controle populacional – Portal Conservador https://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Tue, 06 Nov 2018 11:16:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3.2 65453639 Lumpemproletariado, violência e desarmamento civil em prol da Revolução https://portalconservador.com/lumpemproletariado-violencia-e-desarmamento-civil-em-prol-da-revolucao/ https://portalconservador.com/lumpemproletariado-violencia-e-desarmamento-civil-em-prol-da-revolucao/#respond Fri, 11 May 2018 22:39:11 +0000 http://portalconservador.com/?p=3842 read more →]]> O intento não é o de dar uma concepção filosófica à violência, ou de explicar o porquê da existência da violência. Aqui almejo discutir como a violência é utilizada em prol da revolução, e o porquê dela ser uma alternativa a longo prazo para o crescimento do Estado. O caminho do controle de armas é uma alternativa muito mais segura do que instalar uma ditadura goela abaixo. Primeiro porque os desarmamentistas podem se esconder no discurso da paz e na suposta segurança à população que um controle de armas pode fazer, independente dos resultados fáticos. A lógica parece ser bem simples. Sem armas igual a sem crimes. Mais armas significam mais crimes – menos armas significam menos crimes, essa é a pressuposição básica de todo o discurso desarmamentista.

Os desarmamentistas seguem a constatação de que todos os “verdadeiros cidadãos” estão dispostos a entregar suas armas em prol da segurança mútua, que ficaria a cargo unicamente de uma força policial mantida pelo Estado. De fato, as campanhas em prol do desarmamento são um enorme sucesso, e milhões de cidadãos cumpridores da lei entregaram (e continuam entregando) voluntariamente suas armas ao Estado. Afinal, quem em sã consciência é contrário a paz? Apenas os loucos, talvez. Mas não há como negar que a retórica emotiva logrou um sucesso estrondoso, e os cidadãos acreditaram que estariam mais seguros se entregassem o cuidado da própria segurança nas mãos do Estado.

O grande problema reside em que nenhum dos marginais e bandidos entregou sequer uma de suas armas. Aliás, o Estatuto do Desarmamento, imposto em 2003, foi a maior das conquistas nacionais para o banditismo. Agora, e sob a proteção da lei, podem cometer crimes com armas de fogo sem ter a certeza de reação do cidadão comum. O azar, naturalmente, ocorre quando eles se deparam com policiais militares ou com policiais civis, ou ainda com cidadãos armados, cujo único crime pode ser o de possuir uma arma de fogo para sua legítima defesa. O Estatuto, por sua vez, legitimou a ousadia criminosa – e a liberdade de cometer crimes em qualquer horário e em qualquer ambiente, com a tranqüilidade de se depararam com cidadãos desarmados, mesmo quando em se tratando de invasões a domicílio. Com uma canetada, a aprovação do Estatuto do Desarmamento, bem como outras leis restritivas de armas pelo mundo afora transformou bons cidadãos, que não cometiam crimes com as armas em que eram proprietários, em “legítimos” criminosos, ao passo que proporcionou mais segurança para os verdadeiros criminosos que continuamente cometem crimes utilizando armas de fogo!

Conquistar o direito de ter a posse de uma arma de fogo – e isso significa tê-la em seus domínios privados, como em casa ou no trabalho, se trata de um verdadeiro infortúnio. Não obstante os requisitos mínimos, como a idade de 25 anos ou a ausência de antecedentes criminais (embora, a princípio, em partes legítimos), o cidadão médio se deparará com a burocracia estatal e os altos preços das armas e munições vendidas no país, que fica a cargo de um monopólio estabelecido pela Forjas Taurus, companhia de armas, aliada à cumplicidade do governo. Nunca, jamais, foi tão caro proteger a própria vida, propriedades e liberdade. O porte de arma de fogo, que compreende a utilização ostensiva de uma arma, é praticamente proibido para o cidadão comum e permitida em parte apenas para funcionários públicos. O rol é taxativo e a lei de 2003 enumera onze exceções, como integrantes das forças armadas.

O que podemos provar aqui, a princípio, é que a retórica do controle de armas, não objetiva e sequer foi produzida para proteger a população da criminalidade. Aliás, foi construída de tal modo que protege o Estado da população. De um lado têm-se os agentes estatais armados, e seus representantes políticos, ora protegidos pela polícia estatal, ora protegidos pela segurança privada, à custa do contribuinte. Do outro, uma grande população refém da criminalidade e de possíveis devaneios autoritários do Estado. Quem quer que acredite que a Era das ditaduras acabaram, está redondamente enganado – o diabo está sempre à espreita. O 4º Presidente dos EUA, James Madison Jr. (1751-1836), já dizia acertadamente que os “governos temem cidadãos com armas”.

Se os políticos modernos estão tão convencidos de que menos armas significam menos crimes, porque ainda assim fazem grande uso de seguranças armados até os dentes? Barack Hussein Obama, outrora presidente dos Estados Unidos, é o maior dos desarmamentistas na história recente da política norte-americana. Em algum momento sequer ele recusou a proteção do Serviço Secreto, ou os dispensou de proteger sua nova mansão, no número 2446 da Rua Belmont, Kalorama, no noroeste de Washington? Desarmamentistas são mentirosos. Eles não estão preocupados com a segurança dos cidadãos, mas tão apenas com a própria segurança, e que não obstante, é paga com a “contribuição” do restante dos cidadãos! Você paga ao Estado pela segurança da classe política, ao passo que ela lhe nega o direito básico à própria segurança. O presidente Donald Trump acertou em cheio quando mandou a então candidata à Casa Branca, Hillary Clinton, a desarmar seus seguranças, já que as armas são incapazes de proteger quem quer que seja.

Nos Estados Unidos, praticamente todos os últimos grandes tiroteios em escolas e lugares públicos costumam ocorrer em áreas chamadas “gun free zones”, ou em tradução livre, áreas livres de armas. Vamos imaginar que você é um atirador e desequilibrado em potencial, disposto a levar dezenas para a cova. Me parece mais do que claro que você escolheria uma área livre de armas para descarregar o pente – é algo que qualquer terrorista em sã consciência faria. Na verdade, faz. Em 12 de junho de 2016, o terrorista muçulmano Omar Saddiqui Mateen, fiel ao Estado Islâmico, matou cinqüenta e feriu mais cinqüenta e três na boate Pulse (Orlando, Flórida), voltada ao público gay. O terrorista só caiu depois de ter encontrado policiais que atenderam a ocorrência. Policiais armados, vale dizer.

O fato é que a boate Pulse se situa em uma “área livre de armas” em Orlando, devido às leis de controle de armas da Flórida. O que parece curioso a um olhar desatento é o fato do então presidente Obama cobrar ainda mais do Congresso americano controle de armas para coibir atentados dessa natureza. Não vêem como isso soa ridiculamente falso? Eram lágrimas de crocodilo. A retórica desarmamentista falha miseravelmente e a resposta encontrada por políticos democratas é justamente acentuar o mesmo discurso que produziu o retumbante fracasso. O massacre em Orlando é a maior matança a tiros dos Estados Unidos, esta é a manchete de 13 de junho no El País. Um ou mais cidadãos armados na boate Pulse – e o desfecho poderia ter sido completamente diferente.

As escolas e universidades americanas são por imposição federal áreas livres de armas, e são sempre alvos prioritários de terroristas, tanto pela tranqüilidade como pela arrasadora probabilidade de sucesso – funcionários, professores e seguranças não podem, afinal, estar armados. A justificativa democrata (como também, mesmo republicana) é a de que, proibindo as armas nas escolas, as crianças e os jovens estudantes estariam mais protegidos. Quantas vidas esta política desastrosa conseguiu destruir? Tomando como partida o massacre em Columbine, em abril de 1999, têm-se pelo menos mais de uma centena de estudantes, muitas destas crianças.

Eu gostaria de viver num mundo em que as armas não fossem necessárias. Mas a idealização não é um campo em que os conservadores são peritos. O campo que almejamos é o dos fatos, movida por uma racionalidade exemplar, atenta aos devaneios do mundo. Deixemos as utopias para os vendedores de sonhos – políticos progressistas e de esquerda. Thomas Sowell, influente economista norte-americano, acertou em cheio quando afirmou que “quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-las”. O controle de armas falhou miseravelmente. Quando a criminalidade aumenta, motivada pela ideologia anti-armas, os políticos argumentam que o controle não fora efetivo o suficiente!

Quem imaginaria que um controle bem sucedido de armas ocasionaria não em um aumento generalizado da segurança e da prosperidade, mas em um verdadeiro genocídio? A história recente do século XX não parece ser suficiente para colocar por terra toda a retórica desarmamentista? Adolf Hitler objetivava a paz quando impôs a força o controle de armas para os judeus alemães? O resultado parece ser bem óbvio – e poucos são aqueles que ousam discordar do terror do holocausto. Mas foi isto que verdadeiramente ocorreu. Muitos historiadores do nacional-socialismo foram unânimes em contar os detalhes sobre a escalada e a ascensão do regime nazista ao poder. Mas eles parecem não contar sobre toda a história. E a história do holocausto se inicia com o desarmamento civil dos judeus.

A Noite dos Cristais (Kristallnacht), como ficaria conhecida posteriormente o pogrom de 10 dez de novembro de 1938, foi precedido pelo desarmamento puro e simples. Não são poucos os historiadores de esquerda que tentaram argumentar que Adolf Hitler não era um legítimo representante da causa desarmamentista, partindo da constatação de que as leis da República de Weimar quanto ao controle de armas eram bem mais rígidas e de que, portanto, Hitler deveria ser compreendido como um liberal – tão apenas porque desregulamentou a posse de rifles e espingardas, como costumam defender os liberais. Mas há um detalhe, não tão curioso assim. Tal desregulamentação é verdadeira – mas ela não era válida para ciganos ou para judeus, mas apenas para membros do establishment e do Partido Nazista. Quando a Noite finalmente acabara, noventa judeus tinham sido assassinados e quase seis mil lojas judaicas foram depredadas, incendiadas e roubadas. Do lado nazista, nenhum membro do Partido saiu ferido no episódio. Deixassem as armas nas mãos dos judeus, e a Noite provavelmente sequer teria começado. Onde quer que os nazistas fossem em suas rotineiras invasões na Europa dos anos 40 e 50, lá estavam às proibições das armas de fogo. Dois eram os caminhos tradicionais para aqueles que eram encontrados com armas: fuzilamento (de imediato), ou na melhor das hipóteses, uma estadia sem volta para um campo de concentração.

