historia – Portal Conservador http://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Mon, 24 Jul 2017 00:18:50 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.5 65453639 Inquisição: especialista agnóstica diz que os católicos não podem se envergonhar de sua história http://portalconservador.com/inquisicao-especialista-agnostica-diz-que-os-catolicos-nao-podem-se-envergonhar-de-sua-historia/ http://portalconservador.com/inquisicao-especialista-agnostica-diz-que-os-catolicos-nao-podem-se-envergonhar-de-sua-historia/#respond Sat, 08 Apr 2017 14:08:11 +0000 http://portalconservador.com/?p=3341 read more →]]> MÁLAGA, 07 Abr. 17 / 04:30 pm (ACI).- A docente, filóloga e doutora em literatura Maria Elvira Roca Barea gerou um intenso debate após a publicação de um livro no qual explica as “lendas negras” instaladas em alguns períodos da história, como a Inquisição Espanhola.

Em uma entrevista à Diocese de Málaga, a autora de “Imperiofobia e leyenda negra” (“Imperiofobia e lenda negra”), que não professa nenhum credo, recomendou aos católicos não terem um sentimento de culpa pela Inquisição que, embora tenha existido, foi uma “pequena instituição que nunca teve a capacidade de influenciar decisivamente na vida dos países católicos e da Espanha”.

“O mecanismo da lenda negra funciona sempre não com uma mentira absoluta, o que se diz costuma ser verdade. O que acontece é que se magnifica e se cala todas as outras coisas”, ressaltou a ex-professora da Universidade de Harvard e pesquisadora do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha.

A autora acrescentou que esse sentimento de culpa que permanece até hoje surgiu no século XVIII após o período do Iluminismo, quando “os intelectuais espanhóis começaram a assumir como verdadeira essa versão da história que diz que a Espanha teve culpa por todas as guerras de religião”.

Na verdade, precisou, alguns grupos geraram nas pessoas a crença de que foi “a intolerância religiosa dos católicos, com a Espanha na liderança, que causou essas guerras e que justifica todas as atrocidades que aconteceram na Europa nos séculos XVI e XVII, etc.”. Roca Barea acrescentou que, a partir deste momento, novos intelectuais converteram aquela visão na versão oficial da história espanhola, que é “assumida por eles como verdade”.


Os erros sobre a Inquisição Espanhola

Entretanto, a especialista indicou que naquele tempo a intolerância no tema da religião foi “o modo de pensar de todos”, por isso, dizer que nesse sentido os espanhóis foram intolerantes por causa da Inquisição “é a falsidade de todas as falsidades”.

“O que devemos ver é de que modo era controlada essa intolerância religiosa em cada local e, desde o princípio, foi muito mais civilizada e mais compreensiva no lado católico e logo na Espanha”, acrescentou. A especialista citou como exemplo a Inglaterra ou os principados luteranos protestantes no norte da Europa, onde as perseguições foram “horríveis”. “Aparte – continuou – todo o fenômeno de caça às bruxas, absolutamente demente, que causou milhares de mortes. Isso não aconteceu no mundo católico e nem na Espanha porque existia a Inquisição, que evitou aquelas barbaridades”.

Roca Barea disse que a Inquisição católica foi “uma instituição muito organizada, muito mais regulamentada do que qualquer outra em seu tempo e na qual a religião continuava sendo tema de religião e não do Estado”. “Tratava-se de delitos que ainda hoje são tais, como por exemplo, os que eram conhecidos como delitos contra a honestidade: o lenocínio, a pedofilia, o tráfico de pessoas, a falsificação de moedas e documentos… Tinha um campo muito amplo de trabalho”.

Rocha Barea revelou que “todas e cada uma das sentenças de morte” que foram assinadas na Espanha foram “muito bem documentadas” nos estudos como os do professor Contreras ou o de dinamarquês Henningsen. “A Inquisição julgou cerca de 44.000 casos entre 1560 e 1700, causando a morte de aproximadamente 1340 pessoas. E essa é toda a história. Calvino colocou 500 pessoas na fogueira em apenas 20 anos por heresia”, detalhou.


A Igreja Católica deve se defender

Por outro lado, a autora manifestou os católicos não “podem ter” esta atitude de “perder a batalha cultural”. “Deve reagir, porque não é prejudicial apenas para os católicos, crentes ou não crentes, mas para o mundo que a Igreja Católica gerou”, acrescentou. A especialista disse que “a religião católica foi responsável por conquistas muito importantes, coisas muito boas que fez pelo mundo e pela sociedade”. “Por que não ensina esse lado de si mesma que é lindo e que mereceria ser mais conhecido?”.

“Embora eu não seja crente, levo os meus filhos na catequese e tenho as minhas discussões com o sacerdote do bairro. Digo-lhe: ‘Vamos acabar sendo os agnósticos e ateus de boa vontade os que limparemos o nome da Igreja, porque vocês tem uma passividade absolutamente incompreensível’”, enfatizou Roca Barea.

Finalmente, a especialista também criticou aqueles que pensam que agir contra o catolicismo é sinônimo de “modernidade”, porque não percebem que estão “matando” a si mesmos, “sendo crentes ou não crentes”. “Porque você está renegando o seu passado e os seus antepassados e essas são as bases que nos sustentam. E sem eles, desabamos. E se nós desabamos, outros ficarão em cima”, concluiu.

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As universidades estão produzindo ativistas, não acadêmicos http://portalconservador.com/as-universidades-estao-produzindo-ativistas-nao-academicos/ http://portalconservador.com/as-universidades-estao-produzindo-ativistas-nao-academicos/#respond Mon, 31 Aug 2015 21:16:23 +0000 http://portalconservador.com/?p=2431 read more →]]> Todo ano, a Associação Nacional de Acadêmicos dos Estados Unidos, compila uma lista de livros de mais de trezentas faculdades e universidades e os recomenda como leitura de verão para os seus calouros. A associação batizou essa lista de “Beach Books” [“Livros de Praia”], embora não seja muito provável que algum deles seja lido no lugar que for. Que dirá na praia.

O que é preocupante nessa lista é que as grandes obras da literatura, os chamados “clássicos”, são quase inexistentes. Apenas cinco instituições sugeriram livros escritos antes de 1910. Por outro lado, mais da metade de todos os livros sugeridos foram publicados depois de 2010. Os educadores se referem a esses livros modernos como “leitura comum”. De acordo com Ashley Thorne, diretor executivo da Associação Nacional de Acadêmicos, “a leitura comum serve para moldar as atitudes dos estudantes para os debates atuais. Muitas das leituras são memórias ou biografias de ativistas sociais, que sugerem que os estudantes deveriam seguir o exemplo deles”.

É evidente que as instituições que empurram esse tipo de livro para cima dos seus alunos nunca vão admitir que o seu objetivo é fazer uma lavagem cerebral, mas, quando pressionadas, elas apresentam justificativas para a exclusão dos clássicos que podem ser divididas em três tipos.

O primeiro tipo é o das justificativas que podem ser resumidas na seguinte ideia: “Os livros antigos são irrelevantes hoje”. Thorne escreve: “Os alunos estão mais interessados nos temas da atualidade, como a imigração, o racismo, o aquecimento global, o bem-estar econômico, a vida LGBT, o genocídio na África, a justiça na distribuição dos alimentos no mundo e as guerras”. De novo, a palavra-chave é “relevância”. E assim, em vez de ensinar os alunos a compreenderem o mundo através da leitura dos clássicos, o objetivo é “moldar ativistas para mudar o mundo”.

A segunda categoria de justificativas para rejeitar a literatura clássica é a da acessibilidade. Não que os alunos não consigam achar ou comprar os livros clássicos: por acessibilidade, neste caso, entenda-se a capacidade (ou a falta de capacidade) de compreender o seu conteúdo. Vários professores participantes de pesquisas admitiram que muitos dos calouros nunca leram um livro ao longo dos doze anos da sua vida escolar anterior à faculdade (eu sei que isto parece impossível, mas, aparentemente, é um fato real). Por isso, seria pedir demais que eles passassem das mensagens de texto dos seus smartphones diretamente para Tolstoi.

petistas

Na foto, parcelas de estudantes de universidades federais em conferência do ‘Partido dos Trabalhadores’

O terceiro tipo de desculpas apresentadas para driblar as grandes obras literárias é que elas seriam “privilegiadas demais”. Thorne cita um comentário de Christopher Eisgruber, da Universidade de Princeton: “O livro tem que ser algo com que os alunos possam discutir. Por este motivo, eu tendo a evitar os ‘clássicos’ que os alunos podem se sentir obrigados a venerar”.
Thorne explica as consequências desse pensamento tortuoso: a derrogação dos “homens brancos mortos” significa hoje a marginalização dos textos e das ideias que moldaram a cultura ocidental ao longo dos séculos. Longe de ser “venerados por alunos intimidados”, esses livros estão sendo cada vez mais ignorados e esquecidos.

Compartilhei o exposto acima porque, quando conheci esses fatos, eu estava lendo “O Cícero americano: a vida de Charles Carroll”, de Bradley Birzer, uma biografia fascinante do único nome católico entre os que assinaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos. Nascido no Estado de Maryland, Charles foi enviado à França pelo pai para garantir uma educação excepcional. Aos onze anos, já na França, ele entrou no Colégio de St. Omer. Durante seis anos, estudou literatura, ciência e filosofia. Tinha de fazer recitações frequentes e participar de discussões, debates e concursos acadêmicos. Teve de aprender grego e latim. Além disso, estudou os escritos de alguns dos grandes autores do mundo ocidental, entre os quais Cícero, Horácio, Homero, Virgílio e Dryden. Todos os anos, Charles foi classificado como um dos seis melhores alunos da sua classe.

Este trecho da biografia é particularmente informativo: “Dos onze anos até os vinte e sete, Charles recebeu uma intensa educação na França e na Inglaterra. Dos jesuítas franceses, ele aprendeu as artes liberais e as grandes obras da tradição ocidental. Aos dezenove anos, Charles defendeu com sucesso a sua tese de ‘filosofia universal’ e se tornou mestre de artes. Com sólida base nos clássicos e nas artes liberais, ele estudou direito civil na França durante mais dois anos e, em 1759, foi para Londres a fim de estudar o direito comum”.

