Vaticano – Portal Conservador http://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Sat, 27 Aug 2016 23:41:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.6.1 65453639 Eis a íntegra do discurso papal no Congresso dos EUA http://portalconservador.com/eis-a-integra-do-discurso-papal-no-congresso-dos-eua-antes-de-criticar-ler/ http://portalconservador.com/eis-a-integra-do-discurso-papal-no-congresso-dos-eua-antes-de-criticar-ler/#respond Sat, 26 Sep 2015 02:48:54 +0000 http://portalconservador.com/?p=2537 read more →]]> Compartilhamos na íntegra o discurso histórico do Papa Francisco no Congresso dos Estados Unidos da América. Este texto não sofreu nenhuma alteração, tendo sido primeira publicado pelas próprias agências de comunicação do Vaticano. Objetivamo-nos a reprodução de um conteúdo sério e legítimo, sem as deturpações clássicas que a grande mídia anda a publicar.

Senhor Vice-Presidente,
Senhor Presidente da Câmara dos Representantes,
Distintos Membros do Congresso,
Queridos Amigos!

Sinto-me muito grato pelo convite para falar a esta Assembleia Plenária do Congresso «na terra dos livres e casa dos valorosos». Apraz-me pensar que o motivo para isso tenha sido o facto de também eu ser um filho deste grande continente, do qual muito recebemos todos nós e relativamente ao qual partilhamos uma responsabilidade comum.

Cada filho ou filha duma determinada nação tem uma missão, uma responsabilidade pessoal e social. A vossa responsabilidade própria de membros do Congresso é fazer com que este país, através da vossa atividade legislativa, cresça como nação. Vós sois o rosto deste povo, os seus representantes. Sois chamados a salvaguardar e garantir a dignidade dos vossos concidadãos na busca incansável e exigente do bem comum, que é o fim de toda a política.

Uma sociedade política dura no tempo quando, como uma vocação, se esforça por satisfazer as carências comuns, estimulando o crescimento de todos os seus membros, especialmente aqueles que estão em situação de maior vulnerabilidade ou risco. A atividade legislativa baseia-se sempre no cuidado das pessoas. Para isso fostes convidados, chamados e convocados por aqueles que vos elegeram.

O vosso trabalho lembra-me, sob dois aspectos, a figura de Moisés. Por um lado, o patriarca e legislador do povo de Israel simboliza a necessidade que têm os povos de manter vivo o seu sentido de unidade com os instrumentos duma legislação justa. Por outro, a figura de Moisés leva-nos diretamente a Deus e, por consequência, à dignidade transcendente do ser humano. Moisés oferece-nos uma boa síntese do vosso trabalho: a vós, pede-se para proteger, com os instrumentos da lei, a imagem e semelhança moldadas por Deus em cada rosto humano.

Nesta perspectiva, hoje quereria dirigir-me não só a vós mas, através de vós, a todo o povo dos Estados Unidos. Aqui, juntamente com os seus representantes, quereria aproveitar esta oportunidade para dialogar com tantos milhares de homens e mulheres que se esforçam diariamente por cumprir uma honesta jornada de trabalho, por trazer para casa o pão de cada dia, por poupar qualquer dólar e – passo a passo – construir uma vida melhor para as suas famílias. São homens e mulheres que não se preocupam apenas com pagar os impostos, mas – na forma discreta que os caracteriza – sustentam a vida da sociedade. Geram solidariedade com as suas atividades e criam organizações que ajudam quem tem mais necessidade.

Quereria também entrar em diálogo com as numerosas pessoas idosas que são um depósito de sabedoria forjada pela experiência e que procuram de muito modos, especialmente através do voluntariado, partilhar as suas histórias e experiências. Sei que muitas delas estão aposentadas, mas ainda ativas e continuam a empenhar-se na construção deste país. Desejo também dialogar com todos os jovens que lutam por realizar as suas grandes e nobres aspirações, que não se deixam extraviar por propostas superficiais e que enfrentam situações difíceis, tantas vezes resultantes da imaturidade de muitos adultos. Quereria dialogar com todos vós, e desejo fazê-lo através da memória histórica do vosso povo.

Papa-Francisco-EUA-Congresso-Portal-Conservador

A minha visita tem lugar num momento em que homens e mulheres de boa vontade estão a celebrar o aniversário de alguns americanos famosos. Apesar da complexidade da história e da realidade da fraqueza humana, estes homens e mulheres foram capazes, com todas as suas diferenças e limitações, de construir um futuro melhor com trabalho duro e sacrifício pessoal – alguns à custa da própria vida. Deram forma a valores fundamentais, que permanecerão para sempre no espírito do povo americano. Um povo com este espírito pode atravessar muitas crises, tensões e conflitos, já que sempre conseguirá encontrar a força para ir avante e fazê-lo com dignidade. Estes homens e mulheres dão-nos uma possibilidade de ver e interpretar a realidade. Ao honrar a sua memória, somos estimulados, mesmo no meio de conflitos, na vida concreta de cada dia, a haurir das nossas mais profundas reservas culturais.

Quereria mencionar quatro destes americanos: Abraham Lincoln, Martin Luther King, Dorothy Day e Thomas Merton.

Este ano completam-se cento e cinquenta anos do assassinato do Presidente Abraham Lincoln, o guardião da liberdade, que trabalhou incansavelmente para que «esta nação, com a protecção de Deus, pudesse ter um renascimento de liberdade». Construir um futuro de liberdade requer amor pelo bem comum e colaboração num espírito de subsidiariedade e solidariedade.

Todos estamos plenamente cientes e também profundamente preocupados com a situação social e política inquietante do mundo actual. O nosso mundo torna-se cada vez mais um lugar de conflitos violentos, ódios e atrocidade brutais, cometidos até mesmo em nome de Deus e da religião. Sabemos que nenhuma religião está imune de formas de engano individual ou de extremismo ideológico. Isto significa que devemos prestar especial atenção a qualquer forma de fundamentalismo, tanto religioso como de qualquer outro género. É necessário um delicado equilíbrio para se combater a violência perpetrada em nome duma religião, duma ideologia ou dum sistema económico, enquanto, ao mesmo tempo, se salvaguarda a liberdade religiosa, a liberdade intelectual e as liberdades individuais. Mas há outra tentação de que devemos acautelar-nos: o reducionismo simplista que só vê bem ou mal, ou, se quiserdes, justos e pecadores. O mundo contemporâneo, com as suas feridas abertas que tocam muitos dos nossos irmãos e irmãs, exige que enfrentemos toda a forma de polarização que o possa dividir entre estes dois campos. Sabemos que, na ânsia de nos libertar do inimigo externo, podemos ser tentados a alimentar o inimigo interno. Imitar o ódio e a violência dos tiranos e dos assassinos é o modo melhor para ocupar o seu lugar. Isto é algo que vós, como povo, rejeitais.

