Iraque – Portal Conservador http://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Sat, 27 Aug 2016 23:41:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.6.1 65453639 Quem financia o Estado Islâmico? Desvendando o exército do terror http://portalconservador.com/quem-financia-o-estado-islamico-desvendando-o-exercito-do-terror/ http://portalconservador.com/quem-financia-o-estado-islamico-desvendando-o-exercito-do-terror/#comments Sun, 06 Sep 2015 18:07:26 +0000 http://portalconservador.com/?p=2462 read more →]]> Cristãos, yazidis e turcos estão entre os mais perseguidos pelo Estado Islâmico, grupo dissidente da Al Qaeda que ocupou grandes partes do território do Iraque e da Síria. Eles estão mirando sistematicamente homens, mulheres e crianças baseados em sua filiação religiosa ou étnica e estão realizando impiedosamente uma limpeza étnica e religiosa generalizada nas áreas sob seu controle. O Estado Islâmico surgiu em 2006 depois da invasão dos EUA e seus aliados ao Iraque, com sobreviventes da Al Qaeda no país, e ganhou força entre 2011 e 2013 quando teve início a rebelião na Síria. Seu atual comandante é Abu Bakr al-Baghdad.

Quando o EI invadiu a cidade de Mossul, capital da província de Ninewah, no Iraque – conquistando uma extensão de terras equivalente ao tamanho da Grã Bretanha –, o EI possuía apenas 800 combatentes. Hoje seu efetivo é estimado pela CIA entre 20 mil e 40 mil combatentes com acesso a recursos de 2 bilhões de dólares oriundos de fontes diversas, entre as quais seqüestros, roubos e, principalmente, a exploração e venda de petróleo da refinaria de Beiji, no norte do Iraque. Segundo experts, o Estado Islâmico controla 12 campos de petróleo no Iraque e na Síria, com capacidade de produzir 150 mil barris por dia, com receitas diárias estimadas em até 3 milhões de dólares.

Cinco meses antes da queda de Mossul o presidente Barak Obama havia menosprezado o EI, tachando-o de “um bando inexperiente de terroristas”. De onde veio o Estado Islâmico e como ele conseguiu fazer tanto estrago em tão pouco tempo?

Os Estados Unidos estiveram em guerra contra o EI por quase uma década, incluindo aí suas várias encarnações, como a Al-Qaeda no Iraque, depois como Conselho Consultivo Mujahidin e, por fim, Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Muita coisa relativa a esse inimigo totalitário e teocrático permanece esquecida ou simplesmente pouco investigada. Debates a respeito de sua ideologia, estratégia de guerra e dinâmica interna persistem em todos os países comprometidos com a sua derrota. O EI é, na realidade, o último front em uma culminação sangrenta de uma longa disputa dentro da hierarquia do jihadismo internacional.

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Examinando o EI como ele é hoje em dia, com base em entrevistas com militantes ativos (alguns já falecidos), espiões, agentes adormecidos e também suas vítimas, chega-se à conclusão de que um dos principais centros de recrutamento de militantes foram os presídios, especialmente no Oriente Médio, que serviram, por anos, como academias do terror, onde extremistas conhecidos puderam congregar, tramar e desenvolver suas habilidades de convencimento e liderança, recrutando uma nova geração de combatentes.

O EI é uma organização terrorista, mas não é apenas uma organização terrorista. É também uma máfia adepta em explorar mercados obscuros internacionais que existem há décadas para o tráfico de petróleo e armas. É um completo aparato de Inteligência que se infiltra em organizações rivais e recruta silenciosamente membros ativos antes do controle total dessas organizações, derrotando-as no campo de batalha ou tomando suas terras. É uma máquina de propaganda eficiente e hábil na disseminação de suas mensagens e no recrutamento de novos membros através das mídias sociais. A maioria dos seus principais comandantes serviu no exército ou nos serviços de segurança de Saddam Hussein.

O EI apresenta-se para uma minoria sunita no Iraque e uma maioria sunita mais perseguida e vitimada na Síria como a última linha de defesa da seita contra uma série de inimigos – os “infiéis” Estados Unidos, os Estados “apóstatas” do Golfo Pérsico, a ditadura alauita ”Nusayri” na Síria, a unidade “rafida” e de resistência no Irã e a última satrápia de Bagdá. Estima-se que além do Estado Islâmico existam outros 450 grupos rebeldes operando na Síria.