A formação de Charles se mostrou inestimável quando ele voltou para os Estados Unidos e começou a conviver com muitos dos fundadores da nação. Mas o seu conhecimento não era único, já que muitos daqueles homens também eram bem alicerçados nos clássicos antigos, que haviam começado a estudar desde bem jovens. Bradley Birzer escreve sobre os requisitos para se entrar na maioria das faculdades norte-americanas no período colonial: “Quando um estudante entrava na faculdade, geralmente aos catorze ou quinze anos de idade, ele precisava provar a sua fluência em latim e em grego. De acordo com os historiadores Forest e Ellen McDonald, o aluno precisaria ‘ler e traduzir do latim original para o inglês as três primeiras Orações Selecionadas [de Cícero] e os três primeiros livros da Eneida de Virgílio, bem como traduzir os dez primeiros capítulos do Evangelho de João do grego para o latim’”.

Você conhece alguém de catorze anos que seja capaz de fazer isso? Nem eu. Obviamente, as expectativas eram outras no período colonial dos Estados Unidos. Já nas faculdades norte-americanas de hoje em dia, as expectativas são tão baixas que um aluno que jamais leu um livro consegue ser aceito. Eu não sei se temos que rir ou chorar.

Posso lhe fazer uma sugestão? Se neste ano você for convidado a assistir a alguma formatura do ensino médio, pergunte a qualquer dos formandos quais foram os cinco melhores livros que ele leu ao longo do ensino médio. A resposta que ele der lhe dirá muito sobre a escola que ele frequentou.

Escrito por Thomas Addis.

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Islamismo: a maior máquina assassina da história da humanidade http://portalconservador.com/islamismo-a-maior-maquina-assassina-da-historia-da-humanidade/ http://portalconservador.com/islamismo-a-maior-maquina-assassina-da-historia-da-humanidade/#respond Wed, 25 Feb 2015 02:51:06 +0000 http://portalconservador.com/?p=3368 read more →]]> Quando pensamos em assassinato em massa, o que nos vem à mente é Hitler. Se não é Hitler, então é Tojo, Stálin, ou Mao. Dá-se o crédito aos tiranos do século XX como os piores da espécie da tirania a terem já surgido na humanidade. Contudo, a verdade alarmante é que o islamismo já matou mais do que esses tiranos, e pode ultrapassar todos eles juntos em números e crueldade.

A enormidade dessas matanças da “religião da paz” está tão longe da compreensão que até os historiadores honestos ignoram a dimensão. Quando olhamos além do foco míope, o islamismo é a maior máquina assassina da história da humanidade, sem exceção.

A conquista islâmica da Índia foi provavelmente o caso mais sangrento da história. — Will Durant, citado no site de Daniel Pipes. Avaliações moderadas colocam o número em 80 milhões de indianos mortos. De acordo com alguns cálculos, a população indiana diminuiu entre o ano 1000 (ano da conquista do Afeganistão) e 1525 (ano do fim do Sultanato de Delhi). — Koenrad Elst, citado no site de Daniel Pipes.

 

Oitenta milhões?! Diante desse número, os crimes dos conquistadores espanhóis no continente americano ficam insignificantes. Não é de surpreender que Hitler admirava o islamismo como uma religião de guerra. Ele tinha muita reverência pelo islamismo, cuja carnificina nem ele conseguiu ultrapassar.

Mais de 110 milhões de negros foram mortos pelo islamismo

…um mínimo de 28 milhões de africanos foram escravizados no Oriente Médio islâmico. Desde então, calcula-se que 80 por cento dos negros capturados pelos comerciantes muçulmanos de escravos morreram antes de alcançar o mercado escravo. Acredita-se que o número total de mortos com os 1400 anos de invasões árabes e muçulmanas na África para capturar escravos tenha alcançado 112 milhões de negros. Quando se acrescenta a esse número os que foram vendidos nos mercados negros, o número total de vítimas africanas do comércio escravo no Leste da África e na África transaariana pode ser significativamente mais elevado do que 140 milhões de negros. — John Allembillah Azumah, autor do livro “The Legacy of Arab-Islam in Africa: A Quest for Inter-religious Dialogue” (O Legado do Islamismo Árabe na África: Uma Busca por um Diálogo Inter-religioso)

Some apenas esses dois números juntos, e o islamismo ultrapassou as vítimas do totalitarismo do século XX. No entanto, não termina aí. Acrescente os milhões que morreram nas mãos dos muçulmanos no Sudão em nossa época.

Boa parte da escravidão islâmica era de natureza sexual, com preferência pelas mulheres. Os homens que eram capturados eram castrados. Os filhos mulatos das mulheres eram muitas vezes mortos, o que explica o motivo por que o islamismo não pendeu demograficamente para a raça negra, diferente das escravas no Ocidente, as quais tinham filhos e criaram uma raça mestiça. Acrescente os filhos mortos e chegamos a mais de 200 milhões.

Recorde que no sétimo século, o Norte da África era quase totalmente cristão. O que aconteceu com eles?

No ano 750, cem anos depois da conquista de Jerusalém, pelo menos 50 por cento dos cristãos do mundo inteiro estavam sob a hegemonia muçulmana… Hoje não existe nenhum Cristianismo natural nessa região [do noroeste da África], não existe nenhuma comunidade cristã cuja história dá para identificar o rastro desde da antiguidade. — “Christianity Face to Face with Islam” (Cristianismo Face a Face com o Islamismo), CERC

O que aconteceu com esses milhões de cristãos? Alguns se converteram. O resto? Perdidos na história humana. Sabemos que mais de 1 milhão de europeus foram escravizados por piratas muçulmanos. Quantos morreram? Ninguém sabe… durante 250 anos entre 1530 e 1780, os números podem ter facilmente chegado a 1.250.000. — BBC

Na Idade Média…

…muitos escravos eram levados à Armênia e ali castrados para preencher a demanda muçulmana de eunucos. — “Slavery in Early Medieval Europe” (Escravidão no Início da Europa Medieval)

A mesma prática ocorria em toda a Espanha islâmica. Europeus do Norte da Europa eram capturados quando muçulmanos atacavam a Islândia, ou comprados, ou sacrificados nos locais de castração na Ibéria. Muitos morriam por causa das operações que ocorreram durante séculos.

Não se sabe o número de mortos quando os muçulmanos conquistaram os Bálcãs e sul da Itália, mas de novo os números somam certamente milhões durante os séculos. Não esqueça os 1,5 milhão de cristãos armênios mortos pelos turcos durante a 1ª Guerra Mundial. Sabemos que por mais de cinco séculos, vastos números de meninos cristãos foram raptados para se tornarem mercenários janízaros islâmicos para os turcos. Faça a soma disso também.

Os muçulmanos apreciavam mulheres loiras para seus haréns. Então mulheres eslavas escravizadas eram compradas nas feiras do Califado da Crimeia. Na Espanha muçulmana, um tributo anual de 100 mulheres visigodas [loiras germânicas] era exigido da costa da Cantábria da Espanha.

Durante décadas, os governantes muçulmanos da Espanha exigiam 100 virgens por ano da população conquistada. O tributo só teve uma parada quando os espanhóis étnicos começaram a fazer resistência. — “Jihad: Islam’s 1,300 Year War Against Western Civilisation” (Guerra Santa Islâmica: a Guerra de 1.300 anos do Islamismo contra a Civilização Ocidental)

Acrescente o total de mortos da Reconquista (movimento na Espanha e Portugal para reconquistar seus países dos muçulmanos) e os números sobem muito mais alto. As pesquisas mostram que a Baixa Idade Média (ou “Idade das Trevas”) não foi causada pelo povo germânico godo, que acabou assimilando e se tornando cristão:

…o real destruidor da civilização clássica foram os muçulmanos. Foram as invasões árabes… que destruíram a unidade do mundo mediterrâneo e transformaram o Oriente Médio — outrora uma das principais rotas mercantis do mundo — num campo de batalha. Foi depois do surgimento do islamismo… que as cidades do Ocidente, que dependiam do comércio mediterrâneo para sua sobrevivência, começaram a morrer. — “Islam Caused the Dark Ages” (O Islamismo Causou a Idade das Trevas)

Acrescente na computação os milhões desconhecidos que morreram como consequência. Quantos conhecem os horrores da conquista da Malásia? Os budistas da Tailândia e Malásia foram massacrados em massa.

Quando atacados e massacrados pelos muçulmanos, os budistas inicialmente não fizeram nenhuma tentativa de escapar de seus assassinos. Eles aceitaram a morte com uma atitude de fatalismo e destino. E daí eles não existem mais hoje para contar sua história. — História da Jihad.org. Possivelmente, nunca saberemos o número de mortos.

Depois que os muçulmanos começaram a governar no século XV, povos animistas acabaram desaparecendo por terem sido escravizados e “incorporados” na população muçulmana da Malásia, Sumatra, Bornéu e Java por meio de invasões, tributação e aquisição, principalmente de crianças. Java era o maior exportador de escravos no ano de 1500. — Islam Monitor (Monitor do Islamismo)

Do mesmo modo, o islamismo chegou às Filipinas. Somente o aparecimento dos espanhóis deteve um colapso total, e confinou o islamismo às ilhas do Sul. A vinda dos espanhóis salvou as Filipinas do islamismo, exceto a ponta do Sul em que a população havia se convertido ao islamismo. — História da Jihad.org

De novo, não se sabe o número de mortos, mas acrescento-os ao total. Os filipinos animistas estavam com muita vontade de se aliar aos espanhóis contra o islamismo. Aliás, boa parte do sudeste asiático deu boas-vindas aos espanhóis e portugueses como preferíveis ao islamismo.

…desde o século XVII sucessivos reis tailandeses se aliaram às potências marítimas ocidentais — os portugueses e os holandeses — e tiveram sucesso em expulsar a ameaça do islamismo dos malásios muçulmanos e seus senhores árabes. — História da Jihad.org

Alguns galeões e mosquetes não foram suficientes para conquistar a Ásia. O islamismo fez os europeus inicialmente parecerem como libertadores; e até certo ponto eles eram. Quem eram os reais imperialistas?

Até mesmo hoje…

…Jihadistas malásios estão conspirando para transformar a Malásia multiétnica num Califado Islâmico, e estão fomentando confusões no Sul da Tailândia. — Histórida da Jihad.org

Acrescente tudo isso. As vítimas africanas. As vítimas indianas. As vítimas europeias. Acrescente o genocídio armênio. Então acrescente o fato conhecido, mas sem dúvida com um número consideravelmente grande, de vítimas do Leste da Ásia. Acrescente a guerra santa islâmica cometida por muçulmanos contra a China, que foi invadida em 651 d.C. Acrescente a atividade predatória dos canatos da Crimeia contra os eslavos, principalmente suas mulheres.