Pelo contrário, a nossa resposta deve ser uma resposta de esperança e cura, de paz e justiça. É-nos pedido para fazermos apelo à coragem e à inteligência, a fim de se resolverem as muitas crises económicas e geopolíticas de hoje. Até mesmo num mundo desenvolvido aparecem demasiado evidentes os efeitos de estruturas e acções injustas. Os nossos esforços devem concentrar-se em restaurar a paz, remediar os erros, manter os compromissos, e assim promover o bem-estar dos indivíduos e dos povos. Devemos avançar juntos, como um só, num renovado espírito de fraternidade e solidariedade, colaborando generosamente para o bem comum.

Os desafios, que hoje enfrentamos, requerem uma renovação deste espírito de colaboração, que produziu tantas coisas boas na história dos Estados Unidos. A complexidade, a gravidade e a urgência destes desafios exigem que ponhamos a render os nossos recursos e talentos e nos decidamos a apoiar-nos mutuamente, respeitando as diferenças e convicções de consciência.

Nesta terra, as várias denominações religiosas deram uma grande ajuda na construção e fortalecimento da sociedade. É importante que hoje, como no passado, a voz da fé continue a ser ouvida, porque é uma voz de fraternidade e de amor que procura fazer surgir o melhor em cada pessoa e em cada sociedade. Esta cooperação é um poderoso recurso na luta por eliminar as novas formas globais de escravidão, nascidas de graves injustiças que só podem ser superadas com novas políticas e novas formas de consenso social.

Penso aqui na história política dos Estados Unidos, onde a democracia está profundamente radicada no espírito do povo americano. Qualquer actividade política deve servir e promover o bem da pessoa humana e estar baseada no respeito pela dignidade de cada um. «Consideramos evidentes, por si mesmas, estas verdades: que todos os homens são criados iguais, que são dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que, entre estes, estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade» (Declaração de Independência, 4 de Julho de 1776). Se a política deve estar verdadeiramente ao serviço da pessoa humana, segue-se que não pode estar submetida à economia e às finanças. É que a política é expressão da nossa insuprível necessidade de vivermos juntos em unidade, para podermos construir unidos o bem comum maior: uma comunidade que sacrifique os interesses particulares para poder partilhar, na justiça e na paz, os seus benefícios, os seus interesses, a sua vida social. Não subestimo as dificuldades que isto implica, mas encorajo-vos neste esforço.

Penso também na marcha que Martin Luther King guiou de Selma a Montgomery, há cinquenta anos, como parte da campanha para conseguir o seu «sonho» de plenos direitos civis e políticos para os afro-americanos. Aquele sonho continua a inspirar-nos. Alegro-me por a América continuar a ser, para muitos, uma terra de «sonhos»: sonhos que levam à ação, à participação, ao compromisso; sonhos que despertam o que há de mais profundo e verdadeiro na vida das pessoas. Nos últimos séculos, milhões de pessoas chegaram a esta terra perseguindo o sonho de construírem um futuro em liberdade. Nós, pessoas deste continente, não temos medo dos estrangeiros, porque outrora muitos de nós éramos estrangeiros. Digo-vos isto como filho de imigrantes, sabendo que também muitos de vós sois descendentes de imigrantes. Tragicamente, os direitos daqueles que estavam aqui, muito antes de nós, nem sempre foram respeitados. Por aqueles povos e as suas nações, desejo, a partir do coração da democracia americana, reafirmar a minha mais alta estima e consideração. Aqueles primeiros contacto foram muitas vezes tumultuosos e violentos, mas é difícil julgar o passado com os critérios do presente. Todavia, quando o estrangeiro no nosso meio nos interpela, não devemos repetir os pecados e os erros do passado. Devemos decidir viver agora o mais nobre e justamente possível e, de igual modo, formar as novas gerações para não virarem as costas ao seu «próximo» e a tudo aquilo que nos rodeia. Construir uma nação pede-nos para reconhecer que devemos constantemente relacionar-nos com os outros, rejeitando uma mentalidade de hostilidade para se adotar uma subsidiariedade recíproca, num esforço constante de contribuir com o melhor de nós. Tenho confiança que o conseguiremos.

O nosso mundo está a enfrentar uma crise de refugiados de tais proporções que não se via desde os tempos da II Guerra Mundial. Esta realidade coloca-nos diante de grandes desafios e decisões difíceis. Também neste continente, milhares de pessoas sentem-se impelidas a viajar para o Norte à procura de melhores oportunidades. Porventura não é o que queríamos para os nossos filhos? Não devemos deixar-nos assustar pelo seu número, mas antes olhá-los como pessoas, fixando os seus rostos e ouvindo as suas histórias, procurando responder o melhor que pudermos às suas situações. Uma resposta que seja sempre humana, justa e fraterna. Devemos evitar uma tentação hoje comum: descartar quem quer que se demonstre problemático. Lembremo-nos da regra de ouro: «O que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles» (Mt 7, 12).

Esta norma aponta-nos uma direção clara. Tratemos os outros com a mesma paixão e compaixão com que desejamos ser tratados. Procuremos para os outros as mesmas possibilidades que buscamos para nós mesmos. Ajudemos os outros a crescer, como quereríamos ser ajudados nós mesmos. Em suma, se queremos segurança, demos segurança; se queremos vida, demos vida; se queremos oportunidades, providenciemos oportunidades. A medida que usarmos para os outros será a medida que o tempo usará para conosco. A regra de ouro põe-nos diante também da nossa responsabilidade de proteger e defender a vida humana em todas as fases do seu desenvolvimento.

