religião – Portal Conservador https://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Fri, 20 Mar 2020 15:17:07 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3.4 65453639 Silas Malafaia incentiva ida de fiéis a igreja em meio à pandemia de coronavírus: ‘Enfrente o medo’ https://portalconservador.com/silas-malafaia-incentiva-ida-de-fieis-a-igreja-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus-enfrente-o-medo/ https://portalconservador.com/silas-malafaia-incentiva-ida-de-fieis-a-igreja-em-meio-a-pandemia-de-coronavirus-enfrente-o-medo/#respond Fri, 20 Mar 2020 15:17:07 +0000 https://portalconservador.com/?p=4752 read more →]]> Em meio à pandemia do novo coronavírus, o pastor e empresário Silas Malafaia disse que só fechará a Assembleia de Deus Vitória em Cristo por determinação da Justiça. Para evitar aglomerações, o MPRJ (Ministério Público do Rio Janeiro) entrou com um pedido para que os cultos fossem suspensos, mas a Justiça negou. Na Coreia do Sul, uma igreja é responsável por mais de 60% dos casos.

“Em nome de Jesus, nenhum mal te sucederá nem praga alguma chegará à tua casa”. Ao citar o salmo 91 da Bíblia Sagrada, o pastor diz que os fiéis não devem temer o novo coronavírus. A declaração foi feita após João Dória (PSDB), governador de São Paulo, recomendar que templos e igrejas da capital paulista e região metropolitana suspendam cultos e missas que tenham aglomerações de pessoas.

Em vídeo publicado pelo pastor, ele pede para que as pessoas enfrentem o medo. “Se tudo fechar, vai ter uma portinha aberta na minha igreja e vou estar lá. Eu sou pastor, e na hora da crise eu não posso ficar trancado na minha casa, caso alguém desesperado chegue na igreja. Não vai ter culto, mas vai ter uma porta da minha igreja aberta”.

Justiça nega

A Justiça, por meio do juiz Marcello de Sá Baptista, do Plantão Judicial, negou o pedido do MPRJ nessa quinta-feira (19). “O Poder Executivo não determinou a interrupção de cultos religiosos até o momento. O Poder Legislativo não criou lei neste sentido. Não pode o Poder Judiciário avocar a condição de Legislador Positivo e regulamentar uma atividade, em atrito com as normas até agora traçadas pelos órgãos gestores da crise existente”, justificou o magistrado em decisão.

No documento, o juiz também diz que “o direito à participação em cultos religiosos não foi afastado, até o momento, através do Decreto do Estado do Rio de Janeiro, que constitui um dos fundamentos do pedido [do MPRJ]”.

Em complemento, o magistrado ainda afirma que “naturalmente, todos os cidadãos deveriam seguir as recomendações previstas, para que seja contida a transmissão em massa do vírus, que provoca a Covid-19. “Não podemos perder de vista, o que é uma recomendação e um dever imposto ao cidadão”.

Coreia do Sul

Na Coreia do Sul, o pastor Lee Man-hee, da Igreja Shincheonji de Jesus, se ajoelhou e pediu desculpas durante uma entrevista coletiva, segundo o Metro UK. Mais de 60% dos 4 mil casos confirmados no país asiáticos são de fiéis da igreja, sendo 28 mortes. Agora, o pastor é investigado pelo Ministério Público coreano por negligência.


O pastor prometeu levar 144 mil pessoas com ele para o céu no Dia do Julgamento, que ele inaugurará durante sua própria vida. Durante a entrevista coletiva, a voz do pastor estava falhando quando ele ofereceu seu “sincero pedido de desculpas ao povo”. Ele disse: “Busco o perdão do povo. Sou muito grato ao governo por seus esforços. Eu também busco o perdão do governo”.

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Em pleno 2018, um novo cisma abala os cristãos https://portalconservador.com/em-pleno-2018-um-novo-cisma-abala-os-cristaos/ https://portalconservador.com/em-pleno-2018-um-novo-cisma-abala-os-cristaos/#respond Tue, 23 Oct 2018 20:33:08 +0000 https://portalconservador.com/?p=4278 read more →]]> Aleteia (23.10.2018) – Acaba de acontecer a maior ruptura desde o grande cisma de 1054.

No último dia 15 de outubro, o Patriarcado de Moscou rompeu com o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. Não se trata de uma ruptura teológica: o motivo é territorial e político. No dia 11, o patriarca ecumênico Bartolomeu I, de Constantinopla, tinha concedido a autocefalia (independência) à Igreja Ortodoxa na Ucrânia, que, até então, dependia da jurisdição russa. Em reação, o patriarca Kirill, de Moscou, rompeu a comunhão eucarística dos russos ortodoxos com o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla e, por conseguinte, com todas as Igrejas ligadas a ele.

A medida representa um novo e grave cisma entre os cristãos, considerado o maior da história depois do grande cisma de 1054, que separou Constantinopla de Roma e que perdura até hoje. Este cisma de 2018 fragmenta a “comunhão plena” da ortodoxia, pela qual os sacerdotes de diferentes patriarcados podiam celebrar juntos e os fiéis de uma Igreja ortodoxa podiam receber os sacramentos em outra. Agora, isto deixa de valer para os russos, que se isolam da comunhão com os demais cristãos ortodoxos.

Para entender melhor o que aconteceu nesta metade de outubro, é preciso retornar alguns séculos na história.

O nascimento de Constantinopla

No ano 330 d.C., o imperador romano Constantino decidiu criar uma “nova Roma”: com a Roma antiga avançando inexoravelmente rumo à decadência, ele transferiu a capital do Império para a cidade de Bizâncio, que foi então renomeada em homenagem a ele e passou a ser chamada de Constantinopla. Trata-se da atual Istambul, a metrópole da Turquia moderna e uma das maiores cidades do planeta.

Em 381, o bispo de Constantinopla reivindicou um “primado de honra” entre as Igrejas cristãs devido à posição da cidade como capital imperial. Esse reconhecimento o destacaria entre os demais patriarcas cristãos e, em termos honoríficos, o colocaria logo abaixo do Papa, cuja sede continuava em Roma.

Depois da morte do imperador Teodósio, que, sediado em Constantinopla, foi o último a governar um Império Romano ainda unificado, consumou-se a fatídica divisão do Império Romano entre Oriente e Ocidente. A partir dessa divisão política, as pretensões do bispo de Constantinopla encontraram suficiente acolhimento no Concílio de Calcedônia, em 451, para alçá-lo a um posto de honra e lhe conceder jurisdição sobre várias dioceses. Esta decisão, porém, nunca foi reconhecida pelo Papa, dado que foi tomada depois que os legados de Roma no concílio já tinham retornado ao Ocidente.