Embora os números não sejam claros, o que é óbvio é que o islamismo é a maior máquina assassina da história, sem exceção, possivelmente ultrapassando 250 milhões de mortos. Possivelmente um terço ou metade ou mais de todos os mortos por guerras ou escravidão na história podem ser atribuídos ao islamismo. E esse é apenas um exame superficial.

Agora considere os mais de 125 milhões de mulheres hoje que sofrem mutilação genital por amor à honra islâmica. Apesar do que os defensores dizem, essa prática é quase totalmente confinada às áreas islâmicas.

Recentes informações do Curdistão iraquiano levantam a possibilidade de que o problema é mais comum no Oriente Médio do que se cria anteriormente e que a mutilação genital feminina (MGF) está mais ligada à religião do que muitos acadêmicos e ativistas ocidentais admitem. — “A Mutilação Genital Feminina é um Problema Islâmico?” ME Quarterly.

Outrora considerada como concentrada na África, descobriu-se agora que a MGF é comum onde quer que haja o islamismo.

Há indicações de que a MGF pode ser um fenômeno de proporções epidêmicas no Oriente Médio árabe. Hosken, por exemplo, nota que tradicionalmente todas as mulheres da região do Golfo Pérsico foram mutiladas. Os governos árabes se recusam a lidar com esse problema. — “A Mutilação Genital Feminina é um Problema Islâmico?” ME Quarterly.

Recorde que isso está acontecendo há 1400 anos. E foi imposto numa população que no passado era cristã ou pagã.

A MGF é praticada em grande escala na Indonésia islâmica, e está aumentando.

…longe de diminuir, o problema da MGF na Indonésia está crescendo acentuadamente. As cerimônias em massa em Bandung estão ficando maiores e mais populares a cada ano. — Guardian

O escritor britânico horrorizado desse artigo do Guardian ainda está iludido que o islamismo não apoia a MGF, quando na verdade é agora fato que a MGF é uma prática islâmica importante. As mulheres islâmicas sofrem lavagem cerebral para apoiar seu próprio abuso.

Além disso, Abu Sahlieh citou Maomé, que disse: “A circuncisão é sunna (tradição) para os homens e makruma (ação honrosa) para as mulheres.” — “A Mutilação Genital Feminina é um Problema Islâmico?” ME Quarterly.

Qual outra tirania faz isso? Nem mesmo os nazistas mutilavam suas próprias mulheres!

Diferente dos ditadores do século XX cuja fúria assassina os consumiu, reduzindo sua longevidade, o islamismo continua avançando. No fim, embora de modo mais lento, o islamismo tem matado e torturado muito mais do que qualquer outro credo, religioso ou secular. Diferente da tirania secular, o islamismo, devido à sua poligamia e predações sexuais, se reproduz e aumenta.

Outras tiranias são infecções furiosas, que ardem como fogo, mas logo se extinguem. Mas o islamismo é um câncer terminal, que se espalha e domina tudo. Nunca bate em retirada. Seus métodos são traiçoeiros, muitas vezes imperceptíveis no início, impulsionados pelo crescimento populacional. Como um câncer, a extirpação pode ser a única cura.

Portanto, toda vez que você ler sobre um “excesso” israelense [contra os muçulmanos] — e pode haver verdade na queixa —, coloque a notícia em contexto. Olhe contra quem os israelenses estão lutando. O islamismo é totalmente diferente de todas as outras ditaduras da história humana.

Escrito por Mike Konrad


¹Mike Konrad é o pseudônimo de um americano que não é judeu, hispânico ou árabe. Ele dirige o site Arábia Latina (http://latinarabia.com), onde ele discute a subcultura dos árabes na América Latina. Ele queria que seu espanhol fosse melhor.

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Os passos da tomada da Europa pelo islamismo http://portalconservador.com/os-passos-da-tomada-da-europa-pelo-islamismo/ http://portalconservador.com/os-passos-da-tomada-da-europa-pelo-islamismo/#comments Wed, 07 Jan 2015 18:54:27 +0000 http://portalconservador.com/?p=1758 read more →]]> Quando o professor Olavo de Carvalho dizia, novamente, há dez anos ou mais, que existia um plano a longo prazo e muito bem arquitetado para a tomada tanto moral quanto biológica da Europa por parte dos Islâmicos, riram dele; para variar, o mesmo de sempre: Chamaram-no de maluco, conspiracionista e todo tipo de coisa. Hoje em dia, eis os números:

Dos 50 mil combatentes do grupo ISIS, 20 mil deles vieram da Europa e demais países islâmicos. Dos que chegam para o combate, um em cada seis vem de países Europeus, sem histórico majoritário Islâmico. A estratégia foi muito bem construída: Primeiro, o aporte em países sem tradição religiosa nas últimas décadas; Noruega, Suécia, França e Finlândia. No vácuo da fé, acomodaram-se e se multiplicaram.

Converteram milhares de jovens locais com as palavras que se encaixavam como uma luva na já doente mentalidade moderna; venderam a ideia de que eram sofridos, discriminados, de que sua cultura ancestral era algo a ser preservado, uma espécie de ligação direta com algum tipo de sabedoria ancestral combatida e que valia a pena serem conhecidos, ao menos. Que a proximidade eliminaria os preconceitos e que ninguém nos dias de hoje poderia atacá-los sem que ao menos o conhecessem. Aos mais fracos e vazios, foi um convite para a conversão.

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Para uma geração que nunca conheceu o perigo, o trabalho, a insegurança, o Islã serviu como uma causa, um sentido para a vida; o homem tem espaço de causa; para alguns, essa causa é deus, para outros o mercado, o estado, as artes ou literatura. Mas, de qualquer forma, o vácuo de vida é preenchido na apresentação de um primeiro objeto de adoração; o Islã converteu aos montes quem antes gritava que a religião era uma espécie de herança bárbara, que deveria ser combatida.

Chegavam às mesquitas sem nenhuma noção de estratégia ou preparo mental; sem o conhecimento das habilidades da guerra pela mente que há muito tempo William Sargant tão bem havia descrito. Foram presas fáceis. Em uma mente frágil e sem propósitos, qualquer causa, bem vendida, torna-se a própria causa, a própria vida.

A grande questão, que virá logo a seguir, não são os jovens que vão à Síria para combater, mas os que sobreviverem e voltarem aos seus países, agora tendo experimentado a realidade Jihadista lá de fora, onde decapitar pessoas, estuprar mulheres e enterrar crianças vivas é algo normal. Dormem e acordam juntos, aos bandos, sentindo prazer nisso. Aos que sobreviverem, o retorno está garantido. Se misturam aos turistas, refugiados ou rapazes em férias. Eis que então a próxima fase do plano de dominação estará mais do que completa: Haverá pelo menos algumas dezenas de homens bomba prontos para agir, enfiados em seus apartamentos, trabalhando em bibliotecas, cafés e universidades, à espera do primeiro chamado. Tempos difíceis virão. Não que não tenham sido anunciados.

Escrito por Ícaro de Carvalho.

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O Cristianismo e a Igreja Católica salvaram a Civilização Ocidental http://portalconservador.com/o-cristianismo-e-a-igreja-catolica-salvaram-a-civilizacao-ocidental/ http://portalconservador.com/o-cristianismo-e-a-igreja-catolica-salvaram-a-civilizacao-ocidental/#comments Tue, 26 Aug 2014 01:23:42 +0000 http://portalconservador.com/?p=1058 read more →]]> Infelizmente muitos estudantes secundários, universitários e até mesmo muitos católicos, têm uma visão totalmente deformada a respeito da Igreja Católica, sua vida e sua História. Isto acontece por causa da imagem preconceituosa que muitos professores, de várias disciplinas, especialmente História, lhes passam ou passaram. Também a mídia, cujos elementos foram formados nas mesmas universidades, é a causa de uma visão injusta, errada e negativa da Igreja.

O livro “Código da Vinci”, e o filme de mesmo nome, aumentaram em todo o mundo, ainda mais, esta visão de que a Igreja Católica é uma Instituição corrupta, perversa, que inventou a divindade de Cristo, e que sobre este mito criou uma Instituição poderosa e dominadora, e que a custa de sangue sempre se impôs ao mundo. Nada mais errado, perverso e anti-histórico.

É hora de os jovens estudantes, especialmente os católicos, conhecerem o outro lado dessa “História”. Hoje é lhes mostrado apenas as “sombras” da vida da Igreja, mas há uma má vontade imensa que encobre as luzes brilhantes de sua História de 2000 anos.

Igreja-Catolica-Portal-Conservador

Gostaria de apresentar um pequeno resumo da grande contribuição que a Igreja Católica deu ao mundo ocidental desde a queda do Império Romano nas mãos dos bárbaros (476). Não fosse este trabalho da Igreja não teríamos a nossa civilização.

Foi a Igreja que moldou esta civilização da qual nos orgulhamos, onde se preza a liberdade, os direitos humanos, o respeito pela mulher e por cada pessoa. Sem o trabalho lento e paciente da Igreja o Ocidente não seria o mesmo.

Nossa civilização moderna foi berçada pelo Cristianismo que nos deu o milagre das ciências modernas, a saudável economia de livre mercado, a segurança das leis, a caridade como uma virtude, o esplendor da Arte e da Música, uma filosofia assentada na razão, a agricultura e a ciência, e muitos outros dons que nos fazem reconhecer em nossa civilização a mais bela e poderosa civilização da História.

E a responsável por tudo isto é a Igreja Católica, diz o historiador americano Dr. Thomas Woods, PhD de Harvard nos EUA, em seu livro: “How the Catholic Church Built Western Civilization” (Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental; Regury Publishing Inc., Washington, DC, 2005). Ele afirma que:

“Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização”.

Dr. Thomas traz neste seu livro uma quantidade enorme de referências de historiadores que confirmam o trabalho da Igreja na construção da civilização ocidental.

Falando do papel da Igreja nos tempos bárbaros, Chateaubriand (1960) escreveu que “os mosteiros, como espécies de fortalezas em que a civilização se abrigou sob a insígnia de algum santo… A cultura da alta inteligência conservou-se ali com a verdade filosófica que renasceu da verdade religiosa. Sem a inviolabilidade e o tempo disponível do claustro, os livros e as línguas da Antigüidade não nos teriam sido transmitidos e o elo que ligava o passado ao presente ter-se-ia rompido”.

Todos os historiadores reconhecem com unanimidade este papel da Igreja como defensora da cultura. Nos tempos bárbaros a cultura pertenceu à Igreja e somente os seus filhos se preocupavam com ela. À glória de Deus estava subordinada toda atividade da inteligência; a cultura estava submetida à religião. Imperava o latim e os estudos dos Padres e das Sagradas Escrituras.