Esta convicção levou-me, desde o início do meu ministério, a sustentar a vários níveis a abolição global da pena de morte. Estou convencido de que esta seja a melhor via, já que cada vida é sagrada, cada pessoa humana está dotada duma dignidade inalienável, e a sociedade só pode beneficiar da reabilitação daqueles que são condenados por crimes.

Recentemente, os meus irmãos bispos aqui nos Estados Unidos renovaram o seu apelo pela abolição da pena de morte. Não só os apoio, mas encorajo também todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação.

Nestes tempos em que as preocupações sociais são tão importantes, não posso deixar de mencionar a Serva de Deus Dorothy Day, que fundou o Catholic Worker Movement. O seu compromisso social, a sua paixão pela justiça e pela causa dos oprimidos estavam inspirados pelo Evangelho, pela sua fé e o exemplo dos Santos.

Quanto estrada percorrida neste campo em tantas partes do mundo! Quanto se fez nestes primeiros anos do terceiro milênio para fazer sair as pessoas da pobreza extrema! Sei que partilhais a minha convicção de que se tem de fazer ainda muito mais e de que, em tempos de crise e dificuldade econômica, não se deve perder o espírito de solidariedade global. Ao mesmo tempo, desejo encorajar-vos a não esquecer todas as pessoas à nossa volta encastradas nas espirais da pobreza. Há necessidade de dar esperança também a elas. A luta contra a pobreza e a fome deve ser travada com constância nas suas múltiplas frentes, especialmente nas suas causas. Sei que hoje, como no passado, muitos americanos estão a trabalhar para enfrentar este problema.

Naturalmente uma grande parte deste esforço situa-se na criação e distribuição de riqueza. A utilização correta dos recursos naturais, a aplicação apropriada da tecnologia e a capacidade de orientar devidamente o espírito empresarial são elementos essenciais duma economia que procura ser moderna, inclusiva e sustentável. «A atividade empresarial, que é uma nobre vocação orientada para produzir riqueza e melhorar o mundo para todos, pode ser uma maneira muito fecunda de promover a região onde instala os seus empreendimentos, sobretudo se pensa que a criação de postos de trabalho é parte imprescindível do seu serviço ao bem comum» (Enc. Laudato si’, 129). Este bem comum inclui também a terra, tema central da Encíclica que escrevi, recentemente, para «entrar em diálogo com todos acerca da nossa casa comum» (ibid., 3). «Precisamos de um debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós» (ibid., 14).

Na encíclica Laudato si’, exorto a um esforço corajoso e responsável para «mudar de rumo» (ibid., 61) e evitar os efeitos mais sérios da degradação ambiental causada pela actividade humana. Estou convencido de que podemos fazer a diferença e não tenho dúvida alguma de que os Estados Unidos – e este Congresso – têm um papel importante a desempenhar. Agora é o momento de empreender ações corajosas e estratégias tendentes a implementar uma «cultura do cuidado» (ibid., 231) e «uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza» (ibid., 139). Temos a liberdade necessária para limitar e orientar a tecnologia (cf. ibid., 112), para individuar modos inteligentes de «orientar, cultivar e limitar o nosso poder» (ibid., 78) e colocar a tecnologia «ao serviço doutro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral» (ibid., 112). A este respeito, confio que as instituições americanas de investigação e acadêmicas poderão dar um contributo vital nos próximos anos.

Um século atrás, no início da I Grande Guerra que o Papa Bento XV definiu «massacre inútil», nascia outro americano extraordinário: o monge cisterciense Thomas Merton. Ele continua a ser uma fonte de inspiração espiritual e um guia para muitas pessoas. Na sua autobiografia, deixou escrito: «Vim ao mundo livre por natureza, imagem de Deus; mas eu era prisioneiro da minha própria violência e do meu egoísmo, à imagem do mundo onde nascera. Aquele mundo era o retrato do Inferno, cheio de homens como eu, que amam a Deus e contudo odeiam-No; nascidos para O amar, mas vivem no medo de desejos desesperados e contraditórios». Merton era, acima de tudo, homem de oração, um pensador que desafiou as certezas do seu tempo e abriu novos horizontes para as almas e para a Igreja. Foi também homem de diálogo, um promotor de paz entre povos e religiões.

Nesta perspectiva de diálogo, gostaria de saudar os esforços que se fizeram nos últimos meses para procurar superar as diferenças históricas ligadas a episódios dolorosos do passado. É meu dever construir pontes e ajudar, por todos os modos possíveis, cada homem e cada mulher a fazerem o mesmo. Quando nações que estiveram em desavença retomam o caminho do diálogo – um diálogo que poderá ter sido interrompido pelas mais válidas razões –, abrem-se novas oportunidades para todos. Isto exigiu, e exige, coragem e audácia, o que não significa irresponsabilidade. Um bom líder político é aquele que, tendo em conta os interesses de todos, lê o momento presente com espírito de abertura e sentido prático. Um bom líder político não cessa de optar mais por «iniciar processos do que possuir espaços» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 222-223).

Estar ao serviço do diálogo e da paz significa também estar verdadeiramente determinado a reduzir e, a longo prazo, pôr termo a tantos conflitos armados em todo o mundo. Aqui devemos interrogar-nos: Por que motivo se vendem armas letais àqueles que têm em mente infligir sofrimentos inexprimíveis a indivíduos e sociedade? Infelizmente a resposta, como todos sabemos, é apenas esta: por dinheiro; dinheiro que está impregnado de sangue, e muitas vezes sangue inocente. Perante este silêncio vergonhoso e culpável, é nosso dever enfrentar o problema e deter o comércio de armas.

Três filhos e uma filha desta terra, quatro indivíduos e quatro sonhos: Lincoln, a liberdade; Martin Luther King, a liberdade na pluralidade e não-exclusão; Dorothy Day, a justiça social e os direitos das pessoas; e Thomas Merton, capacidade de diálogo e abertura a Deus.

Quatro representantes do povo americano.

Concluirei a minha visita ao vosso país em Filadélfia, onde participarei no Encontro Mundial das Famílias. É meu desejo que, durante toda a minha visita, a família seja um tema recorrente. Como foi essencial a família na construção deste país! E como merece ainda o nosso apoio e encorajamento! E todavia não posso esconder a minha preocupação pela família, que está ameaçada, talvez como nunca antes, de dentro e de fora. As relações fundamentais foram postas em discussão, bem como o próprio fundamento do matrimônio e da família. Posso apenas repropor a importância e sobretudo a riqueza e a beleza da vida familiar.