Um problema verdadeiro nasce quanto à legitimidade da existência de um registro nacional de proprietários de armas. Os nazistas fizeram um grande e maldoso uso dos arquivos – foram à caçada de todo judeu que tivesse armas para sua defesa. Confiscaram armas e patrimônio, e condenaram os judeus ao holocausto. Uma tarefa absurdamente fácil. Nome e endereço eram tudo o que os nazistas precisavam – e que foi proporcionado pela Lei de Armas de Fogo de 1928, que obrigava aos proprietários de armas constarem no registro nacional de proprietários. É preciso dizer mais do que isso? Devemos esquecer-nos desse detalhe e confiar em todo e qualquer governo? Lutar contra um registro nacional de proprietários de armas é algo que qualquer conservador prudente deve ter como bandeira, e que pode nos proteger da tirania do governo. Aliás, o único registro nacional que deve existir é aquele “negativo” – pessoas que deveriam constar como proibidas de ter armas, mas tão apenas porque são verdadeiras ameaças à sociedade civil – ou seja, criminosos condenados e pessoas desequilibradas emocionalmente.

Também há algo a se dizer sobre a tradição suíça, e como ela ajudou a proteger o povo suíço da ocupação nazista. A Suíça, um pequeno país de 41.285 km² no meio do continente europeu, foi o único remanescente a ficar livre do terror nazista. Não que ela tenha sido determinante, vale dizer, porque é preciso relembrar que os próprios nazistas conservaram grande parte de seu espólio roubado dos judeus em cofres suíços. Mas a habilidade, a quantidade de rifles e o treinamento dos suíços com o manejo de armas de fogo era um argumento tão forte que fez Hitler e seus generais de guerra repensar exaustivamente sobre os planos de invasão e como todos eles teriam um alto custo para as tropas nazistas, mesmo quando os nazistas aparentemente eram os vencedores incontestáveis na Segunda Guerra. Hitler desprezava os suíços e se havia algo a falar de positivo sobre a Suíça, era como o país caberia bem no projeto da Grande Alemanha, embora não tenha sido do ponto de vista estratégico algo que devesse ter sido feito a todo custo. A grande verdade é que não foi o exército suíço o grande responsável pela defesa da vida e da liberdade da população, mas meros cidadãos armados, treinados desde a tenra idade. Se no Brasil o esporte nacional é o futebol, na Suíça o esporte nacional é o tiro esportivo. O cenário parece desanimador para criminosos e nações estrangeiras? Certamente. Enfrentar a geografia dos Alpes já era um grande empecilho para a infantaria. Quem dirá encarar civis da ordem de 850.000 homens armados? Não obstante a paixão natural e histórica pelas armas daquele povo, que remontam ao século XIII, os nazistas sabiam que em toda residência havia armas – e que grande parte do povo era treinada para utilizá-las.

Se o Estado está verdadeiramente preocupado com a segurança da população, deve permitir o direito do cidadão comum de ter e de portar armas. As leis de armas são ineficazes porque se destinam às pessoas erradas – porque se destinam aos verdadeiros cidadãos, cumpridores da lei e que não cometem crimes. Nenhum bandido ou marginalizado jamais se submeteria a cumprir as exigências mínimas da burocracia estatal para comprar armas. Duas são as fontes naturais de origem das armas dos criminosos: a do comércio ilegal e de armas legais roubadas dos cidadãos. Preencher as exigências legais tão só para cometer crimes é uma inocência grotesca e verdadeiramente burra. O direito de ter e de portar armas deve ser compreendido como um direito inalienável, verdadeiro direito humano, concedido a todo e qualquer cidadão apto a ser proprietário. Este é o entendimento dos Pais Fundadores ao redigirem a Segunda Emenda norte-americana.

Existe um dispositivo curioso em grande parte dos Estados Unidos. Cidadãos armados, com o devido porte legal de arma, podem a vir participar de excursões policiais em prol da segurança local, quando as circunstâncias assim a exigirem. É bem comum em pequenas cidades, quando os policiais se limitam muitas às vezes em um xerife com dois ou três patrulheiros. A insuficiência numérica da polícia local pode ser rapidamente sanada com o auxílio dos próprios cidadãos, convidados pelo xerife a combater a criminalidade. É um dispositivo sem precedentes na história brasileira. A Coroa portuguesa via com grande perigo as armas nas mãos dos colonos – porque havia sempre o temor das insurreições contra o rei – o mesmo ceticismo que os governos republicanos do século XX (e de esquerda) partilham. O principal traço dos regimes autoritários latinos, de cunho socialista, é a centralização das forças de segurança nacionais. Na Venezuela, uma iniciativa dessas foi levada a cabo por Hugo Chávez e seguida pelo seu sucessor no partido, Nicolás Maduro.

A impunidade e o lumpemproletariado. Cesare Beccaria já argumentava, no clássico “Dos Delitos e Das Penas”, de que a simples existência de uma lei incriminadora não era suficiente para prevenir crimes – mas a certeza da punibilidade da conduta criminosa. Mas o que é o lumpemproletariado, na concepção criada pelo Karl Marx? São os criminosos e marginalizados, visualizados como conseqüência natural do desenvolvimento do sistema capitalista. Uma vez que eles não são os proprietários dos meios de produção e tampouco possuem acesso aos bens de consumo, só restaria a eles a criminalidade – um argumento bastante utilizado e que se mostra insuficiente para explicar o porquê de tantos adolescentes e jovens entrarem no tráfico de drogas. Se o termo foi cunhado por Marx, o certo é de que os marxistas do século XX, enraizados na Escola de Frankfurt, como Walter Benjamin, Adorno, Marcuse e Lukacs, deram uma excelente contribuição para o pensamento autoritário moderno – como podem utilizar da criminalidade para o crescimento do poder estatal. A competência para o sucesso da revolução foi transferida dos operários modernos, como pensava Marx, para os criminosos e degenerados de toda espécie, como pensam os frankfurtianos.


A violência não desponta apenas pela incapacidade do Estado de conter a violência, ela é criada ou mesmo incentivada pelos Estados autoritários, numa orgia entre legisladores e julgadores, ambos permissivos. Sistemas de progressão das penas, visitas íntimas em presídios, indultos de festas e de Natal, permissividade quanto a existência de facções criminosas, discursos de “direitos humanos”. A criminalidade é muitíssimo útil para os Estados modernos, que podem criar mecanismos e instrumentos de controle. Não é senão a pretexto da segurança pública que o Estado moderno retirou as armas do cidadão comum? O resultado foi a concentração das armas nas forças estatais e nas mãos de criminosos. Um fato curioso me veio a despertar primeiro surpresa, e depois uma crise de risos: um noticiário local veiculou com particular felicidade o excelente trabalho da polícia civil do interior da Paraíba, que apreendeu quinze armas de fogo na pequena cidade de Alcantil, armamento que “talvez” fosse utilizado para assaltos a bancos. Um idoso, de mais de oitenta anos, também foi preso. O grande problema reside justamente na qualidade do dito “armamento”. Alguém imaginaria um assalto a banco com mosquetes (sendo a última imagem meramente ilustrativa), que em verdade traria grande alegria para colecionadores? É certo que nos idos de 1650 talvez um mosquete fosse considerado tecnologia de ponta, ou ainda no limiar da guerra civil norte-americana. No século XXI, sem dúvidas alguma, uma verdadeira blasfêmia.

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Conheça a feminista que defendia o aborto como meio de exterminar a população negra https://portalconservador.com/conheca-a-feminista-que-defendia-o-aborto-como-meio-de-exterminar-a-populacao-negra/ https://portalconservador.com/conheca-a-feminista-que-defendia-o-aborto-como-meio-de-exterminar-a-populacao-negra/#comments Fri, 06 Feb 2015 04:35:31 +0000 http://portalconservador.com/?p=1975 read more →]]> half_page_bubble_margaretsanger

“Como defensores do controle da natalidade, os eugenistas, por exemplo, estão tentando ajudar na corrida para a eliminação dos inaptos.” [1] Estas são as palavras de uma mulher que é reverenciada como uma grande ativista em prol das mulheres de todo o mundo: Margaret Sanger (1879-1966), “a mãe” do grupo Planned Parenthood. Esta dita organização sem fins lucrativos foi fundada em 1916, quando Sanger abriu a primeira clínica de aborto nos Estados Unidos, no bairro do Brooklyn, em Nova Iorque, cuja população era quase na totalidade negra. Brooklyn, passado quase um século, ainda tem a maioria negra.

Profissionalmente, Sanger era uma enfermeira que testemunhou perante o Senado dos Estados Unidos em 1916 para incentivar a formação do “Population Congress”, que procurava empregar a eugenia negativa para proporcionar uma ‘verdadeira humanidade’, cuja ideia básica era eliminar todos os impróprios e inaptos. Suas propostas draconianas de segregação forçada, para os cidadãos americanos, eram comumente defendidos pelos “progressistas” que procuravam alcançar uma raça superior e mais inteligente.

Em sua autobiografia, explica como também possuía estritas ligações com o grupo racista Ku Klux Klan, e como foi ascender socialmente: “Eu aceitei um convite para conversar com o ramo das mulheres do Ku Klux Klan… Eu vi pela porta figuras sombrias desfilando com bandeiras iluminadas… Eu fui escoltada para a plataforma, e começaram a falar… No final, através de ilustrações simples eu acreditava que tinha conseguido o meu propósito. Uma dúzia de convites para falar com grupos semelhantes foram proferidas” [2]. Em 1926 ela fez sua primeira palestra para o grupo em Silver Lake, Nova Jersey.

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Em seu livro “Um plano para a paz” (1932), Sanger propôs a criação de um departamento no Congresso americano visando “manter as portas da imigração fechadas à entrada de certos estrangeiros cuja condição seja reconhecidamente prejudicial à força da raça, tais como retardados mentais e disléxicos, idiotas, lentos, loucos, portadores de sífilis, epiléticos, criminosos, prostitutas profissionais e outros nesta classe barrados pela lei de imigração de 1924.”[3] No plano externo, Sanger protegeria o povo norte-americano. No plano interno, engendrava a campanha de esterilização da população negra, que não era “verdadeiramente norte-americana”. O plano foi denominado The Negro Project, iniciado em 1939.