A Igreja e os bárbaros

Quando o bárbaro Átila, rei dos hunos, ameaçou invadir e destruir Roma, foi o Papa S. Leão Magno (†460) quem os enfrentou em Mântua; ele foi se encontrar com o terrível Átila, “o flagelo de Deus”, e o fez retornar. O mesmo se deu com o bárbaro Genserico.

Afirma Daniel Rops, historiador que ganhou um Prêmio da Academia Francesa de Letra, que: “Se a Igreja Católica Romana não tivesse tido uma admirável organização temporal como poderiam ter subsistido os melhores princípios do Evangelho?” [“A Igreja dos Tempos Bárbaros”, Ed. Quadrante, vol. II, 1991, SP, pág. 85, v. II].

Firme em torno do “Bispo de Roma”, o Papa, a Igreja católica era o único ponto estável num mundo em que tudo estremecia. O poeta Lactâncio, neste tempo, escreveu: “Somente a Igreja conserva e sustenta tudo” (idem).

Os homens da Igreja souberam dar sentido aos acontecimentos trágicos da queda de Roma: S. Bento de Núrcia, S. Agostinho de Hipona, S. Leão Magno e tantos outros, foram os gigantes da Igreja que, do caos da barbárie, começaram a modelar uma nova Civilização, por amor a Deus e pela missão que Cristo lhes deu.

Disse Daniel Rops que: “O maior serviço que o Cristianismo prestou ao século V, foi o de dar um sentido a seu drama, impedindo-os de permanecer inertes, sós e angustiados, à beira de um abismo para além do qual já não enxergavam” (Idem, 86).

Roma, a “Cidade Eterna” estava dominada. São Jerônimo, cidadão romano, que já estava em Belém, na Judéia, traduzindo a Bíblia do grego e hebraico para o latim, a pedido do Papa Damaso, exclama chorando: “O navio está afundando!” “A minha voz extingue-se; os soluços embargam-me as palavras. Foi tomada a Cidade que tinha tomado o mundo! Pereceu pela fome e pela espada; está em chamas a ilustre cabeça do Império”. Para todos, era inimaginável a queda de Roma.

Santo Agostinho disse: “Talvez não seja ainda o fim da Cidade, mas em breve a Cidade terá um fim”. A sua obra “Cidade de Deus” foi a resposta de Santo Agostinho ao caos instalado pelos bárbaros. “Nas piores circunstâncias é preciso cumprir o nosso dever de homens”. Com a fé da Igreja, Agostinho sustentava os fiéis. A idéia de que todos os acontecimentos, por piores que sejam, obedecem ao desígnio de Deus, foi a grande força do cristianismo para fortalecer os corações.

Os cristãos sempre souberam que “tudo concorre para o bem dos que amam a Deus” (1Ts 5,17) e por isso, não se desesperam.

A Igreja sempre teve nos seus bispos e monges uma elite consciente de suas responsabilidades sociais e históricas e muito bem preparados para as assumir; eram homens de primeira linha. Eles souberam enfrentar a longa e árdua missão de civilizar os bárbaros pela amabilidade e acolhimento. Para isso, tiveram inevitavelmente que exercer um papel político além do religioso, porque o bispo passou a ser o representante do povo na noite escura da barbárie.

Ele passou a ser o “defensor da Cidade” até o heroísmo e o sacrifício. Santo Agostinho sustenta a coragem em Hipona, São Nicácio deixa-se matar em sua catedral de Reims (França); S. Exupério de Toulouse resiste aos bárbaros e é decapitado, S. Aide organiza a defesa de Orleans, S. Lobo lidera a resistência em Troyes…

Não podemos calcular o papel decisivo desses gigantes da Igreja na salvaguarda diante da tempestade dos bárbaros; o destino de nossa civilização teria sido totalmente diferente se esses homens não tivessem feito o que fizeram, afirma D. Rops [pg. 90]. S. Pedro Crisólogo (†450), S. Máximo de Turim (580-662), S. Leão Magno (400 – 461), S. Paulino de Nola (†431), S. Sinésio de Cirene, S. Germano de Auxerre de Paris, foram infatigáveis defensores da civilização ameaçada.

Além dos bispos outra instituição da Igreja que foi fundamental na defesa da civilização foram os mosteiros. Eles nasceram no Oriente com Santo Antão e os Padres do Deserto, no século III, sob a forma eremítica, depois cenobítica (cenóbios) graças a S. Pacônio, e finalmente foi organizado na Ásia Menor por S. Basílio Magno (330 – 369) – bispo de Cesaréia na Palestina. Por volta do ano 400 os mosteiros estão presentes em toda a cristandade. São homens e mulheres que se consagram a Deus radicalmente e que vivem sob uma Regra fixa, uma vida de penitência e oração.

O papel dos mosteiros foi primeiro espiritual; a fé os sustentava e com ela os monges sustentaram o mundo da época que desabava. Os mosteiros foram sementeiros de grandes bispos para toda a Igreja. Os monges atraíram para os mosteiros jovens bárbaros e os civilizavam. Ao mesmo tempo os mosteiros preservaram a cultura ameaçada. Os mosteiros de Lerins e Marselha foram centros de estudos. Em todos eles foram criadas escolas externas – os “alunados” – ficaram famosos.

A Igreja, que sabe que “o Reino de Deus não é desse mundo”, sabe trabalhar as realidades políticas do momento, com fé e tranqüilidade, por pior que sejam. Ela soube assim aproveitar a força bruta dos bárbaros e a transformar aos poucos. Só os bispos se impunham aos bárbaros, e o seu desejo era ganhá-los para Cristo.

São Leão Magno (†460) deu à Sé Apostólica uma autoridade e respeito que nunca mais ela haveria de perder. A Igreja era a única força de resistência aos bárbaros.

S. Leão deixava com freqüência o palácio do Latrão, em Roma, cedido por Constantino, para se ocupar das misérias públicas, erguer as ruínas, dirigir as pesquisas nas catacumbas e distribuir pão aos famintos.

Quando, em 4 de setembro de 476, o Império romano do Ocidente caiu definitivamente sob o rei hérulo Odoacro, já não havia mais Europa e Ocidente, restou apenas um mosaico de estados bárbaros divididos. A queda de Roma desencadeou lutas ferozes entre esses povos pelo domínio do espólio imperial: visigodos, vândalos, francos, hérulos, anglos e saxões, entre outros, queriam sua parte e a única instituição unificada e com algum nível de organização era a Igreja Católica. E os reis bárbaros sabiam disso.

O único princípio de unidade que restou foi a Igreja Católica que continuou a resistir os bárbaros; os papas, os bispos e os monges começavam a gigantesca tarefa de reconstruir o Ocidente, o que levou cerca de seis séculos. Brilhou então a figura dos Papas.

Santo Hilário (461-468), papa, trata de reerguer tudo quanto os vândalos de Genserico tinham destruído. São Simplício (468-483) fez-se respeitar por Odoacro. S. Félix III (483-492) exigiu de Odoacro e do Imperador bizantino Zenão “o direito de a Igreja se reger por suas próprias leis”. S. Gelásio I (492-496) se impôs pela inteligência, energia, obras sociais e defesa dos pobres. Foi ele quem escreveu ao Imperador do Oriente: “Ficai sabendo que quando a Sé do bem-aventurado Pedro se pronuncia, a ninguém é permitido julgar o seu julgamento”. Foi o mesmo que S. Agostinho já tinha dito antes: “Roma locuta, causa finita”.

Santo Anastácio (496-498) alicerçou a unidade cristã ameaçada, e começou a grande e longa jornada de conquistar espiritualmente os bárbaros para Cristo. Com esta garra, já no ano 500, Clovis e Clotilde, reis dos francos, se tornavam católicos e foram batizados. Três séculos depois, outro rei descendente dos bárbaros, no ano 800, o franco Carlos Magno é também batizado e coroado imperador pelo Papa.

Duzentos anos depois, com esta mesma certeza o imperador Otão do “Sacro Império Romano-Germânico” continua a obra dos imperadores cristãos: Constantino, Teodósio e Justiniano. Assim esses homens, na fé de Cristo e da Igreja mantiveram o Império, para eles fundamental para o mundo; e agora a tarefa era integrar nele os bárbaros. E somente a Igreja, o tronco dessa árvore poderia cumprir essa missão.

Os monges salvaram a cultura antiga

Os monges tiveram um papel básico no desenvolvimento da civilização ocidental. O monarquismo começou no século III. O principio fundamental, que sempre norteou a vida deles foi a o ordem de Jesus: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo” (Mt 6,33).

Por essa palavra, não só os homens mas também as mulheres consagravam-se como virgens para viver na oração e no sacrifício. As freiras vêm dessa tradição.

O monarquismo ocidental surgiu com S. Bento de Núrcia, na Itália; começou com doze pequenas comunidades de monges em Subíaco, a 38 milhas de Roma, e a 50 milhas de Monte Cassino, que se transformou no grande mosteiro beneditino. No não de 529, S. Bento compôs a Regra da Comunidade usada em toda a Europa oeste; teve uma aceitação muito boa porque era mais equilibrada nas penitências.

Cada Casa beneditina era independente da outra e tinha um Prior. O superior de todas as casas é o Abade.

Durante o longo período de grande confusão por causas das invasões bárbaras, que praticamente duraram seis séculos (V a X), as Casa beneditinas foram oásis de paz e ordem, especialmente Monte Cassino. Mesmo tendo sido saqueada pelos bárbaros Lombardos. em 589, destruído pelos Sarracenos em 884, destruído por um terremoto em 1349, destruído pelas tropas francesas em 1799 e pelas bombas da II Guerra Mundial em 1944, Monte Cassino recusou desaparecer e seus monges sempre o reconstruíram.

Até o século XIV a Ordem de S. Bento já tinha dado a Igreja 24 papas, 200 cardeais, 7000 arcebispos, 15.000 bispos e 1500 santos canonizados, 37.000 mosteiros. Tinha inscrito na Ordem 20 imperadores, 10 imperatrizes, 47 reis e 50 rainhas. Vários grupos de origem dos bárbaros foram atraídos pela vida monástica dos beneditinos.

O Prof. Léo Moulin, agnóstico ou ateu belga, reconhece a benéfica influência do Cristianismo e, em especial, da Regra de São Bento na evolução da cultura e da civilização. Mostra como a Regra de São Bento, legislando para os monges, fez transbordar sobre toda a sociedade medieval e posterior certos princípios de disciplina, diligência e ordem no trabalho, que propiciaram a criação de grandes empresas industriais e culturais. revista “JESUS”, dezembro de 1990, pp. 103-107, com o título “Luminosissimo Medioevo!”