Em particular quereria chamar a atenção para os membros da família que são os mais vulneráveis: os jovens. Para muitos deles anuncia-se um futuro cheio de tantas possibilidades, mas muitos outros parecem desorientados e sem uma meta, encastrados num labirinto sem esperança, marcado por violências, abusos e desespero. Os seus problemas são os nossos problemas. Não podemos evitá-los. É necessário enfrentá-los juntos, falar deles e procurar soluções eficazes em vez de ficar empantanados nas discussões. Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque lhes faltam possibilidades para o futuro. Mas esta mesma cultura apresenta a outros tantas opções que também eles são dissuadidos de formar uma família.

Uma nação pode ser considerada grande, quando defende a liberdade, como fez Lincoln; quando promove uma cultura que permita às pessoas «sonhar» com plenos direitos para todos os seus irmãos e irmãs, como procurou fazer Martin Luther King; quando luta pela justiça e pela causa dos oprimidos, como fez Dorothy Day com o seu trabalho incansável, fruto duma fé que se torna diálogo e semeia paz no estilo contemplativo de Thomas Merton.

Nestas notas, procurei apresentar algumas das riquezas do vosso patrimônio cultural, do espírito do povo americano. Faço votos de que este espírito continue a desenvolver-se e a crescer de tal modo que o maior número possível de jovens possa herdar e habitar numa terra que inspirou tantas pessoas a sonhar.

Deus abençoe a América!”

Palavras pronunciadas pelo Papa, no terraço do Congresso

“Bom-dia a todos vós! Agradeço a vossa recepção e a vossa presença. Agradeço às personagens mais importantes que aqui estão: as crianças. Quero pedir a Deus que vos abençoe: «Senhor, Pai de todos nós, abençoai este povo, abençoai a cada um deles, abençoai as suas famílias, concedei-lhes aquilo de que mais necessitam». Peço-vos, por favor, que rezeis por mim. E, se houver entre vós alguém que não crê ou não pode rezar, peço-lhe, por favor, que me deseje coisas boas. Obrigado! Muito obrigado! Deus abençoe a América!”

]]>
http://portalconservador.com/eis-a-integra-do-discurso-papal-no-congresso-dos-eua-antes-de-criticar-ler/feed/ 0 2537
O ataque de Moscou ao Vaticano http://portalconservador.com/o-ataque-de-moscou-ao-vaticano/ http://portalconservador.com/o-ataque-de-moscou-ao-vaticano/#comments Fri, 22 May 2015 03:22:22 +0000 http://portalconservador.com/?p=2331 read more →]]> A União Soviética jamais se sentiu à vontade tendo que conviver com o Vaticano neste mundo. Descobertas recentes provam que o Kremlin estava disposto a não medir esforços para neutralizar o forte anti-comunismo da Igreja Católica. Em março de 2006, uma comissão parlamentar italiana concluiu que “além de toda dúvida razoável, os líderes da União Soviética tomaram a iniciativa de eliminar o papa Karol Wojtyla” em retaliação à sua ajuda ao movimento dissidente Solidariedade na Polônia. Em janeiro de 2007, quando documentos mostraram a colaboração do recém-nomeado arcebispo de Warsaw, Stanislaw Wielgus, com a polícia política na época da Polônia comunista, ele admitiu a acusação e se aposentou. No dia seguinte, o prior da Catedral Wawel de Cracóvia, local de sepultamento de reis e rainhas poloneses, se aposentou pela mesma razão. Em seguida, soube-se que Michal Jagosz, um membro do tribunal do Vaticano que estuda a santidade do depois Papa João Paulo II, foi acusado de ser um antigo agente da polícia secreta comunista; de acordo com a mídia polonesa, ele foi recrutado em 1984, antes de deixar a Polônia para assumir um cargo no Vaticano.

Atualmente, está prestes a ser publicado um livro que irá revelar a identidade de outros 39 sacerdotes cujos nomes foram descobertos nos arquivos da polícia secreta de Cracóvia, alguns deles bispos atualmente. Além disso, essas revelações parecem ser apenas a ponta do iceberg. Uma comissão especial em breve iniciará uma investigação sobre a atuação de todos os religiosos durante a era comunista, quando, acredita-se, milhares de sacerdotes católicos daquele país colaboraram com a polícia secreta. Isto apenas na Polônia – os arquivos da KGB e os da polícia política nos demais países do antigo bloco soviético ainda precisam ser abertos para investigar as operações contra o Vaticano.

Na minha outra vida, quando estava no centro das operações de guerra de inteligência estrangeira de Moscou, me vi envolvido em um esforço deliberado do Kremlin para manchar a reputação do Vaticano, retratando o Papa Pio XII como um frio simpatizante do nazismo. No fim das contas, a operação não causou nenhum dano duradouro, mas deixou um amargo sabor residual de difícil eliminação. A história jamais foi contada antes.

 

O ATAQUE À IGREJA

Em fevereiro de 1960, Nikita Khrushchev aprovou um plano ultra-secreto para destruir a autoridade moral do Vaticano na Europa Ocidental. O plano era um criativo fruto de Aleksandr Shelepin, chefe da KGB, e de Aleksey Kirichenko, membro do Politburo soviético responsável por políticas internacionais. Até aquele momento, a KGB tinha lutado contra o seu “inimigo mortal” na Europa Oriental, onde a Santa Sé havia sido cruelmente atacada como um covil de espiões a soldo do imperialismo americano, e os seus representantes haviam sido sumariamente presos sob acusação de espionagem. Agora, Moscou queria desacreditar o Vaticano imputando-lhe a pecha de bastião do nazismo, usando os seus próprios sacerdotes, em seu próprio território.

Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, foi escolhido como alvo prioritário da KGB – a sua encarnação do demônio – pois havia deixado este mundo em 1958. “Mortos não podem se defender” era o slogan da KGB na época. Moscou acabara de ganhar um soco no olho por ter falsamente incriminado e encarcerado um prelado do Vaticano, o cardeal József Mindszenty, primaz da Hungria, em 1948. Durante a revolução húngara de 1956, ele escapara da prisão e pedira asilo na embaixada americana em Budapeste, onde começou escrever as suas memórias. Quando os detalhes de como ele havia sido condenado se tornaram conhecidos de jornalistas ocidentais, foi visto por todos como um santo herói e mártir.

Como Pio XII havia sido núncio papal em Munique e em Berlin quando os nazistas estavam iniciando a sua tentativa de chegar ao poder, a KGB queria retratá-lo como um anti-semita encorajador do Holocausto. O desafio era realizar a operação sem dar o menor sinal do envolvimento do bloco soviético. Todo o trabalho sujo devia ser feito por mãos ocidentais, usando evidências do próprio Vaticano. Isto corrigiria outro erro cometido no caso de Mindszenty, incriminado com documentos soviéticos e húngaros falsificados. (Em 6 de fevereiro de 1949, alguns dias após o julgamento de Mindszenty, Hanna Sulner, a especialista húngara em caligrafia que havia fabricado a “evidência” usada para incriminar o cardeal, fugiu para Viena e exibiu os microfilmes dos “documentos” em que se baseara o julgamento encenado. Hanna demonstrou, em um testemunho minuciosamente detalhado, que os documentos eram todos forjados, produzidos por ela, “alguns pretensamente escritos pelo cardeal, outras exibindo a sua suposta assinatura”.)

Para evitar outra catástrofe como a de Mindszently, a KGB precisava de alguns documentos originais do Vaticano, mesmo remotamente ligados a Pio XII, os quais os seus especialistas em desinformação poderiam modificar levemente e projetar “na luz apropriada” para provar as “verdadeiras cores” do Papa. A KGB, entretanto, não tinha acesso aos arquivos do Vaticano, e aí entrou o meu DIE, o serviço romeno de inteligência estrangeira. O novo chefe do serviço de inteligência estrangeira soviético, general Aleksandr Sakharovsky, havia criado o DIE em 1949 e havia sido até pouco tempo antes o nosso conselheiro-chefe soviético; o DIE, ele sabia, estava em excelente posição para contactar o Vaticano e obter aprovação para pesquisa em seus arquivos. Em 1959, quando fui nomeado para a Alemanha Oriental no disfarçado cargo de representante-chefe da Missão Romena, havia conduzido uma “troca de espiões” na qual dois oficiais do DIE (coronel Gheorghe Horobet e major Nicolae Ciuciulin), pegos com em flagrante na Alemanha Ocidental, foram trocados pelo bispo católico Augustin Pacha, preso pela KGB sob uma espúria acusação de espionagem, e que finalmente retornava ao Vaticano via Alemanha Ocidental.

 

INFILTRAÇÃO NO VATICANO

“Seat 12” era o codinome dado a essa operação contra Pio XII e eu me tornei o seu ponta-de-lança romeno. Para facilitar o meu trabalho, Sakharovsky me autorizou a informar (falsamente) o Vaticano que a Romênia estava pronta para restabelecer as relações cortadas com a Santa Sé, em troca ao acesso aos seus arquivos e um empréstimo sem juros de um bilhão de dólares por 25 anos. (As relações da Romênia com o Vaticano haviam sido cortadas em 1951, quando Moscou acusou a nunciatura do Vaticano na Romênia de ser um front da CIA disfarçado e fechou os seus escritórios. Os edifícios da nunciatura em Bucareste haviam sido revertidos ao DIE e hoje abrigam uma escola de idioma estrangeiro.) O acesso aos arquivos papais, eu havia dito ao Vaticano, era necessário para encontrar raízes históricas que ajudariam o governo romeno a justificar publicamente a sua mudança de atitude em relação à Santa Sé. O dinheiro – bilhão de dólares (não, isto não é erro de digitação) -, me disseram, havia sido introduzido no jogo para tornar a alegada mudança de opinião romena mais plausível. “Se há uma coisa que estes monges entendem é de dinheiro” disse Sakharovsky.

Ion-Pacepa-Portal-Conservador

A minha atuação na troca do bispo Pacha pelos dois oficiais do DIE realmente abriram as portas para mim. Um mês após ter recebido as instruções da KGB, fiz meu primeiro contato com um representante do Vaticano. Por razões de segredo, o encontro – e a maioria das reuniões seguintes – ocorreu em um hotel em Genebra, Suíça. Fui apresentado a um “membro influente do corpo diplomático” que, me disseram, havia começado a carreira trabalhando nos arquivos do Vaticano. O seu nome era Agostino Casaroli, e eu logo perceberia a sua grande influência. Imediatamente, este monsenhor deu-me acesso aos arquivos do Vaticano, e logo três jovens oficiais do DIE disfarçados de sacerdotes romenos estavam mergulhados nos arquivos papais. Casaroli também concordou “em princípio” com o pedido de Bucareste pelo empréstimo sem juros, mas disse que o Vaticano desejava impor certas condições. (Até 1978, quando deixei a Romênia para sempre, eu ainda estava negociando o empréstimo, diminuído então para 200 milhões de dólares.)

Durante os anos 1960-62, o DIE conseguiu furtar dos Arquivos do Vaticano e da Biblioteca Apostólica centenas de documentos ligados, de alguma forma, ao Papa Pio XII. Tudo era imediatamente enviado para a KGB por um correio especial. Na realidade, nenhum material incriminador contra o Pontífice emergiu de todos aqueles documentos secretamente fotografados. A maior parte eram cópias de cartas pessoais e transcrições de reuniões e discursos, tudo formatado na rotineira linguagem diplomática esperada. A KGB, entretanto, continuava pedindo mais documentos. E nós enviávamos mais.

