Che Guevara – Portal Conservador https://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Fri, 18 May 2018 22:31:02 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3.3 65453639 O verdadeiro Che Guevara https://portalconservador.com/o-verdadeiro-che-guevara/ https://portalconservador.com/o-verdadeiro-che-guevara/#comments Mon, 01 Dec 2014 17:19:20 +0000 http://portalconservador.com/?p=1293 read more →]]> “Execuções?”, gritou Che Guevara enquanto discursava na glorificada Assembléia Geral da ONU, em 9 de dezembro de 1964.  “É claro que executamos!”, declarou o ungido, gerando aplausos entusiasmados daquele venerável órgão.  “E continuaremos executando enquanto for necessário!  Essa é uma guerra de morte contra os inimigos da revolução!”

De acordo com O Livro Negro do Comunismo, escrito por estudiosos franceses de esquerda (ou seja, dificilmente uma mera publicação “direitista” ou de “fanáticos anticastristas de Miami”), ocorreram 14.000 execuções por fuzilamento em Cuba até o final de década de 1960.  (Slobodan Milosevic, não custa lembrar, foi a julgamento por ter ordenado 8.000 execuções.  A mesma ONU que aplaudiu delirantemente a orgulhosa declaração de Che Guevara condenou Milosevic por “genocídio”).

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“Os fatos e números são incontestáveis”, escreveu ninguém menos que o New York Times, ícone da esquerda, sobre o “Livro Negro do Comunismo”.  Jose Vilasuso, um cubano que à época era promotor dos julgamentos comandados por Guevara, fugiu horrorizado e enojado com o que presenciou.  Ele estima que Che promulgou mais de 400 sentenças de morte apenas nos primeiros meses em que comandava a prisão de La Cabaña.  Umpadre basco chamado Iaki de Aspiazu, que sempre estava à mão para ouvir confissões e fazer a extrema unção, diz que Che pessoalmente ordenou 700 execuções por fuzilamento durante esse período.  Já o jornalista cubano Luis Ortega, que conheceu Che ainda em 1954, escreveu em seu livro “Yo Soy El Che!” que o número real de pessoas que Guevara mandou fuzilar é de 1.892.

Em seu livro, Che Guevara: A Biography, o autor Daniel James escreve que o próprio Che admitiu ter ordenado “milhares” de execuções durante o primeiro ano do regime de Fidel Castro.  Felix Rodriguez, o agente cubano-americano da CIA que ajudou a caçar Che na Bolívia e que foi a última pessoa a interrogá-lo, diz que Che, em sua última conversação, admitiu “algumas milhares” de execuções.  Mas fez pouco caso delas, dizendo que todas as vítimas eram “espiões imperialistas e agentes da CIA”.

“Eu não preciso de provas para executar um homem”, gritou Che para um funcionário do judiciário cubano em 1959.  “Eu só preciso saber que é necessário executá-lo!”

As vítimas do regime fidelista, os “inimigos da revolução”, foram uns dos mais empreendedores e valentes lutadores do século XX, junto com os Guerreiros da Liberdade Húngaros.  Eles lutaram valente e desesperadoramente, mesmo sabendo que praticamente não tinham chances.  Eles lutavam até a última bala; e, normalmente, lutavam até a morte.  No final, eram capturados, amordaçados e fuzilados por Che e seus seguidores.

Os poucos sobreviventes vivem hoje em lugares como Miami e Nova Jersey, e podem ser considerados os prisioneiros políticos mais longevos e sofridos da história moderna.  Porém, se você procurar sobre a história deles na grande mídia, sua empreitada será em vão.  Afinal, eles lutaram contra a fina flor do esquerdismo chique.  Sendo assim, o heroísmo deles não é considerado um drama politicamente correto.

Por outro lado, a revista Time, por exemplo, classificou honrosamente Che Guevara como uma das “100 Pessoas Mais Importantes do Século”.  Não satisfeitos com tão incompleto louvor, também o colocaram na seção “Heróis e Ícones”, ao lado de Anne Frank, Andrei Sakharov, Rosa Parks e Madre Teresa.  Daqui em diante, as ironias vão ficando mais ricas.

A mais popular versão da camiseta e do pôster de Che, por exemplo, ostenta o slogan “Lute Contra a Opressão” sob sua famosa face.  Essa é a face de um homem que fundou um regime que encarcerou mais de seu próprio povo do que Hitler e Stalin, e que declarou que “o individualismo deve desaparecer!”.  Em 1959, com a ajuda dos agentes soviéticos da GRU, o homem celebrado naquela camiseta ajudou a fundar, treinar e a doutrinar a polícia secreta cubana.  “Sempre interrogue seus prisioneiros à noite”, ordenava Che a seus capangas.  “A resistência de um homem é sempre menor à noite”.  Hoje, um mural com o retrato de Che — o maior do mundo — adorna o Ministério do Interior, que é o quartel-general do KGB cubana — a polícia secreta treinada pela STASI.  Nada poderia ser mais apropriado.

O boxeador Mike Tyson costumava comemorar suas vitórias erguendo seus braços em triunfo.  Em 2002, ele visitou Cuba e tatuou uma enorme imagem de Che em seu torso.  Desde então, ele tem sido horrível e impiedosamente surrado em absolutamente todas as suas lutas, um processo que é uma mímica perfeita do histórico de combate de seu ídolo.  Que Mike Tyson aprenda: Che era de fato muito proficiente em castigar seus inimigos, milhares deles, mas somente após estes estarem devidamente amarrados, amordaçados e vendados — e creio que a Federação Nacional de Boxe não vai permitir isso.

Quando a intelligentsia e todo o beautiful people presente no Festival de Cinema de Sundance (que incluía variedades como Al Gore, Sharon Stone, Meryl Streep e Paris Hilton) explodiu numa extasiante ovação ao filme Diários de Motocicleta, eles estavam aclamando um filme que glorificava um homem que havia encarcerado ou exilado os melhores escritores, poetas e cineastas independentes de Cuba, ao mesmo tempo em que transformava a imprensa e o cinema — tudo sob a mira de metralhadores tchecas — em agências de propaganda do regime stalinista.

O produtor executivo do filme, Robert Redford (que sempre inicia os festivais discursando longamente sobre a importância da liberdade artística), foi obrigado a exibir o filme para Fidel Castro e para a viúva de Che (que chefia o Centro de Estudos Che Guevara, em Cuba) antes de seu lançamento oficial, para ver se ambos aprovariam o resultado.  Até onde se sabe, não houve gritos e protestos de “censura!” e “vendido!” para Redford.

As tietes de Che são muitas e variadas.  Christopher Hitchens, por exemplo, se maravilha com a “indomável rebeldia” de Che e nos assegura em seu mesmo artigo no New York Times que “Che não era um hipócrita”.  “1968 na verdade começou em 1967, com a morte de Che”, reconta Hitchens.  “Sua morte significou muito pra mim, e para muitos como eu, na época.  Ele era um modelo para todos”.

Johnny Depp gosta de ostentar o rosto de Che em seus pingentes, blusas e bandanas.  Tivesse ele nascido duas décadas antes em Cuba e tentasse ostentar esse estilo rebelde que lhe é peculiar, certamente teria sido enviado para um campo de concentração, onde seria obrigado a cavar fossos e túmulos — um sistema que foi criado pela primeira vez na América Latina exatamente pelo homem glorificado em seus adornos.

Já o célebre historiador Benicio Del Toro, que acaba de estrelar um filme no papel de seu herói, diz que “Che foi um daqueles caras que falavam e faziam.  Era coerente.  Sempre tem algo de cool em pessoas assim.  Quanto mais vou conhecendo Che, mais o respeito”.

Aparentemente Del Toro se entusiasmou tanto com a imagem cool de Che que esqueceu-se de examinar seu histórico, como comprova esse constrangedor vídeo em que uma jornalista cubana radicada em Miami humilha Del Toro, expondo toda sua ignorância sobre o passado de Che.

Nenhuma pessoa em seu perfeito juízo vestiria uma camiseta estampando o rosto de Che.  E nenhuma pessoa decente toleraria essa camisa em seus arredores.  Porém, a gravura de Che Guevara é considerada a imagem mais reproduzida do século, embelezando desde camisetas e pôsteres, até biquínis e skates, passando por celulares e fraldas.  Hollywood o glorifica em grandes produções e a revista Time o celebra como um ícone da mesma grandeza de Madre Teresa.

Quem foi Che Guevara?

Mas como um sujeito horrendo, vazio, estúpido, sádico e epicamente idiota conseguiu um status tão icônico?

A resposta é que esse nômade psicótico e completamente inexpressivo chamado Ernesto Guevara teve a magnífica sorte de associar-se ao maior assessor de imprensa da história moderna, Fidel Castro, que por meio século sempre foi capaz de manter toda a imprensa mundial diligentemente à espera de diretivas, correndo para ele a cada chamado seu, como pombos treinados.  Caso Ernesto Guevara De La Serna y Lynch não tivesse se juntado a Raul e Fidel Castro na Cidade do México naquele fatídico verão de 1955; caso ele não tivesse se associado, um ano antes, a um exilado cubano na Guatemala chamado Nico Lopez, que mais tarde o apresentou a Raul e Fidel Castro na Cidade do México; tudo indica que Ernesto continuaria vivendo sua vida de viajante vagabundo, mendigando e molestando mulheres, dormindo em albergues inabitáveis e escrevendo poesia ilegível.