Henry Goodell, presidente da Faculdade de Agricultura de Massachussets, no começo do séc. 20, falou do “trabalho desses grandes monges durante um período de 1500 anos. Eles salvaram a agricultura quando ninguém mais poderia fazê-lo. Eles praticavam-na sob uma vida nova e novas condições quando ninguém mais podia cuidar”.

“Nós devemos a restauração da agricultura de uma grande parte da Europa aos monges”. “Sempre que eles chegavam, convertiam o deserto em um campo cultivado, eles desenvolviam a pecuária e a agricultura, trabalhando com as próprias mãos drenando pântanos… Por eles a Alemanha se transformou um frutuoso país”. [T.Woods, 2005]

Os historiadores mostram que cada mosteiro Beneditino tinha um centro de ensino de agricultura para toda a região onde estava localizado.

Mesmo o historiador francês François Guizot, do séc. XIX, que não era simpático à Igreja Católica observa: “Os monges beneditinos foram os agriculturistas da Europa; eles desenvolveram-na em larga escala, associando a agricultura com a oração”.

O trabalho pesado da agricultura era para os monges uma maneira de santificação e penitência e por isso não fugiam deles. Eles enfrentaram as pestes em pântanos sem valor, como desafio, e os transformavam em terra de valor.

O grande historiador dos monges, do séc. XIX, Montalembert disse:

“É impossível esquecer o uso que eles fizeram de tantos distritos incultivados e inabitados, cobertos de florestas ou cercados de pântanos… Embora eles abrissem clareiras nas florestas para habitação humana e uso, eles tinham o cuidado de plantar árvores e cultivar florestas quando possível”.

Onde os monges chegavam introduziam as plantações, indústrias, e métodos novos de produção não familiares; criação de gado e cavalos, produção de cerveja, cultivo de abelhas e frutas. Na Suécia introduziram a cultura do milho; em Parma, a fabricação de queijo; na Irlanda, criação de salmon, e , em muitos lugares cultivo de uvas. Os monges coletavam a água das fontes para distribuí-las no tempo de seca. Na Lombardia os camponeses aprenderam com os monges a irrigação do solo, o que fez essa área conhecida em toda a Europa por sua fertilidade. Os monges foram os primeiros a trabalhar pela melhoria na criação do gado.

Os monges foram pioneiros na produção de vinho, que usavam para a celebração da Missa e consumo, que a Regra de S. Bento permitia. A descoberta da champanhe foi feita por Dom Perignon da Abadia de S. Pedro, Hautvilliers-on-the Marne. Ele cuidava da adega da Abadia em 1688 e desenvolveu a Champanhe através da experimentação com mistura de vinhos. O mesmo processo é usado ainda hoje.

Afirma o Dr. Woods que: “É difícil encontrar algum grupo em algum lugar do mundo cuja contribuição foi tão variada, tão significativa, e tão indispensável como aquelas dos monges da Igreja Católica no Ocidente durante um tempo de perturbações e desespero generalizado” (pg. 32).

Os monges foram também importantes arquitetos da tecnologia medieval. Os de Cister (cistercienses), uma ordem de S. Bento, reformada, estabelecida em Citeaux em 1908, eram bem conhecidos por suas tecnologias sofisticadas. Graças a grande rede de comunicação que existia entre os mosteiros a informação tecnológica se espalhava rapidamente. Encontramos sistemas de propulsão de água semelhantes em mosteiros que estavam a grandes distâncias um do outro, mesmo a milhares de milhas.

Citando o pesquisador Randal Collings, T. Woods afirma que: “Esses mosteiros foram as unidades mais econômicas que já existiram na Europa e talvez no mundo, até aquele tempo”.

O mosteiro cisterciense de Claraval na França deixou-nos um registro do séc. XII sobre o uso da energia da água que revela como este equipamento tinha se tornado fundamental na vida européia. Os mosteiros cistercienses geralmente tinham as suas próprias fábricas. Eles usavam a força da água para moer o trigo, peneirar farinha, tecer roupas e fazer cozimento; 742 era o número de mosteiros cistercienses na Europa nesse século, e o mesmo nível de tecnologia podia ser observado em todos eles.

O mundo clássico antigo não usou a mecanização para uso industrial em uma escala considerável, mas o mundo medieval o fez em grande escala, especialmente por causa do uso da força da água nos mosteiros cistercienses.

Os monges foram os sábios e conselheiros da Europa após a invasão dos bárbaros. Os cistercienses eram também conhecidos por sua habilidade em metalurgia. Em sua rápida expansão pela Europa foram importantes na difusão de novas técnicas por causa do alto nível de sua tecnologia da agricultura, que era combinada com a tecnologia industrial. Cada mosteiro tinha uma fábrica, tão grande como a igreja e somente a poucos pés de distância e a força da água tocava as máquinas das várias indústrias localizadas neste local.

Os monges trabalhavam o minério de ferro e usavam as cinzas dos fornos como fertilizantes por causa de sua concentração de potássio. Os monges trabalhavam na mineração do sal, chumbo, ferro, alumínio, uso do mármore, vidro, fizeram pratos de metal e não havia atividades que eles não tivessem criatividade e espírito de pesquisa, e o seu “know-how” se espalhou por toda a Europa.

No começo do séc. XI, um monge chamado Eilmer voou mais de 600 pés com um planador. Alguns séculos depois, o Irmão Francesco Lana-Terzi, um padre jesuíta tentou voar sistematicamente, ganhou um prêmio de honra sendo chamado de o “pai da avião”. Seu livro de 1670, “Prodromo alla Arte Maestra” foi o primeiro a descrever a física e a geometria de um artefato voador.

Os monges também foram especialistas em fabricação de relógios. O primeiro relógio que se tem recordação foi construído pelo futuro Papa Silvestre II para a cidade alemã de Magdeburg por volta do ano 996. E relógios mais sofisticados foram construídos mais tarde. Peter Lightfoot, um monge do séc. XIV, de Glastonbury construiu um dos mais antigos que ainda existe e que está agora em excelente condição no Museu de Ciência de Londres.

Richard de Wallingford, um monge prior do séc.XIV, do mosteiro beneditino de S. Albano, foi um dos iniciadores da trigonometria ocidental, e é bem conhecido pelo grande relógio astronômico que projetou para o mosteiro. Disseram que um relógio de sofisticada tecnologia não apareceu nos dois séculos seguintes. Este maravilhoso relógio para o seu tempo foi confiscado do mosteiro por Henrique VIII no séc. XVI. O relógio podia prever com precisão os eclipses lunares. [T. Woods, pg. 36]

Os arqueólogos estão descobrindo a extensão dos peritos monges e suas habilidades tecnológicas. Em 1990 o arqueólogo metalúrgico Gerry Mc Donnell, da Universidade de Bradford, encontrou evidências perto do mosteiro de Rievaulx, em North Yorkshire, Inglaterra, de um grau de sofisticação tecnológica que deu início às grandes máquinas a Revolução Industrial do séc. XVIII. O Rei Henrique VIII mandou fechar este mosteiro de Rievaulx em 1530 como parte do confisco das propriedades da Igreja.

Explorando os escombros de Rievaulx e Laskill, a quatro milhas do mosteiro, Mc Donnell descobriu que os monges tinham construído um forno para extração de ferro do minério (idem, p. 37).

Os monges desenvolveram fornos mais eficientes que atingiram temperaturas mais altas, capaz de tirar mais ferro do minério. Desenvolveram fornos para grande produção o que foi importante para a era industrial.

Um fator importante para o desenvolvimento da ciência, é que os cistercienses tinham uma reunião regular dos Priores a cada ano onde compartilhavam os avanços tecnológicos na Europa. A dissolução dos mosteiros pos fim a essa rede de transferência de tecnologia. Quando o rei inglês Henrique VIII dissolveu os mosteiros ingleses, a partir de 1534, este desenvolvimento foi impedido: o que obrigou o desenvolvimento a esperar ainda por 2 a 3 séculos.

É impressionante o número de padres cientistas na Idade Média. Isto era fruto do desejo de conhecer o universo criado por Deus, e mostra que nunca houve para a Igreja, antagonismo entre ciência e religião, entre razão e fé, uma vez que ambas procedem do mesmo Deus.

Vários homens do séc. XIII mereciam um destaque. Roger Bacon, era um franciscano que ensinou na universidade de Oxford, e que foi admirável em seus trabalhos de matemática e ótica, e foi considerado um precursor do método científico moderno. Escreveu sobre a filosofia da ciência e enfatizou a importância da experiência. Isto ficou claro na sua obra “Opus Maius”, e “Opus Tertium”. Bacon afirma que: “Sem experimentos nada pode ser adequadamente conhecido. Um argumento prova teoricamente, mas não dá a certeza necessária para remover a dúvida” .

Alguns mosteiros eram conhecidos por sua perícia em ramos particulares do conhecimento. Por exemplo, conferências sobre medicina eram dadas pelos monges de S. Benigno em Dijon, o mosteiro de S. Gall tinha uma escola de pintura e gravuras, e palestras em grego, hebraico e árabes eram dadas em mosteiros alemães. (Newman, 1948).

Um gigante da Igreja que muito contribuiu com a ciência foi Santo Alberto Magno (1200-1280); foi educado em Pádua e se tornou dominicano. Ensinou em várias escolas na Alemanha antes de começar seu trabalho na Universidade de Paris em 1241, onde teve um grande número de alunos ilustres como S. Tomás de Aquino. S. Alberto foi provincial dos dominicanos na Alemanha e bispo de Regensburg dois anos.

O “Dicionary of Scientific Biography” diz que era um dos mais famosos precursores da ciência moderna na Alta Idade Média”. Foi canonizado pelo papa Pio XII em 1931 e declarado patrono de quem estuda as ciências naturais em 1941.

Santo Alberto foi renomado naturalista, estudou a física, metafísica, biologia, psicologia, e várias ciências da terra. Escreveu a obra “De Mineralibus”. Assim como o monge Roger Bacon, ele afirmava a importância da observação para a aquisição de conhecimentos.

Um dos homens considerados mais cultos da Idade Média foi Robert Grosseteste, que foi chanceler de Oxford e bispo de Londres; foi influenciado por Thierry de Chartres; e foi o primeiro a escrever um método completo para realizar um experimento científico. O séc. XIII gerou os rudimentos do método científico, especialmente graças a figuras como Grosseteste.