 

A KGB PRODUZ UMA PEÇA

Em 1963, o general Ivan Agayants, o famoso chefe do departamento de desinformação da KGB, foi a Bucareste para nos agradecer pela ajuda. Disse-nos que a operação “Seat-12” havia se materializado em uma poderosa peça de ataque contra o Papa Pio XII intitulada The Deputy (O Representante), uma referência indireta ao Papa como representante de Cristo na terra. Agayants levou o crédito pelo formato da peça, e nos disse que ela tinha extensos apêndices de documentos para lhe dar sustentação, anexados pelos seus especialistas com a ajuda de documentos furtados por nós do Vaticano. Agayants também nos disse que o produtor da The Deputy, Erwin Piscator, era um comunista devoto com um relacionamento de longa data com Moscou. Em 1929, ele havia fundado o Teatro do Proletariado em Berlim, e em seguida procurado asilo político na União Soviética quando Hitler chegou ao poder, e, poucos anos depois, “emigrou” para os EUA. Em 1962, Piscator voltou a Berlim Ocidental para produzir The Deputy.

Em todos os meus anos na Romênia, sempre lidei com os meus chefes da KGB com um certo cuidado pois eles costumavam manejar os acontecimentos de forma a fazer a inteligência soviética a mãe e o pai de tudo. Mas eu tinha razões para acreditar na declaração auto-elogiosa de Agayants. Ele era uma lenda viva no campo da desinformação. Em 1943, morando no Irã, Agayants lançara o relatório de desinformação segundo o qual Hitler havia montado uma equipe especial para sequestrar o presidente Franklin Roosevelt da embaixada americana em Teerã durante a Conferência de Cúpula Aliada a ser realizada lá. Por isso, Roosevelt concordou em montar o seu quartel-general em uma vila sob a “segurança” do complexo da Embaixada Soviética, protegida por uma grande unidade militar. Todo o pessoal soviético designado para aquela vila era composto por oficiais de inteligência disfarçados, com domínio do idioma inglês, mas, com poucas exceções, eles mantinham isto em segredo para poder escutar as conversas. Mesmo com as capacidades técnicas limitadas da época, Agayants conseguiu proporcionar a Stalin, de hora em hora, relatórios de acompanhamento sobre os hóspedes americanos e britânicos. Isto ajudou Stalin a obter o acordo tácito de Roosevelt para deixá-lo manter sob domínio os países bálticos e os demais territórios ocupados pela União Soviética em 1939-40. Agayants também levou o crédito por ter induzido Roosevelt a usar o familiar tratamento “Tio Joe” para Stalin naquele encontro. De acordo com o relato de Sakharovsky para nós, Stalin estava mais orgulhoso disso até mesmo do que dos territórios ganhos. “O aleijado é meu!” teria exultado.

Exatamente um ano antes do lançamento da peça The Deputy, Agayants realizou outra ação bem sucedida. Inventou um manuscrito concebido para convencer o Ocidente de que, no fundo, o Kremlin pensava bem dos judeus; isto foi publicado na Europa Ocidental, com muito sucesso entre o público, na forma de um livro intitulado Notes for a Journal. O manuscrito foi abribuído a Maxim Litvinov, nascido Meir Walach, o aposentado comissário soviético para relações exteriores, demitido em 1939 quando Stalin purgou o seu aparato diplomático de judeus em preparação para a assinatura do pacto de “não-agressão” com Hitler. (O Pacto de Nâo-Agressão Stalin-Hitler foi assinado em 23 de agosto de 1939 em Moscou. Continha um Protocolo secreto dividindo a Polônia entre os dois signatários e dava aos soviéticos autoridade sobre Estônia, Letônia, Finlândia, Bessarábia e Bucovina do Norte.) Este livro de Agayants estava tão perfeitamente falsificado que o mais proeminente estudioso da Rússia Soviética, o historiador Edward Hallet Carr, ficou totalmente convencido da sua autenticidade e até escreveu uma introdução para ele. (Carr havia escrito uma História da Rússia Soviética, em 10 volumes.)

A peça The Deputy foi lançada em 1963 como um trabalho de um desconhecido alemão oriental chamado Rolf Hochhuth, sob o título Der Stellvertreter, Ein christliches Trauerspiel (The Deputy, a Christian Tragedy). A tese central era que Pio XII havia apoiado Hitler e o encorajara a ir adiante com o Holocausto Judeu. O livro acendeu imediatamente uma gigantesca controvérsia acerca de Pio XII, descrito como um homem frio e sem coração, mais preocupado com as propriedades do Vaticano do que com o destino das vítimas de Hitler. O texto original apresentava uma peça de oito horas, apoiada por cerca de 40 a 80 páginas (dependendo da edição) do que Hochhuth chamou de “documentação histórica”. Em um artigo de jornal publicado na Alemanha em 1963, Hochhuth defende a sua representação de Pio XII dizendo: “Os fatos estão aí – quarenta páginas repletas de documentos no apêndice da minha peça.” Em uma entrevista de rádio em Nova Iorque em 1964, quando The Deputy estreiou naquela cidade, Hochhuth disse “Eu considerei necessário adicionar à peça um apêndice histórico, de cinquenta a oitenta páginas (dependendo do tamanho da impressão)”. Na edição original, o apêndice é intitulado Historische Streiflichter (fragmentos históricos). The Deputy foi traduzida para cerca de 20 idiomais, drasticamente cortada e normalmente sem o apêndice.

Antes de escrever The Deputy, Hochhuth, que não tinha diploma secundário (Abitur), estava trabalhando em diversos trabalhos desimportantes para o grupo editorial Bertelsmann. Em entrevista, declarou que em 1959 obtivera uma licença de ausência de trabalho e fôra a Roma, onde passara três meses conversando e, em seguida, escrevento o primeiro rascunho da peça, e onde havia proposto uma “série de questões” a um bispo cujo nome recusou a revelar. Até parece! Quase na mesma época, eu costumava visitar o Vaticano regularmente como representante credenciado de um chefe de estado, e nunca encontrei nenhum bispo tagarela para conversar no corredor comigo – e não foi por falta de tentativa. Os oficiais ilegais do DIE infiltrados por nós no Vaticano também encontraram quase as mesmas dificuldades insuperáveis para penetrar nos arquivos secretos do Vaticano, mesmo com o inexpugnável disfarce de sacerdote.

