória do nosso candidato republicano a Casa Branca, Donald Trump. E, para estrear o final de semana, que tal umas boas risadas? Confira os melhores memes do Trump Day.

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O chamado “Pé frio” do Mick Jagger

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A “Nazaré” tentando entender o que aconteceu nestas eleições

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Episódio d’Os Simpsons acertando a vitória de Trump

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Tradução: “Laranja é o novo Preto”

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Quem sabe na próxima, Kanye West?

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Nossa JUREG, faz o MURO!

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Institutos de pesquisa? Bem fossem agências de propaganda, não?

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Sobrou até para o Vasco!

E os esquerdistas estão assim…

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Donald Trump seria um vampiro?

E Donald Trump está assim:

É um bom ano para a direita também:

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Nossa humilde recomendação:

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5 motivos pelos quais Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos https://portalconservador.com/5-motivos-pelos-quais-donald-trump-sera-o-proximo-presidente-dos-estados-unidos/ https://portalconservador.com/5-motivos-pelos-quais-donald-trump-sera-o-proximo-presidente-dos-estados-unidos/#comments Sat, 23 Jul 2016 13:54:09 +0000 http://portalconservador.com/?p=2951 read more →]]> MICHAEL MOORE – Sinto muito por ser o portador de más notícias, mas fui direto com vocês no ano passado quando disse que Donald Trump seria o candidato republicano à Presidência. E agora trago notícias ainda mais terríveis e deprimentes: Donald J. Trump vai ganhar a eleição de novembro.

Esse palhaço desprezível, ignorante e perigoso, esse sociopata será o próximo presidente dos Estados Unidos. Presidente Trump. Pode começar a treinar, porque você vai dizer essas palavras pelos próximos quatro anos: “Presidente Trump”. Nunca na minha vida quis estar tão errado como agora.

Vejo o que você está fazendo agora. Está sacudindo a cabeça loucamente – “Não, Mike, isso não vai acontecer!”. Infelizmente, você está vivendo numa bolha anexa a uma câmara de eco, onde você e seus amigos vivem convencidos de que o povo americano não vai eleger um idiota como presidente.

Você alterna entre o choque e a risada por causa dos últimos comentários malucos que ele fez, ou então por causa do narcisismo vergonhoso de Trump em relação a tudo, afinal de contas tudo tem a ver com ele. E aí você ouve Hillary e enxerga a primeira mulher presidente, respeitada pelo mundo, inteligente, preocupada com as crianças, alguém que vai continuar o legado de Obama porque isso é obviamente o que o povo americano quer! Sim! Outros quatro anos disso!

Você tem de sair dessa bolha imediatamente. Precisa parar de viver em negação e encarar a verdade que sabe que é muito, muito real. Tentar se acalmar com fatos – “77% do eleitorado é composto por mulheres, negros, jovens adultos de menos de 35 anos; Trump não tem como ganhar a maioria dos votos de nenhum desses grupos!” – ou com a lógica – “as pessoas não vão votar num bufão, ou contra seus próprios interesses!” – é a maneira que seu cérebro encontra para te proteger do trauma. Como quando você ouve um estampido na rua e pensa “foi um pneu que estourou” ou “quem está soltando fogos?”, porque não quer pensar que acabou de ouvir alguém sendo baleado. É a mesma razão pela qual todas as primeiras notícias e relatos de testemunhas sobre o 11 de setembro diziam que “um avião pequeno se chocou acidentalmente contra o World Trade Center”.

Queremos – precisamos – esperar pelo melhor porque, honestamente, a vida já é uma merda, e é difícil sobreviver mês a mês. Não temos como aguentar mais notícias ruins.Então nosso estado mental entra no automático quando alguma coisa assustadora está realmente acontecendo. As primeiras pessoas atingidas pelo caminhão em Nice passaram seus últimos momentos na Terra acenando para o motorista; elas acreditavam que ele tinha simplesmente perdido o controle e subido na calçada. “Cuidado!”, elas gritaram. “Tem gente na calçada!”

Bem, pessoal, não se trata de um acidente. Está acontecendo. E, se você acredita que Hillary Clinton vai derrotar Trump com fatos e inteligência e lógica, obviamente passou batido pelo último ano e pelas primárias, em que 16 candidatos republicanos tentaram de tudo, mas nada foi capaz de parar essa força irresistível. Hoje, do jeito que as coisas estão, acho que vai acontecer – e, para lidar com isso, primeiro preciso que você aceite a realidade e depois talvez, só talvez, a gente encontre uma saída para essa encrenca.