O surgimento da “ortodoxia”

Em Constantinopla continuou a fortalecer-se a convicção de que cabia ao bispo local um patriarcado com autoridade absoluta, ainda que honorificamente inferior ao papado. A separação ia se tornando mais nítida com as diferenças culturais entre o mundo latino e o greco-oriental, que se estendiam também a certas concepções teológicas. Mas as diferenças mais críticas eram principalmente políticas: os imperadores do Oriente não queriam, afinal, que a Igreja do seu império estivesse submetida à autoridade estrangeira de um Papa sediado em Roma. Isto os levava de modo natural a apoiar as pretensões de independência dos patriarcas orientais.

Chegou a ocorrer um breve cisma entre os anos de 863 e 867, encerrado pelo patriarca Fócio, de Constantinopla. Mas o grande cisma não pôde ser evitado: em 1054, quando as relações com Roma já eram praticamente nulas, o patriarca Miguel Cerulário se empenhou em evitar as tentativas de restabelecê-las. Reabriram-se nesse contexto as polêmicas já iniciadas por Fócio, séculos antes, a respeito das diferenças entre os ritos e costumes latinos e os greco-orientais. Enfatizaram-se ainda discordâncias teológicas e, principalmente, deixou-se de reconhecer o primado de jurisdição do Papa, numa decisão em que as demais Igrejas do Oriente seguiram a de Constantinopla. O cisma estava consumado: o mundo cristão se dividiu então entre romanos e ortodoxos.

As diferenças entre ortodoxos e católicos

O termo “ortodoxo”, em grego, quer dizer “doutrinalmente correto“. No entanto, as diferenças no tocante à doutrina católica são muito poucas. A mais expressiva diz respeito à procedência do Espírito Santo: para os ortodoxos, Ele procede apenas de Deus Pai, enquanto os católicos professam que Ele procede do Pai e do Filho. Esta discordância teve grande peso no cisma de 1054, mas hoje é entendida como uma diferença de ênfase teológica e não propriamente como uma diferença de dogma.

A proximidade doutrinal é tão grande que a Igreja católica considera válidos os sacramentos celebrados pelas Igrejas ortodoxas. Isto também se deve ao fato de que a Igreja católica reconhece que as ortodoxas preservam legitimamente a sucessão apostólica.

Grosso modo, a grande questão que as mantém separadas é mesmo a do primado de jurisdição do Papa. Outras diferenças menores entre católicos e ortodoxos estão ligadas ao calendário, a normas disciplinares e a costumes culturais.

As diferenças dos ortodoxos entre si

Existem 14 Igrejas ortodoxas autocéfalas, ou seja, independentes umas das outras. Elas reconhecem o primado honorífico do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, mas não estão sujeitas à sua jurisdição. Esse primado tem caráter apenas simbólico: o patriarca de Constantinopla é comumente descrito, em latim, como “primus inter pares“, isto é, “o primeiro entre os iguais“.

Em termos doutrinais, todas essas Igrejas professam a mesma fé e celebram basicamente os mesmos ritos, com algumas diferenças culturais. As 14 Igrejas autocéfalas incluem os 4 patriarcados da antiguidade (Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém, que, junto com Roma, formavam a “pentarquia” do primeiro milênio cristão). As outras 10 são as Igrejas da Rússia, da Sérvia, da Romênia, da Bulgária, da Geórgia, de Chipre, da Grécia, da Polônia, da Albânia e, conjuntamente, a da República Tcheca e Eslováquia.

Existe também a Igreja Ortodoxa da América, sediada em Nova Iorque, mas a sua autocefalia não é reconhecida por todas as Igrejas – Constantinopla, emblematicamente, não a reconhece.

Rumando à unidade cristã

Até o século XX, os líderes da Igreja católica e das Igrejas ortodoxas não tinham realizado nenhum encontro desde o cisma de 1054. A primeira reunião aconteceu em 1964, quando o Papa Paulo VI se encontrou em Jerusalém com o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Atenágoras, e ambos levantaram as mútuas excomunhões que estavam em vigor havia 910 anos.

O diálogo foi se aprimorando cada vez mais a partir desse histórico reencontro. O Papa João Paulo II, um dos maiores propulsores do diálogo ecumênico e inter-religioso de todos os tempos, enfatizou com força a necessidade da “comunhão afetiva” antes de se chegar à “comunhão efetiva”.

O Papa Bento XVI viajou à Turquia em 2006 para visitar o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, que retribuiu a visita em 2008 em plena festa de São Pedro e São Paulo: na ocasião, Papa e Patriarca deram uma homilia conjunta e rezaram juntos o credo em grego. No mesmo ano, Bartolomeu participou do Sínodo dos Bispos no Vaticano.

Em 2013, Bartolomeu compareceu à missa de inauguração do pontificado de Francisco, um fato inédito desde o cisma de 1054. Em 2014, Francisco e Bartolomeu repetiram o encontro de Paulo VI e Atenágoras para celebrar os 60 anos do encontro de Jerusalém. Pouco depois, Bartolomeu voltou a estar presente no Vaticano quando o Papa Francisco reuniu para um momento de oração os presidentes de Israel e da Palestina. Francisco ainda dedicou uma seção de sua encíclica Laudato Si’ aos ensinamentos de Bartolomeu sobre os cuidados que devemos ter com o meio ambiente. Em 2017, o Papa também se dispôs a alterar a data em que os católicos celebram a Páscoa, visando celebrá-la simultaneamente com os ortodoxos.

A tensa relação entre católicos e ortodoxos russos

Um dos mais importantes passos pendentes na aproximação entre as Igrejas ortodoxas e o catolicismo era o encontro entre um Papa e o Patriarca de Moscou.

Esse evento é particularmente importante devido ao grande peso da Igreja russa dentro do mundo ortodoxo: trata-se da mais numerosa das Igrejas ortodoxas autocéfalas, com cerca de 150 milhões de fiéis, praticamente a metade do total.

O encontro era dificultado principalmente por acusações de proselitismo dirigidas pelos ortodoxos russos aos católicos do país, embora apenas 1% dos russos sejam católicos.

As relações foram sendo aquecidas por encontros cada vez mais frequentes entre delegações das duas Igrejas.

Assim como seu antecessor, o Patriarca Kirill sempre se mostrou muito crítico no tocante à Igreja católica, mas, ao abrir o sínodo dos bispos ortodoxos russos em 2013, reconheceu “a necessidade de unir forças em defesa dos valores tradicionais cristãos e de se contrapor a algumas ameaças da modernidade, como a secularização agressiva, que ameaça as bases morais da vida social e privada, a crise dos valores da família e a perseguição e discriminação contra os cristãos no mundo”.

O longamente ansiado encontro entre um Papa e o Patriarca de Moscou finalmente aconteceu em fevereiro de 2016, quando Francisco e Kirill se reuniram em Havana durante a viagem apostólica do Papa a Cuba e ao México.