O EI, de forma brutal e inteligente, destruiu as fronteiras dos Estados-Nação da Síria e do Iraque e proclamou-se o restaurador de um império islâmico. Tem como capital a cidade de Mossul, seu idioma oficial é o árabe, o governo é um Califado Islâmico, declarado em 29 de junho de 2014; possui uma bandeira e um brasão de armas. Já criou sua própria bandeira, tribunais, ministérios, passaportes e até placas de carros. Em novembro de 2014 criou a sua própria moeda, parte de um plano para restaurar o Califado que dominou o Oriente Médio a mais de 1.300 anos.

EstadoIslamico

Abu Bakr al-Baghdadi – ungido Califa Ibraim – proclamou o fim do ISIS (em inglês Islamic State of Iraq and al-Sham) e o nascimento do Estado Islâmico no dia 28 de junho de 2014, o primeiro dia do Ramadã. A partir de então, apenas o Estado Islâmico passaria a existir, dividindo a humanidade em dois campos. O primeiro era “o campo dos muçulmanos e dos mujahidin (guerreiros sagrados) por toda a parte”; o segundo era “o campo dos judeus, dos Cruzados e seus aliados”.

O campo de treinamento do EI e de seus antecessores, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, que treinou os idealizadores dos ataques ao World Trade Center, tem três fases distintas de treinamento e doutrinação. A primeira consiste em “dias de experimentação”, com a duração de 15 dias, durante os quais um recruta é sujeito à “exaustão psicológica e moral” – para separar os fracos dos verdadeiros guerreiros. A segunda é o “período de preparação militar”, com a duração de 45 dias, durante os quais um recruta aprende como empunhar armas leves, evolui para o lançamento de mísseis portáteis superfície-ar e cursos de cartografia. A terceira e última fase é o “curso de táticas de guerra de guerrilhas”, no qual é ensinada a teoria militar de Von Clausewitz para terroristas.

Em março de 2009, o Departamento de Defesa dos EUA mudou oficialmente o nome das operações contra o EI de “Guerra Global Contra o Terror” para “Operações Contingenciais Externas” e em maio de 2013 o presidente Obama declarou que a “guerra ao terror” havia terminado.

Sete meses depois, em janeiro de 2014, em uma entrevista à revista “The New Yorker” Obama minimizou o poder do Estado Islâmico comparando-o a um “jayvee” (equipe de esportes de estudantes terceiranistas). Se os EUA quisessem fazer uma demonstração de força no Iraque e na Síria, poderiam expulsar rapidamente o EI de seus esconderijos. Porém, o difícil viria depois, com a provável onda de atentados e guerra assimétrica que certamente duraria anos e teria custos enormes. Obama, dezoito meses depois, em 8 de junho de 2015, disse que sua administração “ainda não tinha nenhuma estratégia” para lidar com o Estado Islâmico. Ao que tudo indica sua administração continua “sem estratégia até hoje”.

Pelo que se observa, o Estado Islâmico sim, tem uma estratégia, pois a guerra jihadista contra o Ocidente e seus aliados continua crescendo. Em agosto de 2014, Obama declarou que a estratégia dos EUA no combate ao EI está amparada em quatro pilares: ataques aéreos, apoio aos aliados locais, esforços de contraterrorismo para prevenir ataques, e assistência humanitária contínua a civís.

Em setembro de 2014 o presidente Barak Obama em uma sessão na ONU declarou que “os países devem evitar o recrutamento e o financiamento de combatentes estrangeiros”. Segundo ele, “os EUA irão trabalhar para destruir essa rede da morte”, em alusão ao Estado Islâmico. E prosseguiu: “Nós vamos apoiar a luta dos iraquianos e dos sírios para proteger suas comunidades. Vamos treinar e equipar as forças que estão lutando contra esses terroristas em solo. Vamos trabalhar para acabar com o financiamento deles e parar o fluxo de combatentes que se juntam ao grupo. Eu peço ao mundo que se junte a nós nessa missão”. E concluiu fazendo um apelo aos muçulmanos para rejeitarem a ideologia do Estado Islâmico. Obama encerrou seu discurso dizendo que “as palavras que dissemos aqui precisam ser transformadas em ação…com os países e entre eles, não apenas nos dias que se seguem, mas nos anos que virão”.