Algumas das frases notáveis da “maior feminista do século XX”:

1. “os negros e os europeus do sul são mentalmente inferior aos nativos americanos” [4]

2. “pessoas de cor são como ervas daninhas e devem ser exterminadas” [5]

3. “secretamente investir em áreas não-brancas, instalando clínicas de abortos em guetos de negros. Solicitar ajuda em dinheiro para criar clínicas de aborto, preferencialmente em áreas não-brancas” [6]

4.  “o controle de natalidade em si – muitas vezes denunciada como uma violação da lei natural – é nada mais nada menos do que a facilitação do processo de eliminar o inapto, de impedir o nascimento de defeituosos ou de quem vai se tornar defeituoso.” [7]

5. “A acusação mais grave que pode ser movida contra a “benevolência” moderna é que é encoraja a perpetuação de defeituosos, delinquentes e dependentes. Estes são os elementos mais perigosos na comunidade mundial, a maldição mais devastadora sobre o progresso humano e de expressão.” [8]

6. “Caridade organizada em si é o sintoma de uma doença social maligna… Em vez de diminuir e com o objetivo de eliminar os estoques [de pessoas] que são mais prejudiciais para o futuro da raça e do mundo, tende a torná-las um dominante grau ameaçador” [9]

Nos Estados Unidos, mais de 60 mil pessoas foram esterilizadas contra sua vontade. E a maioria ocorreu durante os anos 30 e 40, quando Sanger e os movimentos de controle de natalidade e de controle de população foram empurrando estados rígidos, promulgando e aplicando leis de esterilização. Entre as vítimas estavam cegos, surdos, epilépticos, deficientes mentais e pessoas com QIs baixos diagnosticados como “débil mental”, e é claro, tendo como objetivo, a população negra e pobre do sul do país.

Coincidentemente ou não, a mesma eugenia negativa seria largamente empregada pela Alemanha Nazista desde o primeiro ano da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Os nazistas também praticavam a eugenia com todos aqueles que possuíam deficiências físicas e mentais, através do extermínio e da esterilização. O Partido Nazista criou um programa destinado para o triste fim, o Lebensborn, sob liderança de Heinrich Himmler, “visando proteger a raça ariana e contribuir para o progresso da humanidade”, uma política de higienização racial.

O grupo Planned Parenthood começou a receber financiamento federal em 1970, no governo Richard Nixon. Um dos seus doadores mais notáveis são as fundações Ford, Turner, Cullman, inclusive a Fundação Bill e Melinda Gates, e também mais de 700 mil membros ativos, movimentando no ano de 2011 mais de 200 milhões de dólares. Atualmente, a “organização sem fins lucrativos” opera como uma grande empresa de planejamento familiar, cujo predominante serviço é…realizar abortos.

Quase 80% de suas clínicas estão em comunidades minoritárias. A comunidade negra é apenas 12% da população norte-americana, mas quase 40% dos abortos são praticados em mulheres negras. A minoria negra americana está em declínio, devido a estas bem sucedidas campanhas de controle populacional. Apesar de tudo, Sanger figura na lista dos “100 líderes revolucionários do século XX” da revista Time.

Pelo fim imediato do extermínio da população negra e pelo fim imediato do aborto nos Estados Unidos.

 

***

Referências

[1] “Birth Control and Racial Betterment”, Birth Control Review, February 1919, pg 11, Margaret Sanger

[2] Sanger: An Autobiography, p. 366

[3] Sanger, “A Plan For Peace”, Birth Control Review, April 1932, p. 106

[4] E. Drogin, Margaret Sanger: Father of Modern Society, CUL Publishers, 1980, Section 1, p. 18

[5] Tanya L Green. The NEGRO PROJECT: Margaret Sanger’s EUGENIC Plan for Black America.

[6] Encyclopedia of White Power: A Sourcebook of Radical Racism

[7] The NEGRO PROJECT

[8] The NEGRO PROJECT

[9] Sanger, Pivot of Civilization, Chapter V, “Cruelty of Charity”

 

LER TAMBÉM: Jane Roe, a pioneira do aborto, está arrependida

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Não existem argumentos para o aborto https://portalconservador.com/nao-existem-argumentos-para-o-aborto/ https://portalconservador.com/nao-existem-argumentos-para-o-aborto/#comments Thu, 21 Aug 2014 13:58:04 +0000 http://portalconservador.com/?p=1011 read more →]]> Não existem argumentos para o aborto! é a primeira parte de uma série de argumentos que são analisados e refutados, que são utilizados a esmo para defender o aborto.

Argumentos como objeto de refutação e informações adicionais:

1. “Legalização do aborto fará acabar o aborto clandestino”
2. “O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente. Se o aborto fosse feito em hospitais e por pessoal competente, não haveria mortes”
3. “Depois da despenalização só aborta legalmente quem abortaria clandestinamente”
4. Síndrome pós-aborto!
5. Aborto para a Diminuição de violência?
6. Razões para o aborto – o culpado não é o estupro!
7. “Não existe consenso na ciência sobre o assunto” ou “A vida do ser humano não começa na concepção” ou “A mulher tem direito sobre o próprio corpo”

1. “Legalização do aborto fará acabar o aborto clandestino”

ESTUDO 01

Numa entrevista concedida a Zenit, o Dr. Renzo Puccetti, especialista em Medicina Interna e secretário do Comité «Ciência & Vida» de Pisa-Livrono, explicou quais e quantas mentiras foram contadas para fazer a população aceitar, sobretudo as mulheres, a liberação do aborto.

«Afirma-se que a legalização do aborto fará acabar o aborto clandestino, mas isto é falso. Na Itália, depois de 29 anos de aborto legal e mais de 4.600.000 abortos legais, o Instituto Superior de Saúde estima em 20.000 o número de abortos clandestinos por ano (Relatório do ministro da saúde sobre a atuação da lei sobre a tutela social da maternidade e a interrupção voluntária da gravidez (lei 194/78) no ano de 2006)».

A quem diz que legalizando o aborto e combatendo assim o aborto clandestino se evita que as mulheres morram por causa das complicações de tal prática que, por sua própria natureza, não assegura a mesma segurança de um aborto legal, o Dr. Puccetti respondeu: «Os dados da OMS referem que a mortalidade materna (a mortalidade da mulher no período do início da gravidez até o quadragésimo segundo dia depois do término da gravidez, conduzida ao término ou interrompida) em Portugal, Irlanda e Polônia, onde o aborto é ilegal, é em média mais baixa em relação a dos países vizinhos, respectivamente Espanha, Inglaterra e República Tcheca».

«Por outro lado —acrescentou— há um estudo que fez definitivamente cair o presumido rol “salvífico” do aborto em relação à mulher. Na Finlândia foram avaliados os falecimentos de todas as mulheres em idade fértil entre um ano do término da gravidez; o resultado é que as mulheres que abortaram voluntariamente tiveram uma mortalidade três vezes maior em relação àquelas que deram à luz, com uma taxa de suicídio de 700% (Gisler M, Berg C, Bouvier-Colle MH, Buekens P. Am J Obstet Gynecol. 2004 Feb; 190(2):422-7).

«O estudo do professor Fergusson, —explicou o médico— conduzido controlando um grupo de fatores, mostrou o aumento da incidência de depressão e dos distúrbios de ansiedade nas mulheres que abortaram (Fergusson DM et al. J Child Psychol Psychiatry. 2006 jan; 47(1):16-24)».

«Sobre a base das evidências —sublinhou Puccetti— está claro que o aborto é nocivo para a saúde da mulher; as verdadeiras feministas, aquelas que devem combater pela tutela da vida e da dignidade da mulher, não conheço muitas, são firmemente contrárias ao aborto, vendo como isto é simplesmente o primeiro passo de uma tecno-ciência que, prometendo à mulher maior liberdade, na verdade lhe tira do próprio corpo, roubando o “know-how” da mulher para confiá-lo a um técnico do corpo feminino».

Segundo o secretário de Ciência & Vida de Pisa-Livorno, «entre os frutos da mentalidade abortista não é estranho o inverno demográfico. Não são raros os casos que depois de um ou mais abortos, efetuados porque não era o momento oportuno para uma gravidez, voltam-se desesperados a buscar o tratamento pró-criativo com as técnicas mais invasivas, mas na maior parte falhas, de procriação artificial».

«Se se admite por lei que o direito a decidir o quando da maternidade prevalece sobre tudo, até poder sacrificar a vida humana, —revelou o médico de Pisa— é fácil que na sociedade prospere uma cultura de aniquilamento demográfico. Também considerando as mães imigrantes que giram em torno de 12%, em geral têm dois filhos e antecipam a gravidez geralmente em quatro anos em relação às mulheres italianas, na Itália a natalidade está no limite mínimo».

Um dos argumentos utilizados pelos que sustentam a interrupção voluntária da gravidez é aquele de fazer acreditar que o aborto é bom para a mulher vitima de violência ou incesto.

«Na verdade —explicou Puccetti— tais motivações entram em jogo em menos de 0,5% dos casos (Lawrence B. Finer Perspectives on Sexual and Reproductive Health Volume 37, Number 3, September 2005). Também nestes dolorosos casos, de todas as formas, o aborto não constitui uma ajuda para estas mulheres, mas também pode acrescentar uma outra ferida a uma já aberta, como testemunhado por um documento específico redigido por mulheres americanas que ficaram grávidas após um ato de violência (http://www.afterabortion.info/news/WPSApetition.htm).

Também a argumentação dos defensores da interrupção voluntária da gravidez, segundo os quais se diz que o recurso ao aborto é excepcional, é para Pucetti «uma motivação fraudulenta».

O secretário de Ciência & Vida afirmou que «os dados desmentem esta tese». Justamente «a abortividade há anos na Itália é estável em torno de 250 abortos entre 1000 nascidos vivos. A legalização se associa a uma adição à prática abortiva: na Itália, somente no ano de 2004, 23.431 mulheres abortaram pela segunda vez, 6.861 pela terceira, 2.136 pela quarta e 1.433 por, pelo menos, a quinta vez».

«Todos os estudiosos, mesmo os abortistas, —concluiu Puccetti— admitem que aumentar o acesso ao aborto aumenta o recurso a esta medida. Entre os numerosos exemplos há o da Irlanda: é sabido que mulheres irlandesas vão abortar na Inglaterra, mas o fenômeno abortivo na Irlanda é um terço do inglês, onde o aborto é legal se requerido; é bom ter em mente que a tais áridos números correspondem 10.555 vidas humanas que nascem, vivem, se alegram e sofrem como todos nós, ao invés de ser jogadas no lixo entre os refugos especiais de um hospital».