A tensa relação entre ortodoxos russos e ucranianos

Existem – ao menos até aqui – três grandes Igrejas Ortodoxas na Ucrânia.

A Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscou esteve sob a jurisdição russa desde 1686, por decisão do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla.

A Igreja Ortodoxa Autocéfala Ucraniana é uma dissidência surgida em 1921, reinstalada em 1990 após a queda do comunismo soviético e liderada hoje pelo metropolita Macarius.

Por fim, a Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Kiev é outra dissidência, fundada em 1992 e hoje liderada pelo patriarca Filaret.

A decisão tomada neste mês pelo Patriarca Ecumênico Bartolomeu, de Constantinopla, reabilitou Filaret, Macarius e os fiéis das suas Igrejas, que estavam excomungados. Os dois grupos voltaram, assim, à plena comunhão com o Patriarcado Ecumênico.

Juntas, essas duas Igrejas têm cerca de 14,5 milhões de fiéis e, agora, devem unificar-se numa nova Igreja Ortodoxa autocéfala. Isto quer dizer que essa nova Igreja ortodoxa se torna totalmente independente do Patriarcado de Moscou e passa a ser reconhecida por toda a ortodoxia – com exceção do próprio Patriarcado de Moscou.

O atrito entre as Igrejas da Rússia e da Ucrânia tem natureza política.

O presidente russo Vladimir Putin enxerga no Patriarcado de Moscou um importante braço da sua influência sobre a Ucrânia, país com o qual a Rússia está em guerra. A ocupação da Crimeia pela Rússia em 2014 piorou a já difícil relação entre os países. Putin também vê na Igreja Ortodoxa Russa um fator crucial para a hegemonia cultural da Rússia no Leste Europeu – e o patriarca Kirill é visto internacionalmente como um importante aliado do mandatário.

Por outro lado, o presidente ucraniano Petro Poroshenko fomenta por motivos óbvios a independência da Igreja ortodoxa em seu país. Ele próprio encaminhou ao patriarca Bartolomeu, em abril, o pedido de autonomia. Em agosto, Bartolomeu informou a Kirill sobre a iminência da autocefalia a ser concedida à Ucrânia, o que levou a Igreja Ortodoxa Russa a não mais mencionar o nome do patriarca ecumênico durante a liturgia.

Na segunda semana de outubro, Bartolomeu reuniu o sínodo de sua Igreja e reiterou a decisão de conceder a autocefalia aos ucranianos, o que, para os russos, é particularmente difícil de aceitar porque o próprio berço do cristianismo russo é Kiev, a capital da Ucrânia moderna.

Por enquanto, o novo cisma é a nova realidade das relações entre essas Igrejas e povos irmãos.

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Os ecos iluminados https://portalconservador.com/os-ecos-iluminados/ https://portalconservador.com/os-ecos-iluminados/#comments Sat, 07 Oct 2017 07:14:38 +0000 http://portalconservador.com/?p=3670 read more →]]> O caráter anti-religioso do Iluminismo foi executado no plano político pelos líderes da Revolução Francesa. Como destaca Tocqueville em L’Ancien régime et la Révolution, a paixão pela irreligiosidade foi a primeira a nascer da Revolução e a última a extinguir-se. O único erro do grande pensador foi crer nesta extinção.

A irreligiosidade da Revolução Francesa adveio dos mentores intelectuais do movimento – os iluministas. A hostilidade para com a religião é subproduto da hostilidade à Igreja Católica. No verbete “Razão” da Encyclopédie, escrito por Diderot, o pensador destaca que a razão é para o filosófo o que a religião é para o cristão. A razão, nestes termos, não é apenas oposta à religião, mas adquire seu caráter absoluto.

Conforme destaca Anthony Quinton, um dos traços do conservadorismo britânico é o tradicionalismo: a crença de que a sabedoria politica é de alguma forma de natureza histórica e coletiva, residindo em instituições que passaram pelo teste do tempo. Por outro lado, a ideologia da razão proposta pelos philosophes acabou por iniciar o movimento revolucionário e parir as piores experiências políticas mundiais – seja a Francesa, seja a Russa, Chinesa, entre outras…

Pregando a tolerância em seus escritos e condenando a perseguição religiosa, Voltaire proferiu a frase que ecooa até hoje na mente dos revolucionários: ecrassez l’infâme. A religião para ele era uma característica das massas e não dos hommes de lettres. O autor de Candido declarou que “todo homem sensível, todo homem honrado, deve ter horror à seita cristã” e que a “religião deve ser destruída entre as pessoas respeitáveis e ser deixada à canaille tanto grande quanto pequena, para a qual ela foi feita”. Diderot, falando em nome de todos os philosophes franceses, saudou Voltaire como o anticristo. O judaísmo também era atacado por Voltaire, conhecido pelo seu antissemitismo – hoje em dia, ignorado – definindo os judeus como “gananciosos, materialistas, bárbaros, não civilizados e usurários”.

A Revolução foi anti-religiosa, mas procedeu como uma revolução religiosa: não se limitou à França e pretendeu modificar a própria natureza humana e não apenas a ordem político-social vigente. Hannah Arendt classificou a Revolução Francesa como o germe do totalitarismo do século XX. A Revolução, segundo Michelet, fundou a fraternidade no amor do homem pelo homem, no dever mútuo, no Direito e na Justiça. Definindo esta base como fundamental, a Revolução não teve necessidade de outros.

Os ideais iluministas propiciaram uma série de mitos, um deles bastante forte ainda hoje: o estado laico. Um estudo de história mais aprofundado bastaria para demonstrar que é impossível uma dissociação total entre religião e política. No caso brasileiro, por exemplo, o PT jamais chegaria ao poder sem o apoio da esquerda católica: teologia da libertação, comunidades eclisiais de base, Dom Hélder Câmara. Tentar separar a esfera espiritual da esfera temporal é como querer separar a alma do corpo.

O que o estado laico não possui é uma religião oficial, devendo seguir a religião da maioria da população, resguardando o direito das minorias de pregar e professar sua fé. O Estado não tem o direito de equiparar estas religiões à religião da maioria. Peguemos o Brasil como modelo: 64.2% dos brasileiros são católicos e 22,2% são protestantes – de acordo com as informações do último censo. Dentro dos 13,2% existem as mais variadas religiões e seitas. Comparar o cristianismo (86,8% da população é cristã) com os praticantes da seita do Santo Daime é algo completamente desproporcional.

Neste sentido, correta a decisão do STF que julgou improcedente a ADI 4439, proposta pela Procuradoria-Geral da República. A PGR, baseando-se no argumento de laicidade do Estado, formulou dois pedidos: que as aulas de ensino religioso constituam-se apenas de exposição de doutrinas, história, práticas e dimensões de crenças (incluindo o agnosticismo e o ateísmo, além de proibir o ensino confessional) e impedir a contratação de professores que são representantes de alguma religião.