Não me entenda mal. Tenho grandes esperanças em relação ao meu país. As coisas estão melhores. A esquerda ganhou a guerra cultural. Gays e lésbicas podem se casar. A maioria dos americanos têm uma posição liberal em relação a quase todas as questões: salários iguais para as mulheres; aborto legalizado; leis mais duras em defesa do meio ambiente; mais controle de armas; legalização da maconha. Uma enorme mudança aconteceu – basta perguntar ao socialista que ganhou as primárias em 22 Estados. E não tenho dúvidas de que, se as pessoas pudessem votar do sofá de casa pelo Xbox ou Playstation, Hillary ganharia de lavada.

Mas as coisas não funcionam assim nos Estados Unidos. As pessoas têm de sair de casa e pegar fila para votar. E, se moram em bairros pobres, negros ou hispânicos, não só enfrentam filas maiores como têm de superar todo tipo de obstáculo para votar. Então, na maioria das eleições é difícil conseguir que pelo menos metade dos eleitores compareça às urnas.

E aí está o problema de novembro — quem vai ter os eleitores mais motivados e mais inspirados? Você sabe a resposta. Quem é o candidato com os apoiadores mais ferozes? Cujos fãs vão estar na rua das 5h até a hora do fechamento da última urna, garantindo que todo Tom, Dick e Harry (e Bob e Joe e Billy Joe e Billy Bob Joe) tenham votado? Isso mesmo. Este é o perigo que estamos correndo. E não se iluda. Não importa quantos anúncios de TV Hillary fizer, quão melhor ela se portar nos debates, quantos votos os libertários roubarem de Trump — nada disso vai ser capaz de detê-lo.

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Você precisa parar de viver em negação e encarar a verdade que sabe que é muito, muito real. Eis as 5 razões pelas quais Trump vai ganhar:

1. A matemática do Meio-Oeste, ou bem-vindo ao Brexit do Cinturão Industrial. Acredito que Trump vá concentrar muito da sua atenção em quatro Estados tradicionalmente democratas do cinturão industrial dos Grandes Lagos — Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. Estes quatro Estados elegeram governadores republicano desde 2010 (só a Pensilvânia finalmente elegeu um democrata). Nas primárias de Michigan, em março, mais eleitores votaram nos republicanos (1,32 milhão) que nos democratas (1,19 milhão). Trump está na frente de Hillary nas últimas pesquisas na Pensilvânia e empatado com ela em Ohio. Empatado? Como a disputa pode estar tão apertada depois de tudo o que Trump tem dito? Bem, talvez porque ele tenha dito (corretamente) que o apoio de Clinton ao Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte) ajudou a destruir os Estados industriais do Meio-Oeste.

Trump vai bater em Clinton neste tema, e também no tema da Parceria Trans-Pacífica (TPP) e outras políticas comerciais que ferraram as populações desses quatro Estados. Quando Trump falou à sombra de uma fábrica da Ford durante as primárias de Michigan, ele ameaçou a empresa: se eles realmente fossem adiante com o plano de fechar aquela fábrica e mandá-la para o México, ele imporia uma tarifa de 35% sobre qualquer carro produzido no México e exportado de volta para os Estados Unidos. Foi música para os ouvidos dos trabalhadores de Michigan. Quando ele ameaçou a Apple da mesma maneira, dizendo que vai forçar a empresa a parar de produzir seus iPhones na China e trazer as fábricas para solo americano, os corações se derreteram, e Trump saiu de cena com uma vitória que deveria ser de John Kasich, governador do vizinho Estado de Ohio.

De Green Bay a Pittsburgh, isso, meus amigos, é o meio da Inglaterra: quebrado, deprimido, lutando. As chaminés são a carcaça do que costumávamos chamar de classe média. Trabalhadores nervosos e amargurados, que ouviram mentiras de Ronald Reagan e foram abandonados pelos democratas. Estes últimos ainda tentam falar as coisas certas, mas na verdade estão mais interessados em ouvir os lobistas do Goldman Sachs, que na saída vão deixar um cheque de gordas contribuições.