ESTUDO 02

Em 1984 legalizou-se -ou despenalizou-se- o aborto para acabar com o aborto clandestino em Portugal. Contudo, não existem evidências que apontem, com a legalização, que mulheres vão passar a recorrer ao aborto legal. Todos os defensores do aborto estão convidados a apresentar um país -um único!- onde a legalização do aborto tenha acabado com o aborto clandestino. No caso de não conseguirem, expliquem-nos então porque invocam o aborto clandestino a seu favor.

a) E expliquem mais isto: nos países em que o aborto é proibido, as forças pró-aborto clamam contra as mortes causadas pelo aborto clandestino. Nos países onde o aborto é permitido até às 12 semanas, as forças pró-aborto clamam contra as mortes em abortos clandestinos depois das 12 semanas. Com argumentos destes, tendo sempre o cuidado de nunca verificar a veracidade das mortes alegadas, pode-se legalizar o aborto até aos nove meses! É isso que se pretende? Se é, porque o não dizem claramente? Se não é, como pensam parar o processo? Por acto de fé?

b) Se algumas mulheres morrerem na sequência do aborto do seu filho de 35 semanas, isso será motivo para legalizar o aborto até às 35 semanas? Porque é que a morte num aborto clandestino até às 12 semanas legitima a legalização do aborto até ás 12 semanas, e a morte na sequência de um aborto às 35 não legitima a legalização do aborto até às 35 semanas?

O aborto na Índia é legal há 25 anos e por cada aborto legal fazem-se dez clandestinos. Como se explica isto? Quem garante que não acontecerá o mesmo em outros países? Todos os estudos que se seguem provaram que, depois da legalização, o aborto clandestino não diminui de forma significativa:

(Inglaterra: Brit. Med. Jour., May 1970, 1972, e Lancet, Mar. 1968;
Japão: Asahi Jour., Oct. 16, 1966;
Hungria: International Jour. of OB/GYN, May 1971;
EUA: Amer. Jour. of Public Health, No. 1967. )

 

2. “O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente. Se o aborto fosse feito em hospitais e por pessoal competente, não haveria mortes”

Poucos riscos em obstetrícia são tão certos como aqueles a que a grávida se expõe quando aborta após a décima quarta semana de gravidez.” (Cf. Duenhoelter & Grant, “Complications Following Prostaglandin F-2A Induced Midtrimester Abortion,” Amer. Jour. OB/GYN, vol. 46, no. 3, Sept. 1975, pp. 247-250)

Uma das razões que mais frequentemente levam as mulheres à urgência de ginecologia, são abortos feitos em clínicas de aborto legais.” (Cf. L. Iffy, “Second Trimester Abortions,” JAMA, vol. 249, no. 5, Feb. 4, 1983, p. 588.)

E quais são os problemas a que a mulher se sujeita quando aborta? Entre outros podem-se referir: 20% gravidez ectópica (numa gravidez “desejada” posterior), 8% infertilidade, 14% aborto expontâneo (numa gravidez “desejada” posterior), 5% parto prematuro (numa gravidez posterior), e muitas outras (como hemorragias, febres, coma e morte).

«As mulheres sofrem e morrem em abortos legais em parte porque o aborto é inerentemente perigoso, é um ataque violento, e em parte porque as pessoas que se dedicam a fazer abortos podem ser tão perigosos para a saúde das mulheres como alguns dos infames abortadores de vão-de-escada». (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

Em 2010, foram apresentados alguns estudos de campo sobre o comportamento de mulheres que praticaram o aborto no 1º Encontro de Estudos Médicos sobre a Vida Humana, em Lisboa, Portugal. Especialistas demonstraram forte relação do aborto induzido com graves enfermidades mentais e físicas das mulheres que o cometeram. Os dados revelaram que 60% das mulheres que o praticaram necessitaram de cuidados mentais 90 dias depois. Depressão, comportamento bipolar, síndrome do pânico, surtos psicóticos foram alguns dos transtornos observados nelas, além do medo e da culpa.

“Eu como confessor não conheço nada mais mortal para uma mulher do que o trauma de um aborto, porque você arrancar o neném de dentro dela é mais do que tirar um pedaço da mulher, é arrancar a sua essência”, destaca padre Carlos Lodi, líder pró-vida de Anápolis (GO).

A médica em Biologia molecular Alice Teixeira relata que existem muitos estudos que relacionam o câncer de mama a abortos provocados.

Segundo a Dra. Pilar Virgil, médica e especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Católica do Chile, as consequências são muitas. “São consequências afetivas, consequências no sistema imune, e é muito comum o desenvolvimento de certos transtornos”, afirma.

 

3. “Depois da despenalização só aborta legalmente quem abortaria clandestinamente”

Num estudo realizado nos EUA, 72% das mulheres interrogadas afirmaram categoricamente que se o aborto fosse ilegal nunca o teriam feito. As restantes exprimiram dúvidas sobre se o teriam feito ou não. Somente 4% das interrogadas afirmaram que teriam feito o aborto ainda que ele fosse ilegal. (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

4. Síndrome pós-aborto!

Herbert Praxedes
Médico e Professor Titular do Departamento de
Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal Fluminense – UFF

Dernival da Silva Brandão
Médico especialista em Ginecologia e Membro Emérito da
Academia Fluminense de Medicina

Os graves danos físicos e psicológicos decorrentes do aborto provocado são conhecidos internacionalmente sob a designação de “síndrome pós-aborto.”

A propósito, veja-se o artigo “O que é a Síndrome Pós Aborto ?”, de Wanda Franz, PhD, Professora Associada de Recursos Familiares da Universidade de West Virgínia, Morgantown,WV 26505, U.S.A., traduzido do “National Right To Life News 14(1):1-9,1987 – What ist Post-Abortion Syndrome ?” , por Herbert Praxedes, Médico e Professor Titular do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense – UFF.

No dia 15 de junho de 2005, promovida pela Associação das Mulheres em Acção, foi realizada em Lisboa, Portugal, a conferência “A Realidade Ibérica da Saúde Sexual e Reprodutiva”, na qual foi um dos oradores o professor catedrático e psiquiatra espanhol Aquilino Lorente, que afirmou: “As conseqüências de um aborto para a mulher são muitíssimo graves, elas passam a sofrer de stress crônico, a taxa de suicídio aumenta e as depressões não respondem aos fármacos”. O psiquiatra Pedro Afonso, do Hospital Júlio de Matos, contou um pouco da sua experiência como médico e como voluntário no centro de apoio a mulheres grávidas e mães de risco Sta. Isabel, na capital portuguesa: ”Um aborto acarreta sempre muitos riscos físicos e psíquicos para as mulheres.” Também se manifestou, a espanhola Esperanza Moreno, de 38 anos, que colaborou no primeiro livro editado na Espanha com testemunhos de mulheres que abortaram e disse: “Abortei há 11 anos, era solteira e já tinha um filho. Foi a pior experiência da minha vida, ainda hoje sofro do sindroma pós-aborto . . . As clínicas parecem matadouros e nós cordeiros. Estamos sozinhas, angustiadas, envergonhadas, sentimos culpa e nunca mais esquecemos a experiência”(. Fonte: Portugal Diário, 15/06/2005)

Além disso, mesmo nos países desenvolvidos e onde é legalizada a prática do aborto provocado, este importa sempre em um agravamento do risco de vida para a mulher, conforme consta em parecer da Dra. Marli Virgínia Gomes Macedo Lins e Nóbrega, Ginecologista e Obstetra, que refere estudo realizado na Finlândia, com mulheres entre 15 e 49 anos de idade, no período compreendido entre os anos de 1987 a 2000, publicado no dia 10 de março de 2004, no Jornal Americano de Ginecologia e Obstetrícia, no qual ficou constatado “que as mulheres têm 2,95 mais chance de morrer de aborto do que de um parto” e que “a prática de qualquer abortamento aumenta significativamente o risco de mortalidade para a mulher mesmo em países desenvolvidos e onde essa prática é legalizada.” (destacamos)

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/aborto-argumentos-e-numeros-inconsistentes

5. Aborto para a diminuição de violência?

No ano de 2005 foi publicado o polêmico livro Freakonomics, que entre muitas de suas constatações, dava a ideia no seu quarto capítulo de que a queda na criminalidade ocorrida nos anos 90 em Nova York não seria causada pelas políticas de segurança do governo, mas pela legalização do aborto nos anos 70.

Países onde o aborto é legalizado em verde.

“A idéia é simples: crianças indesejadas têm risco maior de envolvimento em crimes, e a legalização do aborto reduz o número de crianças indesejadas. Portanto, não é difícil ver por que legalizar o aborto reduziria a criminalidade”, disse Levitt, o escritor de Freakonomics.

Segundo o livro, crianças indesejadas que foram abortadas teriam maior probabilidade de se tornarem criminosas caso tivessem nascido. Uma vez que o Estado elimina essas crianças indesejadas que nunca vieram a nascer, no futuro, a criminalidade seria diminuída com a inexistência desses criminosos que jamais existiram. Parece estranho para você? Pois para mim parece.

Levitt, em Freakonomics, chega a  declarar que a diminuição da criminalidade em Nova York, nos anos 90, não foi obra do plano “Tolerância Zero”, do então Prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, mas sim, da legalização do aborto, pois com o aborto, deixaram de nascer boa parte filhos de moças solteiras, em muitos casos prostituídas ou drogadas, que nasceriam “destinados ao crime”.

Aqui há uma questão de lógica, se nos anos 90, do então Prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani elaborou o plano “Tolerância Zero”, foi porque a criminalidade em Nova York estava chegando a um patamar altíssimo e se isto estava ocorrendo como se pode falar que ela estava diminuindo?Isto é a inversão, ou melhor, a negação da lógica!

Taxa de criminalidade na Europa. Reparem que a Polônia, onde o aborto é crime, tem uma taxa de criminalidade menor do que o resto do leste europeu, que tem as maiores taxas de aborto.

Se o aborto reduzisse a criminalidade, as áreas onde são feitos mais abortos seriam as mais seguras. Na realidade, não é bem assim.