Uma Resolução proposta pelos EUA foi aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança da ONU. Ao final, mais de 40 países se ofereceram para fazer parte da coalizão “anti-EI”, liderada pelos EUA. Em junho de 2015 Obama voltou a referir-se ao EI declarando que “falta recrutar e treinar mais militares iraquianos dispostos a combater o Estado Islâmico. Não temos ainda uma estratégia completa, pois faltam compromissos dos iraquianos no que diz respeito a como é feito o recrutamento e como é que as tropas serão treinadas”.

Os EUA gastam, em média, cerca de 9 milhões de dólares por dia para combater o Estado Islâmico, e os custos totais já passam de 2,7 bilhões desde o início da campanha de bombardeios contra o EI. Em qualquer atividade – passando pela organização e pela hierarquia -, o EI está anos-luz à frente das demais facções que atuam na região. Apresenta o que parece ser o início da estrutura de um semi-Estado – ministérios, tribunais e até mesmo um sistema tributário rudimentar -. Nos campos de treinamento cerca de 300 crianças com idades até 16 anos recebem instrução como combatentes e terroristas suicidas no EI. Aprendem a ideologia fundamentalista e a manusear armas pesadas. Esses campos são anunciados como “Clubes de Escoteiros”,

Uma revista editada pelo Estado Islâmico, intitulada “DABIQ”, que já está na sua terceira edição, publicada em várias línguas, inclusive o inglês, apresenta o EI como a única voz muçulmana no mundo, na tentativa de cooptar estrangeiros para lutarem pelo Califado no Iraque e na Síria. Segundo o Conselho de Segurança da ONU, somente no ano de 2014 cerca de 15 mil estrangeiros de mais de 80 países, viajaram à Síria e ao Iraque a fim de lutarem ao lado do EI e grupos terroristas semelhantes. A ONU ressaltou que o aumento nesse número ocorre em uma escala “sem precedentes”. Segundo a União Européia, mais de 5 mil europeus se uniram à jihad na Síria e no Iraque, mas segundo a Comissária Européia de Justiça, esse número “é muito subestimado”.

O Estado Islâmico foi designado como organização terrorista pelos seguintes países: EUA em 17/12/2004, Austrália em 2/3/2005, Canadá em 20/8/2012, Arábia Saudita em 7/3/2014, Inglaterra em 20/6/2014, Indonésia em 1/8/2014 e Alemanha em 12/9/2014. Os cristãos que vivem nas áreas dominadas pelo Estado Islâmico têm apenas três opções: se converterem ao islamismo; pagar um imposto religioso (o jizya); ou morrer. Militantes do Estado Islâmico estariam sendo contrabandeados para a Europa pelas gangues que operam no Mar Mediterrâneo, segundo um fonte do governo líbio declarou à BBC. Os extremistas são misturados aos migrantes que viajam nos barcos desde a costa africana em direção ao continente europeu, porque a Polícia não sabe quem é refugiado e quem é militante do EI, pois isso é extremamente difícil.

Em setembro de 2015, a Polícia Federal descobriu uma rede de apoiadores do Estado Islâmico em São Paulo. A descoberta assusta, ainda mais porque terrorismo não é considerado crime no Brasil. Para concluir, uma análise do general Álvaro Pinheiro, em abril de 2015:

“A possibilidade do Estado Islâmico/ISIS desencadear o terrorismo nos cinco continentes, corroborada pelos recentes atentados na Bélgica, Canadá, Austrália, França e Tunísia, é encarada em todo o mundo ocidental com a máxima responsabilidade. Nesse contexto, a infiltração do EI/ISIS na área da Tríplice Fronteira no Cone Sul da América do Sul é absolutamente consensual no âmbito da Comunidade de Inteligência Internacional. Não encarar esse indício com a devida responsabilidade é mais um verdadeiro crime de lesa pátria”.

Escrito por Carlos I.S. Azambuja, historiador.