“Estou aqui nas montanhas de Cuba sedento por sangue”, escreveu Che para a sua esposa abandonada em 1957.  “Querido pai, hoje descobri que realmente gosto de matar”, escreveu logo depois.   O detalhe é que essa matança de que ele gostava muito raramente era feita em combate; o que ele gostava mesmo era de matar à queima-roupa homens e garotos amarrados e vendados.

“Quando você via aquele olhar extasiado em sua face, enquanto as vítimas eram amarradas aos postes e logo em seguido estouradas”, disse a esse escritor um ex-prisioneiro político, “você percebia que havia algum distúrbio seriamente grave em Che Guevara”.  De fato, a única façanha genuína na vida de Che Guevara foi o homicídio em massa de homens e garotos indefesos.  De sua própria arma, dezenas morreram.  Sob suas ordens, milhares foram aniquilados.  Em tudo o mais que fez, Che fracassou abismalmente, até hilariamente.  (Em um episódio cômico, durante a invasão da Baía dos Porcos, Che e seus homens estavam em um lugar completamente diferente da parte da ilha em que estava ocorrendo a ação.  Mesmo assim, alguns exilados cubanos mandaram em sua direção um pequeno barco carregado de fogos de artifício, uma mera tática de distração.  O despreparado Che, liderando seus homens para uma ofensiva contra um barco completamente vazio, conseguiu a façanha de atirar em si próprio, acertando sua mandíbula.  Deve ser um caso raro de um soldado que se fere sozinho com sua arma quando não há inimigo algum por perto…)

Seus escritos revelam um jovem severamente problemático.  “Minhas narinas se dilatam quando aprecio o odor acre da pólvora e do sangue.  Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos!  Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!”

O termo “ódio” era uma constante em seus escritos: “Ódio como um elemento de luta”;  “um ódio que é intransigente”; “um ódio que é tão violento que impulsiona um ser humano para além de suas limitações naturais, fazendo dele uma violenta e fria máquina de matar.”

Dentre suas perturbadas fantasias, a mais proeminente era a implementação de um reino continental stalinista.  Para atingir esse ideal, o jovem problemático almejava “milhões de vítimas atômicas”.

O perturbado jovem argentino também era arredio e desprezava todos ao seu redor: “Não tenho casa, não tenho mulher, não tenho pai, não tenho mãe, não tenho irmãos.  Meus amigos só são amigos quando eles pensam ideologicamente como eu”.

Felizmente para ele, quando ainda era um vagabundo na Cidade do México, teve a sorte de encontrar um homem cujo julgamento sobre a psique humana era extremamente perspicaz.  Este homem, um exilado cubano, diagnosticou corretamente a psicose do argentino e fez uma “intervenção” no momento certo, canalizando os talentos e anseios deste jovem problemático para fins considerados construtivos pela intelligentsia mundial: o estabelecimento do stalinismo.

Rapidamente o argentino se viu lucrativamente empregado em Cuba.  Seu intenso desejo por sangue foi amplamente satisfeito no extermínio de cubanos anticomunistas, uma espécie mamária que os iluminados de todo o mundo consideram uma peste insuportável.

De início, o perturbado jovem argentino assumiu o papel de principal executor dos homicídios em massa de cubanos indefesos, estraçalhando os crânios de suas vítimas — que jaziam convulsionadas no chão — com tiros de sua própria pistola.  Mas dado o aumento no volume de serviço, a tarefa acabou se tornando fatigante, o que fez com que o argentino designasse alguns capangas cubanos para o trabalho, facilitando dessa forma a matança em série.

Não que ele tenha se distanciado da carnificina.  Na realidade, ele se deliciava tanto com o processo que uma janela especial foi construída em seu escritório, permitindo que ele visse e se regozijasse com a orgia sangrenta no campo logo abaixo de sua janela.

Em um famoso discurso em 1961, Che denunciou o “espírito de rebeldia” como sendo algo “repreensível”.  “A juventude deve abster-se de questionar de modo ingrato as ordens governamentais”, ordenou Guevara.  “Em vez disso, ela deve se dedicar completamente aos estudos (marxistas), ao trabalho (para o governo) e ao serviço militar (para matar os desobedientes)”.

E ai daqueles jovens “que ficarem acordados até tarde da noite e chegarem atrasados para o trabalho (forçado pelo governo)”.  Os jovens, escreveu Guevara, “devem aprender a pensar e a agir como uma massa única”.  “Aqueles que escolherem o próprio caminho” (como deixar o cabelo crescer e ouvir música imperialista ianque) serão denunciados como “dejetos” e “delinquentes”.  Em seu famoso discurso, Che Guevara até mesmo jurou “fazer com que o individualismo desapareça de Cuba!  É criminoso pensar como indivíduos!”

Dezenas de milhares de jovens cubanos aprenderam que as ameaças de Che Guevara eram mais do que mera linguagem bombástica.  Centenas de soviéticos do KGB e “consultores” da STASI da Alemanha Oriental, que inundaram Cuba no início da década de 1960, encontraram em Guevara um acólito extremamente zeloso.  Já em meados dos anos 60, o crime de se parecer com um “roqueiro” ou ter um comportamento efeminado fez com que a polícia secreta cubana retirasse das ruas e parques de Cuba milhares de jovens e os jogassem em campos de concentração que tinham os dizeres “O Trabalho Fará de Você um Homem” em seu portão principal, bem como homens com metralhadoras localizados estrategicamente em torres de observação.  As iniciais desses campos eram UMAP, mas eles em nada diferiam de um GULAG.

Cuba antes da revolução

O mito popular é que Cuba era um país com uma economia desintegrada e que Fidel melhorou a vida dos cubanos.  Será?

Nos meses seguintes à revolução cubana, por exemplo, o economista tcheco Radoslav Selucky visitou Cuba e tomou um susto:  “Pensávamos que Cuba fosse um país subdesenvolvido que tivesse apenas algumas refinarias de açúcar!”, escreveu quando voltou a Praga.  “Mas não!  Quase 25% da força de trabalho de Cuba estava empregada na indústria, onde os salários eram iguais aos salários pagos nos EUA!”

Agora, eis as palavras do próprio Che Guevara em 1961, após retornar a Cuba, junto com seus subordinados, de uma longa viagem ao Leste Europeu: “Não podemos dizer que só vimos maravilhas naqueles países”, admitiu Che.  (Considerando-se a natural propensão do povo cubano para o sarcasmo, é provável que Che tenha dito isso em resposta às zombarias e risadas de seus subalternos, que possivelmente ridicularizaram as — para eles — patéticas condições socioeconômicas das principais capitais do Leste Europeu — as quais Cuba deveria emular!)

“É natural que, para um cubano do século XX, acostumado a todos os luxos que o imperialismo lhe deu”, escreveu Che Guevara, “muito do que ele viu (no Leste Europeu) parecesse-lhe algo típico de países subdesenvolvidos”.

Mas não se intimide!  Logo após se tornar ministro da economia de Cuba, Guevara já tinha planejado como tirar aquele sorriso de escárnio do rosto dos cubanos.

Como o Czar da economia cubana, Che transformou uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média maior que a da Suíça, um enorme fluxo de imigrantes e cujos trabalhadores desfrutavam a oitava maior taxa salarial do mundo, em uma nação que causa repúdio até nos haitianos.  E isso mesmo após receberem abundantes subsídios dos soviéticos, cujo total foi igual a dez Planos Marshall (isso para uma nação de apenas 6,4 milhões de habitantes) — um feito econômico que desafia não somente as leis econômicas mas que também parece desafiar a física.  Se tem uma coisa com que os exilados cubanos concordam inteiramente com Fidel e Che é que eles são ícones do Terceiro Mundo.  Afinal, ambos certamente conseguiram o feito aparentemente impossível de converter Cuba em uma nação do Terceiro Mundo.

Utilizemos agora um estudo da ONU (ninguém menos!) sobre Cuba, de 1958.  “Cuba possui uma enorme vantagem em sua integração nacional — em comparação aos outros países da América Latina — por causa de sua enorme e homogênea base de imigrantes espanhóis brancos.  A pequena população negra de Cuba também é culturalmente integrada.  Aqueles modos de produção feudal que existem no resto da América Latina não existem em Cuba.  Ocamponês cubano não se parece com o camponês do resto da América Latina, que está preso à terra, é tradicionalista e se opõe às inovações que o levariam a uma economia de mercado.  O camponês cubano, em todos os aspectos, é um homem moderno.  Ele possui um nível educacional e uma familiaridade com métodos modernos que não é vista no resto da América Latina”.

Outra verdade escondida: “os trabalhadores pobres” não tiveram participação alguma na Revolução Cubana.  A rebelião anti-Batista foi liderada e composta predominantemente por membros da classe média cubana, principalmente da classe média alta.  Em agosto de 1957, o movimento rebelde liderado por Fidel organizou uma “Greve Nacional” contra a ditadura de Batista — e ameaçou matar os trabalhadores que aparecessem para trabalhar.  A “Greve Nacional” foi completamente ignorada.

Outra greve foi organizada para o dia 9 de abril de 1958.  E novamente os trabalhadores cubanos ignoraram solenemente seus “libertadores”, comparecendo em massa para trabalhar.