O que os revolucionários pretendem, no fundo, é transformar o estado laico em um estado ateu – iniciando uma guerra de perseguição religiosa, que começa com a alteração dos significado dos símbolos religisos (como os judeus que utilizavam a estela de Davi no braço não como símbolo religioso, mas como prova de sua inferioridade) até a proibição da exibição dos símbolos. Lembro aqui, a decisão do Tribunal Constitucional Alemão que proibiu a fixação de crucifixos nas paredes de órgãos públicos.

O Estado brota da sociedade, devendo a ela servir. A sociedade brasileira precede o Estado brasileiro e da República Brasileira. O Estado, no sentido webberiano, foi montado no Brasil em 1808 e a República proclamada em 1889. No entanto, os jesuítas estavam em terras brasileiras desde o século XVI lutando para a civilizar o nosso território, como destaca o historiados Capistrano de Abreu em sua obra Capítulos de História Colonial.

A tentativa de impedir o ensino confessional no Brasil contraria a vontade da imensa maioria da população brasileira e, por isso, deve ser rejeitada. Se, como dizia Linconl, a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, chegou a hora da população brasileira ser ouvida e, sobretudo, respeitada.

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Quem financia o Estado Islâmico? Desvendando o exército do terror https://portalconservador.com/quem-financia-o-estado-islamico-desvendando-o-exercito-do-terror/ https://portalconservador.com/quem-financia-o-estado-islamico-desvendando-o-exercito-do-terror/#comments Sun, 06 Sep 2015 18:07:26 +0000 http://portalconservador.com/?p=2462 read more →]]> Cristãos, yazidis e turcos estão entre os mais perseguidos pelo Estado Islâmico, grupo dissidente da Al Qaeda que ocupou grandes partes do território do Iraque e da Síria. Eles estão mirando sistematicamente homens, mulheres e crianças baseados em sua filiação religiosa ou étnica e estão realizando impiedosamente uma limpeza étnica e religiosa generalizada nas áreas sob seu controle. O Estado Islâmico surgiu em 2006 depois da invasão dos EUA e seus aliados ao Iraque, com sobreviventes da Al Qaeda no país, e ganhou força entre 2011 e 2013 quando teve início a rebelião na Síria. Seu atual comandante é Abu Bakr al-Baghdad.

Quando o EI invadiu a cidade de Mossul, capital da província de Ninewah, no Iraque – conquistando uma extensão de terras equivalente ao tamanho da Grã Bretanha –, o EI possuía apenas 800 combatentes. Hoje seu efetivo é estimado pela CIA entre 20 mil e 40 mil combatentes com acesso a recursos de 2 bilhões de dólares oriundos de fontes diversas, entre as quais seqüestros, roubos e, principalmente, a exploração e venda de petróleo da refinaria de Beiji, no norte do Iraque. Segundo experts, o Estado Islâmico controla 12 campos de petróleo no Iraque e na Síria, com capacidade de produzir 150 mil barris por dia, com receitas diárias estimadas em até 3 milhões de dólares.

Cinco meses antes da queda de Mossul o presidente Barak Obama havia menosprezado o EI, tachando-o de “um bando inexperiente de terroristas”. De onde veio o Estado Islâmico e como ele conseguiu fazer tanto estrago em tão pouco tempo?

Os Estados Unidos estiveram em guerra contra o EI por quase uma década, incluindo aí suas várias encarnações, como a Al-Qaeda no Iraque, depois como Conselho Consultivo Mujahidin e, por fim, Estado Islâmico do Iraque e do Levante. Muita coisa relativa a esse inimigo totalitário e teocrático permanece esquecida ou simplesmente pouco investigada. Debates a respeito de sua ideologia, estratégia de guerra e dinâmica interna persistem em todos os países comprometidos com a sua derrota. O EI é, na realidade, o último front em uma culminação sangrenta de uma longa disputa dentro da hierarquia do jihadismo internacional.

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Examinando o EI como ele é hoje em dia, com base em entrevistas com militantes ativos (alguns já falecidos), espiões, agentes adormecidos e também suas vítimas, chega-se à conclusão de que um dos principais centros de recrutamento de militantes foram os presídios, especialmente no Oriente Médio, que serviram, por anos, como academias do terror, onde extremistas conhecidos puderam congregar, tramar e desenvolver suas habilidades de convencimento e liderança, recrutando uma nova geração de combatentes.

O EI é uma organização terrorista, mas não é apenas uma organização terrorista. É também uma máfia adepta em explorar mercados obscuros internacionais que existem há décadas para o tráfico de petróleo e armas. É um completo aparato de Inteligência que se infiltra em organizações rivais e recruta silenciosamente membros ativos antes do controle total dessas organizações, derrotando-as no campo de batalha ou tomando suas terras. É uma máquina de propaganda eficiente e hábil na disseminação de suas mensagens e no recrutamento de novos membros através das mídias sociais. A maioria dos seus principais comandantes serviu no exército ou nos serviços de segurança de Saddam Hussein.

O EI apresenta-se para uma minoria sunita no Iraque e uma maioria sunita mais perseguida e vitimada na Síria como a última linha de defesa da seita contra uma série de inimigos – os “infiéis” Estados Unidos, os Estados “apóstatas” do Golfo Pérsico, a ditadura alauita ”Nusayri” na Síria, a unidade “rafida” e de resistência no Irã e a última satrápia de Bagdá. Estima-se que além do Estado Islâmico existam outros 450 grupos rebeldes operando na Síria.

O EI, de forma brutal e inteligente, destruiu as fronteiras dos Estados-Nação da Síria e do Iraque e proclamou-se o restaurador de um império islâmico. Tem como capital a cidade de Mossul, seu idioma oficial é o árabe, o governo é um Califado Islâmico, declarado em 29 de junho de 2014; possui uma bandeira e um brasão de armas. Já criou sua própria bandeira, tribunais, ministérios, passaportes e até placas de carros. Em novembro de 2014 criou a sua própria moeda, parte de um plano para restaurar o Califado que dominou o Oriente Médio a mais de 1.300 anos.

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Abu Bakr al-Baghdadi – ungido Califa Ibraim – proclamou o fim do ISIS (em inglês Islamic State of Iraq and al-Sham) e o nascimento do Estado Islâmico no dia 28 de junho de 2014, o primeiro dia do Ramadã. A partir de então, apenas o Estado Islâmico passaria a existir, dividindo a humanidade em dois campos. O primeiro era “o campo dos muçulmanos e dos mujahidin (guerreiros sagrados) por toda a parte”; o segundo era “o campo dos judeus, dos Cruzados e seus aliados”.