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“O Islã é a religião da guerra”, declara líder do Estado Islâmico http://portalconservador.com/o-isla-e-a-religiao-da-guerra-declara-lider-do-estado-islamico/ http://portalconservador.com/o-isla-e-a-religiao-da-guerra-declara-lider-do-estado-islamico/#respond Fri, 15 May 2015 02:23:57 +0000 http://portalconservador.com/?p=2961 read more →]]> (ACI/EWTN Noticias).- Em um vídeo divulgado recentemente, Abu Bakr Al Baghdadi, líder do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS), assegurou: “Juntar-se à luta é um dever de todos os muçulmanos. Pois o Islã nunca foi uma religião de paz. O Islã é a religião da guerra”.

No vídeo –uma gravação que dura 35 minutos com fotos do líder muçulmano–, Al Baghdadi, diz estar gravemente ferido e convida os muçulmanos a unirem-se à guerra do ISIS onde quer que estejam, e declarou: “Ninguém deve acreditar que a guerra que estamos lutando é a guerra do Estado Islâmico. Esta é a guerra de todos os muçulmanos, mas o Estado Islâmico está encarregado de espalhá-la”.

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O líder do grupo terrorista reiterou: “Esta é a guerra dos muçulmanos contra os infiéis e ainda: “Não há desculpa para qualquer muçulmano não migrar para o Estado Islâmico ou tomar armas (para lutar) onde quer que esteja”.  Segundo o líder do ISIS, a guerra é “obrigatória para todo muçulmano, e rejeitou qualquer possibilidade de conciliação com os judeus, cristãos “ou outros infiéis”.

“Não deixaremos ninguém vivo nas terras que controlamos: somente sobreviverão os que renunciam à sua religião e se unem ao Islã”, assegurou Abu Bakr Al Baghdadi. É necessário confirmar a veracidade do vídeo difundido pelo Estado Islâmico e as informações de que Baghdadi teria sido gravemente ferido em um bombardeio aéreo realizado em 18 de março, no oeste do Iraque.

Em agosto de 2014, o ISIS invadiu a maior cidade cristã iraquiana: Qaraqosh. E comandou a fuga de dezenas de milhares de pessoas desta região. Qaraqosh está localizada entre Mossul –cidade na qual já não há cristãos–, e Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, uma zona onde ainda não chegaram os terroristas muçulmanos do ISIS e em onde se refugiaram os cristãos perseguidos.

O Estado Islâmico –anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria-, é um movimento jihadista que nasceu do Al Qaeda, mas agora atua de maneira independente e busca instaurar no Oriente Médio um califado, ou seja, um estado islâmico que só permite a prática do Islã sob a lei Sharia. O último massacre perpetrado pelo ISIS foi difundido em 19 de abril deste ano, através de um vídeo que mostra a decapitação de 30 cristãos etíopes coptos nas costas da Líbia. O grupo tem ainda vários cristãos e membros de outras minorias religiosas em seu poder e os ameaça com a pena de morte ou a escravidão os que não se converterem ao Islã.

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O fim do mundo Cristão http://portalconservador.com/o-fim-do-mundo-cristao/ http://portalconservador.com/o-fim-do-mundo-cristao/#comments Sat, 30 Aug 2014 01:03:09 +0000 http://portalconservador.com/?p=1087 read more →]]> A recente e atroz perseguição religiosa contra os cristãos no Iraque é um acontecimento histórico precedido por longa série de defecções do Ocidente em face da investida do Islã no Oriente e de sua invasão progressiva nos países que constituíram outrora a Cristandade

O fim de um mundo milenar infelizmente chegou” — escreveu, no último dia 8 de agosto no “Corriere della Sera”, o conhecido historiador Andrea Riccardi, referindo-se à imensa tragédia dos cristãos iraquianos e lamentando, porque “faltou da parte de todos uma ideia do que estava para suceder”.

Da parte de todos”. São palavras claras, que não admitem atenuantes ou isenção de responsabilidade. De fato, trata-se de uma realidade que temos diante de nossos olhos. Até mesmo na Igreja se pensou em outra coisa em todo esse tempo decorrido desde a famosa denúncia do bispo de Esmirna (Izmir, Turquia), Dom Giuseppe Bernardini, quando em sua intervenção no Sínodo de outubro de 1999 deixou claro que em certos âmbitos eclesiásticos havia uma certa miopia em julgar as intenções dos islamitas, infiltrados nas grandes migrações humanas para a Europa, segundo ele, com um programa de “expansão e reconquista”.