Aliás, nos Estados Norte americanos onde é alto o número de abortos, como Nova York e a Califórnia, também são altos o consumo de narcóticos e a taxa da criminalidade. Além disso, a ligação entre pobreza e crime é muito mais tênue do se imagina. Registros mostram que desigualdade de renda é mais importante que pobreza no aumento de crimes. Logo, uma indesejada criança pobre pode muito bem não nunca cometer um crime. Se a pobreza fosse diretamente relacionada com o crime, países como Bangladesh e Índia seriam campeões de crimes, mas na verdade possuem taxas inferiores as dos Estados Unidos. Portanto, para mitigar os crimes a sociedade precisa rever também sua cultura.

A taxa de homicídios praticados por adolescentes triplicou no primeiro grupo nascido depois da legalização do aborto. Como explicar isso? Se o aborto reduzisse os crimes, veríamos os crimes entre adolescente reduzidos a partir de 1987, mas é exatamente o contrário do que aconteceu. É óbvio, o crime entre jovens não triplicou por causa da legalização, o que na verdade explica esse aumento são uma série de fatores sociais muito mais complexos do que a questão do aborto.

No gráfico vemos que os homicídios entre adolescentes aumentaram depois da legalização, começando a subir em 1987, quando a primeira geração de nascidos após a legalização entrou na adolescência.

Por exemplo, quase 60% da queda nos assassinatos desde 1990 envolviam agressores com mais de 25 anos – indivíduos que nasceram antes da legalização. Como mostrado na figura abaixo, houve reduções substanciais durante os anos 1990 nos homicídios cometidos por grupos etários mais velhos, especialmente aqueles na faixa etária de 25-34 anos de idade.

O gráfico vemos que nos anos 90 pessoas com mais de 25 anos, e que portanto, não poderiam ter sido abortadas antes da legalização, apresentaram uma queda nos índices de crimes praticados. Logo, se o aborto fosse a causa da diminuição da violência, tais grupos não teriam queda alguma, comprovando que a legalização não influi na criminalidade.

Por fim, a hipótese de que crime é influenciado pelo aborto não pode explicar a grande queda nos assassinatos e em outros crimes violentos nos primeiros seis meses de 2009 (ápice da crise econômica) para os meses correspondentes de 2010. Na verdade, nada pode.

Em dezembro de 2008 houve um grande aumento no número de homicídios entre adolescentes negros, embora as mulheres negras tenham as maiores taxas de aborto , que são 3 vezes maiores do que as de mulheres brancas. Homicídios por negros entre as idades de 14 e 17  saltou 34% de 2000 a 2007, mesmo com o aborto legalizado. O número de crimes para os brancos na mesma faixa etária não aumentou.

Para que não reste nenhuma dúvida, no gráfico acima vemos a refutação cabal da ideia. Negros sofrem cerca de três vezes mais abortos do que os brancos, de modo que o “Efeito Legalização” deveria ter diminuido a criminalidade nos negros masculinos 14-17 anos se comparados com os brancos. Em vez disso, o oposto aconteceu no primeiro grupo nascido após a legalização.

Ao contrário do que é pregado religiosamente, não existem provas de que o aborto de fato diminua a violência. O livre o Freaknomics usa o exemplo da queda do crime em Nova York após a legalização, porém, as estatísticas mostram que o crime não diminuiu nas primeiras gerações afetadas pela legalização. Além do mais, a queda foi coincidente com políticas de segurança pública do prefeito republicano Rudolph Giuliani. A cerca de 2 anos atrás, um sociólogo mostrou que a queda da violência nas metrópoles ocorreu de forma parecida entre cidades onde o aborto era legalizado e não legazido. Logo, essa queda é debitada em fatores pertencentes a globalização.

Fontes:

http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/statesabrate.html

http://pricetheory.uchicago.edu/levitt/Papers/DonohueLevittTheImpactOfLegalized2001.pdf

Índices de mulheres mortas em decorrência de aborto. Reparem que Malta não legaliza o aborto e tem taxas quase iguais às dos seus vizinhos europeus que legalizam o ato.

Abaixo um estudo detalhado em inglês de dois economistas que refutam ponto a ponto a teoria de que o aborto diminui os crimes.

http://www.isteve.com/abortion.htm

 

6. Razões para o aborto – o culpado não é o estupro!

As estatísticas comprovam que mulheres que recorrem ao aborto tem maior chance de se suicidar, contrair doenças psicológicas, ter doenças ligadas aos orgãos reprodutivos e são mais propensas a ter um aborto involuntário no futuro.

Os pró-aborto alegam defender a escolha da mulher, mas menos de 2% dos abortos são feitos em decorrência de estupro. Todos sabem que muitas vezes a mulher, fragilizada, é obrigada pelo parceiro, pela família ou pelo trabalho a abortar.

O que uma lei é capaz de fazer é estipular uma pena para quem infringi-la e for pego. Só isso. O renomado economista Milton Friedmann, da Universidade de Chicado,  já fez estudos elaborados sobre a descriminalização de algumas atividades ( mais especificamente crimes ligados ao consumo de drogas), mesmo sendo a favor delas, reconheceu que é lógico que um ato legal seja mais justificado e praticado do que um ilegal.

7. “Não existe consenso na ciência sobre o assunto” ou “A vida do ser humano não começa na concepção” ou “A mulher tem direito sobre o próprio corpo”

“O desenvolvimento do embrião começa no estágio 1 quando o espermatozoide fertiliza óvulo e juntos se tornam um zigoto” (Marjorie England, professor da Faculdade de Medicina de Ciências Clínicas, Universidade de Leicester, Reino Unido). [1]

“O desenvolvimento humano começa depois da união dos gametas masculino e feminino durante um processo conhecido como fertilização (concepção). Fertilização é uma sequência de eventos que começa com o contato de um espermatozoide com um óvulo em sequência e termina com a fusão de seus núcleos e a união de seus cromossomos formando uma nova célula. Este óvulo fertilizado, conhecido como zigoto, é uma larga célula diplóide que é o começo, o primórdio de um ser humano” (Keith L. Moore, premiado professor emérito e cátedro da divisão de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto, Canadá). [2]

“Embrião: um organismo no estágio inicial de desenvolvimento; em um homem, a partir da concepção até o fim do segundo mês no útero” (Ida G. Dox, autora sênior de inúmeros livros de refência para médicos e cientistas, premiada, trabalhou na Escola de Medicina da Universidade de GeorgeTown). [3]

“Para o homem o termo embrião é usualmente restrigido ao período de desenvolvimento desde a fertilização até o fim da oitava semana da gravidez” (William J. Larsen, PhD, Professor do Departmento de Biologia Celular, Neurologia e Anatomia, membro do Programa de Graduação em Desenvolvimento Biológico do Colégio de Medicina da Universidade de Cincinnati) [4].

“O desenvolvimento de um ser humano começa com a fertilização, processo pelo qual duas células altamente especializadas, o espermatozóide do homem e o óvulo da mulher, se unem para dar existência a um novo organismo, o zigoto” (Dr. Jan Langman, MD. Ph.D., professor de anatomia da Universidade da Virgínia) [5].

“Embrião: o desenvolvimento individual entre a união das células germinativas e a conclusão dos órgãos que caracteriza seu corpo quando se torna um organismo separado…No momento em que a célula do espermatozóide do macho humano encontra o óvulo da fêmea e a união resulta num óvulo fertilizado (zigoto), uma nova vida começa…O termo embrião engloba inúmeros estágios do desenvolvimento inicial da concepção até o nona ou décima semana de vida” (Van Nostrand’s Scientific Encyclopedia) [6].

“O desenvolvimento de um ser humano começa com a fertilização, processo pelo qual o espermatozóide do homem e o óvulo da mulher se unem para dar existência a um novo organismo, o zigoto” (Thomas W. Sadler, Ph.D., Departamento de Biologia Celular e Anatomia da Universidade da Carolina do Norte) [7].

“A questão veio sobre o que é um embrião, quando o embrião existe, quando ele ocorre. Eu penso, como você sabe, que no desenvolvimento, vida é um continuum…Mas penso que uma das definições usuais que nos surgiu, especialmente da Alemanha, tem sido o estágio pelo qual esses dois núcleos (do espermatozóide e do óvulo) se unem e as membranas entre eles se chocam” (Jonathan Van Blerkon, Ph.D., pioneiro dos procedimentos de fertilzação em vitro, professor de desenvolvimento molecular, celular da Universidade de Colorado, reconhecido mundialmente como o preeminente expert na fisiologia do óvulo e do espermatozóide) [8].

“Zigoto. Essa célula, formada pela união de um óvulo e um espermatozóide, representa o início de um ser humano. A expressão comum “óvulo fertilizado” refere-se ao zigoto” (Keith L. Moore, premiado professor emérito e cátedro da divisão de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto, Canadá; Dr. T.V.N. Persaud é professor de Anatomia e Chefe do Departamento de Anatomia, professor de Pediatria e Saúde Infantil, Universidade de Manitoba, Winnipeg, Manitoba, Canadá. Em 1991, recebeu o prêmio mais importante no campo da Anatomia, do Canadá, o J.C.B. Grant Award, da Associação Canadense de Anatomistas) [9].

“Embora a vida seja um processo contínuo, a fertilização é um terreno crítico porque, sob várias circunstâncias ordinárias, um novo, genéticamente distinto organismo humano é por isso mesmo formado…A combinação dos 23 cromossomos presente em cada pró-núcleo resulta nos 46 cromossomos do zigoto. Dessa forma o número do diplóide é restaurado e o gênoma embrionário é formado. O embrião agora existe como uma unidade genética” (Dr. Ronan O’Rahilly, professor emérito de Anatomia e Neurologia Humana na Universidade da Califórnia) [10].