Nos meus velhos tempos do DIE, quando podia pedir ao meu chefe pessoal, general Nicolae Ceausescu (o irmão do ditador) um relatório detalhado sobre algum subordinado, ele sempre perguntava “Para promover ou rebaixar?” (NT: For promotion or demotion?, no original.) Durante os seus primeiros dez anos de vida, The Deputy tendeu na direção do rebaixamento do Papa. Gerou uma enxurrada de livros e artigos, alguns acusando, outros defendendo o pontífice. Alguns chegaram até a jogar a culpa pelas atrocidades em Auschwitz nas costas do Papa, outros meticulosamente reduziram os argumentos de Hochhuth a pó, mas todos contribuíram para a enorme atenção recebida na época por esta peça trapaceira. Hoje, muitas pessoas que jamais ouviram falar na The Deputy estão sinceramente convencidas que Pio XII foi um homem frio e malvado que odiava os judeus e ajudou Hitler a eliminá-los. Como Yury Andropov – chefe da KGB e inigualável mestre da enganação soviética – costumava me dizer, as pessoas são mais propensas a acreditar em sujidade do que em santidade.

 

CALÚNIAS ENFRAQUECIDAS

Em meados da década de 1970, The Deputy começou a perder força. Em 1974, Andropov admitiu para nós que, se soubéssemos antes o que sabíamos então, jamais teríamos ido atrás do Papa Pio XII. Referia-se a informações recentemente liberadas mostrando que Hitler, longe de ser amigo de Pio XII, na verdade tramou contra ele.

Poucos dias antes da admissão de Andropov, o antigo comandante supremo do esquadrão da SS alemã (Schutztaffel) na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, general Friedrich Otto Wolff, havia sido solto da cadeia e confessado que em 1943 Hitler havia lhe ordenado que raptasse o Papa Pio XII do Vaticano. Aquela ordem havia sido tão confidencial que jamais foi trazida à tona após a guerra em nenhum arquivo nazista. Nem surgiu em nenhuma das inúmeras prestações de contas de oficiais da Gestapo e SS conduzidas pelos Aliados vitoriosos. Segundo a sua confissão, Wolff teria replicado a Hitler que a ordem levaria seis semanas para ser cumprida. Hitler, que culpava o Papa pela derrota do ditador italiano Benito Mussolini, queria a ordem cumprida imediatamente. Por fim, Wolff persuadiu Hitler que haveria uma forte reação negativa se o plano fôsse implementado, e o Führer o abandonou.

Também em 1974, o cardeal Mindszenty publicou o seu livro Memoirs, no qual descreve em dolorosos detalhes como foi falsamente incriminado na Hungria comunista. Com provas baseadas em documentos fabricados, ele foi acusado de “traição, mal uso de moeda estrangeira e conspiração”, ofensas “todas passíveis de pena de morte ou prisão perpétua”. Ele também desceve como a sua falsa “confissão” ganhou então vida própria. “Qualquer um, parecia para mim, podia ter reconhecido imediatamente este documento como uma falsificação grosseira, pois era o produto de um trabalho malfeito e de uma mente inculta”, escreveu o cardeal. “Mas quando depois eu li os livros, jornais e revistas estrangeiros que lidaram com o meu caso e comentaram a minha “confissão”, percebi que o público deve ter concluído que a “confissão” havia sido realmente feita por mim, apesar de ter sido feita em estado semiconsciente e sob a influência de lavagem cerebral… o fato de a polícia ter publicado um documento fabricado por ela mesma parecia muito descarado para se acreditar”. Além de tudo isso, Hanna Sulner, a especialista em caligrafia húngara usada incriminar o cardeal, havia escapado para Viena, e confirmou ter forjado a “confissão” de Mindszenty.

Alguns anos depois, o Papa João Paulo II iniciou o processo de beatificação de Pio XII, e testemunhas do mundo inteiro provaram, de modo constrangedor para os adversários, que Pio XII era um inimigo, não um amigo, de Hitler. Israel Zoller, o rabi-chefe de Roma entre 1943-44, quando Hitler tomou a cidade, devotou um capítulo inteiro das suas memórias louvando a liderança de Pio XII. “O Santo Padre enviou uma carta para ser entregue em mãos aos bispos instruindo-os para levantar o claustro de conventos e monastérios, para poderem se tornar refúgio para os judeus. Sei de um convento onde as Irmãs dormiram no porão, emprestando as suas camas para os refugiados judeus”. Em 25 de julho de 1944, Zoller foi recebido pelo Papa Pio XII. Notas tomadas pelo secretário de estado do Vaticano, Giovanni Battista Montini (que se tornaria o Papa Paulo VI) mostram a gratidão do rabi Zoller ao Santo Padre por toda a sua ajuda para salvar a comunidade judaica em Roma – e os seus agradecimentos foram transmitidos pelo rádio. Em 13 de fevereiro de 1945, o rabi Zoller foi batizado pelo bispo auxiliar de Roma, Luigi Traglia, na igreja de Santa Maria degli Angeli. Em agradecimento a Pio XII, Zoller tomou o nome cristão de Eugênio (o nome do Papa). Um ano depois, a esposa e a filha de Zoller também foram batizadas.

David G. Dalin, em The Myth of Hitler´s Pope: How Pope Pius XII Rescued Jews From the Nazis, publicado poucos meses atrás, compilou provas indiscutíveis da amizade entre Eugenio Pacelli e os judeus, iniciada bem antes dele ser papa. No começo da Segunda Guerra Mundial, a primeira encíclica do Papa Pio XII foi tão anti-Hitler que a Real Força Aérea e a força aérea francesa lançaram 88 mil cópias do documento sobre a Alemanha.

Ao longo dos 16 últimos anos, a liberdade de religião foi restaurada na Rússia e uma nova geração vem lutando para desenvolver uma nova identidade nacional. Só podemos esperar que o presidente Vladimir Putin decida abrir os arquivos da KGB e os coloque sobre a mesa para que todos possam ver como os comunistas caluniaram um dos mais importantes Papas do último século.

 

Escrito pelo ex-general Ion Mihai Pacepa, oficial de mais alta patente a desertar do Bloco Soviético. O seu livro Red Horizons foi traduzido para 27 idiomas.

Traduzido por Ricardo Hashimoto. Este texto é tradução do artigo Moscow’s Assault on the Vatican, publicado no National Review em 25 de janeiro de 2007.