O que aconteceu no Reino Unido com a Brexit vai acontecer aqui. Elmer Gantry é o nosso Boris Johnson e diz a merda que for necessária para convencer a massa de que essa é a sua chance! Vamos mostrar para TODOS eles, todos os que destruíram o Sonho Americano! E agora o Forasteiro, Donald Trump, chegou para dar um jeito em tudo! Você não precisa concordar com ele! Você nem precisa gostar dele! Ele é seu coquetel molotov pessoal para ser arremessado na cara dos filhos da mãe que fizeram isso com você! DÊ O RECADO! TRUMP É SEU MENSAGEIRO!

E aqui entra a matemática. Em 2012, Mitt Romney perdeu por 64 votos no colégio eleitoral. Some os votos de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. A conta dá 64. Tudo o que Trump precisa para vencer é levar os Estados tradicionalmente republicanos de Idaho à Geórgia (Estados que jamais votarão em Hillary Clinton) e esses quatro do cinturão industrial. Ele não precisa do Colorado ou da Virgínia. Só de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. E isso será suficiente. É isso o que vai acontecer em novembro.

2. O último bastião do homem branco e nervoso. Nosso domínio masculino de 240 anos sobre os Estados Unidos está chegando ao fim. Uma mulher está prestes a assumir o poder! Como isso aconteceu?! Diante da nosso nariz! Havia sinais, mas os ignoramos. Nixon, o traidor do gênero, nos impôs a regra que disse que as meninas da escola têm de ter chances igual de jogar esportes. Depois deixaram que elas pilotassem aviões de carreira. Quando mal percebemos, Beyoncé invadiu o campo no Super Bowl deste ano (nosso jogo!) com um exército de Mulheres Negras, punhos erguidos, declarando que nossa dominação estava terminada. Meu Deus!

Este é apenas um olhar de relance no que se passa na cabeça do Homem Branco Ameaçado. A sensação é que o poder se lhes escapou por entre as mãos, que sua maneira de fazer as coisas ficou antiquada. Esse monstro, a “feminazi”, que, como diz Trump, “sangra pelos olhos ou por onde quer que sangre”, nos conquistou — e agora, depois de aturar oito anos de um negro nos dizendo o que fazer, temos de ficar quietos e aguentar oito anos ouvindo ordens de uma mulher? Depois disso serão oito anos dos gays na Casa Branca! E aí os transgêneros! Você já entendeu onde isso vai parar. Os animais vão ter direitos humanos e uma porra de um hamster vai governar o país. Isso tem de acabar!

3. O problema Hillary. Podemos falar sinceramente, só entre nós? E, antes disso, permita-me dizer que gosto de Hillary — muito — e acho que ela tem uma reputação que não merece. Mas ela apoiou a guerra no Iraque, e depois disso prometi que jamais votaria nela de novo. Mantive essa promessa até hoje. Para evitar que um protofascista se torne nosso comandante-chefe, vou quebrar essa promessa. Infelizmente acredito que Hillary vá dar um jeito de nos enfiar em algum tipo de ação militar. Ela está à direita de Obama. Mas o dedo do psicopata Trump vai estar No Botão, e isso é o suficiente. Voto em Hillary.

Vamos admitir: nosso maior problema aqui não é Trump — é Hillary. Ela é extremamente impopular — quase 70% dos eleitores a consideram pouco confiável e desonesta. Ela representa a política de antigamente: faz de tudo para ser eleita. É por isso que ela é contra o casamento gay num momento e no outro está celebrando o matrimônio de dois homens. As mulheres jovens são suas maiores detratoras, o que deve magoar, considerando os sacrifícios e batalhas que Hillary e outras mulheres da sua geração tiveram de enfrentar para que a geração atual não tivesse de ouvir as Barbara Bushes do mundo dizendo que elas têm de ficar quietas e bater um bolo.

Mas a garotada também não gosta dela, e não passa um dia sem que um millennial me diga que não vai votar em Hillary. Nenhum democrata, e seguramente nenhum independente, vai acordar em 8 de novembro para votar em Hillary com a mesma empolgação que votou em Obama ou em Bernie Sanders. Não vejo o mesmo entusiasmo. Como essa eleição vai ser decidida por um único fator — quem vai conseguir arrastar mais gente pra fora de casa e para as seções eleitorais –, Trump é o favorito.