Eis um outro relatório, agora da UNESCO, sobre Cuba, em 1957: “Uma característica da estrutura social de Cuba é sua grande classe média“, começa o relatório.  “Os trabalhadores cubanos são mais sindicalizados (proporcionalmente à sua população) do que os trabalhadores americanos.  O salário médio para uma jornada de 8 horas diárias em Cuba em 1957 é maior do que para os trabalhadores da Bélgica, Dinamarca, França e Alemanha.  A mão-de-obra cubana recebe 66,6% da renda interna bruta.  Nos EUA, esse valor é de 70% e na Suíça, 64%.  44% dos cubanos são atendidos pela legislação social, uma porcentagem maior que a dos EUA.”

Em 1958, Cuba tinha uma renda per capita maior que a da Áustria e do Japão.  Os trabalhadores da indústria cubana recebiam o oitavo maior salário do mundo.  Na década de 50, os estivadores cubanos ganhavam mais por hora do que seus equivalentes em Nova Orleans e em São Francisco.  Cuba já havia estabelecido a jornada de 8 horas diárias em 1933 — cinco anos antes de Roosevelt e seu New Deal imporem a mesma regra.  E mais: um mês de férias pagas.  As tão aclamadas (pela esquerda) socialdemocracias da Europa só conseguiram implementar esse sistema 30 anos depois.

A mortalidade infantil em 1958 era a 13ª mais baixa — não da América Latina ou do Ocidente, mas do mundo.  O analfabetismo já estava quase erradicado.  Cuba era o país que mais gastava (23% do orçamento) com educação pública em toda a América Latina.  Mais ainda: os cubanos não eram apenas alfabetizados; eram também cultos.  Podiam ler George Orwell e Thomas Jefferson, bem como a arrebatadora sabedoria e cintilante prosa de Che Guevara.

A rebelião anti-Batista (e não revolução), como dito, estava apinhada de universitários e profissionais liberais.  Advogados desempregados abundavam (Fidel Castro, por exemplo).  Observe a composição do primeiro gabinete da “revolução camponesa”, composta pelos líderes do movimento anti-Batista: 7 advogados, 2 professores universitários, 3 estudantes universitários, 1 médico, 1 engenheiro, 1 arquiteto, 1 ex-prefeito e coronel que desertou do exército de Batista.  Um grupo notoriamente “burguês”, como poderia dizer Che.

Já em 1961, entretanto, operários e campesinos formavam a grande maioria dos rebeldes anti-Castro, principalmente as guerrilhas das montanhas Escambray.  Quem é que já ouviu falar de camponeses pobres lutando contra seus benfeitores Fidel e Che?

Antes de Castro tomar o poder, Cuba recebia mais imigrantes (principalmente da Europa) em proporção à sua população do que os EUA.  E mais americanos viviam em Cuba do que cubanos viviam nos EUA.  Ademais, naquela época, pneus, barris e caixas de isopor eram apenas isso, e não itens estimados no mercado negro para serem utilizados como dispositivos de flutuação marítima, sujeitando seus usuários — ingratos que fogem de seus libertadores — a tubarões e intempéries da natureza.

Em 1958, Cuba passava por uma rebelião, não uma revolução.  Os cubanos queriam mudanças políticas e não um cataclisma socioeconômico.

É uma questão de história o fato de que em janeiro de 1959 os EUA deram seu reconhecimento diplomático ao regime de Fidel/Che mais rapidamente do que reconheceram o de Batista em 1952.  Os arquivos do Departamento de Estado americano também mostram que os EUA impuseram um embargo de armas ao governo Batista e se recusaram a enviar armas pelas quais o governo cubano já havia pagado.  Os arquivos oficiais também documentam que o embaixador americano Earl T. Smith avisou pessoalmente Batista que ele não mais tinha o apoio do governo americano, que recomendava fortemente que ele deixasse Cuba.  Batista teve seu asilo político negado nos EUA.

Em 2001, em uma visita a Havana para uma conferência com Fidel Castro, Roberto Reynolds, o agente da CIA para o Caribe, responsável pelo gerenciamento da Revolução Cubana entre 1957 e 1960, declarou orgulhosamente que “Eu e toda a minha equipe éramos fidelistas”.

Robert Weicha, ex-agente da CIA lotado em Santiago de Cuba declarou que “Todos na CIA e todos no Departamento de Estado eram pró-Castro, exceto o embaixador Earl Smith.”

Não obstante, você aprendeu em seus livros de história que “Che Guevara ajudou a derrubar o ditador cubano Fulgencio Batista, que era apoiado pelos EUA”.

A Cuba de Fidel

A influência que Fidel Castro exerce sobre a intelligentsia só pode ser descrita como mágica, o que torna qualquer avaliação pública de seu regime por esses iluminados completamente despida de lógica.  A saber:

Ele encarcerou e torturou a uma taxa maior do que Stalin e se recusa (diferentemente da África do Sul do apartheid, do Chile de Pinochet e da Nicarágua de Somoza) a permitir que a Anistia Internacional ou a Cruz Vermelha inspecionem suas prisões.  Não obstante, Cuba ocupou a cadeira do Comitê de Direitos Humanos da ONU, e quando de sua visita a Nova York como o palestrante principal em 1995, a revista Newsweek aclamou Castro como “O Ticket Mais Quente de Manhattan”, e a Time disse que ele era “A Celebridade de Manhattan”, em referência ao enxame de pessoas da alta sociedade que o rodeavam e bajulavam pedindo autógrafos.

Seu código penal ordena 2 anos de prisão para qualquer um que seja ouvido fazendo uma piada qualquer sobre ele.  Não obstante, Jack Nicholson e Chevy Chase constantemente cantam-lhe glórias.

Ele aboliu o habeas corpus e o seu principal executor (o próprio Che Guevara) declarou que “evidências jurídicas são um arcaico detalhe burguês”.  Não obstante, a Escola de Direito de Harvard convidou-o como palestrante de honra e constrangedoramente irrompia em aplausos estrepitosos e ovações tumultuadas a cada três frases dele.

Ele expulsou uma maior porcentagem de judeus de Cuba do que o Czar Nicolau da Rússia.  Entretanto, o fundador da Shoah Foundation, Steven Spielberg, considera o jantar que teve com Fidel “as oito horas mais importantes da minha vida”.

Ele é o filho de um soldado europeu, branco como o lírio, que forçosamente derrubou um governo cubano em que negros ocupavam os cargos de presidente do Senado, ministro da Agricultura, ministro do Exército e Chefe de Estado (Fulgencio Batista, neto de escravos, nasceu em uma choupana com teto de palmeira).  Ele encarcerou um prisioneiro político negro pelo período mais longo da história moderna (Eusebio Penalver, que sofreu mais tempo na masmorra de Castro do que Nelson Mandela sofreu nas masmorras da África do Sul).  Hoje, de toda a população presa na Cuba stalinista/apartheidiana, 90% é composta por negros, ao passo que apenas 9% dos integrantes do partido stalinista dominante são negros.  Ele sentenciou outros negros (Dr. Elias Biscet, Jorge Antunez) a 20 anos de prisão apenas por terem citado frases de Martin Luther King em praça pública.  Não obstante, é tido como herói por negros como Danny Glover, Jesse Jackson e Charles Rangel, que não hesitam em dar-lhes fortes abraços.

Apesar de ter transformado uma nação que tinha uma renda per capita maior do que metade dos países da Europa, a menor taxa de inflação do Ocidente, uma classe média maior que a da Suíça e um enorme influxo de imigrantes em uma nação que causa repúdio até nos haitianos, Colin Powell e o London Times reconhecem “as conquistas sociais da revolução fidelista”.

Hoje, trata-se de um regime que prende qualquer um que tente viajar de uma província de Cuba a outra sem os devidos “papeis” fornecidos pelo estado policial, e que metralha qualquer um que tentar sair do país.

Os feitos de Che

Ernesto “Che” Guevara era o vice-comandante, o carrasco-chefe e o principal contato do KGB em um regime que proibiu eleições e aboliu a propriedade privada.  A polícia desse regime, supervisionada pelo KGB e empregando a tática da “visita da meia-noite” e do “ataque pela manhã”, capturou e enjaulou mais prisioneiros políticos em proporção à população do que Stalin e executou mais pessoas (em uma população de apenas 6,4 milhões) em seus primeiros 3 anos no poder do que Hitler (que comandava uma população de 70 milhões) em seus primeiros 6 anos.

O regime que Che Guevara ajudou a fundar confiscou a poupança e a propriedade de 6,4 milhões de cidadãos e tornou refugiada 20% da população de uma nação até então inundada de imigrantes e cujos cidadãos haviam atingido um padrão de vida maior do que o padrão daqueles que residiam em metade da Europa.  O regime de Che Guevara também destroçou — por meio de execuções, encarceramentos, expropriação em massa e exílio — virtualmente cada família da ilha cubana.  Muitos oponentes do regime podem ser classificados como os prisioneiros políticos mais longevos da história moderna, tendo sofrido no Gulag guevarista — campos de concentração, trabalhos forçados e câmaras de tortura — durante um período de tempo três vezes maior do que Alexander Solzhenitsyn sofreu no Gulag stalinista.

Com apenas uma semana no poder, Che já havia abolido o habeas corpus.  Além de afirmar que evidências judiciais eram detalhes burgueses arcaicos, ele complementava garbosamente dizendo que “executamos por convicção revolucionária!”.  Edwin Tetlow, correspondente do Daily Telegraph londrino em Havana, relatou sobre um “julgamento” em massa orquestrado por Che em que as sentenças de morte já estavam postadas em um quadro antes do julgamento começar.