“Quase todos animais maiores iniciam suas vidas de uma única célula: o óvulo fertilizado (zigoto)…O momento da fertilização representa o ponto inicial na história de uma vida, ou ontogênia, de um indíviduo” (Bruce M. Carlson, M.D, Ph.D., pesquisador professor emérito da Escola Médica de Desenvolvimento Biológico e Celular). [11]

“Deixe-me contar um segredo. O termo pré-embrião tem sido defendido enérgicamente por promotores da Fertilização In Vitro por razões que são políticas, não científicas. O novo termo é usado para prover a ilusão de que há algo profundamente diferente entre o que não-médicos biólogos ainda chamam de embrião de seis dias de idade e entre o que todo mundo chama de embrião de dezesseis dias de idade. O termo pré-embrião é usado em arenas políticas – aonde decisões são feitas para permitir o embrião mais novo (agora chamado de pré-embrião) de ser pesquisado – bem como em confinados escritórios médicos, aonde pode ser usado para aliviar preocupações morais que podem ser expostos por pacientes de fertilização in vitro. “Não se preocupe”, um médico pode dizer, “é apenas um pré-embrião que estamos congelando ou manipulando. Eles não se tornaram embriões humanos reais até que coloquemo-os de volta ao seu corpo” (Lee M. Silver, professor da célebre Universidade de Princeton no Departamento de Biologia Molecular e da Woodrow Wilson School of Public and International Affairs). [12]

“Desde a concepção a criança (1) é um organismo complexo, dinâmico e em rápido crescimento. Na seqüência de um processo natural e contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses, desenvolver-se até aos trilhões de células do bebê recém-nascido. O fim natural do espermatozóide e do óvulo é a morte, a menos que a fertilização ocorra. No momento da fertilização um novo e único ser é criado, o qual, embora recebendo metade dos seus cromossomos de cada um dos progenitores, é completamente diferente deles”. [13]

___________________________

[1] [England, Marjorie A. Life Before Birth. 2nd ed. England: Mosby-Wolfe, 1996, p.31]

 

[2] [Moore, Keith L. Essentials of Human Embryology. Toronto: B.C. Decker Inc, 1988, p.2]

 

[3] [Dox, Ida G. et al. The Harper Collins Illustrated Medical Dictionary. New York: Harper Perennial, 1993, p. 146]

 

[4] [Walters, William and Singer, Peter (eds.). Test-Tube Babies. Melbourne: Oxford University Press, 1982, p. 160]

 

[5] [Langman, Jan. Medical Embryology. 3rd edition. Baltimore: Williams and Wilkins, 1975, p. 3]

 

[6] [Considine, Douglas (ed.). Van Nostrand’s Scientific Encyclopedia. 5th edition. New York: Van Nostrand Reinhold Company, 1976, p. 943]

 

[7] [Sadler, T.W. Langman’s Medical Embryology. 7th edition. Baltimore: Williams & Wilkins 1995, p. 3]

 

[8] [Jonathan Van Blerkom of University of Colorado, expert witness on human embryology before the NIH Human Embryo Research Panel — Panel Transcript, February 2, 1994, p. 63]

 

[9] [Moore, Keith L. and Persaud, T.V.N. Before We Are Born: Essentials of Embryology and Birth Defects. 4th edition. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1993, p. 1]

 

[10] [O’Rahilly, Ronan and Müller, Fabiola. Human Embryology & Teratology. 2nd edition. New York: Wiley-Liss, 1996, pp. 8, 29. This textbook lists “pre-embryo” among “discarded and replaced terms” in modern embryology, describing it as “ill-defined and inaccurate” (p. 12}] [11] [Carlson, Bruce M. Patten’s Foundations of Embryology. 6th edition. New York: McGraw-Hill, 1996, p. 3]

 

[12] [Silver, Lee M. Remaking Eden: Cloning and Beyond in a Brave New World. New York: Avon Books, 1997, p. 39] [13] (Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40, Doe v. Bolton.)

Fonte: www.portalconservador.com

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https://portalconservador.com/nao-existem-argumentos-para-o-aborto/feed/ 6 1011
Mentiras sobre o aborto – Parte 01 https://portalconservador.com/mentiras-sobre-o-aborto-parte-01/ https://portalconservador.com/mentiras-sobre-o-aborto-parte-01/#respond Thu, 16 Jan 2014 21:02:37 +0000 http://portalconservador.com/?p=418 read more →]]> Este é o primeiro de uma série de artigos cujo escopo é claro: mostrar a fraude na argumentação pró-aborto. O projeto da plena legalização do aborto e até mesmo do infanticídio é um objetivo há muito tempo almejado por esquerdistas, feministas e também pela burocracia globalista, os quais para tanto utilizam de toda a fraude possível que lhes esteja ao alcance. Algumas dessas fraudes são sutis, mas a maioria delas é formada por falsificações absolutamente grosseiras dos números, da História, dos fatos, enfim. Qualquer estudo minimamente sério chegará a tais conclusões. É este tipo de estudo que me proponho a realizar.

A idéia inicial era escrever um artigo único sobre o assunto, mas isto se revelou absolutamente impossível. A militância abortista criou uma plêiade de mitos dos mais diversos para justificar o injustificável, o que demanda uma refutação com um mínimo de detalhismo. Acresça a isso ainda a frase de Olavo de Carvalho: “uma lei constitutiva da mente humana concede ao erro o privilégio de poder ser mais breve do que a sua retificação” (A Nova Era e a Revolução Cultural: Fritjof Capra & Antonio Gramsci, Rio, IAL & Stella Caymmi, 1994). Eis a razão da amplitude deste artigo e sua divisão.

1º Mito: são realizados milhões de abortos e muitas mulheres morrem neles.

Quando na década de 1960 as organizações pró-aborto nos EUA elaboraram sua estratégia para legalizar este crime, o primeiro mito que criaram foi sobre os supostos milhões de abortos e as supostas milhares de mortes de mulheres por eles causadas. Como sabemos que isto foi uma mentira estratégica deliberada? Dentre outros motivos, porque ela, tempos depois, foi revelada por um de seus autores: o médico Bernard Nathanson. [1]

O Dr. Nathanson foi um ginecologista e obstetra ligado à Planned Parenthood: a principal instituição promotora do aborto nos EUA – nascida inicialmente como uma instituição de planejamento familiar com finalidades eugênicas. Cabe aqui colocar este ponto antes de voltar ao assunto do tópico. O movimento feminista nos EUA na primeira metade do século passado tinha forte caráter eugenista. Influenciadas pelas teorias de inferioridade de raças e necessidade de eliminação de deficientes, as feministas defendiam que pessoas com alguma disfunção física ou mental deveriam ser impedidas de reproduzir.

Na segunda metade do século XX, o aborto tornou-se a estratégia para alcançar tais objetivos e não é à toa que os fetos abortados entre mulheres negras ou com alguma deficiência ocorrem em proporção muito maior do que quaisquer outras categorias no Ocidente (Levitt [2] e Goldhagen [3]).

Dr. Nathanson nos anos 1970 presenciou os avanços da fetologia e da cirurgia intra-uterina até se dar conta do óbvio: se o feto era um paciente, evidentemente ele tinha os mesmos direitos de qualquer paciente, dentre eles o principal: viver. Isto foi o início de uma profunda conversão moral que levou o Dr. Nathanson às fileiras do movimento pró-vida (e uma posterior conversão religiosa). Vejamos suas próprias palavras:

Serviram-nos de base duas grandes mentiras: a falsificação de estatísticas e pesquisas que dizíamos haver feito… Quando mais tarde os pró-abortistas usavam os mesmos “slogans” e argumentos que eu havia preparado em 1968, ria muito porque eu havia sido um de seus inventores e sabia muito bem que eram mentiras. É uma tática importante. Dizíamos, em 1968, que na América se praticavam um milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos que estes não ultrapassavam os cem mil, mas esse número não nos servia, e multiplicamos por dez para chamar a atenção. Também repetíamos constantemente que as mortes maternas por aborto clandestino se aproximavam de dez mil, quando sabíamos que eram apenas duzentas, mas esse número era muito pequeno para a propaganda. Esta tática do engano e da grande mentira que se repete constantemente acaba sendo aceita como verdade. Nós nos lançamos para a conquista dos meios de comunicação social, dos grupos universitários, sobretudo das feministas. Eles escutavam tudo o que dizíamos, inclusive as mentiras, e logo divulgavam pelos meios de comunicação social, base da propaganda [4].

No Brasil utiliza-se o mesmo expediente fraudulento. No início de 2012 houve a bombástica notícia de que peritas da ONU haviam denunciado que a legislação brasileira, ao criminalizar o aborto, era responsável pela morte de 200.000 mulheres por ano em todo o país. Impressionou o tom de arrogância da perita Patricia Schulz [5]:

A entidade realizou seu exame sobre a situação das mulheres no Brasil e não poupou críticas ao governo. “O que é que vocês vão fazer com esse problema político enorme que tem?”, cobrou durante a plenária a perita suíça Patricia Schulz. Ela foi ainda mais enfática. Schulz lembrou que em 2007 a ONU já havia cobrado do Brasil que a criminalização do aborto fosse revisada pelo governo. “Mas lamentavelmente não vimos progressos e os esforços fracassaram”, declarou. “Essa é uma questão muito preocupante. São 200 mil mortes por ano e essa alta taxa tem uma relação direta com a criminalização do aborto”, disse.

Ok. Vejamos como se descontrói esta história da carochinha:

A declaração da ONU data do início de 2012, portanto ela somente poderia se referir a dados de 2010, já que os dados de 2011 ainda não estavam sequer coletados por completo. Em 2010 morreram 476.792 mulheres no Brasil, das causas mais diversas. Vejamos a coluna de óbitos ampliada:

FONTE: IBGE [6]

Óbitos ocorridos no ano

Período

Mulheres

2003

411.555

2004

421.059

2005

416.482

2006

430.373

2007

437.913

2008

447.981

2009

461.018

2010

476.792

2011

492.887

Já os óbitos de mulheres em idade fértil [7] foram 66.497 em 2010. Vejamos:

FONTE: DATASUS [8]

Coluna ampliada

Região

                    Óbitos mulheres idade fértil

TOTAL

66.497

Região Norte

5.046

Região Nordeste

17.703

Região Sudeste

29.142

Região Sul

9.572

Região Centro-Oeste

5.034

Ora, partindo do princípio elementar de que é impossível uma mulher em idade não-fértil falecer por causa de um aborto (já que este presume gravidez), temos então que a estatística da ilustre (in)perita nada mais é que uma fraude grosseira. Para o número ser correto, teríamos que presumir que todas as mortes de mulheres em idade fértil no país decorrem do aborto (excluindo-se acidentes de carro, homicídios, doenças, afogamento, suicídio, etc.) e ainda assim seria necessário encontrar mais de 130.000 cadáveres para fechar a conta.