Muitos nomes católicos em ciência ficaram na obscuridade. Nicolaus Steno (1638-1686), um luterano convertido ao catolicismo que foi padre, estabeleceu os princípios básicos da geologia moderna e é muitas vezes chamado de “o pai da estratigrafia”, estudo das camadas da terra. Ele nasceu na Dinamarca e viajou por toda a Europa e foi da corte do duque de Toscana. Além de sua reputação em medicina, deixou grande contribuição sobre os fósseis e os extratos da terra. Escreveu a obra “Discurso Preliminar para uma Dissertação sobre um corpo sólido naturalmente contido dentro de um sólido”.

Ele estava certo de que as rochas, os fósseis e as camadas geológicas contavam a história da terra, e que o estudo geológico podia iluminar a história. Isto não era tarefa fácil porque não existia a ciência da geologia, nem princípios básicos e nem metodologia de seu estudo.

Steno foi o primeiro a afirmar que “a história do mundo podia ser recuperada das rochas”. O primeiro livro de estratigrafia é o “Princípios de Steno”. Em 1988 ele foi beatificado por João Paulo II, enaltecendo a sua santidade e ciência.

As Universidades Católicas

O ensino superior na Idade Média era ministrado por iniciativa da Igreja. Como já vimos, ela fundou as universidades. A Universidade medieval não tem precedentes históricos tanto por sua estrutura institucional quanto por seu papel social e intelectual .

No mundo grego já haviam escolas públicas, mas todas isoladas. Em Roma, somente o imperador Adriano (séc II) pensou em estabelecer um Ateneu que se parecia muito a uma Universidade. Esse projeto, entretanto, somente se realizou e, assim mesmo, efemeramente, no tempo de Cassiodoro e do Papa Agapito I no século VI.

No período greco-romano cada filósofo e cada mestre de ciências tinham sua escola – o que implicava justamente no contrário de uma Universidade. Esta na Idade Média reunia mestres e discípulos de várias nações, os quais constituíam poderosos focos de erudição.

Por volta de 1100, no meio de uma grande fermentação intelectual, surge pelas mãos da Igreja o ensino superior, as Universidades; o orgulho da Idade Média cristã, irmãs das Catedrais. A sua aparição é um marco na história da civilização ocidental que nenhum historiador tem coragem de negar. Elas nasceram às sombras das Catedrais. Logo receberam o apoio das autoridades da Igreja e dos Papas. Assim “a Igreja passou a ser a matriz de onde saiu a Universidade” (Daniel Rops, “A Igreja das Cruzadas e das Catedrais, pág. 345).

Até 1440 foram erigidas na Europa, pela Igreja Católica, 55 Universidades e 12 Institutos de ensino superior, onde se ministravam cursos de Direito, Medicina, línguas, artes, ciências, Filosofia e Teologia. Todos fundados pela Igreja. Em 1200 Bolonha tinha dez mil estudantes (italianos, lombardos, francos, normandos, provençais, espanhóis, catalães, ingleses germanos, etc.). O Papa Clemente V no concílio de Viena em 1311, mandou que se instaurassem nas escolas superiores cursos de línguas orientais (hebreu, caldeu, árabe, armênio, etc.), o que em breve foi executado em paris, Bolonha, Oxford, Salamanca e Roma.

A atual Universidade de Roma, La Sapienza, foi fundada há sete séculos, em 1303, pelo Papa Bonifácio VIII, com o nome de “Studium Urbis”. Das 75 Universidades criadas de 1100 a 1500, 47 receberam a Bula papal de fundação, enquanto muitas outras, que surgiram espontaneamente ou por decisão do poder secular, receberam em seguida a confirmação pontifícia, com a concessão da Faculdade de Teologia ou de Direito Canônico.

As Ordens mendicantes, dominicanos e franciscanos penetram nas Universidades e depois terão grandes mestres como o franciscano S. Boaventura e o dominicano S. Tomás de Aquino.

Para Inocêncio IV a Universidade era o “Rio da ciência que rege e fecunda o solo da Igreja universal”, e Alexandre IV a chamava de: “Luzeiro que resplandece na Casa de Deus”. (DR, pg.348). A universidade de Paris era chamada de “Nova Atenas” ou o “Concílio perpétuo das Gálias”, por ser especialmente voltada à teologia. As universidades atraíam multidões de estudantes, da Alemanha, Itália, Síria, Armênia e Egito. Vinham para a de Paris chegavam a 4000, cerca de 10% da população.

Só na França havia uma dezena de universidades: Montepellier (1125), Orleans (1200), Toulouse (1217), Anger (1220), Gray, Pont-à-Mousson, Lyon, Parmiers, Norbonne e Cabors. Na Itália: Salerno (1220), Bolonha (1111), Pádua, Nápoles e Palerno. Na Inglaterra: Oxford (1214), nascida das Abadias de Santa Frideswide e de Oxevey, Cambridge. Além de Praga na Boêmia, Cracóvia (1362), Viena (1366), Heidelberg (1386). Na Espanha: Salamanca e Portugal, Coimbra. Todas fundadas pela Igreja. Como dizer que a Idade Média cristã foi uma longa noite escura da história?

A História prova que nada é mais absurdo do que certas afirmações que vemos hoje de que o pensamento na Idade Média cristã era estagnado, ou que a Igreja era obscurantista, ou que o pensamento era aprisionado pelo medo da Inquisição. Na verdade era o contrário. As universidades foram centros de intensa vida intelectual, onde os grandes homens se enfrentavam em discussões apaixonadas dos grandes problemas. E a fé era o fermento que fazia a cultura crescer.

Nenhuma outra Instituição contribuiu tanto para moldar a nossa civilização ocidental. Mas infelizmente tudo isto é ocultado pelos que não gostam da Igreja; por isso, é essencial recuperar esta verdade intencionalmente escondida.

Há hoje no mundo todo um anti-Catolicismo espalhado pela mídia e pelas universidades; essas mesmas universidades fundadas pela Igreja. É dito aos jovens que a História da Igreja é uma história de ignorância, repressão, atraso e estagnação, quando a realidade é exatamente o contrário, como têm mostrado muitos historiadores atuais.

Na verdade a Igreja soube aproveitar o que há de bom na civilização grega e romana, não os desprezou, e soube com os valores cristãos moldar a nossa civilização.

É preciso saber distinguir entre a “Pessoa” da Igreja, fundada por Cristo, divina, e as “pessoas” da Igreja que são seus filhos santos e pecadores. Muito se exagera, por exemplo, sobre a Inquisição; e se quer analisar a mesma fora do contexto da época.

A maioria das pessoas reconhece a influência da Igreja na música, na arte e na arquitetura, mas a influência da Igreja foi muito maior. Muitos, mal informados, pensam que centenas de anos antes da época do Renascimento foi um tempo de ignorância e repressão intelectual, sem brilho, como se fosse um tempo negro onde se imperou a superstição e a magia, como se em nome de Jesus Cristo, a ciência e o progresso fossem banidos. Nada mais errado. A Idade média cristã foi um tempo de grande desenvolvimento religioso, cultural e artístico.

Ainda hoje há livros que apresentam uma visão totalmente errada da civilização ocidental. A Civilização ocidental na verdade tem uma enorme dívida com a Igreja pelo sistema universitário, pelo trabalho de caridade realizado pela Igreja, pelo advento da lei internacional, as ciências, as artes, a música e muito mais.

O Testemunho dos Historiadores

O Dr. Thomas Woods mostra em seu livro já citado que nos últimos 15 anos, os historiadores da ciência – A.C. Crombie, David Lindberg, Edward Grant, Stanley Jaki, Thomas Goldstein, J. L. Heibron e outros – concluíram que a Revolução Científica tem um grande débito com a Igreja. A contribuição da Igreja com a ciência foi muito além do conhecido, muitos cientistas eram padres.

Para citar alguns exemplos da participação fundamental da Igreja católica no desenvolvimento do mundo ocidental, citamos o Padre Nicholas Steno, sempre identificado como o “pai da geologia”. O “pai da egiptologia” foi o padre Athanasius Keicher. A primeira pessoa a medir a taxa de aceleração de um corpo em queda livre foi o Pe. Giambattista Riccioli. O Pe. Rober Boscovitch é considerado o pai da moderna teoria atômica. Os jesuítas se dedicavam ao estudo dos terremotos tal que a sismologia veio a ser conhecida como a “ciência Jesuítica”. Trinta e cinco crateras da lua foram nomeadas por cientistas e matemáticos jesuítas.

J. L. Heilbron, da Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que : “A Igreja Católica Romana deu mais suporte financeiro e social ao estudo da astronomia por mais de seis séculos do que qualquer outra instituição”. Woods afirma que “o verdadeiro papel da Igreja no desenvolvimento da ciência moderna permanece um dos mais bem guardados segredos da história moderna” [pág. 5].

Todo mundo sabe que foram os monges da Igreja que preservaram a herança literária do mundo antigo após a queda de Roma no século V, sob o domínio dos bárbaros.

Reginald Grégoire afirma que os monges deram “a toda a Europa… uma rede de fábricas, centros de criação de gado, centros de educação, fervor espiritual, … uma avançada civilização emergiu da onda caótica dos bárbaros. Sem dúvida alguma S. Bento (o mais importante arquiteto do monaquismo ocidental) foi o Pai da Europa. Os Beneditinos e seus filhos, foram os Pais da civilização Européia”.

Por outro lado o desenvolvimento do conceito de “lei internacional”, é atribuída aos pensadores dos séc. XVII e XVIII, mas na verdade surgiu no séc. XVI nas universidades espanholas católicas e foi Francisco de Vitória, um padre católico e professor que ganhou o título de “pai da lei internacional”. Analisando os maus tratos dos nativos da América recém descoberta, o padre Vitória e outros filósofos católicos e teólogos começaram a discutir os direitos humanos e as relações que deveria haver entre as nações.

A lei ocidental é uma dádiva da Igreja; a lei canônica foi o primeiro sistema legal na Europa, o que deu início ao primeiro corpo coerente de leis.

Segundo Harold Berman “foi a Igreja que primeiro ensinou o homem ocidental um sistema moderno de lei. A Igreja primeiro ensinou que conflitos, estatutos, casos, e doutrina podem ser reconciliadas por análises e sínteses”. (T. Woods)

A formulação dos direitos, que surgiu da civilização ocidental, não veio de John Looke e Thomas Jefferson, mas muito antes, das leis canônicas da Igreja Católica.