Ele assinava seu nome como “Stalin II”, professava que “as soluções para o mundo estão atrás da Cortina de Ferro”, e dizia confiantemente que “se os mísseis nucleares tivessem permanecido em Cuba, teríamos disparado contra o coração dos EUA, incluindo Nova York”.  Ele também afirmava que pela vitória do socialismo era válido ter “milhões de vítimas atômicas”.

Imediatamente após marchar vitorioso em Havana, Guevara saqueou e depois se mudou para aquela que provavelmente era a mais luxuosa mansão de Cuba.  O proprietário dela havia conseguido fugir do país após ser caçado por um pelotão de fuzilamento, e o repórter que escreveu sobre a nova casa de Che em um jornal cubano foi ameaçado de morte por fuzilamento.  Um ano depois, milhares de cubanos foram mandados para campos de trabalho forçado sob ordens de Che, tudo baseado em seu desejo de moldar “um novo homem”.

Comemorou efusivamente a invasão soviética e o consequente massacre de milhões de húngaros que resistiram ao imperialismo russo.  De acordo com Guevara, aqueles húngaros que lutavam pela liberdade e resistiam à escravidão eram todos “fascistas e agentes da CIA”.

Apesar de seus fãs dizerem pomposamente que ele foi um médico formado, ninguém até hoje, após inúmeras tentativas, conseguiu localizar qualquer histórico sobre seu diploma de medicina.  Logo após ser capturado na Bolívia, Che admitiu para o comandante da operação, o Capitão Gary Prado, que ele não era médico, mas tinha “algum conhecimento de medicina”.

Dois heróis

Zoila Aguila

Em sua campanha de realocação e concentração de prisioneiros — que apequenava tudo que os britânicos fizeram aos Bôeres — os garbosos comunistas saquearam centenas de milhares de cubanos, despojando-os de suas casas e agrupando-os em campos de concentração no lado oposto de Cuba.  Tive a oportunidade de entrevistar várias dessas famílias “realocadas”.

Uma dessas cubanas, esposa de um trabalhador rural, recusou-se a ser realocada.  Após seu marido, filhos e sobrinhos terem sido todos assassinados pelo Galante Che e seus capangas, ela conseguiu apoderar-se de uma submetralhadora e de um pente de balas e se refugiou nas montanhas.  Ela acabou se tornando uma rebelde.  Os cubanos a conhecem como La Niña Del Escambray.

Ela passou um ano embrenhada nas montanhas, fugindo dos comunistas que varreram todas as localidades à sua procura.  Até que um dia seu suprimento de munição acabou e os vermelhos a capturaram.  Espantosamente, ela não foi executada (Che deve ter tirado um dia de folga), porém, durante anos, La Niña sofreu horrivelmente nas masmorras de Fidel (você pode ler as descrições das torturas aqui).  Após ser solta, refugiou-se em Miami (na década de 60 ainda se podia sair de Cuba).

Você acha que tal história é louvada por Oprah Winfrey?  Acha que Hollywood está interessada em narrá-la, tendo Susan Sarandon no papel principal?  Pense bem: temos aqui um dos temas favoritos dos produtores de Hollywood e das feministas em geral: a mulher brava e lutadora.  Dificilmente uma mulher pode ser mais aguerrida do que Zoila Aguila, seu nome verdadeiro.  Se ela tivesse lutado contra, digamos, Pinochet ou Somoza, certamente Hollywood e os editores de livros estariam dedicando toda atenção a ela.  Mas como ela lutou contra os garotos mais fotogênicos e queridos da esquerda, naturalmente ninguém nunca ouviu falar dela.

Tony Flores

Após chegar a Havana em janeiro de 1959, Che Guevara imediatamente percebeu que o fosso ao redor da fortaleza La Cabaña era uma cova perfeita para jogar seus executados.  Em Babi-Yar, em Kiev, a SS de Hitler teve de cavar suas fossas.  Em La Cabaña, Che Guevara havia encontrado uma já pronta.

Em 1961, um garoto de 20 anos chamado Tony Chao Flores, utilizando muletas e mancando pesadamente, chegou ao local onde seria executado.  Ele já havia tomado 17 tiros de metralhadoras tchecas quando os capangas de Fidel e Che o capturaram.  No caminho para esse seu local de execução, que ficava na velha fortaleza espanhola transformada em prisão e em centro de execução por Che Guevara, Tony foi forçado a descer mancando, sem quaisquer condições físicas e utilizando apenas muletas, uma longa escada feita de pedras esquadradas.  Tony tropeçou, caiu e foi rolando a longa escadaria, até finalmente chegar ao chão, debatendo-se e gritando de dor.  Uma das pernas de Tony, completamente baleada por metralhadoras, havia sido amputada, e a outra estava gangrenada e coberta de pus.  Os guardas fidelistas, gargalhando, foram na direção de Tony para amordaçá-lo para que ele parasse de gritar.

Enquanto eles se aproximavam, Tony cerrou o punho de sua única mão que ainda estava boa.  Quando o primeiro vermelho se aproximou dele — BASH! — Tony deu-lhe um soco bem no olho.

“Nunca consegui entender como Tony conseguiu sobreviver àquela surra”, disse Hiram Gonzalez, testemunha e ex-prisioneiro político, que observou toda a cena de sua cela na prisão de La Cabaña. O aleijado Tony quase foi morto no espancamento que se originou a seguir, que envolveu chutes, socos e golpes de arma.  Até que finalmente seus agressores se levantaram ofegantes, esfregando seus arranhões e machucados.  Eles haviam conseguido amordaçar a boca do garoto, mas Tony conseguiu empurrar os guardas antes que eles conseguissem amarrar suas mãos.  O comandante Guevara ordenou que seus capangas se mantivessem afastados de Tony, ainda no chão e com a boca amordaçada.

Tony começou a rastejar em direção ao já estilhaçado e ensanguentado poste de execução, que estava a uns 45 metros de distância.  Ele foi se arrastando lentamente utilizando suas mãos, enquanto o toco do que restou da sua perna ia deixando um rastro de sangue na grama.  Quando chegou perto do poste, ele parou, virou-se para seus executores e começou a bater no próprio peito.  Os capangas ficaram perplexos.  O garoto aleijado estava tentando dizer alguma coisa.  Mas sua mensagem estava abafada pela mordaça que o ídolo de Benicio Del Toro havia tornado obrigatória para suas milhares de vítimas.

A expressão de dor e os olhos brilhantes de Tony diziam tudo.  Mas ninguém conseguia entender os murmúrios do garoto.  Tony continuava batendo no peito, fechando seus olhos com força por causa da dor intensa oriunda de seu esforço.  Seus executores ficaram nervosos, sem saber o que fazer.  Levantaram e abaixaram seus rifles seguidas vezes.  Olharam para seu comandante, que deu de ombros.  Finalmente Tony levou a mão à sua face e arrancou a mordaça que o garoto propaganda de Del Toro havia mandado pôr nele.

A voz do guerreiro de 20 anos saiu num grito forte: “Atire BEM AQUI!”, urrou Tony para seus boquiabertos carrascos.  Sua voz foi um estrondo e sua cabeça se inclinou para trás como consequência do esforço.  “Bem aqui no PEITO!”, gritou Tony.  “Como um HOMEM!”  Tony rasgou sua blusa, bateu em seu peito e com uma forte expressão de dor gritou para seus embasbacados executores: “Bem AQUI!”.

Em seu último dia de vida, quando estava na prisão, Tony recebeu uma carta de sua mãe: “Meu querido filho, quantas vezes havia lhe falado para não se envolver com essas coisas… Mas eu sabia que minhas súplicas eramem vão.  Você sempre lutou por sua liberdade, Tony, mesmo quando ainda era uma criança.  Portanto eu sabia que você jamais toleraria o comunismo.  Castro e Che enfim pegaram você.  Meu filho, amo você do fundo do meu coração.  Minha vida agora está em pedaços e nunca mais será a mesma.  A única coisa que resta agora, Tony… é morrer como um homem”.

“FUEGO!!!”, gritou Che.  As balas despedaçaram o corpo mutilado de Tony, logo após ele ter chegado ao poste, se erguido por conta própria e encarado resolutamente seus assassinos.  Mas o pelotão de fuzilamento de Che estava acostumado a matar pessoas que estavam de pé.  Por estar sem uma perna, Tony era um alvo mais difícil.  Assim, boa parte da saraivada de balas não acertou o jovem.  Ainda vivo, era a hora do golpe de misericórdia.

Normalmente, um projétil de .45 é suficiente para esmagar um crânio.  De acordo com testemunhas, três foram despejadas no crânio de Tony.  Parece que a mão do carrasco estava tremendo muito.  Mas finalmente conseguiram matá-lo.  O homem que a revista Time aclama como sendo um dos “heróis e ícones do Século” adicionava mais uma vítima à sua coleção.  Mais um inimigo despachado — amarrado e amordaçado, como de costume.

Fidel e Che tinham por volta de 35 anos quando mataram Tony.  De acordo com o Livro Negro do Comunismo, seu pelotão de fuzilamento matou outros 14.000 guerreiros da liberdade, todos devidamente amarrados e amordaçados.  Muitos (talvez a maioria) de suas vítimas eram jovens por volta de 20 anos.  Alguns eram ainda mais novos.