O campo de treinamento do EI e de seus antecessores, na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, que treinou os idealizadores dos ataques ao World Trade Center, tem três fases distintas de treinamento e doutrinação. A primeira consiste em “dias de experimentação”, com a duração de 15 dias, durante os quais um recruta é sujeito à “exaustão psicológica e moral” – para separar os fracos dos verdadeiros guerreiros. A segunda é o “período de preparação militar”, com a duração de 45 dias, durante os quais um recruta aprende como empunhar armas leves, evolui para o lançamento de mísseis portáteis superfície-ar e cursos de cartografia. A terceira e última fase é o “curso de táticas de guerra de guerrilhas”, no qual é ensinada a teoria militar de Von Clausewitz para terroristas.

Em março de 2009, o Departamento de Defesa dos EUA mudou oficialmente o nome das operações contra o EI de “Guerra Global Contra o Terror” para “Operações Contingenciais Externas” e em maio de 2013 o presidente Obama declarou que a “guerra ao terror” havia terminado.

Sete meses depois, em janeiro de 2014, em uma entrevista à revista “The New Yorker” Obama minimizou o poder do Estado Islâmico comparando-o a um “jayvee” (equipe de esportes de estudantes terceiranistas). Se os EUA quisessem fazer uma demonstração de força no Iraque e na Síria, poderiam expulsar rapidamente o EI de seus esconderijos. Porém, o difícil viria depois, com a provável onda de atentados e guerra assimétrica que certamente duraria anos e teria custos enormes. Obama, dezoito meses depois, em 8 de junho de 2015, disse que sua administração “ainda não tinha nenhuma estratégia” para lidar com o Estado Islâmico. Ao que tudo indica sua administração continua “sem estratégia até hoje”.

Pelo que se observa, o Estado Islâmico sim, tem uma estratégia, pois a guerra jihadista contra o Ocidente e seus aliados continua crescendo. Em agosto de 2014, Obama declarou que a estratégia dos EUA no combate ao EI está amparada em quatro pilares: ataques aéreos, apoio aos aliados locais, esforços de contraterrorismo para prevenir ataques, e assistência humanitária contínua a civís.

Em setembro de 2014 o presidente Barak Obama em uma sessão na ONU declarou que “os países devem evitar o recrutamento e o financiamento de combatentes estrangeiros”. Segundo ele, “os EUA irão trabalhar para destruir essa rede da morte”, em alusão ao Estado Islâmico. E prosseguiu: “Nós vamos apoiar a luta dos iraquianos e dos sírios para proteger suas comunidades. Vamos treinar e equipar as forças que estão lutando contra esses terroristas em solo. Vamos trabalhar para acabar com o financiamento deles e parar o fluxo de combatentes que se juntam ao grupo. Eu peço ao mundo que se junte a nós nessa missão”. E concluiu fazendo um apelo aos muçulmanos para rejeitarem a ideologia do Estado Islâmico. Obama encerrou seu discurso dizendo que “as palavras que dissemos aqui precisam ser transformadas em ação…com os países e entre eles, não apenas nos dias que se seguem, mas nos anos que virão”.

Uma Resolução proposta pelos EUA foi aprovada por unanimidade no Conselho de Segurança da ONU. Ao final, mais de 40 países se ofereceram para fazer parte da coalizão “anti-EI”, liderada pelos EUA. Em junho de 2015 Obama voltou a referir-se ao EI declarando que “falta recrutar e treinar mais militares iraquianos dispostos a combater o Estado Islâmico. Não temos ainda uma estratégia completa, pois faltam compromissos dos iraquianos no que diz respeito a como é feito o recrutamento e como é que as tropas serão treinadas”.

Os EUA gastam, em média, cerca de 9 milhões de dólares por dia para combater o Estado Islâmico, e os custos totais já passam de 2,7 bilhões desde o início da campanha de bombardeios contra o EI. Em qualquer atividade – passando pela organização e pela hierarquia -, o EI está anos-luz à frente das demais facções que atuam na região. Apresenta o que parece ser o início da estrutura de um semi-Estado – ministérios, tribunais e até mesmo um sistema tributário rudimentar -. Nos campos de treinamento cerca de 300 crianças com idades até 16 anos recebem instrução como combatentes e terroristas suicidas no EI. Aprendem a ideologia fundamentalista e a manusear armas pesadas. Esses campos são anunciados como “Clubes de Escoteiros”,

Uma revista editada pelo Estado Islâmico, intitulada “DABIQ”, que já está na sua terceira edição, publicada em várias línguas, inclusive o inglês, apresenta o EI como a única voz muçulmana no mundo, na tentativa de cooptar estrangeiros para lutarem pelo Califado no Iraque e na Síria. Segundo o Conselho de Segurança da ONU, somente no ano de 2014 cerca de 15 mil estrangeiros de mais de 80 países, viajaram à Síria e ao Iraque a fim de lutarem ao lado do EI e grupos terroristas semelhantes. A ONU ressaltou que o aumento nesse número ocorre em uma escala “sem precedentes”. Segundo a União Européia, mais de 5 mil europeus se uniram à jihad na Síria e no Iraque, mas segundo a Comissária Européia de Justiça, esse número “é muito subestimado”.

O Estado Islâmico foi designado como organização terrorista pelos seguintes países: EUA em 17/12/2004, Austrália em 2/3/2005, Canadá em 20/8/2012, Arábia Saudita em 7/3/2014, Inglaterra em 20/6/2014, Indonésia em 1/8/2014 e Alemanha em 12/9/2014. Os cristãos que vivem nas áreas dominadas pelo Estado Islâmico têm apenas três opções: se converterem ao islamismo; pagar um imposto religioso (o jizya); ou morrer. Militantes do Estado Islâmico estariam sendo contrabandeados para a Europa pelas gangues que operam no Mar Mediterrâneo, segundo um fonte do governo líbio declarou à BBC. Os extremistas são misturados aos migrantes que viajam nos barcos desde a costa africana em direção ao continente europeu, porque a Polícia não sabe quem é refugiado e quem é militante do EI, pois isso é extremamente difícil.

Em setembro de 2015, a Polícia Federal descobriu uma rede de apoiadores do Estado Islâmico em São Paulo. A descoberta assusta, ainda mais porque terrorismo não é considerado crime no Brasil. Para concluir, uma análise do general Álvaro Pinheiro, em abril de 2015:

“A possibilidade do Estado Islâmico/ISIS desencadear o terrorismo nos cinco continentes, corroborada pelos recentes atentados na Bélgica, Canadá, Austrália, França e Tunísia, é encarada em todo o mundo ocidental com a máxima responsabilidade. Nesse contexto, a infiltração do EI/ISIS na área da Tríplice Fronteira no Cone Sul da América do Sul é absolutamente consensual no âmbito da Comunidade de Inteligência Internacional. Não encarar esse indício com a devida responsabilidade é mais um verdadeiro crime de lesa pátria”.