Alguns historiadores de economia antiga afirmam que a moderna economia, surgiu com Adam Smith e outros teóricos da economia do séc. XVIII, mas estudos recentes estão mostrando a importância do pensamento econômico dos Escolásticos da Igreja, particularmente os teólogos católicos espanhóis e séc. XV e XVI. O grande economista Joseph Schumpeter considera que esses pensadores católicos foram os fundadores da ciência econômica moderna.

Even Lecky, um historiador do séc. XIX, crítico contra a Igreja, admitiu que, tanto no campo espiritual como no compromisso da Igreja com os pobres, foi feito algo novo no mundo ocidental e que representou um grande crescimento em relação à Antigüidade.

A Igreja moldou a civilização ocidental em todos os seus campos: arte, música, arquitetura, direito, economia, moral, ciência, letras, línguas, etc.. Em todos esses campos ela deixou uma marca indelével no coração da civilização européia e a melhorou significativamente.

O Trabalho da Caridade

A Regra de S. Bento obrigava os monges a dar ajuda e hospitalidade à pessoas. Dizia a Regra que “Todo hóspede que chega ao mosteiro devia ser recebido como se fosse o próprio Cristo”.

Um antigo historiador da abadia de Norman escreveu: “Os monges diziam que as portas estão sempre abertas para todos e seu pão é gratuito para todo mundo”. (Montalembert). Era o espírito de Cristo dando proteção e conforto para desconhecidos de todo tipo.

Em Aubrac, por exemplo, onde um hospital foi criado entre as montanhas de Ronergue no final do séc. VI, um sino especial soava toda noite para chamar todos os viajantes ou qualquer outro que precisasse de pousada. O povo chamado de “o sino dos andarilhos”.

Em muitos lugares os monges tinham mosteiros próximo do mar onde colocavam sinalização para os marinheiros evitarem perigos ou para auxiliar os barcos que naufragavam e dar provisões para os homens. É dito que a cidade de Copenhagen deve sua origem a um mosteiro ali estabelecido por seu fundador, o bispo Alsalon, o qual forneceu comida a um barco naufragado.

Na Escócia, em Arboath, os monges colocaram um sino sobre uma plataforma flutuante em uma rocha; este balançava e fazia o sino soar para avisar os marinheiros do perigo das ondas. Até hoje a rocha é conhecida como a “Rocha do Sino”. Esses são apenas uns poucos exemplos do que os monges faziam pelas pessoas; eles ainda ajudavam a construir e reparar pontes, estradas e outras coisas.

A Palavra Escrita

Um trabalho importantíssimo dos monges foi o de serem copistas de manuscritos sagrados e profanos, o que era uma tarefa difícil: às vezes sob frio rigoroso e fazendo à noite o que não podiam fazer de dia. No séc. VI um senador romano, Cassiodoro, entendeu a importância do papel cultural dos mosteiros e estabeleceu o mosteiro Vivarium no sul da Itália com uma bela biblioteca – a única do séc. VI disponível dos estudantes. Alguns manuscritos Cristãos de Vivarium foram para a biblioteca Lateranense de posse dos papas em Roma.

Na biblioteca do monge e teólogo poliglota Alcuin que trabalhou como “ministro da Cultura” do imperador Carlos Magno, encontramos as obras de Aristóteles, Cícero, Plínio, Statius, Pompeus e Virgílio. Eu suas correspondências ele cita autores clássicos como Ovídio, Horácio e Terence.

O grande Gerbert de Aurillac, que mais tarde se tornou o Papa Silvestre II, mostrou a seus alunos Horácio, Juvenal, Lucan, Persius, Terence, Statius e Virgílio. John Henry Newman, o grande Cardeal do séc. XIX, convertido do Anglicanismo disse que S. Hildebert sabia Horácio praticamente de memória. O fato é que a Igreja valorizou, preservou, estudou e ensinou os trabalhos dos antigos, os quais poderiam ter sido perdidos se não fosse isso.

Alguns mosteiros eram conhecidos por sua perícia em ramos particulares do conhecimento. Por exemplo, conferências sobre medicina eram dadas pelos monges de S. Benigno em Dijon, o mosteiro de S. Gall tinha uma escola de pintura e gravuras, e palestras em grego, hebraico e árabes eram dadas em mosteiros alemães. (Newman)

Há muitos textos que poderiam ter sido perdidos para sempre se os monges não os guardassem: “Anais e Histórias de Tácito; a “Golden Ass of Apuleius”, os “Diálogos” de Sêneca e muitas outras obras.

S. Maieul de Cluny tinha sempre um livro em suas mãos quando viajava. Halinard, abade de S. Benigno em Dijon, depois Arcebispo de Lyon era conhecedor profundo dos filósofos antigos.

“Sem estudo, e seus livros, a vida de um monge não é nada”, disse um monge de Muri. S. Hugh de Lincoln, enquanto Prior de Withan, a primeira Casa dos Cartuchos na Inglaterra, disse: “Nossos livros são nossos deleites e nossa riqueza em tempo de paz, nossas armas ofensivas e defensivas em tempos de guerra, nosso alimento quando estamos famintos, e nossa medicina quando estamos doentes” (Montalembert).

Outro trabalho muito importante dos monges, além das cópias dos Padres da Igreja e dos Clássicos gregos e latinos, foi a preservação da Bíblia. Se não fosse a devoção dos monges e as numerosas cópias que eles produziram a Bíblia não teria sobrevivido à investida violenta dos bárbaros.

Assim a admiração da civilização Ocidental pela palavra escrita e pelos clássicos chegou a nós pela Igreja Católica que preservou através da invasão dos bárbaros.

S. João Crisóstomo conta-vos que já no seu tempo (347-407) era comum ao povo de Antioquia enviar seus filhos para serem educados pelos monges. S. Bento instruiu filhos dos nobres romanos.

S. Bonifácio estabeleceu uma escola em cada mosteiro fundado na Alemanha; na Inglaterra S. Agostinho e seus monges criaram escolas por toda parte onde foram. S. Patrício estimulou as escolas na Irlanda e seus mosteiros eram grandes centros de ensino.

Para as pessoas que não eram monges a educação era ministrada nas escolas das catedrais.

Os monges fizeram mais do que preservar a literatura. Eles estudaram as músicas dos poetas e escritos dos historiadores e filósofos. Cada mosteiro e escola monástica tornaram-se um centro de vida religiosa e educacional.

Eles deixaram a fundação das universidades. Eles eram os pensadores e os filósofos e formaram o pensamento político e religioso. Entre outras coisas os monges ensinaram metalurgia, introduziram novas cultura, copiaram textos antigos, preservaram a literatura, foram pioneiros na tecnologia, inventaram a champanha, melhoraram a paisagem européia, socorreram os andarilhos e cuidaram dos náufragos. Quem mais na história da civilização ocidental fez tanto?

As Belas Catedrais – Arquitetura

As catedrais foram por excelência as obras mais representativas da Idade Média cristã; esses dez séculos (IV a XV) onde a Igreja moldou a civilização. Nelas a sociedade humana dessa época exprimiu e revelou toda a sua criatividade, profunda espiritualidade, capacidade técnica e talentos.

Elas foram fruto de muita paciência, esperança, fé, e revelam o ponto alto dessa sociedade cristã. Elas sozinhas mostram toda a riqueza desse tempo (espiritualidade, arte, arquitetura, moral, vida cotidiana, trabalhos, literatura, etc).

A Catedral da Idade média é um marco histórico; com o seu tamanho gigantesco ela domina a cidade e se impõe sobre tudo o mais. Assim são as de Reims, Bolonha, Córdoba, Florença, Gênova, Milão, Paris, Monreale, Nápoles, Roma, Sevilha, Amiens, Beauvais, Chartres, Notre Dame, Rouen, Veneza, Viena, Verona, S.Paulo, etc, admiradas por milhões de turistas e peregrinos hoje.

Muitas cidades podem exibir uma grande catedral construída na Idade Média pela Igreja Católica, símbolo de fé autêntica e amor a Deus. Milhões de pessoas todos os anos visitam essas gigantestas obras medievais e não se cansam de admirar a sua beleza e arte. Avançando para o céu elas revelam as profundas aspirações do homem do seu tempo. Elas surgiram no ponto alto da Idade Média, juntamente com a Cruzada, a Universidade, as Peregrinações e as Sumas.

Poucos sabem que Carlos V foi coroado em S. Petrônio, em Bolonha. E há fatos marcantes na vida dessas obras de arte e de fé. Os carros que transportavam os materiais para a construção da famosa catedral de Chartres na França eram puxados por pecadores que procuravam saldar a sua dívida com Deus. A catedral de Milão é um voto oferecido por Gian Galeazzo Visconti. A argamassa usada na construção da catedral de Viena foi temperada com vinho.

Cesare Marchi viajou pelo mundo para estudar quinze das mais importantes catedrais medievais e narrou a impressionante história de cada uma delas. (Grandes Pecadores, Grandes Catedrais, Livraria Martins Fontes Editora Ltda, SP, 1991).

A Catedral é a “opus Dei”, a obra de Deus, nela tudo é para a Sua Glória, a beleza, a arte, o requinte; é a expressão maior e total da fé. Atrás de cada uma delas há um longo passado.

Raul Glaber, um conhecido cronista do ano mil disse que “o branco manto das igrejas” cobria o mundo. Para isso o homem medieval precisou aprendeu a talhar bem a pedra, a pintura com a técnica do afresco, os vitrais que “contavam toda a espécie de histórias”, a arquitetura, a arte, etc.

A partir de 1050 por toda parte, em todos os países onde a Igreja guiava os homens, houve uma febre de construção de catedrais. As Catedrais de Cremona, de Piacenza, de Ferrosa, de Santa Maria do Trastevere em Roma, de Cambridge, Oxford, Glasgow, Worms, Hildesheim, Salomanea, Coimbra, são contemporâneas das francesas já citadas, bem como as de Assis, Rochester, Worcester, Westminster na Inglaterra; Magdeburgo, Frankfurt e Colônia na Alemanha.

Muitas dessas Catedrais foram construídas no mesmo lugar de outras que, por serem cobertas de madeira, muitas vezes sofreram incêndio. A maioria dessas catedrais é gigantesca porque as multidões as lotavam; o povo todo era católico e fervoroso. E também havia o desejo do povo de dar a Deus uma morada digna e bela. As cidades competiam entre si. Esta fecundidade artística e espiritual tem causas profundas e não é fruto de mero entusiasmo passageiro ou fruto da improvisação. Foram cerca de 300 anos de cultura. As obras não são cópias umas das outras; os grandes artistas estavam presentes.