Este tipo de fraude estatística [9] não é exceção [10]. Ela faz parte do modus operandi da militância abortista desde a década de 1960. Um outro expediente é misturar deliberadamente a estatística de abortos espontâneos com abortos provocados. Estima-se que até 25% das gestações não não cheguem até o fim [11]. O Brasil tem perto de três milhões de nascimentos com vida por ano [12], conforme a tabela abaixo:

Abrangência: Brasil | Unidade: pessoas

Nascidos vivos ocorridos no ano

Período

Total

2003

2.822.462

2004

2.818.918

2005

2.880.877

2006

2.803.938

2007

2.755.371

2008

2.798.042

2009

2.764.642

2010

2.760.961

2011

2.824.776

Isto permite inferir (pois não há prova empírica exata) que talvez até um milhão de gestantes sofram aborto espontâneo anualmente. Pois bem, é daí que surge outro número mágico: o de um milhão de abortos realizados. Realizados uma ova! São (presumivelmente) um milhão de abortos naturais [13] [14]. Trata-se, portanto, de abortos que nada têm a ver com procedimentos voluntários.

Quando confrontada por estes dados, a militância abortista apela para o expediente derradeiro: a legislação anti-aborto geraria ocultação ou sub-notificação das ocorrências. Deixando de lado o absurdo de que as supostas 200.000 mortes Electronic Cigarettes por aborto implicariam no desaparecimento de mais de 130.000 cadáveres (onde estão enterrados? Cadê a Comissão da Verdade para averiguar isto?), pergunta-se: se os dados sobre abortos e mortes em procedimentos abortivos são tão ocultos assim, por qual mistério insondável eles só se revelam aos olhos da militância abortista? Por que os abortistas não mostram ao mundo sua metodologia de cálculo e base de dados? Seria a origem de seus números um segredo esotérico ao qual somente os iniciados podem ter acesso? Teriam os abortistas acesso a tais informações mediante uma revelação sobrenatural, a qual não pode ser explicada em detalhes aos infiéis, os quais apenas têm o direito de saber a mensagem, mas sem ter o direito de questionar a fonte? E essa gente ainda tem o desplante de se dizer “a favor da ciência” e de acusar seus adversários de dogmáticos e fanáticos [15].

Mas, no fim das contas, quantas mulheres de fato morrem após realizarem o aborto “planejado” no Brasil? Os dados do DATASUS são bem claros: no ano de 2011 foram 135 mortes. Confira:

Óbitos mulheres idade fértil por Capítulo CID-10 segundo Região

Capítulo CID-10: XV. Gravidez parto e puerpério

Grupo CID-10: Gravidez que termina em aborto

Tipo causa obstétrica: Morte materna obstétrica direta

Período: 2011

TOTAL

135

135

Região Norte

16

16

Região Nordeste

45

45

Região Sudeste

58

58

Região Sul

8

8

Região Centro-Oeste

8

8

Fonte: DATASUS.

Dessas 135 mortes, podemos refinar mais a pesquisa, pois esse número abrange situações como a gravidez ectópica (quando o embrião aloja-se em local impróprio, normalmente nas trompas de falópio, sendo necessário retirá-lo numa cirurgia de risco), por exemplo, que não teriam qualquer relação com a legalização do aborto, visto que se trata de hipótese de “aborto legal”. São as situações de morte por tentativa de aborto que os militantes da legalização dizem querer impedir. Mas quanto elas são afinal? Eis a resposta (de novo do DATASUS):

Óbitos mulheres em idade fértil, segundo Região
Grupo CID-10: Gravidez que termina em aborto
Categoria CID-10: O07 Falha de tentativa de aborto
Período: 2011

                 TOTAL

9

Região Norte

2

Região Nordeste

3

Região Sudeste

4

É isso mesmo. No ano de 2011 faleceram NOVE mulheres por tentativa de aborto ao longo dos oito milhões de quilômetros de território nacional (sendo que em duas regiões não houve registro de qualquer morte: Centro-oeste e Sul) [16].

Recentemente foi noticiado nacionalmente o falecimento de uma mulher atingida em cheio por um raio ao entrar na água enquanto chovia [17]. Segundo a Scientific American, ocorrem 132 mortes por ano no Brasil em razão desta causa, sendo que a chance de uma mulher ser atingida é dez vezes menor que a de um homem [18], no que se pode estimar em doze falecimentos por ano o número de mulheres vitimadas por raios.

É exatamente isto o que você acabou de ler: a possibilidade de uma mulher falecer vitimada por um raio é maior do que em razão de um procedimento abortivo.

O fato é que não existe fonte ou dado algum que embase o alegado pela militância abortista. Como já explicado nas palavras do Dr. Nathanson, estamos diante apenas de mentiras propagandísticas com a função política de legalizar homicídios.

Para encerrar esta primeira parte, é impossível não fazer uma analogia entre a ideologia abortista e a ideologia comunista quando se trata de escolher quais vítimas merecem encômios e lágrimas. Comunistas têm total desprezo pelas 100 milhões de pessoas que massacraram ao longo do século XX, mas ao mesmo tempo pranteiam de maneira escandalosa os seus falecidos, mesmo tendo sido mortos em número muito menor aos que mataram. A mesma coisa ocorre na mentalidade abortista, onde a morte de um reduzido número de mulheres gera mais escândalo que os mais de quarenta milhões de abortos realizados num único ano (2008), conforme a Organização Mundial de Saúde [19].

****

[1] Médico fundador da NARAL (National Abortion and Reproductive Rights Action League – Liga de Ação Nacional dos Direitos Reprodutivos). http://pt.wikipedia.org/wiki/Bernard_Nathanson. Esclareça-se que o Wikipedia está sendo citado como meio do leitor não familiarizado com o assunto inteirar-se sobre quem foi o Prof. Nathason. Todavia (esclarecimento importante aos mais maliciosos) a enciclopédia livre não foi, de maneira alguma, a fonte principal deste artigo.

[2] Freakonomics, editora Campus, 2007.

[3] Fascismo de Esquerda, editora Record, 2009.

[4] http://www.providafamilia.org.br/doc.php?doc=doc45845

[5] http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,onu-critica-legislacao-brasileira-e-cobra-pais-por-mortes-em-abortos-de-risco,837316,0.htm

[6] http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=RC81&t=obitos-ocorridos-ano-sexo. A coleta de dados é feita mediante a obrigatoriedade dos cartórios de registros civis de pessoas naturais enviarem a cada três meses os dados sobre nascimentos, casamentos e óbitos, conforme previsto na Lei de Registros Públicos (Lei. 6.015/73) em seu artigo 49.

[7] Abrange mulheres de 10 a 49 anos. Vide http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/mat10descr.htm

[8] http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/mat10uf.def

[9] Quando os números mentirosos de Patricia Schulz foram denunciados (vide artigo de Reinaldo Azevedo no website http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-grande-mentira-sobre-as-200-mil-mulheres-que-morreriam-em-decorrencia-do-aborto-pior-o-governo-brasileiro-ajuda-a-espalhar-a-falacia/), houve uma tentativa de se dizer que a mídia havia entendido de maneira equivocada as palavras da “perita”, a qual teria na verdade aludido a 200.000 internações hospitalares ao invés de 200.000 abortos. Qual foi a prova de que esta realmente foi a declaração da suíça? Um relatório oficial? Anais de congresso? Nada disso. Uma pessoa que supostamente a conhece postou no facebook a informação, como foi noticiado no site http://www.viomundo.com.br/denuncias/ministro-padilha-o-erro-nao-foi-da-onu-e-sim-do-estadao.html, ou seja, fonte não-oficial oriunda de terceiros, publicada em rede social. Atribuir algum crédito a isto é excesso de benevolência.

[10] Infelizmente não consegui encontrar as fontes, mas recordo-me bem de matérias da revista Claudia e do jornal O Globo falando respectivamente em 250.000 e 400.000 mortes anuais de mulheres por aborto.

[11] http://demaeparamae.pt/artigos/aborto-espontaneo

[12] http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=RC71&t=nascidos-vivos-ocorridos-ano-local-nascimento

[13] Aproveite-se o ensejo para refutar uma outra falácia do abortismo: a de que não há problema moral em legalizar o aborto, já que se trata de fenômeno que ocorre naturalmente. A acefalia de tal raciocínio pode ser demonstrada pelo seguinte exemplo analógico: a morte é um fato natural, então neste caso não haveria problema algum em descriminalizar o homicídio.

[14] É possível que este número seja maior, pois muitos desses abortos espontâneos ocorrem no primeiro para o segundo mês de gestação, sendo que por vezes a mulher sequer fica ciente da gravidez, achando que a breve suspensão da menstruação foi uma mera irregularidade temporária de seu ciclo.

[15] Os expedientes empregados pelos abortistas quando questionados sobre suas fontes chegam a ser cômicos. No debate pelo Portal IG (http://www.youtube.com/watch?v=XUoDRy0bjVo) entre o Prof. Hermes Nery (pró-vida) e uma defensora da legalização do aborto, enquanto o primeiro estava sempre consultando suas anotações e fontes, sua contendora nada tinha em mãos e alegou (aos 7’ e 30” de programa) que havia deixado seu material com indicação das fontes “ali dentro” (apontando para os bastidores do programa). Frise-se que o programa teve três intervalos e em nenhum deles a distinta senhora teve a idéia de buscar seu material ou pedir a alguém que o fizesse. No fim das contas, não citou fonte alguma com precisão.

[16] Dependendo dos parâmetros utilizados, o DATASUS também pode informar números ainda mais baixos: 97 e 7 eventos para óbitos em geral e óbitos por tentativa de aborto, respectivamente. Optou-se aqui pelos valores mais altos, até para deixar claro a opção deste artigo pela honestidade intelectual, sem buscar os dados que mais favoreçam as idéias aqui expostas.

[17] http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2014/01/14/interna_brasil,407921/mulher-morre-em-praia-do-guaruja-em-sao-paulo-apos-ser-atingida-por-raio.shtml

[18] http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/os_numeros__surpreendentes__de_mortes_por_raios_no_brasil.html

[19] http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75174/1/WHO_RHR_12.02_eng.pdf?ua=1

Escrito por Daniel Aquino Neto. Revista Vila Nova.

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Revista Veja e o aborto: números fictícios https://portalconservador.com/revista-veja-e-o-aborto-numeros-ficticios/ https://portalconservador.com/revista-veja-e-o-aborto-numeros-ficticios/#respond Wed, 28 Jan 2009 20:14:33 +0000 http://portalconservador.com/?p=403 read more →]]> A revista “Veja” desta semana trouxe como matéria principal uma reportagem sobre o aborto. Desnecessário que se cobre isenção de “Veja” nesta questão, pois, como fica claro sempre que este veículo aborda a questão — assim como a esmagadora maioria da mídia brasileira –, “Veja” tem lado: o lado dos abortistas. Porém, nada nos impede de mostrar o que “Veja” curiosamente omitiu ou distorceu, provavelmente por má-fé.