O prelado, depois de 16 anos na Turquia, conhecia bem o assunto e seguramente tinha muito presente a erradicação do cristianismo da Anatólia no início do século passado, com o genocídio dos armênios.

Dom Amel Nona (foto), arcebispo caldeu de Mosul, em fuga para Erbil: “Nossos sofrimentos de hoje são um prelúdio daqueles que também vós, europeus e cristãos ocidentais, padecereis no futuro próximo”.

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1999: impõe-se um sínodo urgente sobre a questão

A fim de evitar à Europa tal tragédia, ele propunha a convocação urgente de “um Sínodo ou simpósio de bispos” para resolver o problema dos muçulmanos nos países cristãos, lembrando a seus confrades reunidos em Roma o que ele tinha ouvido falar de um autorizado expoente muçulmano: “Graças às suas leis democráticas, vos invadiremos; graças às nossas leis religiosas, vos dominaremos”. Diante de um fenômeno em expansão na Europa havia alguns anos, ele concluiu com uma severa advertência: “Nunca se deve dar aos muçulmanos uma igreja católica para o seu culto, porque isso, aos olhos deles, é a prova mais certa de nossa apostasia”. E depois, com um conhecimento preciso da realidade humana, rematou: “Todos sabemos que é preciso distinguir a minoria fanática e violenta da maioria pacífica e honesta, mas esta, mediante uma ordem dada em nome de Alá ou o Corão, marchará sempre compacta e sem hesitação. De resto, a História nos ensina que as minorias sempre conseguem se impor às maiorias derrotistas e silenciosas”.

As palavras do Arcebispo de Izmir, referindo-se especialmente ao perigo da expansão das minorias em países de antiga tradição cristã, precediam as nuvens que se adensavam cada vez mais sobre as cabeças das minorias cristãs em terras islâmicas, e que desencadearam em seguida uma tempestade de furor equatorial.

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De 1999 aos dias presentes

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Inúmeras igrejas foram atacadas e destruídas no Iraque nos últimos meses

Àquela advertência seguiram-se, no Ocidente a demolição das Torres Gêmeas (2001), os massacres de Madrid (2004) e de Londres (2005), e no Oriente Médio e na África as atrocidades sem fim contra as comunidades cristãs. Talvez nem sequer o previdente Dom Bernardini podia então imaginar que dois de seus irmãos no sacerdócio, italianos como ele, e missionários na Turquia como ele, seriam brutalmente assassinados naquela terra à qual dedicavam o melhor de suas energias: o padre Andrea Santoro, em 5 de fevereiro de 2006, e o bispo Dom Luigi Padovese, em 3 de junho de 2010.

Quando nos lembramos daquelas palavras de advertência e examinamos a realidade que se desenrola diante de nossos olhos, podemos dizer com o Prof. Riccardi que ninguém em cargos de alta responsabilidade mediu toda a gravidade da situação.

Certamente o presidente Barack Obama não compreendeu as condições dramáticas em que retirou as tropas norte-americanas do Iraque em 2011, deixando milhões de pessoas abandonadas à mais triste sorte. A administração Obama não parece ter tido a menor noção da força de que estava penetrado o renascimento jihadista da galáxia islâmica. Faça-se agora o que se queira, a sua parte na tragédia já está escrita.

Por outro lado, no âmbito católico, o discurso parecia remoto, quase abstrato; muito menos premente, por exemplo, do que questões como a comunhão administrada ou negada a divorciados recasados. E quando alguém se lembrou do antigo mundo cristão que estava desmoronando no Oriente Médio, todo o raciocínio foi, de imediato, atribuir os males da guerra à desigualdade econômica, à falta de solidariedade em relação aos recém-chegados à Europa, à comercialização de armas, e assim por diante. Já este modo limitado de raciocinar denota que de há muito se vinha perdendo, mesmo entre os próprios católicos do mundo secularizado, a perspectiva correta para enquadrar as questões de fundo religioso, dotadas de uma dinâmica própria e que estiveram muitas vezes na origem, como ainda podem estar, de mudanças imensamente significativas.