A Igreja foi a grande inspiradora de todo esse trabalho, o guia que mostrou aos artistas o seu fim. O mundo ocidental nunca será suficientemente grato a ela, pois, buscando louvar a Deus fez os homens reconhecerem “o valor único da arte”, como disse Jacques Maritain.

Os grandes artífices desses gigantescos empreendimentos foram ainda os monges da Igreja. Até o séc. XII a arte foi monástica. As igrejas das abadias precederam as catedrais dos bispos, e abriu-lhes os caminhos.

A Igreja da abadia de Cluny tinha 30 metros de altura e sua nave tinha mais de cem metros, rodeada por sete campanários. Cluny estava na vanguarda da escultura e da arquitetura ocidental; era a arte para o serviço e para a glória de Deus. Eles desenvolveram as técnicas das grandes abóbadas. E também o desenvolvimento dos vitrais se deve a eles. Infelizmente o vandalismo do séc. XIX destruiu a gigantesca igreja de Cluny. Seria impossível escrever os nomes de todos esses monges artistas geniais.

Esta arte monástica durou tanto quanto a Idade Média e a ultrapassou. Tudo era harmonioso nas abadias; ainda hoje os seus claustros são admirados.

Os bispos não estavam só nas construções das catedrais, estava com eles o povo cristão que os amava e admirava. Este povo tinha orgulho de sua catedral, de sua enorme nave, de sua alta cúpula e de seus campanários. Algo que poucos sabem é que a famosa Torre de Piza era o campanário da Catedral da cidade; ambas revestidas de mármore branco, ao lado da enorme igreja dos batismos.

O que é que movia esse povo a construir tantas maravilhas pelo mundo? A resposta é: a fé. Era a mesma fé que levou a Cruzada para libertar o Santo Sepulcro na Terra Santa.

As mãos que as construíram eram hábeis, inteligentes, lúcidas, dominavam um ofício e a uma técnica. Esses arquitetos chamados de “mestres-de-obras” possuíam vasta cultura, sabiam o latim, adquiriam novos conhecimentos em suas viagens. O epitáfio de um deles, Pedro de Montreau, qualifica-o de “doutor dos canteiros”, (“doctor latomorum”). Muitos desses arquitetos eram escultores.

Até hoje o homem moderno não sabe o segredo de fabricação que fazem os vitrais românicos de um brilho admirável, mesmo com as técnicas de pintura no vidro de hoje. Há vigas de madeira na Catedral de Notre-Dame, do séc. XIII, que até hoje não foram atacadas por insetos. Não se sabe que processo de conservação da madeira eles usavam. Muitas técnicas eram guardadas em segredo.

Esses “mestre-de-obras” não freqüentavam escolas de belas-artes, mas havia famílias que se dedicavam a isto. A verdadeira formação se fazia junto a um mestre; a escola era nos canteiros de obras. Começava no corte e polimento das pedras e se completava nas viagens pela Europa.

Esses artistas eram homens de ofício e de fé. Eles não eram como muitos artistas modernos que fazem a arte sacra proclamando que não têm fé. Como pode esta arte ter vida e transmitir alguma beleza?

Entre os documentos que existem sobre as construções das catedrais não há nenhum que mostre conflito de interesses financeiros. Se a construção era de uma Ordem religiosa, o artista era alimentado com os monges e recebia um pagamento anual. Trabalhar para Deus já era um mérito que não podia ser avaliado em dinheiro.

Esses “mestres-de-obra” criaram as formas mais apaixonantes de toda a história da arte, e ainda hoje podemos rezar nas mesmas catedrais que rezaram S. Luiz de França, S. Bernardo, S. Francisco, S. Domingos e tantos mais.

A invenção do arco ogival foi o que tornou possível a bela catedral gótica, um meio técnico para substituir a abóbada românica. Esta técnica aliviou o peso sobre as paredes e localizava as pressões em apenas quatro pontos em que os dois arcos (nervuras) se apóiam sobre os pilares. Pesando menos a abóbada gótica podia elevar-se mais e atingir a altura que desejasse; e nas paredes mais amplas será possível colocar mais janelas e vitrais. A catedral gótica tem uma leveza impressionante, mas seus pilares chegam a 15 metros abaixo do solo.

Jacques Maritain comparou a catedral gótica à Suma Teológica de São Tomás: uma solução elegante de geometria e física sendo que nada há nela de falso. Os campanários góticos atingiam alturas incríveis: 82 m em Reims, 123 em Chartres, 142 em Estrasburgo e 160m em Ulm. As mais importantes são a de Niyon (1151-1220), Lion (1160-1207), a Notre Dame de Paris (1163-1260), a de Chartres (1194-1260), Reims (1214-1300), Amiens (1120-1270) que atinge o ponto mais alto; a abóbada está a 42 m do chão. A luz entra jorrando. A catedral era a “casa do povo”, onde ele gostava de se reunir em grandes massas, para as grandes celebrações. Nelas os reis eram coroados pelos papas ou bispos, e sem isto não tinham o reconhecimento do povo.

As Artes – Escultura – Pintura – Música

Juntamente com a arquitetura floresceu a escultura, na verdade filha dessa, e que vai ornamentar as grandes igrejas e catedrais. É uma arte bela e repleta de mística, de meditação e de fé profunda. Todas as catedrais estão repletas dessas obras maravilhosas, especialmente em Reims, Notre Dame, Chartres, Amiens, Vézelay, Moissac, Beaulieu. Esta escultura, assim como a filosofia cristã colocava o homem no centro do conhecimento, e partia dele para chegar a Deus. A escultura gótica é a única na Europa que pode competir com a grega da grande época; e “nunca mais voltará a este nível. A Cristandade do século XIII deu ao Ocidente inúmeros Fídias”, disse Daniel Rops (pg. 418).

Toda esta plástica não era meramente decorativa, mas religiosa. Um Sínodo em Arras (1025) tinha aconselhado que nas paredes dos santuários se representassem cenas e ensinamentos da Bíblia, porque “isso permitirá aos iletrados conhecerem aquilo que os livros não podem lhes ensinar”. S. Gregório VI, no séc. VI, já havia dito a mesma coisa. Victor Hugo comparou a catedral a “um grande livro de pedra”. É impressionante constatar que aquele povo simples daquela época compreendesse essa linguagem repleta de símbolos e episódios que o homem moderno desconhece.

As paredes formam como que um catecismo onde estão retratados os dogmas da fé, a moral, os mandamentos e a espiritualidade. São milhares de figuras que ligavam o homem à grande obra, onde Deus era glorificado.

O artesão românico ou gótico não precisava, como os de hoje, procurar um programa ou uma ideologia para se apoiar, e sem a necessidade de serem originais, esses artistas usavam seus dons e talentos com liberdade. Eles produziram uma iconografia grandiosa e diversificada.

As cores tinham um papel fundamental nesta bela arte. As catedrais eram todas brilho e resplendor por dentro e por fora. Os pavimentos com ladrilhos de cerâmica vermelha e revestimentos amarelos continham rosáceos, animais, personagens e desenhos. As paredes, e as abóbadas eram uma festa para a cor dos pintores românicos.

O grande meio gótico para utilizar a cor foi através do vitral uma vez que as áreas disponíveis para pinturas eram maiores. Eles dão uma vibração sensível à catedral e tocam as pessoas em oração. Apreciando um pôr-do-sol através dos vitrais da catedral de Chartres podemos notar como a técnica estava a serviço da fé.

A música completava o belo quadro de beleza e harmonia da catedral; especialmente o “canto gregoriano”, estabelecido no séc. VII por S. Gregório Magno, se desenvolvia e se aperfeiçoava. Em Saint-Gall, por volta do ano 900, o músico Notker o Gago, tinha-lhe acrescentado a “seqüência”, um conto escrito do Aleluia. O grande Mozart disse certa vez que “daria toda a minha obra para ter escrito o “Prefácio” da missa gregoriana”. Foi a maior homenagem que o canto gregoriano, o “cantochão”, recebeu. (DR., pg. 429)

Entre os grandes artistas da época vale a pena destacar aqui Giotto (1266-1337). Este gênio da pintura ligou a alma de S. Francisco de Assis com a técnica romano-bizantina. Deixou belas pinturas na Basílica de S. Francisco em Assis. Ele nasceu em Florença, na Itália; e ocupou um lugar na história da arte ocidental. Ele abriu um caminho novo para a arte; nenhum dos seus contemporâneos o igualou na pintura. Logo que seus dons começaram a brilhar ele foi levado para Roma, Sicília, Pádua, Rimini, Nápoles, Ravena e toda a Itália e fora dela. Seu gênio tinha a fecundidade dos espíritos superiores. Era uma alma profundamente voltada para Deus; era um filho espiritual de S. Francisco.

Algumas de suas obras são: o Crucifixo de Pádua e de Santa Maria em Florença, a Madona dos Ofícios, a Virgem de Berlim, a vida de Cristo e da Virgem Maria da capela de Arena em Pádua.

Em Assis, o “Milagre da fonte e a Presença dos Pássaros”, corresponde ao espírito de S. Francisco. No Cristo da “Ressurreição de Lázaro (Arena) e no “Beijo de Judas” pode-se ver a sua genialidade.

Giotto foi um gênio cristão. Foram seus filhos distantes o Fra Angélico, os Signorelli, Michel Ângelo e muitos outros. Depois de conhecer apenas um pouquinho da grandeza da arte cristã espelhada na arquitetura das catedrais, na escultura e nos vitrais, na música e na pintura, não é possível ficar calado diante daqueles que por ignorância ou por maldade querem negar o esplendor da Idade Média cristã.

Sem tudo isso que relatamos resumidamente, isto é, sem o sal, o fermento, e a luz da fé cristã, a força da Igreja, a presença dos seus grandes monges, artistas, pintores, escultores, músicos e arquitetos, o que restaria? Um grande vazio! Simplesmente não existiria a Europa que hoje conhecemos e a civilização ocidental que desfrutamos. Tudo foi obra da Igreja Católica.

Diante disso dói profundamente na alma assistir a cena deplorável, anti-história e maldosa, quando a Constituição da União Européia se nega a reconhecer o Cristianismo em seus estatutos como a força motriz de sua existência. É um acontecimento semelhante àquele do filho que renega a existência do próprio pai.

Mas a Igreja continua o seu caminho e a sua missão de salvar todos os homens e mulheres de todos os tempos e de todos os lugares. Ela não espera aplausos e condecorações, porque sabe que a sua história foi escrita com sangue.

Escrito por Dom Luiz Gonzaga Bergonzini.

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