O fim de Che

Durante todo esse processo, o argentino estava ajudando seu mentor cubano a estabelecer um controle feudal e pessoal que se comprovaria bastante duradouro.  Porém, o que pouco se comenta é que a utilidade do argentino para seu mentor não era absolutamente nada duradoura — e logo seu “martírio” passou a ser habilmente planejado.

Pena que Del Toro e Steven Sorderbergh, diretor de seu novo filme Che — O Argentino, não tenham entrevistado os ex-funcionários da CIA que revelaram a esse escritor como o próprio Fidel Castro, por meio do Partido Comunista Boliviano, constantemente informava a CIA sobre os paradeiros de Che na Bolívia.  As diretivas de Fidel para os comunistas bolivianos em relação a Che e seu bando eram claras. “Nem mesmo uma aspirina”, instruiu o líder máximo de Cuba a seus camaradas bolivianos, o que significa que os comunistas da Bolívia estavam proibidos de auxiliar Che de qualquer forma — “nem mesmo com uma aspirina”, caso Che reclamasse alguma dor de cabeça.

Ainda antes da Revolução, quando estavam em um barco decrépito navegando nas águas turbulentas que ligam Yucatán até a província Oriente, em Cuba, um dos rebeldes encontrou Che caído inconsciente na cabine do barco.  Ele correu para avisar o Comandante: “Fidel, parece que Che está morto!”

“Bom, se ele está morto”, respondeu Castro, “então joguem-no ao mar”.  Na verdade, Guevara estava sofrendo dos efeitos combinados de um enjôo marítimo e um ataque de asma.  Che nunca foi considerado um membro inestimável por Fidel.

Mais do que sua crueldade, megalomania e estupidez épica, o que mais distinguia Ernesto “Che” Guevara de seus companheiros era sua manhosa covardia.  Suas tietes podem ficar zangadas o quanto quiserem, bater a porta do quarto, cair na cama, espernear e chorar abraçadinhas com o travesseiro, mas o fato é que Che se entregou voluntariamente ao exército boliviano e a uma distância segura.  Foi capturado em ótimas condições físicas e com sua arma completamente carregada.

Um dia antes de sua morte na Bolívia, Che Guevara, pela primeira vez em sua vida, finalmente enfrentou algo que podia ser adequadamente chamado de combate.  Então ele ordenou a seus guerrilheiros que não cedessem um milímetro, que lutassem até o último suspiro e até a última bala.

Com seus homens fazendo exatamente o que ele ordenou (lutando e morrendo até a última bala), um Che ligeiramente ferido evadiu-se do tiroteio e se entregou com um pente cheio de balas em sua pistola, enquanto choramingava manhosamente para seus capturadores: “Não atirem! Sou Che! Valho mais para vocês vivo do que morto!”

E então ele rebaixou-se desavergonhadamente, tentando desesperadamente se engraçar: “Qual é o seu nome, meu jovem?”, perguntou Che a um de seus capturadores. “Ora, mas que nome bonito para um soldado boliviano!”

E mais tarde: “E então, o que eles vão fazer comigo?”, perguntou Che ao capitão boliviano Gary Prado.  “Não creio que irão me matar.  Certamente sou muito mais valioso vivo…  E o senhor, capitão Prado”, adulou Che, “o senhor é uma pessoa muito especial… Andei conversando com alguns de seus homens.  Todos lhe têm em alta estima, capitão!  E não se preocupe, tudo isso aqui acabou.  Nós fracassamos.”  E então, para adular ainda mais, “seu exército nos perseguiu muito obstinadamente … agora, será que o senhor por favor poderia descobrir o que eles planejam fazer comigo?”

O prazer que Che Guevara tinha em matar cubanos só era possível porque esses cubanos estavam completamente indefesos no momento.  Amarrados e vendados, de preferência.  E dessa forma eles eram alinhados de frente para o pelotão de fuzilamento e executados.  Porém, quando o cenário se alterou e as armas de fogo estavam em posse de outros, o argentino tremeu de medo.

Compare a morte de Tony Chao Flores — “Atire bem aqui! Como um homem!” — com a captura de Guevara:  “Não atirem! Sou Che! Valho mais para vocês vivo do que morto!”

E então pergunte a si próprio: quem deveria ter sua face exposta em camisetas vestidas por jovens que gostam de fantasiar, se imaginarem rebeldes, bravos e adoradores da liberdade?  Quem merece um filme de Hollywood?

Escrito por Humberto Fontova¹

Cubano, é escritor político. Uma de suas últimas obras é o “Fidel – o tirano mais amado do mundo” e “O verdadeiro Che Guevara e os Idiotas Úteis que o Idolatram”

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Ditadura do proletariado em Gotham City https://portalconservador.com/ditadura-do-proletariado-em-gotham-city/ https://portalconservador.com/ditadura-do-proletariado-em-gotham-city/#comments Sun, 09 Feb 2014 01:02:28 +0000 http://portalconservador.com/?p=265 read more →]]> Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge confirma mais uma vez como os blockbusters de Hollywood são indicadores precisos da situação ideológica da nossa sociedade. A narrativa (resumida) se dá da seguinte maneira. Oito anos depois dos eventos de Batman – O Cavaleiro das Trevas, capítulo anterior da saga Batman, a lei e a ordem prevalecem em Gotham City: sob os extraordinários poderes do Ato Dent, o comissário Gordon praticamente erradicou o crime violento e organizado. No entanto, ele se sente culpado pela cobertura dos crimes de Harvey Dent (Dent morreu ao tentar matar o filho de Gordon, salvo por Batman, que assumiu a culpa em nome da manutenção do mito de Dent, levando a uma demonização de Batman como vilão de Gotham) e planeja admitir a conspiração em um evento público de celebração a Dent, mas acaba concluindo que a cidade não está preparada para a verdade. Bruce Wayne, que não atua mais como Batman, vive isolado na própria mansão enquanto sua empresa desmorona depois de ter investido em um projeto de energia limpa criado para aproveitar a energia nuclear, mas encerrado quando ele descobriu que o núcleo poderia ser transformado em uma bomba. A lindíssima Miranda Tate, membra do conselho administrativo da Wayne Enterprises, convence Wayne a refazer a sociedade e continuar com seus trabalhos filantrópicos.

Aqui entra o (primeiro) vilão do filme: Bane, líder terrorista e antigo membro da Liga das Sombras, consegue a cópia do discurso de Gordon. Depois que as tramas financeiras de Bane quase levam a empresa de Wayne à falência, Wayne confia a Miranda a tarefa de controlar seus negócios, além de ter com ela um breve caso amoroso. (Nesse aspecto ela compete com a gata-ladra Selina Kyle, que rouba dos ricos para redistribuir a riqueza, mas acaba se juntando a Wayne e às forças da lei e da ordem.) Ao descobrir a movimentação de Bane, Wayne retorna como Batman e confronta Bane, que afirma ter assumido a Liga das Sombras após a morte de Ra’s Al Ghul. Depois de deixar Batman gravemente ferido em um combate corpo a corpo, Bane o coloca numa prisão de onde é praticamente impossível fugir. Seus companheiros de prisão contam para Wayne a história da única pessoa que conseguiu escapar: uma criança motivada pela necessidade e pela mera força de vontade. Enquanto o prisioneiro Wayne se recupera dos ferimentos e se prepara para ser Batman de novo, Bane consegue transformar Gotham City em uma cidade-Estado isolada. Primeiro ele atrai para o subsolo a maior parte dos policiais de Gotham e os prende lá; depois provoca explosões que destroem a maioria das pontes que conectavam Gotham City ao continente, anunciando que qualquer tentativa de deixar a cidade resultaria na detonação do núcleo de Wayne, do qual se apoderou e transformou em uma bomba.

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Chegamos então ao momento crucial do filme: a tomada de poder por parte de Bane acontece junto com uma vasta ofensiva político-ideológica. Bane revela publicamente o acobertamento da morte de Dent e liberta os prisioneiros detidos pelo Ato Dent. Condenando os ricos e poderosos, ele promete devolver o poder ao povo, convocando as pessoas comuns a “tomarem a cidade de volta” – Bane revela-se como “o manifestante definitivo do Occupy Wall Street, convocando os 99% a se juntarem para derrubar as elites sociais”[1]. Segue-se então a ideia do filme de poder do povo: uma sequência mostra  uma série de julgamentos e execuções dos ricos, as ruas tomadas pelo crime e pela vilania… alguns meses depois, enquanto Gotham City continua sofrendo o terror popular, Wayne consegue fugir da prisão, retorna a Gotham como Batman e convoca os amigos para ajudá-lo a libertar a cidade e desarmar a bomba nuclear antes que ela exploda. Batman confronta e domina Bane, mas Miranda intervém e apunhala Batman – a benfeitora social revela-se como Talia al Ghul, filha de Ra’s: foi ela que escapou da prisão quando criança e foi Bane que a ajudou a fugir. Depois de comunicar seu plano de terminar a tarefa do pai de destruir Gotham, Talia foge. Na confusão que se segue, Gordon destrói o dispositivo que permitia a detonação remota da bomba enquanto Selina mata Bane, permitindo que Batman vá atrás de Talia. Ele tenta forçá-la a levar a bomba para a câmara de fusão onde pode ser estabilizada, mas Talia inunda a câmara. Talia morre quando seu caminhão bate, confiante de que a bomba não pode ser detida. Usando um helicóptero especial, Batman transporta a bomba para além dos limites da cidade, onde ela explode sobre o oceano e supostamente o mata.