Prelúdio do que vai acontecer

Bernardini. O que ele diz assusta obviamente os católicos secularizados. Trata-se de Dom Amel Nona, de 47 anos, arcebispo caldeu de Mosul, em fuga para Erbil: “Nossos sofrimentos de hoje são um prelúdio daqueles que também vós, europeus e cristãos ocidentais, padecereis no futuro próximo”. A mensagem é clara, glosa Lorenzo Cremonesi, enviado do “Corriere della Sera”, em extenso artigo de 10 de agosto: “A única maneira de deter o êxodo cristão dos lugares que viram suas origens na época pré-islâmica é responder à violência com a violência, à força com a força. Nona é um homem ferido, triste, mas não resignado. ‘Perdi a minha diocese. O lugar físico de meu apostolado foi ocupado por radicais islâmicos que me querem convertido ou morto. Mas minha comunidade ainda está viva’.”

“Ele está muito contente de encontrar-se com a imprensa ocidental”, acrescenta o enviado do “Corriere”: “Por favor, procurai entender. Vossos princípios liberais e democráticos aqui não valem nada. Precisais repensar nossa realidade no Oriente Médio, porque estais acolhendo em vossos países um número sempre crescente de muçulmanos. Vós também estais em risco. Deveis tomar decisões fortes e corajosas, sob pena de contradizer os vossos princípios. Vós pensais que os homens são todos iguais — prossegue o arcebispo Amel Nona —, mas não é verdade. O Islã não diz que todos os homens são iguais. Vossos valores não são os valores deles. Se não o entenderdes em tempo, tornar-vos-eis vítimas do inimigo que recebestes em vossa casa”.

“Nossos sofrimentos de hoje são um prelúdio daqueles que também vós, europeus e cristãos ocidentais, padecereis no futuro próximo”. Ele parece ressoar as palavras de Winston Churchill após os acordos de Munique e da Baviera, assinados pelo primeiro-ministro britânico Chamberlain com Hitler: “Devíeis escolher entre a vergonha e a guerra; escolhestes a vergonha e agora tereis a guerra”.

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O pacifismo desmobiliza as consciências

O fato é que um pacifismo dogmático entrelaçou-se na mente ocidental em geral e especialmente na católica, como a serpente na árvore do Paraíso. Isso faz com que a realidade do pecado e do mal seja implicitamente negada, permitindo ao irenismo de obnubilar a razão, tornando-a depois psicologicamente despreparada para as ocasiões em que é necessário reagir. Portanto, aconteça o que acontecer, para a mentalidade assim plasmada, será sempre errado o recurso às armas e à força, e ela evitará sempre a pergunta elementar: como dialogar com quem atira em você?

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Se disser o contrário, você será tido como alguém que deseja repetir o massacre de 1914 em pleno 2014. Mas, na realidade, quem se arrisca a cair nas repetições são os que não aprendem as lições da História. Como demonstrou em um brilhante ensaio o historiador Alberto Leoni (A Cruz e o Crescente, Ed. Ares 2009), a luta do Islã contra o Cristianismo não é um episódio ou uma sucessão de muitos episódios históricos isolados, mas um grande continuum de 14 séculos com algumas interrupções de paz. Para alcançar essas interrupções e assegurar a sua máxima duração possível, nada é mais necessário do que não perder a grande perspectiva histórica.

A voz dos bispos na tribulação

Bem diverso do pacifismo irênico é por certo o panorama que tem diante de si quem está fora do circo midiático ocidental e de suas apertadas agendas mais ou menos politicamente corretas. Hoje não deve surpreender que sejam bispos como o já mencionado Dom Nono, ou o arcebispo de Erbil, Dom Warda, ou ainda o patriarca caldeu de Bagdá, Dom Sako, que rompem a unanimidade existente para solicitar a intervenção internacional, a qual para ser eficaz só pode ser armada. Uma guerra, em suma. Guerra defensiva, justa e inevitável. “Guerra por amor à paz”, como ensinou Santo Agostinho e retomou Santo Tomás. Temática e doutrina multissecular que um establishment ocidental em geral, e católico especialmente, quis quase excluir a priori, mesmo como hipótese de escola; como se a humanidade nas últimas décadas tivesse sido completamente regenerada das consequências do pecado.