Escrito por Carlos I.S. Azambuja, historiador.

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“O Islã é a religião da guerra”, declara líder do Estado Islâmico https://portalconservador.com/o-isla-e-a-religiao-da-guerra-declara-lider-do-estado-islamico/ https://portalconservador.com/o-isla-e-a-religiao-da-guerra-declara-lider-do-estado-islamico/#respond Fri, 15 May 2015 02:23:57 +0000 http://portalconservador.com/?p=2961 read more →]]> (ACI/EWTN Noticias).- Em um vídeo divulgado recentemente, Abu Bakr Al Baghdadi, líder do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS), assegurou: “Juntar-se à luta é um dever de todos os muçulmanos. Pois o Islã nunca foi uma religião de paz. O Islã é a religião da guerra”.

No vídeo –uma gravação que dura 35 minutos com fotos do líder muçulmano–, Al Baghdadi, diz estar gravemente ferido e convida os muçulmanos a unirem-se à guerra do ISIS onde quer que estejam, e declarou: “Ninguém deve acreditar que a guerra que estamos lutando é a guerra do Estado Islâmico. Esta é a guerra de todos os muçulmanos, mas o Estado Islâmico está encarregado de espalhá-la”.

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O líder do grupo terrorista reiterou: “Esta é a guerra dos muçulmanos contra os infiéis e ainda: “Não há desculpa para qualquer muçulmano não migrar para o Estado Islâmico ou tomar armas (para lutar) onde quer que esteja”.  Segundo o líder do ISIS, a guerra é “obrigatória para todo muçulmano, e rejeitou qualquer possibilidade de conciliação com os judeus, cristãos “ou outros infiéis”.

“Não deixaremos ninguém vivo nas terras que controlamos: somente sobreviverão os que renunciam à sua religião e se unem ao Islã”, assegurou Abu Bakr Al Baghdadi. É necessário confirmar a veracidade do vídeo difundido pelo Estado Islâmico e as informações de que Baghdadi teria sido gravemente ferido em um bombardeio aéreo realizado em 18 de março, no oeste do Iraque.

Em agosto de 2014, o ISIS invadiu a maior cidade cristã iraquiana: Qaraqosh. E comandou a fuga de dezenas de milhares de pessoas desta região. Qaraqosh está localizada entre Mossul –cidade na qual já não há cristãos–, e Erbil, a capital do Curdistão iraquiano, uma zona onde ainda não chegaram os terroristas muçulmanos do ISIS e em onde se refugiaram os cristãos perseguidos.

O Estado Islâmico –anteriormente conhecido como Estado Islâmico do Iraque e da Síria-, é um movimento jihadista que nasceu do Al Qaeda, mas agora atua de maneira independente e busca instaurar no Oriente Médio um califado, ou seja, um estado islâmico que só permite a prática do Islã sob a lei Sharia. O último massacre perpetrado pelo ISIS foi difundido em 19 de abril deste ano, através de um vídeo que mostra a decapitação de 30 cristãos etíopes coptos nas costas da Líbia. O grupo tem ainda vários cristãos e membros de outras minorias religiosas em seu poder e os ameaça com a pena de morte ou a escravidão os que não se converterem ao Islã.

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Riqueza e religião https://portalconservador.com/riqueza-e-religiao/ https://portalconservador.com/riqueza-e-religiao/#comments Fri, 06 May 2011 16:47:08 +0000 http://portalconservador.com/?p=330 read more →]]> Um rapaz chamado Daniel Fraga, vlogger já comentado em outra postagem, gravou um vídeo em que fala sobre a relação entre riqueza e religião, cujo conteúdo revela uma trágica falta de conhecimento e uma curiosa dificuldade em entender a relação que há entre as duas coisas. O vídeo despertou a atenção de muitos teístas, que ficaram indignados com a ingenuidade do sujeito, ou mesmo com certa desonestidade intelectual, enquanto, curiosamente, a maioria dos ateus disse: “Amém”.

Vamos a análise do conteúdo. Segundo pesquisa feita em 114 países, divulgada pela Gallup, “quanto mais religioso, mais pobre tende a ser um país” (http://www1.folha.uol.com.br/quanto-mais-religioso-mais-pobre-tende-a-ser-um-pais.shtml). O próprio artigo atenta para detalhes importantes na interpretação dos dados levantados. Nele lemos: “Desde o século 19, a sociologia tem preferido apostar na tese de que a pobreza facilita a expansão da religião”, e essa frase é muito importante para que não se construa, a partir da pesquisa, uma argumentação equivocada sobre a relação entre a pobreza e a religião. Aí sugere-se que a pobreza facilita a expansão da religião, e não que a religião facilita a expansão – ou é a causa – da pobreza.

Citemos alguns exemplos práticos dessa realidade. Philip Jenkins, em A Próxima Cristandade, expõe alguns dados interessantes: Há um século, menos de 10% da África era cristã, mas hoje esse número subiu para 50% – dez milhões, em 1900, para trezentos e cinquenta milhões, hoje. Vale ressaltar que esse crescimento não se deu em consequência da colonização europeia no continente africano, no século XVIII, mas após o fim dessa colonização. De modo geral, a África não tem crescido economicamente, mas a religião, em contra-partida, tem crescido de forma implacável, e, mais importante, pela livre e espontânea vontade de seu povo; em alguns casos, mesmo em face de terríveis perseguições, comuns em regiões majoritariamente islâmicas. Dinesh D’Souza escreve que, “enquanto os pregadores ocidentais normalmente imploram às pessoas que venham à Igreja aos domingos ocupar os bancos, alguns pregadores africanos pedem a seus membros que se limitem a participar dos cultos a todo segundo ou terceiro domingo, a fim de darem oportunidade para que outros ouçam a mensagem” (Dinesh D’Souza, A Verdade Sobre o Cristianismo, pág. 29).

E não se pode esquecer que o próprio surgimento e crescimento do cristianismo se deu entre os humildes, leigos, que também foram duramente perseguidos. Ser cristão nos primeiros séculos era saber que a própria vida corria grande risco – muitas vezes era a certeza de uma sentença de morte -, mas isso não impediu que o número de cristãos crescesse de forma inexplicável, tornando insignificante o efeito de qualquer perseguição contra o povo, que ao invés de amedrontar as pessoas, parecia dar-lhes uma coragem sobrenatural. Se o sr. Daniel Fraga supõe que associando pobreza ao cristianismo está desferindo aos seus seguidores um golpe doloroso, é porque desconhece a verdadeira história dessa religião que tanto despreza.