Agora Batman é celebrado como um herói cujo sacrifício salvou Gotham City, enquanto Wayne é tido como morto nos motins. Após seus bens serem divididos, Alfred vê Bruce e Selina juntos em um café em Florença, enquanto Blake, jovem policial honesto que conhecia a identidade de Batman, herda a Batcaverna. Em suma, “Batman salva a situação, aparece incólume e continua com uma vida normal, enquanto outro o substitui no papel de defender o sistema”[2]. A primeira pista dos fundamentos ideológicos desse final é dada por Gordon, que, no (suposto) enterro de Wayne, lê as últimas linhas de Um conto de duas cidades, de Dickens: “Esta é, sem dúvida, a melhor coisa que faço e que jamais fiz; este é, sem dúvida, o melhor descanso que terei e que jamais tive”. Alguns críticos do filme interpretaram essa citação como um indício de que o filme “atinge o nível mais nobre da arte ocidental. O filme apela para o centro da tradição norte-americana – o ideal do nobre sacrifício pelo povo comum. Batman deve se humilhar para ser exaltado e renunciar à própria vida para encontrar uma nova. […] Como máxima figura de Cristo, Batman sacrifica a si para salvar os outros”[3].

Dessa perspectiva, com efeito, Dickens está apenas a um passo de distância de Cristo no Calvário: “Pois aquele que quiser salvar a sua vida, vai perdê-la, mas o que perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que aproveitará ao homem se ganhar o mundo inteiro mas arruinar a sua vida?” (Mt 16:25-26 da Bíblia de Jerusalém). O sacrifício de Batman como repetição da morte de Cristo? Essa ideia não seria comprometida pela última cena do filme (Wayne com Selina em um café em Florença)? O equivalente religioso desse final não seria a conhecida ideia blasfema de que Cristo realmente sobreviveu à crucificação e teve uma vida longa e pacífica (na Índia, ou talvez no Tibete, de acordo com algumas fontes)? A única maneira de remir essa cena final seria interpretá-la como um devaneio (alucinação) de Alfred, que se senta sozinho em um café em Florença. Outra característica dickensiana do filme é a queixa despolitizada sobre a lacuna entre ricos e pobres – no início do filme, Selina sussurra para Wayne enquanto eles dançam em um baile exclusivo da elite: “Está vindo uma tempestade, sr. Wayne. É melhor que estejam preparados. Pois quando ela chegar, todos se perguntarão como acharam que poderiam viver com tanto e deixar tão pouco para o resto”. Nolan, como todo bom liberal, está “preocupado” com essa disparidade e reconhece que essa preocupação impregnou o filme:

O que vejo do filme relacionado ao mundo real é a ideia de desonestidade. O filme inteiro trata da chegada do seu ponto crítico. […] A ideia de justiça econômica perpassa o filme, e por duas razões. Primeiro, Bruce Wayne é um bilionário. Isso tem de ser levado em conta. […] E segundo, há muitas coisas na vida, e a economia é uma delas, em que precisamos confiar em grande parte do que nos dizem, pois a maioria de nós se sente desprovida das ferramentas analíticas para saber o que está acontecendo. […] Não acho que existe uma perspectiva de direita ou de esquerda no filme. Ele faz apenas uma avaliação honesta, ou uma exploração honesta, do mundo em que vivemos – de coisas que nos preocupam.[4]

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Para todos os participantes, inclusive Batman, a moralidade é relativizada, torna-se uma questão de conveniência, algo determinado pelas circunstâncias (Divulgação)

Por mais que os espectadores saibam que Wayne é extremamente rico, eles tendem a se esquecer de onde vem a riqueza dele: fabricação de armas e especulação financeira, e é por isso que as jogadas de Bane na Bolsa de Valores podem destruir seu império – traficante de armas e especulador, esse é o verdadeiro segredo por trás da máscara do Batman. De que modo o filme lida com isso? Ressuscitando o tema arquetípico dickensiano do bom capitalista que se envolve no financiamento de orfanatos (Wayne) versus o mau e ganancioso capitalista (Stryver, como em Dickens). Nessa moralização dickensiana excessiva, a disparidade econômica é traduzida na “desonestidade” que deveria ser “honestamente” analisada, embora não tenhamos nenhum mapeamento cognitivo confiável, e uma abordagem “honesta” como essa nos leva a mais um paralelo com Dickens – é como afirmou Jonathan (corroteirista), irmão de Christopher Nolan, sem rodeios: “Para mim, Um conto de duas cidades foi o retrato mais angustiante de uma civilização reconhecível e descritível que se desintegrou completamente em pedaços. Com os terrores em Paris, na França daquela época, não é difícil imaginar que as coisas dariam tão errado assim”[5]. As cenas do vingativo levante populista no filme (uma multidão sedenta pelo sangue dos ricos que os ignoraram e exploraram) evocam a descrição de Dickens do Reino do Terror, tanto que, embora não tenha nada a ver com política, o filme segue o romance de Dickens ao retratar “honestamente” os revolucionários como fanáticos possuídos, e assim fornece a caricatura do que, na vida real, seriam revolucionários comprometidos ideologicamente no combate da injustiça estrutural. Hollywood conta o que o establishment quer que saibamos – que os revolucionários são criaturas brutais, sem nenhum respeito pela vida humana. Apesar da retórica emancipatória sobre a libertação, eles têm projetos sinistros por trás. Portanto, quaisquer que sejam as razões, elas precisam ser eliminadas.[6]

Tom Charity destacou corretamente “a defesa que o filme faz do establishment na forma de bilionários filantrópicos e uma polícia corrupta” – na sua desconfiança das pessoas que resolvem as coisas com as próprias mãos, o filme “demonstra tanto o desejo por justiça social quanto o medo do que realmente pode parecer nas mãos de uma multidão”[7]. Aqui, Karthick levanta uma questão bem clara sobre a imensa popularidade da figura do Coringa no filme anterior: qual o motivo de uma atitude tão hostil para com Bane quando o Coringa foi tratado com tanta mansidão no filme anterior? A resposta é simples e convincente:

O Coringa, que clama por anarquia na sua mais pura manifestação, enfatiza a hipocrisia da civilização burguesa como ela existe, mas é impossível traduzir suas visões em uma ação de massa. Bane, por outro lado, representa uma ameaça existencial ao sistema de opressão. […] Sua força não é apenas a psique, mas também sua capacidade de comandar as pessoas e mobilizá-las rumo a um objetivo político. Ele representa a vanguarda, o representante organizado dos oprimidos que promove a luta política em nome deles para gerar mudanças sociais. Tamanha força, com o maior dos potenciais subversivos, não tem lugar dentro do sistema. Ela precisa ser eliminada.[8]

No entanto, ainda que Bane não tenha o fascínio do Coringa de Heath Ledger, há uma característica que o distingue desse último: o amor incondicional, a mesma fonte da sua dureza. Em uma cena curta mas comovente, vemos como, em um ato de amor no meio do sofrimento terrível, Bane salvou a garota Talia sem se importar com as consequências e pagando um preço terrível por isso (foi espancado quase até a morte por defendê-la). Karthick tem toda razão ao situar esse acontecimento dentro da longa tradição, de Cristo a Che Guevara, que exalta a violência como uma “obra do amor”, como nas famosas palavras do diário de Che Guevara: “Devo dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado pelo forte sentimento do amor. É impossível pensar em um revolucionário autêntico sem essa qualidade”[9]. O que encontramos aqui nem é tanto a “cristificação de Che”, mas sim uma “cheização do próprio Cristo” – o Cristo cujas palavras “escandalosas” de Lucas (“se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo” [Lc 14:26]) apontam exatamente na mesma direção que a famosa citação de Che: “É preciso ser duro, mas sem perder a ternura”. A afirmação de que “o verdadeiro revolucionário é guiado pelo forte sentimento do amor” deveria ser interpretada juntamente com a declaração muito mais “problemática” de Guevara sobre os revolucionários como “máquinas de matar”:

O ódio é um elemento da luta; o ódio impiedoso do inimigo que nos ergue acima e além das limitações naturais do homem e nos transforma em eficazes, violentas, seletivas e frias máquinas de matar. Assim devem ser nossos soldados; um povo sem ódio não derrota um inimigo brutal.

Ou, parafraseando Kant e Robespierre mais uma vez: o amor sem crueldade é impotente; a crueldade sem amor é cega, paixão efêmera que perde todo seu vigor. Guevara está parafraseando as declarações de Cristo sobre a unidade do amor e da espada – em ambos os casos, o paradoxo subjacente consiste nisto: o que torna o amor angelical, o que o eleva acima da mera sentimentalidade instável e patética, é essa mesma crueldade, o seu elo com a violência – é esse elo que eleva o amor acima e além das limitações naturais do homem e o transforma em pulsão incondicional. É por isso que, voltando a O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o único amor autêntico no filme é o de Bane, o “amor do terrorista”, em nítido contraste a Batman.