4. O eleitor deprimido de Sanders. Pare de reclamar que os apoiadores de Bernie não vão votar em Clinton — eles vão votar! As pesquisas já mostram que um número maior de eleitores de Sanders vai votar em Hillary este ano do que o de eleitores de Hillary que votaram em Obama em 2008. Não é esse o problema. O alarme de incêndio que deveria estar soando é que, embora o apoiador médio de Sanders vá se arrastar até as urnas para votar em Hillary, ele vai ser o chamado “eleitor deprimido” — ou seja, não vai trazer consigo outras cinco pessoas. Ele não vai trabalhar dez horas como voluntário no último mês da campanha.

Ele nunca vai se empolgar falando de Hillary. O eleitor deprimido. Porque, quando você é jovem, não tem tolerância nenhuma para enganadores ou embusteiros. Voltar à era Clinton/Bush para eles é como ter de pagar para ouvir música ou usar o MySpace ou andar por aí com um celular gigante. Eles não vão votar em Trump; alguns vão votar em candidatos independentes, mas muitos vão ficar em casa. Hillary Clinton vai ter de fazer alguma coisa para que eles tenham uma razão para apoiá-la — e escolher um velho branco sem sal como vice não é o tipo de decisão arriscada que diz para os millennials que seu voto é importante. Duas mulheres na chapa — isso era uma ideia boa. Mas aí Hillary ficou com medo e decidiu optar pelo caminho mais seguro. É só mais um exemplo de como ela está matando o voto jovem.

5. O efeito Jesse Ventura. Finalmente, não desconte a capacidade do eleitorado de ser brincalhão nem subestime quantos milhões de pessoas se consideram anarquistas enrustidos. A cabine de votação é um dos últimos lugares remanescentes em que não há câmeras de segurança, escutas, mulheres, maridos, crianças, chefes, polícia. Não tem nem sequer limite de tempo. Você pode demorar o tempo que for para votar, e ninguém pode fazer nada. Você pode votar no partido, ou pode escrever Mickey Mouse e Pato Donald. Não há regras, E, por isso, a raiva que muitos sentem pelo sistema político falido vai se traduzir em votos em Trump. Não porque as pessoas concordem necessariamente com ele, não porque gostem de sua intolerância ou de seu ego, mas só porque podem.

Só porque um voto em Trump significa chutar o pau da barraca. Assim como você se pergunta por um instante como seria se jogar das cataratas do Niágara, muita gente vai gostar de estar no papel de titereiro, votando em Trump só para ver o que acontece. Lembra nos anos 1990, quando a população de Minnesota elegeu um lutador de luta livre para governador? Elas não o fizeram porque são burras ou porque Jesse Ventura é um estadista ou intelectual político. Elas o fizeram porque podiam. Minnesota é um dos Estados mais inteligentes do país. Também está cheio de gente com um senso de humor distorcido — e votar em Ventura foi sua versão de uma pegadinha no sistema político. Vai acontecer o mesmo com Trump.

Voltando para o hotel depois de participar de um programa da HBO sobre a convenção republicana, um homem me parou. “Mike”, ele disse, “temos de votar em Trump. TEMOS que dar uma chacoalhada as coisas”. Foi isso. Era o suficiente para ele. “Dar uma chacoalhada nas coisas”. O presidente Trump certamente faria isso, e uma boa parcela do eleitorado gostaria de sentar na plateia e assistir o show.


Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

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Engenharia da complacência: o antitabagismo como engenharia social https://portalconservador.com/engenharia-da-complacencia-o-antitabagismo-como-engenharia-social/ https://portalconservador.com/engenharia-da-complacencia-o-antitabagismo-como-engenharia-social/#respond Mon, 08 Feb 2016 19:17:49 +0000 http://portalconservador.com/?p=2771 read more →]]> Indignado ante o conformismo servil com que os americanos, outrora tão apegados às liberdades civis, vão aceitando as intrusões cada vez mais agressivas do governo nas suas vidas privadas, o economista Walter Williams finalmente se deu conta de que “o movimento antifumo explica parcialmente a atual complacência americana. Os zelotes do antitabagismo começaram com exigências ‘razoáveis’, como os avisos do Ministério da Saúde nos pacotes de cigarros. Depois exigiram áreas para não-fumantes nos aviões. Encorajados pelo sucesso, exigiram a proibição total do fumo nos aviões, e depois nos aeroportos, nos restaurantes e nos locais de trabalho. Tudo em nome da saúde. Percebendo a resposta complacente dos fumantes, passaram a banir o fumo das praias, nas praças e nas calçadas das grandes cidades. Agora estão clamando por prêmios de seguro-saúde mais caros para os fumantes. Se tivessem apresentado a lista inteira de suas exigências logo no começo, não teriam conseguido nada. Usando a cruzada antifumo como modelo e vendo os americanos tão complacentes, os zelotes e candidatos a tiranos estão ampliando mais e mais a sua agenda”.