The Christian Martyrs Last Prayer

The Christian Martyrs’ Last Prayer, de Leon Gerome

Mas, voltando à pesquisa, o próprio título já revela uma forma desonesta de expor o que foi pesquisado, uma vez que o mais adequado seria Quanto mais pobre, mais religioso tende a ser um país, o que para os leigos palpiteiros seria extremamente esclarecedor e evitaria muita bobagem em consequência de uma desonestidade que já começou na mídia (que surpresa!). Para melhorar, a notícia da Folha apresenta algo que, para pessoas sérias, só pode ser entendido como uma piada de mal gosto: não daquelas que incomodam, mas que fazem gargalhar de verdade. Falo da opinião de Daniel Sottomaior, presidente da ATEA, cujas declarações revelam um sujeito que, longe de conhecer o mínimo do assunto ali abordado, faz papel de garoto propaganda de uma causa que só pessoas igualmente ingênuas seriam capazes de abraçar.

Segundo ele, a própria religião é a causa da pobreza; ele chega a chamá-la de “fator ópio do povo”, e diz que “ela promove o fatalismo e o deus-dará”. Ora, essa ideia de que os teístas devem se auto-definir como seres inúteis que devem esperar que a intervenção divina seja o motor de suas vidas é um dos clichês ateístas mais repetidos nos últimos tempos; o que, de forma alguma, o torna verdadeiro. Analisemos, portanto, a afirmação do sr. Sottomaior à luz de alguns exemplos contra essa ideia de “sentar e esperar”. Especialmente para os cristãos, agir em benefício de toda a espécie humana em vez de esperar que um milagre aconteça levou-os a presentear todos os seres humanos com uma das práticas mais bem-vistas no mundo: a caridade. Qual é o sentido em juntar pessoas e arrecadar fundos para ajudar os necessitados, se basta esperarmos que um milagre aconteça? Não é mais fácil ajoelhar-se e pedir a Deus que alimente o faminto, que efetivamente ir até o faminto e alimentá-lo o mais rápido possível? É óbvio que os cristãos confiam e esperam em Deus, mas não é por isso que se projetam como seres passivos cuja vida limita-se a pedir que recebam um milagre; pelo contrário, é justamente por confiarem e esperarem em Deus que projetam-se como o próprio milagre, e por conta própria – e inspirados por Deus – tentam fazer a diferença para os que deles precisam.

Voltaire, conhecido pelo seu rígido anti-catolicismo, declarou: “Talvez não haja nada maior na terra que o sacrifício da juventude e da beleza com que belas jovens, muitas vezes nascidas em berço de ouro, se dedicam a trabalhar em hospitais pelo alívio da miséria humana, cuja vista causa tanta aversão à nossa sensibilidade. Tão generosa caridade tem sido imitada, mas de modo imperfeito, por gente afastada da religião de Roma” (Michael Davies, For Altar and Throne: The Rising in the Vendée, pág. 13). Será que é plausível crer que a religião causa nas pessoas essa característica de sentar e não agir por conta própria, como sugere o presidente da ATEA? Vamos mais longe: segundo William Lecky, “não se pode sustentar nem na prática, nem na teoria, nem nas instituições fundadas, nem no lugar que a ela foi atribuído na escala dos deveres, que a caridade ocupasse na Antiguidade um lugar comparável àquele que atingiu no cristianismo” (William E.H. Lecky, History of European Morals from Augustus to Charlemagne, vol. 1, pág. 83).

Cristo nos manda que amemos uns aos outros, inclusive os nossos inimigos. Ele nos manda que amemos a todos os seres humanos, e amor é algo muito maior que uma expressão banalizada pelos jovens do século XXI; é o mais nobre dos sentimentos humanos, capaz de levar alguém a dar a própria vida pelo bem de outro, e o bem dos outros é urgente, pois nenhum ser humano que tem amor pelo próximo consegue sentir conforto com a miséria alheia e esperar que essa miséria desapareça magicamente. Quem ama o próximo só se alegra quando toda a tristeza do próximo está aliviada, e não há sentido em esperar que este alívio venha milagrosamente se ele pode vir através dos nossos próprios atos. E que não pensem que estas palavras tentam excluir o papel de Deus em todas as coisas, pois, como já exposto antes, por que esperarmos pelo milagre se, de certa forma, podemos ser o milagre – ainda que não literalmente?

Que Daniel Sottomaior guarde suas propagandas para os associados da ATEA, porque é isso que ele revela em suas afirmações: apenas propaganda. Outros exemplos desse caráter propagandístico do rapaz já foram expostos e desmascarados no Quebrando o Encanto do Neo-Ateísmo (campanha-atea-porto-alegre-e-salvador/campanha-atea-nao-vai-mais-circular/).

À luz da História, é falso que a religião “não apenas não gera valor como sequestra bens, dinheiro e mentes que deixam de ser empregados em atividades econômicas e de desenvolvimento”. Aliás, sendo para os ateus tão importante insistir na questão econômica e no desenvolvimento, cabe refletir sobre o papel da religião nesses aspectos fundamentais à sociedade. Comecemos por um gigante: a agricultura. O papel dessa arte prática ao longo da História é facilmente reconhecido por todas as pessoas, não só pelo que representou no passado, bem como pelo que representa ainda hoje, mas o que poucos sabem é da relação que os monges tiveram com tal prática. Segundo o historiador francês François Guizot, “os monges beneditinos foram os agricultores da Europa; transformaram-na em terras de cultivo em larga escala, associando agricultura e oração” (John Henry Newman, Essays and Sketches, vol. 3, págs. 264-5). Henry Goodell declarou, no início do século XX: “Eles salvaram a agricultura quando ninguém mais poderia fazê-lo. Praticavam-na no contexto de uma nova forma de vida e de novas condições, quando ninguém mais ousava empreendê-la” (Henry H. Goodell, The Influence of the Monks in Agriculture, discurso em 23/08/1901).

O historiador Thomas E. Woods escreve: “Aonde quer que tenham ido, os monges introduziram plantações, indústrias ou métodos de produção desconhecidos do povo. Aqui introduziam a criação de gado e de cavalos, ali a elaboração de cerveja, a criação de abelhas ou a produção de frutas. Na Suécia, o comércio de cereais deve a sua existência aos monges; em Parma, a produção de queijo; na Irlanda, a pesca do salmão e, em muitos lugares, as vinhas de alta qualidade. Os monges represavam as águas das nascentes a fim de distribuí-las em tempos de seca. Foram os monges dos mosteiros de Saint Laurent e Saint Martin que, observando as águas das fontes espalharem-se inutilmente pelos prados de Saint Gervais e Belleville, as canalizaram para Paris. Na Lombardia, os camponeses aprenderam dos monges a irrigação, o que contribuiu poderosamente para tornar a região tão famosa em toda a Europa pela sua fertilidade e riqueza (Thomas E. Woods, Como a Igreja Católica Construiu a Civilização Ocidental, págs.32-3). É necessário ressaltar que este parágrafo descreve muito pouco das contribuições dos monges à civilização: para um aprofundamento mais detalhado, consultar o capítulo 3 do livro referido.