Nesse mesmo viés, a figura de Ra’s, pai de Talia, merece um exame mais cuidadoso. Ra’s é uma mistura de características árabes e orientais, um agente do virtuoso terror lutando para contrabalancear a corrompida civilização ocidental. O personagem é interpretado por Liam Neeson, ator cuja persona na tela geralmente irradia uma nobre bondade e sabedoria (ele faz o papel de Zeus em Fúria de Titãs), e que também representa Qui-Gon Jinn em A Ameaça Fantasma, primeiro episódio da série Star Wars. Qui-Gon é um cavaleiro Jedi, mentor de Obi-Wan Kenobi, bem como o descobridor de Anakin Skywalker, acreditando que Anakin é O Escolhido que restituirá o equilíbrio do universo, ignorando os alertas de Yoda sobre a natureza instável de Anakin; no final de A Ameaça Fantasma, Qui-Gon é morto por Darth Maul[10].

Na trilogia Batman, Ra’s também é professor do jovem Wayne: em Batman Begins, ele encontra Wayne em uma prisão chinesa; apresentando-se como Henri Ducard, ele oferece um “caminho” para o garoto. Depois que Wayne é libertado, ele segue até a fortaleza da Liga das Sombras, onde Ra’s está esperando, embora se apresente como servo de outro homem chamado Ra’s Al Ghul. Depois de um longo e doloroso treinamento, Ra’s explica que Bruce deve fazer o que for preciso para combater o mal, embora revele que eles treinaram Bruce para liderar a Liga com o intuito de destruir Gotham City, que eles acreditam ter se tornado irremediavelmente corrupta. Portanto, Ra’s não é a simples encarnação do Mal: ele representa a combinação de virtude e terror, a disciplina igualitária que combate um império corrupto, e assim pertence ao fio condutor (na ficção recente) que vai de Paul Atreides em Duna até Leônidas em300 de Esparta. E é crucial que Wayne seja seu discípulo: Wayne foi formado como Batman por ele.

Duas críticas do senso-comum se apresentam aqui. A primeira é de que houveviolência e matanças monstruosas nas revoluções reais, desde o estalinismo ao Khmer Vermelho, por isso está claro que o filme não está apenas engajado na imaginação revolucionária. A segunda, oposta, é esta: o atual movimento Occupy Wall Street não foi violento, seu objetivo definitivamente não era um novo reino do terror; na medida em que se espera que a revolta de Bane extrapole a tendência imanente do movimento OWS, o filme, portanto, deturpa de maneira absurda seus objetivos e estratégias. Os atuais protestos antiglobalistas são o exato oposto do terror brutal de Bane: este representa a imagem espelhada do terror estatal, uma seita fundamentalista e homicida dominada e controlada pelo terror, e não a sua superação por meio da auto-organização popular… As duas críticas compartilham a rejeição da figura de Bane. A resposta a essas duas críticas é múltipla.

Primeiro, devemos esclarecer o atual escopo da violência – a melhor resposta para a afirmação de que a reação violenta da multidão à opressão é pior que a opressão original foi dada por Mark Twain no seu Um ianque na corte do rei Artur: “Houve dois ‘Reinos do Terror’, se bem nos lembramos; um forjado na incandescente paixão, outro no desumano sangue frio. […] Mas todos os nossos temores, que os tenhamos pelo menor terror, o momentâneo, por assim dizer; pois o que é o terror da morte súbita pelo machado se comparado à morte em toda uma vida de fome, frio, insulto, crueldade e desilusão? O cemitério de qualquer cidade pode bem conter os caixões cheios desse breve terror, que todos aprendemos com afinco a temer e lamentar; mas a França inteira mal conteria os caixões cheios daquele outro terror, mais antigo e verdadeiro, o terror de amargura e atrocidade indizíveis, que nenhum de nós aprendeu a encarar em toda sua amplitude ou desprezo que merece”.

Depois, deveríamos desmistificar o problema da violência, rejeitando afirmações simplistas de que o comunismo do século XX agiu com uma violência homicida excessiva demais, e de que deveríamos tomar cuidado para não cair mais uma vez nessa armadilha. Com efeito, trata-se de uma terrível verdade – mas esse foco voltado diretamente para a violência obscurece uma questão basilar: o que houve de errado no projeto comunista do século XX como tal, qual foi o ponto fraco imanente desse projeto que impulsionou o comunismo a recorrer (não só) aos comunistas no poder para a violência irrestrita? Em outras palavras, não basta dizer que os comunistas “negligenciaram o problema da violência”: foi um aspecto sócio-político mais profundo que os impulsionou à violência. (O mesmo se aplica à ideia de que os comunistas “negligenciaram a democracia”: seu projeto geral de transformação social impôs sobre eles esse “negligenciar”.) Portanto, não é apenas o filme de Nolan que foi incapaz de imaginar o poder autêntico do povo – os próprios movimentos “reais” de emancipação radical também não o fizeram e continuam presos nas coordenadas da antiga sociedade, e, por essa razão, muitas vezes o efetivo “poder do povo” foi esse horror violento.

E, por último, mas não menos importante, é muito simples dizer que não há potencial violento no movimento OWS e similares – há sim uma violência em jogo em todo processo emancipatório autêntico: o problema com o filme é que ele traduziu essa violência de uma maneira errada em terror homicida. Qual é, então, a sublime violência em relação à qual até mesmo o mais brutal assassinato é um ato de fraqueza? Façamos uma digressão em Ensaio sobre a lucidez, de José Saramago, que conta a história dos estranhos eventos na capital sem nome de um país democrático não identificado. Quando a manhã do dia das eleições é arruinada por chuvas torrenciais, a quantidade de eleitores presentes é extremamente baixa, mas o tempo melhora no meio da tarde e a população segue em massa para as seções eleitorais. No entanto, o alívio do governo logo acaba quando a contagem de votos revela que 70% das cédulas na capital foram deixados em branco. Frustrado por esse aparente lapso civil, o governo dá aos cidadãos a chance de refazer o fato uma semana depois, em mais um dia de eleição. O resultado é pior: agora 83% dos votos foram brancos. Os dois principais partidos políticos – o governante partido da direita (p.d.d.) e seu principal adversário, o partido do meio (p.d.m.) – entram em pânico, enquanto o infeliz e marginalizado partido da esquerda (p.d.e.) apresenta uma análise afirmando que os votos brancos são, essencialmente, um voto por sua agenda progressiva. Sem saber como responder a um protesto benigno, mas certo de que existe uma conspiração antidemocrática, o governo rapidamente rotula o movimento de “terrorismo puro e duro” e declara estado de emergência, permitindo a suspensão de todas as garantias constitucionais e adotando uma série de medidas cada vez mais drásticas: os cidadãos são apanhados aleatoriamente e desaparecem em interrogatórios secretos, a polícia e a sede do governo saem da capital, proibindo a entrada e a saída da cidade e, por fim, fabricando seu próprio líder terrorista. A cidade toda continua funcionando quase normalmente, as pessoas se esquivam de todas as ofensivas do governo com uma harmonia inexplicável e com um verdadeiro nível gandhiano de resistência não violenta… isso, a abstenção dos eleitores, é um exemplo de “violência divina” verdadeiramente radical que desperta reações de pânico brutal nos detentores do poder.

Voltando a Nolan, a trilogia dos filmes do Batman, portanto, segue uma lógica imanente. Em Batman Begins, o herói continua dentro dos limites de uma ordem liberal: o sistema pode ser defendido com métodos moralmente aceitáveis. O Cavaleiro das Trevas é de fato uma nova versão de dois clássicos de faroeste de John Ford (Sangue de Heróis e O Homem Que Matou o Facínora) que retratam como, para civilizar o ocidente selvagem, é preciso “publicar a lenda” e ignorar a verdade – em suma, como nossa civilização tem de se fundamentar em uma Mentira: é preciso quebrar as regras para defender o sistema. Ou, dito de outra forma, em Batman Begins, o herói é simplesmente uma figura clássica do vigilante urbano que pune os criminosos naquilo que a polícia não pode; o problema é que a polícia, órgão responsável pela imposição das leis, relaciona-se de maneira ambígua à ajuda de Batman: enquanto admite sua eficácia, ela também considera Batman uma ameaça ao seu monopólio do poder e uma testemunha da sua ineficácia. No entanto, a transgressão de Batman aqui é puramente formal, consiste em agir em nome da lei sem a legitimação para fazê-lo: nos seus atos, ele nunca viola a lei. O Cavaleiro das Trevas muda essas coordenadas: o verdadeiro rival de Batman não é o Coringa, seu oponente, mas Harvey Dent, o “cavaleiro branco”, o novo e agressivo promotor público, um tipo de vigilante oficial cuja batalha fanática contra o crime o conduz ao assassinato de pessoas inocentes e o destrói. É como se Dent fosse a resposta à ordem legal da ameaça de Batman: contra a vigilante luta de Batman, o sistema gera seu próprio excesso ilegal, seu próprio vigilante, muito mais violento que Batman, violando diretamente a lei. Desse modo, há uma justiça poética no fato de que, quando Bruce planeja revelar ao público sua identidade como Batman, Dent o interrompe e se apresenta como Batman – ele é “mais Batman que o próprio Batman”, efetivando a tentação à qual Batman ainda era capaz de resistir. Então quando, no final do filme, Batman assume os crimes cometidos por Dent para salvar a reputação do herói popular que incorpora a esperança para o povo comum, seu ato modesto tem uma ponta de verdade: Batman, de certa forma, devolve o favor a Dent. Seu ato é um gesto de troca simbólica: primeiro Dent toma para si a identidade de Batman, e depois Wayne – o Batman verdadeiro – toma para si os crimes de Dent.