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Meus leitores e ouvintes são testemunhas de que há uma década e meia, ou mais, venho lhes explicando o óbvio: a campanha antitabagista jamais teve nada a ver com a saúde. Como era de se prever desde o início, até hoje não se verificou em parte alguma, com a patente diminuição do número de fumantes, nenhuma, rigorosamente nenhuma redução proporcional da incidência das doenças alegadamente “causadas pelo fumo”. Mas a patente ausência dos resultados prometidos, em vez de colocar em questão as premissas iniciais da campanha e moderar a retórica antifumo, como se esperaria de mentalidades soi-disant científicas, é respondida com novas cargas de exigências cada vez mais prepotentes, mais histéricas, mais invasivas. O antitabagismo, como o socialismo, vive de redobrar o blefe após cada novo desmentido das suas pretensões, transfigurando em sucesso publicitário e político o fracasso crônico das metas nominais alardeadas. Não lhe falta, para isso, uma incansável e vociferante militância espalhada pela Europa e pelas Américas, composta de uma bem subsidiada elite ativista e uma massa idiota de “verdadeiros crentes” cada vez mais fanatizados. Tão fanatizados que nem mesmo o uso repetidamente comprovado de meios de propaganda fraudulentos (como as fotos forjadas que o nosso Ministério da Saúde estampou nos maços de cigarros) os leva a duvidar, por um momento sequer, da idoneidade da campanha.

Por trás do que imaginam os crentes, o antitabagismo militante jamais teve por meta proteger a saúde de ninguém. Foi apenas um primeiro e bem sucedido experimento de engenharia comportamental em escala planetária. Foi um balão-de-ensaio, preparatório à implantação de controles cada vez mais drásticos, cada vez mais intrusivos, destinados a reduzir a população de todo o Ocidente a uma massa amorfa incapaz de reagir a qualquer imposição, por mais arbitrária, lesiva e absurda, que venha da elite globalista autoconstituída em governo mundial.

A escolha do tema foi especialmente ardilosa, visando a seduzir conservadores, evangélicos e moralistas em geral, desarmando-os preventivamente ante quaisquer campanhas subseqüentes baseadas no mesmo modelo e usando a própria força deles para sufocar na “espiral do silêncio” as poucas vozes discordantes. Uma vez que você cedeu tudo à pretensa autoridade científica dos organismos internacionais em matéria de “saúde”, fica difícil reerguer a cabeça quando essa autoridade, em seguida, estende seus domínios para as áreas da alimentação, da educação escolar, da moral sexual, da vida familiar e assim por diante. A facilidade estonteante com que a elite revolucionária instrumentalizou os seus próprios adversários mais ardorosos aparece condensada simbolicamente num detalhe cômico, ou tragicômico, que denota a fragilidade estrutural da reação anti-estatista: o uso do tabaco é rigorosamente proibido nas sedes das organizações libertarians que defendem a liberação da maconha.

Só o que me espanta é que mesmo uma inteligência privilegiada como a de Walter Williams tenha levado tanto tempo para notar que o antitabagismo, usando do ardil das exigências progressivamente ampliadas (a famosa técnica da rã na panela), impôs muito mais do que sua meta nominal de restringir o consumo de cigarros: impôs, junto com ela, uma nova autoridade, um novo esquema de poder, um novo procedimento legislativo, um novo sistema de comandos que pode ser acionado a qualquer momento, com garantias quase infalíveis de obediência automática, para espalhar entre as massas as reações padronizadas que a elite global bem deseje. O triunfo da prepotência antitabagista não trouxe nem trará jamais os anunciados efeitos benéficos para a saúde da população, mas, depois dele, a humanidade Ocidental já não será mais a mesma. A complacência ante o Estado intrusivo parece ter-se arraigado de uma vez por todas no espírito das massas, pondo um fim à era da livre discussão e inaugurando a da passividade servil e do ódio à divergência.

Escrito por Olavo de Carvalho. Publicado no Diário do Comércio, 11 de abril de 2012.

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