Mais notável é que esses monges compõem apenas um dos vários grupos cristãos que contribuíram de forma louvável ao Ocidente. Aqui os uso apenas como exemplo para questionar as alegações de Sottomaior, já mostradas falsas. Negligenciar o papel dos monges no desenvolvimento da Europa é apenas uma das várias formas de admitir para o público, ainda que não de forma explícita, que naquelas declarações não há preocupação com a verdade, mas com um mero marketing ateísta.

Quando se fala em economia, a situação termina ainda mais embaraçosa para os ateus, especialmente para Daniel Fraga, que tanto discorreu sobre a riqueza em seu vídeo. A própria ciência econômica possui raízes no pensamento cristão, em que destacam-se os escolásticos. Jean Buridan (1300-1358) demonstrou que o dinheiro surgiu livre e espontaneamente no mercado, como meio de simplificar as trocas (Murray N. Rothbard, An Austrian Perspective on the History of Economic Thought, vol. 1, págs. 73-4), o que veio a ser confirmado pelo grande economista Ludwig von Mises, no século XX. Nicolau Oresme (1325-1382) escreveu Um tratado sobre a origem, natureza e transformação do dinheiro, considerado “um marco na ciência monetária”. Oresme foi chamado “o pai e fundador da ciência monetária” (Jörg Guido Hülsmann, Nicholas Oresme and the First Monetary Treatise, http://mises.org/daily/1516). Schumpeter escreveu sobre os escolásticos: “Foram eles, mais do que qualquer outro grupo, os que chegaram mais perto de ser os fundadores da ciência econômica” (Joseph A. Schumpeter, History of Economic Analysis, pág. 97). Aqui também é preciso ressaltar que, não só os escolásticos contribuíram muito mais à Economia do que esta descrito no parágrafo, como contribuíram abundantemente a várias outras disciplinas.

Ora, não se pode alcançar riqueza sem que se proponham meios adequados para fazê-lo. Entra aí, mais uma vez, o papel fundamental da religião, e novamente o cristianismo mostra-se indispensável. É sabido que tanto católicos quanto protestantes contribuíram para o desenvolvimento do pensamento econômico, e caso o sr. Fraga não ache justo negligenciar a História como ela é, deveria reconhecer esse papel e rever seus conceitos ao tentar rivalizar o progresso e a religião. Ela não é a causa da pobreza, e é fácil até para uma criança entender que a Europa está se tornando menos religiosa conforme sua população apega-se mais vigorosamente às conquistas materiais, e não conquistando algo a mais por tornar-se menos religiosa.

Dizer que os Estados Unidos são uma exceção, e que, portanto, é irrelevante ao caso abordado é a prova definitiva da ignorância do sujeito. Ora, se um país religioso não é necessariamente pobre, fica claro que não é, pois, a religião a causa da pobreza, e que essa causa precisa ser averiguada em outra pesquisa. Aliás, os EUA não são o único exemplo de país rico e religioso, e o próprio gráfico da pesquisa mostra isso. O salto lógico de Daniel Fraga – a religião é a causa da pobreza – é insustentável perante os próprios dados fornecidos pela pesquisa, e muito mais sob uma análise devida dos argumentos por ele expostos. Esta era a ideia central que precisava ser refutada; o resto do vídeo consiste na apresentação de vários red herrings, como a tentativa de expor como inimigas a razão e a religião, considerando que a razão é o motor do progresso, e não a religião. A razão é, de fato, o motor do progresso, mas a religião é o motor da razão e, portanto, a incoerência só existe na cabeça do sr. Fraga. A cereja do bolo vem em frases de efeito de velhos conhecidos nossos, como Richard Dawkins e Ayn Rand. Não se pode dizer que o sujeito não é divertido, afinal…

Em resposta às alegações acima analisadas, foi postado um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=zHfpKA5NLos) por Leonardo Bruno, do blog http://cavaleiroconde.blogspot.com/.

Daniel_fraga01

Não é necessário comentar o vídeo, mas é bom atentar para o que o próprio Daniel Fraga comentou ali. Vejam: a religião, em países pobres, é a causa da pobreza, porém, em países comunistas, o ateísmo não tinha nada a ver com nada; a culpa era apenas do comunismo. Concordo com ele, o ateísmo não é a causa do atraso em países comunistas, mas, pela lógica dele mesmo, é possível concluir que o ateísmo seja essa causa – não por ter sido, de fato, mas por que a lógica é falha. Não se chega a uma conclusão verdadeira dispondo de premissas falsas. Quando Daniel Fraga diz que a razão é a fonte do progresso, supõe que a religião é inimiga da razão, e, portanto, inimiga do progresso. Mas a religião não é inimiga da razão, e por isso foi fácil mostrar que também não é inimiga do progresso.

Ademais, se ele não se confundiu com as palavras, admitiu que a religião foi, historicamente, o motor do desenvolvimento, ressaltando, no entanto, que poderia ter sido diferente. Agora, perguntemo-nos o seguinte: devemos nos basear na realidade como ela é ou em como ela poderia ter sido? Para alguém que repete exaustivamente a importância da razão, não convém aceitar a realidade objetiva, em vez de propor realidades hipotéticas para negligenciar o papel de algo com o qual não se parece simpatizar?

A religião é o motor do progresso, bem como o ateísmo é o motor do comunismo. Historicamente foi e continua sendo assim, então, qual o sentido em propor algo que poderia ser diferente, se, efetivamente, a especulação pode seguir qualquer caminho, mas jamais possuir evidências que corrobore para nenhum? Que não se conclua, também, como é comum entre os ateus, que dizer que o ateísmo é parte fundamental do comunismo implica em dizer que todo ateu é comunista ou coisas relacionadas. De fato, é muito difícil para os ateus admitir que o ateísmo era fundamental ao comunismo, principalmente para aqueles que gostam de culpar as religiões pacíficas pelo terrorismo de Bin Laden, por exemplo. Se o ateu aplica a si mesmo o seu próprio critério, estará chamando para si a responsabilidade que obviamente não é dele, mas que, pela própria incoerência, acaba o afetando.

Daniel_Fraga02

Seja como for, fiquemos atentos às típicas desonestidades ateístas, principalmente com essas que parecem encontrar fundamentos em dados autênticos, publicados por institutos de pesquisa sérios, etc. Saber interpretar os dados é fundamental, mas mais importante é saber identificar as fraudes intelectuais de pessoas desonestas que tentam ofender descaradamente a própria sensatez humana, independente do humano que a defende. A argumentação neo-ateísta é aquela de sempre, e quando o debate já está perdido, nada tão eficaz quanto apelar para a ridicularização somada ao ataque em bando…

Escrito por Vinícius Oliveira. Caos & Regresso.

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