Por fim, O Cavaleiro das Trevas Ressurge ultrapassa ainda mais os limites: Bane não seria Dent levado ao extremo, à sua autonegação? Dent que chega à conclusão de que o sistema é injusto, de modo que, para combater a injustiça com eficácia, é preciso atacar diretamente o sistema e destruí-lo? E, como parte da mesma atitude, Dent que perde as últimas inibições e está pronto para usar toda sua brutalidade assassina para atingir esse objetivo? O advento dessa figura muda a constelação inteira: para todos os participantes, inclusive Batman, a moralidade é relativizada, torna-se uma questão de conveniência, algo determinado pelas circunstâncias: é uma guerra de classes aberta, tudo é permitido para defender o sistema quando estamos lidando não só com gângsteres malucos, mas com uma revolta popular.

Será, então, que isso é tudo? O filme deveria ser categoricamente rejeitado por quem se envolve em lutas emancipatórias radicais? As coisas são mais ambíguas, e é preciso interpretar o filme da maneira que se interpreta um poema político chinês: as ausências e as presenças surpreendentes também contam. Recordemos a antiga história francesa sobre uma esposa que reclama do melhor amigo do marido, dizendo que o amigo tem se insinuado sexualmente para ela: leva algum tempo para que o amigo surpreso entenda a mensagem – de uma maneira invertida, ela o está incitando a seduzi-la… É como o inconsciente freudiano que não conhece a negação: o que importa não é um juízo negativo sobre algo, mas o simples fato de que esse algo seja mencionado – em O Cavaleiro das Trevas Ressurge, o poder do povo ESTÁ AQUI, encenado como um Evento, em um passo fundamental dado a partir dos oponentes habituais de Batman (criminosos megacapitalistas, gângsteres e terroristas).

Temos aqui a primeira pista – a perspectiva de que o movimento OWS tome o poder e estabeleça a democracia do povo em Manhattan é nítida e completamente tão absurda e irreal que não podemos deixar de fazer a seguinte pergunta: POR QUE UM IMPORTANTE BLOCKBUSTER DE HOLLYWOOD SONHA COM ISSO, POR QUE EVOCA ESSE ESPECTRO? Por que sequer sonhar com o OWS culminando em uma violenta tomada de poder? A resposta óbvia (manchar o OWS com acusações de que ele guarda um potencial terrorista totalitário) não é o bastante para explicar a estranha atração exercida pela perspectiva do “poder do povo”. Não admira que o funcionamento apropriado desse poder continue branco, ausente: nenhum detalhe é dado sobre como funciona esse poder do povo, sobre o que as pessoas mobilizadas estão fazendo (é preciso lembrar que Bane diz que as pessoas podem fazer o que quiserem – ele não impõe sobre elas a sua própria ordem).

É por isso que a crítica externa do filme (“sua retratação do reino do OWS é uma caricatura ridícula”) não basta – a crítica tem de ser imanente, tem de situar dentro do próprio filme uma multiplicidade de sinais que aponte para o Evento autêntico. (Recordemos, por exemplo, que Bane não é apenas um terrorista brutal, mas sim uma pessoa de profundo amor e sacrifício.) Em suma, a ideologia pura não é possível, a autenticidade de Bane TEM de deixar rastros na tecitura do filme. É por isso que o filme merece uma leitura mais íntima: o Evento – a “república do povo de Gotham City”, a ditadura do proletariado sobre Manhattan – é imanente ao filme, é o seu centro ausente.

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Referências

[1] Tyler O’Neil, “Dark Knight and Occupy Wall Street: The Humble Rise”,Hillsdale Natural Law Review, 21 de julho de 2012.

[2] Karthick RM, “The Dark Knight Rises a ‘Fascist’?”, Society and Culture, 21 de julho de 2012.

[3] Tyler O’Neil, cit.

[4] Christopher Nolan, entrevista na Entertainment 1216 (julho de 2012), p. 34.

[5] Entrevista de Christopher e Jonathan Nolan ao Buzzine Film.

[6] Karthick, cit.

[7] Forrest Whitman, “The Dickensian Aspects of The Dark Knight Rises”, 21 de julho de 2012.

[8] Karthick, cit.

[9] Citado em Jon Lee Anderton, Che Guevara: A Revolutionary Life, New York: Grove 1997, p. 636-637.

[10] Notemos a ironia do fato de que o filho de Neeson é um xiita devoto, e que o próprio Neeson às vezes fala sobre a sua futura conversão ao islamismo.

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10 citações de Che Guevara que a esquerda prefere não falar https://portalconservador.com/10-citacoes-de-che-guevara-que-a-esquerda-prefere-nao-falar/ https://portalconservador.com/10-citacoes-de-che-guevara-que-a-esquerda-prefere-nao-falar/#comments Wed, 10 Oct 2012 15:49:27 +0000 http://portalconservador.com/?p=640 read more →]]> Da próxima vez que seu filho chegar em casa em uma camiseta do Che Guevara, pergunte-lhe se ele sabe que o assassino cubano realmente representava. Faça-o se sentar, fale com ele, tire as vendas da ignorância de seus olhos e mostre-lhe estas citações Guevara.

Em seguida, queime a maldita camiseta.

1. “Louco de fúria, mancharei de vermelho meu rifle estraçalhando qualquer inimigo que caia em minha mãos! Com a morte de meus inimigos preparo meu ser para a sagrada luta, e juntar-me-ei ao proletariado triunfante com um berro bestial!”

2. “O ódio cego contra o inimigo cria um impulso forte que quebra as fronteiras de naturais das limitações humanas, transformando o soldado em uma eficaz máquina de matar, seletiva e fria. Um povo sem ódio não pode triunfar contra o adversário. “

3. “Para mandar homens para o pelotão de fuzilamento, não é necessário nenhuma prova judicial … Estes procedimentos são um detalhe arcaico burguês. Esta é uma revolução!”

4. “Um revolucionário deve se tornar uma fria máquina de matar motivado pelo puro ódio. Nós temos que criar a pedagogia do Paredão!” (O Paredão é uma referência para a parede onde os inimigos de Che eram mortos por seus pelotões de fuzilamento).

5. “Eu não sou o Cristo ou um filantropo, velha senhora, eu sou totalmente o contrário de um Cristo … eu luto pelas coisas em que acredito, com todas as armas à minha disposição e tento deixar o outro homem morto, de modo que eu não seja pregado numa cruz ou qualquer outro lugar. “

6. “Se qualquer pessoa tem qualquer coisa boa para dizer sobre o governo anterior, para mim é bom o suficiente matá-la.”

7. Che queria que o resultado da crise dos mísseis em Cuba fosse uma guerra atômica. “O que nós afirmamos é que devemos proceder ao longo do caminho da libertação, mesmo que isso custe milhões de vítimas atômicas”.

8. “Na verdade, se o próprio Cristo estivesse no meu caminho eu, como Nietzsche, não hesitaria em esmagá-lo como um verme.”

9. “Deixe-me dizer, correndo o risco de parecer ridículo, que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.”

10. “É muito triste não ter amigos, mas é ainda mais triste não ter inimigos.”

Tradução por Emerson de Oliveira. Publicado originalmente em I Hate The Media!

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Fidel Castro entra na lista dos mais ricos do mundo da Forbes https://portalconservador.com/fidel-castro-entra-na-lista-dos-mais-ricos-do-mundo-da-forbes/ https://portalconservador.com/fidel-castro-entra-na-lista-dos-mais-ricos-do-mundo-da-forbes/#respond Wed, 16 Mar 2005 17:22:22 +0000 http://portalconservador.com/?p=3088 read more →]]> A lista das pessoas mais ricas do mundo elaborada pela revista “Forbes” inclui neste ano o ditador cubano Fidel Castro, que teria acumulado uma fortuna de US$ 550 milhões. Entre políticos e chefes de Estado citados pela “Forbes”, estão à frente de Fidel em fortuna apenas o rei Fahd Bin Abdul Aziz Alsaud, da Arábia Saudita, com US$ 22 bilhões; o sultão Haji Hassanal Bolkiah, de Brunei, com US$ 20 bilhões; o príncipe Hans-Adam, de Liechtenstein, com US$ 3,2 bilhões; o primeiro-ministro da Tailândia, Thaksin Shinawatra, com US$ 1,9 bilhão; e a rainha Elizabeth 2ª, com US$ 720 milhões.

De acordo com a publicação, se, por um lado, Cuba não pára de empobrecer desde 1959, quando a revolução comandada por Fidel e pelo médico argentino Ernesto Che Guevara derrubaram o governo de Fulgêncio Batista, por outro lado a fortuna pessoal do ditador não pára de crescer.

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Segundo a “Forbes”, Fidel teria acumulado a fortuna a partir de “uma rede de negócios pertencentes ao Estado”. Entre esse negócios, a revista cita o Palácio de Convenções, um centro de convenções próximo a Havana (capital do país); o conglomerado do setor de varejo Cimex; e o Medicuba, que vende vacinas e outros produtos farmacêuticos produzidos no país.

A revista afirma ainda que Fidel viaja exclusivamente em comboios de carros Mercedes-Benz. Além disso, teria recebido US$ 50 milhões em 1993 por ter vendido a fabricante estatal de rum Havana Club para a gigante francesa Pernod Ricard. Criada nos Estados Unidos em 1917, a “Forbes” hoje é publicada em diversos países e produz anualmente listas das personalidades mais ricas do planeta.

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