O maior problema está no fato de que, quando se cede aos mitos não razoáveis, ulteriores dores e sofrimentos se produzem. O despreparo psicológico, o entreguismo, a mitologia do diálogo como fim em si próprio, criam monstros piores do que aqueles que parecem evitar. Um grande clamor em defesa dos cristãos ameaçados, conforme solicitado por Dom Bernardini em 1999, teria podido inibir até mesmo a formação dos dispositivos terroristas e persecutórios islâmicos. Entretanto, aderia-se então à idéia de não criar qualquer tensão com o mundo islâmico no contexto do diálogo inter-religioso. Hoje, a tragédia que se desenrola ao norte do Iraque nos diz quanto os gestos, as palavras e as omissões podem ter grandes e graves consequências.

Alguém poderá dizer que agora podemos estar tranquilos, porque iniciaram-se as medidas tomadas pelas grandes potências do Ocidente para defender os cristãos e os yazidi refugiados nas montanhas. Impedirão elas “o fim de um mundo milenar”? A julgar pelos fatos, esse fim será irreversível para aquela antiquíssima cristiandade do Iraque, talvez também para a da Síria, ameaçando gravemente os milhões de cristãos libaneses.

Isto para nos atermos ao Oriente Médio. No entanto, uma outra pergunta se impõe: não está acontecendo tudo quanto disse hoje Dom Nono e ontem Dom Bernardini, isto é, que estamos no prelúdio do que poderá acontecer no Ocidente devido a uma política migratória imprevidente, se não mesmo suicida? O fato é que hoje se sabe que muitos membros do ISIS, os cabeças do “califado” recém-fundado no Iraque e perpetradores de atrocidades contra os cristãos, bem como e outras minorias, levam em seus bolsos passaportes europeus. Junto com um mapa do mundo todo pintado de verde.

E quem estaria então recriando em 2014 as condições para a reprodução de um 1914 grande e ampliado?

 

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Igreja católica destruida em Mosul (Iraque) pelos jihadistas muçulmanos

Lágrimas de fogo

Em Mossul (Iraque), os jihadistas muçulmanos mataram milhares de cristãos, há centenas de milhares de refugiados, um verdadeiro genocídio religioso. Apesar de viverem ali há muitos séculos e falarem a língua de Jesus (o aramaico), os cristãos não podem mais permanecer, pois são massacrados.

Na China, as autoridades comunistas se aferram a uma campanha contra a Igreja Católica e instituições cristãs. Desde janeiro o governo demoliu 360 cruzes ou edifícios cristãos, segundo relatório da agência “Asia News”; e na cidade de Ningbo (7,6 milhões de habitantes) a catedral católica, construída em 1872, foi queimada até às cinzas.

Na Nigéria, os muçulmanos do Boko Aram já mataram milhares de cristãos, sem contar os sequestros, as escravizações e as violações, a destruição e o incêndio de igrejas e escolas cristãs. Muitos foram fuzilados dentro dos templos enquanto rezavam.

A indiferença no Ocidente a tudo isso é assombrosa. Autoridades civis e religiosas calam-se como se o assunto não lhes concernisse. A preocupação é promover o aborto, defender as invasões de terras e de casas, perseguir os católicos que, fiéis a sua fé, não podem em consciência aceitar inovações aberrantes, sejam elas impostas por leis iníquas ou por sentenças judiciais, sempre a pretexto de direitos humanos ou de um laicismo totalitário.

Para o escritor francês Gilles Lapouge, “no caso dos cristãos de Mosul, estamos diante de uma das mais violentas crueldades. Surpreende um pouco que esse fato não tenha provocado indignação nas capitais ocidentais.” (“O Estado de S. Paulo”, 24-7-14).