Os números do aborto

“Veja” assume o número de 1 milhão de abortos por ano feitos clandestinamente no Brasil. Faltou “Veja” indicar a fonte de tais afirmações, pois até hoje não houve ninguém que provasse de onde vêm tais números. Se “Veja” se baseia no que vem do Ministério da Saúde, sugiro que “Veja” ache fonte melhor, pois o que de lá vem ou é distorcido ou é fantasioso.

O-Mundo-Magico-de-Oz

Na verdade, os números de “Veja” até mesmo parecem modestos quando comparados aos que o próprio Ministério da Saúde anda divulgando. No dia 22 de março de 2005, no lançamento da “Política Nacional de Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos”, eis o que era divulgado pelo Ministério da Saúde:

“Segundo estimativa da OMS, no Brasil, 31% das gravidezes terminam em abortamento. Todos os anos ocorrem, de acordo com as estimativas, cerca de 1,4 milhão de abortamentos espontâneos e/ou inseguros, com uma taxa de 3,7 abortos para 100 mulheres de 15 a 49 anos.”

O dado só não é mais impressionante porque trata-se de uma fantasia. A OMS jamais fez um estudo que sequer possa estimar o número de abortos clandestinos no Brasil. “Veja”, pelo jeito ciente da mentira divulgada pelo Ministério da Saúde, inventou outra, com “apenas” 400.000 abortos a menos. Bem, talvez a revista não tenha inventado a mentira, mas dado voz aos “especialistas” que aparecem na reportagem. Sobre estes isentos profissionais falarei mais tarde.

De qualquer forma, “Veja” poderia escolher fazer um trabalho de melhor qualidade e checar um pouco os dados ou aqueles que lhos forneceram. Com pouco esforço, “Veja” poderia saber que a flexibilização para cima dos dados sobre o aborto é uma velha e batida tática de grupos abortistas.

O Dr. Bernard Nathanson, que foi uma das principais lideranças abortistas nos EUA, responsável direto ou pela supervisão de 75.000 abortos, e que se arrependeu e passou a militante Pró-Vida, deu depoimento sobre as táticas utilizadas por grupos pró-aborto para distorcer a verdade e mudar a opinião da população sobre a prática hedionda do aborto. Eis o que Dr. Nathanson denunciou:

“Nós afirmamos que entre cinco e dez mil mulheres morriam por ano por causa de aborto mal-feito. (…) O número verdadeiro estava mais próximo de duzentas a trezentas mulheres; nós também afirmamos que eram feitos um milhão de abortos ilegais por ano nos Estados Unidos e o número verdadeiro era próximo dos duzentos mil. Assim, somos culpados de uma fraude maciça.”

Os grupos abortistas da época quando Dr. Nathanson militava em suas hostes e os atuais grupos abortistas têm uma coisa em comum: ambos fantasiam os dados que lhes são convenientes. O mesmo pode-se dizer da imprensa, pois continuam conscientemente divulgando dados que carecem de fundamento.

Mas “Veja” vai mais longe quando deseja divulgar dados quantitativos fictícios sobre o aborto. Em determinado trecho da reportagem podemos ler:

“As complicações decorrentes de abortos malfeitos, sem condições de higiene ou segurança, representam a quarta causa de morte materna, atingindo cerca de 200 mulheres.”

Esta afirmação de “Veja”, segue as afirmações do próprio Governo Lula.

“Note-se que os membros do governo Lula conhecem muito bem os números do DATASUS. A Ministra Nilcéia Freire e sua equipe em resposta ao CEDAW (Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women – Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres, um braço da ONU que acha que negar o “direito” de matar fetos é uma forma de discriminação contra as mulheres) declarou: “Entre 2002 e 2004 houve 115, 152 e 156 mortes provocadas por abortos, o que faz o aborto a quarta causa de mortalidade materna no Brasil”. A declaração da ministra bate com os dados do DATASUS, mas, curiosamente, ela esqueceu de desagregá-los. Tivesse feito isto, ela poderia declarar que as mortes por aborto provocado nos anos referidos foram 7, 6 e 11. O que a ministra fez foi juntar todos os números de mortes por aborto no período, sejam eles abortos espontâneos, abortos por gravidez ectópica ou outros.”

Curiosamente, “Veja”, que é tão rigorosa — como deve ser! — em suas críticas ao Governo Lula, o governo que mais alavancou a agenda abortista no Brasil, repetiu o mesmíssimo erro de uma ministra do governo petista. Bem… “erro” é apenas uma figura de linguagem, pois os dados do DATASUS estão disponíveis para quem quiser consultá-los e beira a ficção pensarmos que membros do governo ou jornalistas da revista de maior circulação nacional não saibam diferenciar um aborto por demanda de um aborto espontâneo.

Mas “Veja”, insaciável, não pára por aí. Não satisfeita em distorcer a realidade atual, pretendeu também, qual um Stálin do mundo editorial, retocar o passado. Eis mais um trecho da reportagem:

“O cenário foi bem pior em um passado não muito distante. Na década de 80, os abortos clandestinos podem ter chegado a 4 milhões por ano.”

Mais uma vez, qual a fonte dos dados de “Veja”? Ninguém sabe… Mas o que sabemos é que “Veja” faz o que outros já tentaram fazer. Veja-se o que o Jornal do Brasil tentou fazer em 1990, segundo consta no site do Pró-Vida de Anápolis:

“Em 1990, o Jornal do Brasil dizia que a mesma ONU havia estimado que o Brasil era recordista mundial de abortos, com uma taxa anual de 3 milhões:

“Estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), apresentadas em seu último relatório em Genebra, na Suíca, apontam o Brasil como recordista mundial de abortos. O número de interrupções de gravidez no país é maior do que a taxa de anual de nascimentos. Os dados mostram mais de três milhões de abortos anuais contra apenas 2.779.255 registros de nascimentos em 1988” (NÚMERO DE ABORTOS SUPERA O DE NASCIMENTOS NO BRASIL. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 12 abr. 1990, p. 7.).

Pois é… “Veja” conseguiu o milagre da multiplicação dos abortos. Se o JB no início dos anos 90 do século passado falava em 3 milhões de abortos, a “Veja” não teve dúvidas e acrescentou 1 milhão à conta.

E mais: segundo a “Veja” há um fenômeno em que o número de abortos é inversamente proporcional ao número de habitantes. Funciona assim, sempre segundo a “Veja”: atualmente o número de abortos é de 1 milhão; já o número nos anos 80 do século passado era de assustadores 4 milhões! Em 1980, a população do Brasil era de 120 milhões; atualmente, é de 190 milhões. Ou seja, quanto menos habitantes tem o Brasil, mais abortos são feitos. Para este verdadeiro absurdo, a revista tem justificativa: segundo ela, os motivos foram a maior eficiência de métodos anti-concepcionais e também a ampla divulgação de planejamento familiar.

É bem difícil alguém comprar o que a “Veja” quer vender…

O fato é que mesmo os números fantasiosos do JB do início dos anos 90 já haviam sido desmascarados. Ainda segundo o site Pró-Vida de Anápolis, podemos ler o seguinte trecho:

“Em 1993, a Dra. Zilda Arns Neumann, coordenadora da Pastoral da Criança, assustada com a quantidade de abortos que se diziam praticar no Brasil “segundo pesquisas da ONU”, foi consultar a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, repartição regional da OMS) e recebeu por fax a seguinte resposta em 11/03/1993:

1. A Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan-Americana de Saúde não auspiciaram, financiaram nem realizaram qualquer estudo ou investigação sobre abortos no Brasil.

2. Tampouco temos conhecimento de algum estudo ou investigação que tenha sido feito com bases cientificamente sólidas e cujos resultados possam extrapolar-se confiavelmente para todo o país.

3. Em algumas publicações oficiais da OMS ou da OPAS, publicam-se informações de fontes nacionais, também oficiais. Porém, neste caso não temos conhecimento de se haver feito com informação referente ao Brasil e de âmbito nacional.

4. Faz três ou quatro anos, um professor brasileiro fez uma publicação jornalística com dados sobre abortos, assinalando que era uma informação da Organização Mundial de Saúde. Nessa oportunidade nossa Representação enviou uma nota esclarecedora, no sentido do exposto nos pontos anteriores […].

5. Lamentavelmente, não é a primeira vez que, levianamente, se toma o nome da Organização Mundial de Saúde e/ou da Organização Pan-Americana de Saúde para dar informações que não emanam dessas instituições.”

Pelo jeito, não é também a última vez em que dados sobre o aborto são levianamente divulgados como se realidade fossem.

Os Especialistas

“Veja”, na falta de fontes para os dados que divulga, coloca em suas páginas depoimentos de especialistas. Talvez creiam os desavisados que os doutores Aníbal Faúndes e Thomaz Gollop sejam pessoas totalmente isentas, já que ambos são ginecologistas ligados a universidades altamente reconhecidas.

Não, não são. Ambos fazem parte da tropa de choque acadêmica que tenta flexibilizar a criminalização do aborto no Brasil.

Dr. Aníbal Faúndes, por exemplo, admite que fez abortos de fetos anencéfalos sem qualquer amparo legal:

“Questionado pela jornalista sobre abortos de fetos anencéfalos, não previstos em lei, Faúndes admitiu o procedimento, mesmo que na época ainda não se buscasse o amparo judicial.”

“Veja” bem que poderia colocar divulgar este dado sobre o Dr. Faúndes, mas entendemos que tenha evitado fazê-lo: ajuda na farsa de isenção.

Já o isento Dr. Thomaz Gollop, que a revista “Veja” apenas classifica como ginecologista e professor da USP, foi um dos 18 componentes da Comissão Tripartite, encarregada pelo Governo Federal para elaborar proposta para revisão da legislação punitiva do aborto.

Dr. Gollop tem um blog, no qual, em um determinado post podemos ler:

“(…) Lei Brasileira é ineficaz: ela proíbe o aborto mas mesmo assim mais de 1 milhão de abortos são realizados no País todos os anos e ele representa a 4ª causa de morte materna no Brasil.”

Bingo! Vem daí a fonte para os dados de “Veja”.

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