Em artigo intitulado “A indiferença que mata”, o historiador e jornalista italiano Ernesto Galli della Loggia, é bastante claro: “Digamos a verdade: a quantos aqui na Europa e no Ocidente importa realmente a enésima matança de cristãos, pela explosão de uma bomba em uma igreja na Nigéria? E, além disso, a quantos importou realmente algo, que cristãos fossem obrigados a fugir de Mosul, em 24 horas, sob pena de morte ou conversão forçada ao Islã? Ninguém. Assim como ninguém jamais levantou um dedo para ajudar as centenas de milhares de cristãos que fugiram ao longo deste ano do Iraque, da Síria, de todo o mundo árabe. Quantas resoluções os países ocidentais apresentaram à ONU sobre seu destino? Quantos milhões de dólares pediram às agências das Nações Unidas para ajudá-los? E já são anos em que o massacre continua, quase diariamente: às dezenas e dezenas cristãos foram queimados vivos ou mortos nas igrejas da Índia, do Paquistão, do Egito, da Nigéria. E sempre no silêncio ou pelo menos na omissão geral. O que, por exemplo, foi feito de concreto para as 276 jovens cristãs sequestrada há algum tempo, também na Nigéria, pela seita jihadista do Boko Haram?” (“Corriere della Sera”, Milão, 28-7-14).

E as autoridades religiosas, mesmo as mais altas, por que se calam? Ou se algo murmuram, é com um som quase inaudível, um sussurro sem consequências. Não são irmãos na fé os que estão sendo martirizados? Não merecem eles todo o nosso apoio?

Em sua famosa “Via Sacra”, Plinio Corrêa de Oliveira exclamava: “Quantos são os que realmente veem o pecado e procuram apontá-lo, denunciá-lo, combatê-lo, disputar-lhe passo a passo o terreno, erguer contra ele toda uma cruzada de ideias, de atos, de viva força se necessário for?”

Não, nada disso importa. Os cristãos que morram. O importante, o urgente é procurar aquietar a consciência daqueles que a si mesmos se colocaram numa situação de escândalo público por um pseudo-casamento, pela matança de inocentes antes de nascerem, ou por uma apostasia velada.

Como pode Nossa Senhora não chorar, por assim dizer lágrimas de fogo, sobre o mundo diante desse quadro? E quando suas lágrimas provocarem o castigo vindo do Céu, como será?

Ameaça maometana

Perigo hoje evidente — basta aludir ao presente massacre de cristãos no Iraque —, a ameaça muçulmana ao Ocidente fora prevista por Plinio Corrêa de Oliveira há sete décadas. Neste sentido, entre seus diversos artigos advertindo para tal perigo, seguem trechos de um deles, intitulado Maomé renasce, publicado no “Legionário” em 15-6-1947.

“Quando estudamos a triste história da queda do Império Romano do Ocidente, custa-nos compreender a curteza de vistas, a displicência e a tranquilidade dos romanos diante do perigo que se avolumava […].
Falar na possibilidade da ressurreição do mundo maometano pareceria algo de tão irrealizável e anacrônico quanto o retorno aos trajes, aos métodos de guerra e ao mapa político da Idade Média.
Dessa ilusão, vivemos ainda hoje. E, como os romanos, não percebemos que fenômenos novos e extremamente graves se passam nas terras do Corão. […] Todas estas nações maometanas — estas potências, podemos dizer — se sentem orgulhosas de seu passado, de suas tradições, de sua cultura, e desejam conservá-las com afinco. Ao mesmo tempo, mostram-se ufanas de suas riquezas naturais, de suas possibilidades políticas e militares e do progresso financeiro que estão alcançando. Dia a dia elas se enriquecem […]. Nas suas arcas, o ouro se vai acumulando. Ouro significa possibilidade de comprar armamentos. E armamentos significam prestígio mundial […].
Tudo isto transformou o mundo islâmico e determinou em todos os povos maometanos, da Índia ao Marrocos, um estremecimento […]. O nervo vital do islamismo revive em todos estes povos, fazendo renascer neles o gosto pela vitória.
A Liga Árabe, uma confederação vastíssima de povos muçulmanos, une hoje todo o mundo maometano. É, às avessas, do que foi na Idade Média a Cristandade. A Liga Árabe age como um vasto bloco, perante as nações não árabes, e fomenta a insurreição […].
Será preciso ter muito talento, muita perspicácia, informações excepcionalmente boas, para perceber o que significa este perigo?”

 

Escrito por Juan Miguel Montes. Agência Boa Imprensa.

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