]]>
http://portalconservador.com/o-ataque-de-moscou-ao-vaticano/feed/ 1 2331
Ex-espião da União Soviética: Nós criamos a Teologia da Libertação http://portalconservador.com/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao/ http://portalconservador.com/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao/#respond Mon, 11 May 2015 03:53:42 +0000 http://portalconservador.com/?p=2310 read more →]]> (ACI Digital) – Ion Mihai Pacepa foi general da polícia secreta da Romênia comunista antes de pedir demissão do seu cargo e fugir para os EUA no fim da década de 70. Considerado um dos maiores “detratores” de Moscou, Pacepa concedeu entrevista a ACI Digital e revelou a conexão entre a União Soviética e a Teologia da Libertação na América Latina.  A seguir, os principais trechos da sua entrevista:

IonMihaiPacepa-Portal-Conservador

Em geral, você poderia dizer que a expansão da Teologia da Libertação teve algum tipo de conexão com a União Soviética?

Sim. Soube que a KGB teve uma relação com a Teologia da Libertação através do general soviético Aleksandr Sakharovsky, chefe do serviço de inteligência estrangeiro (razvedka) da Romênia comunista, que foi conselheiro e meu chefe até 1956, quando foi nomeado chefe do serviço de espionagem soviética, o PGU1; Ele manteve o cargo durante 15 anos, um recorde sem precedentes.

Em 26 de outubro de 1959, Sakharovsky e seu novo chefe, Nikita Khrushchev, chegaram à Romênia para as chamadas “férias de seis dias de Khrushchev”. Ele nunca tinha tomado um período tão longo de férias no exterior, nem foi sua estadia na Romênia realmente umas férias.

Khrushchev queria ser reconhecido na história como o líder soviético que exportou o comunismo à América Central e à América do Sul. A Romênia era o único país latino no bloco soviético e Khrushchev queria envolver os “líderes latinos” na sua nova guerra de “libertação”.

Eu me investiguei sobre Sakharovsky, vi os seus escritos, mas não pude encontrar nenhuma informação relevante sobre sua figura. Por que?

Sakharovsky era uma imagem soviética dos anos quentes da Guerra Fria, quando os membros dos governos britânico e israelense ainda não conheciam a identidade dos líderes do Mossad e do MI-6. Mas, Sakharovsky desempenhou um papel extremamente importante na construção da história da Guerra Fria. Ele ocasionou a exportação do comunismo a Cuba (1958-1961); ele manipulou de maneira perversa a crise de Berlim (1958-1961) criou o Muro de Berlim; a crise dos mísseis cubanos (1962) e colocou o mundo na beira de uma guerra nuclear.

A Teologia da Libertação foi de alguma maneira um movimento ‘criado’ pela KGB de Sakharovsky ou foi um movimento existente que foi exacerbado pela URSS?

O movimento nasceu na KGB e teve um nome inventado pela KGB: Teologia da Libertação. Durante esses anos, a KGB teve uma tendência pelos movimentos de “Libertação”. O Exército de Libertação Nacional da Colômbia (FARC –sic–), criado pela KGB com a ajuda de Fidel Castro; o Exército de Libertação Nacional da Bolívia, criado pela KGB com o apoio de “Che” Guevara; e a Organização para Libertação da Palestina (OLP), criado pela KGB com ajuda de Yasser Arafat, são somente alguns movimentos de “Libertação” nascidos em Lubyanka – lugar dos quartéis-generais da KGB.

O nascimento da Teologia da Libertação em 1960 foi a tentativa de um grande e secreto “Programa de desinformação” (Party-State Dezinformatsiya Program), aprovado por Aleksandr Shelepin, presidente da KGB, e pelo membro do Politburo, Aleksey Kirichenko, que organizou as políticas internacionais do Partido Comunista.

Este programa demandou que a KGB guardasse um controle secreto sobre o Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com sede em Genebra (Suíça), e o utilizasse como uma desculpa para transformar a Teologia da Libertação numa ferramenta revolucionária na América do Sul. O CMI foi a maior organização internacional de fiéis depois do Vaticano, representando 550 milhões de cristãos de várias denominações em 120 países.

O nascimento de um novo movimento religioso é um evento histórico. Como foi construído este novo movimento religioso?

A KGB começou construindo uma organização religiosa internacional intermédia chamada “Conferência Cristã pela Paz”, cujo quartel general estava em Praga. Sua principal tarefa era levar a Teologia da Libertação ao mundo real. A nova Conferência Cristã pela Paz foi dirigida pela KGB e estava subordinada ao respeitável Conselho Mundial da Paz, outra criação da KGB, fundada em 1949, com seu quartel geral também em Praga.

Durante meus anos como líder da comunidade de inteligência do bloco soviético, dirigi as operações romenas do Conselho Mundial da Paz (CMP). Era estritamente KGB. A maioria dos empregados do CMP eram oficiais de inteligência soviéticos acobertados. Suas duas publicações em francês, “Nouvelles perspectives” e “Courier da Paix”, estavam também dirigidas pelos membros infiltrados da KGB –e da romena DIE2–. Inclusive o dinheiro para o orçamento da CMP chegava de Moscou, entregue pela KGB em dólares, em dinheiro lavado para ocultar sua origem soviética. Em 1989, quando a URSS estava à beira do colapso, o CMP admitiu publicamente que 90 por cento do seu dinheiro chegava através da KGB3.

Como começou a Teologia da Libertação?

Eu não estava propriamente envolvido na criação da Teologia da Libertação. Eu soube através de Sakharovsky, entretanto, que em 1968 a Conferência Cristã pela Paz criada pela KGB, apoiada em todo mundo pelo Conselho Mundial da Paz, foi capaz de manipular um grupo de bispos sul-americanos da esquerda dentro da Conferência de Bispos Latino-americanos em Medellín (Colômbia).

O trabalho oficial da Conferência era diminuir a pobreza. Seu objetivo não declarado foi reconhecer um novo movimento religioso motivando os pobres a rebelar-se contra a “violência institucionalizada da pobreza”, e recomendar o novo movimento ao Conselho Mundial das Igrejas para sua aprovação oficial. A Conferência de Medellín alcançou ambos objetivos. Também comprou o nome nascido da KGB “Teologia da Libertação”.

A Teologia da Libertação teve líderes importantes, alguns deles famosas figuras “pastorais” e alguns intelectuais. Sabe se houve alguma participação do bloco soviético na promoção da imagem pessoal ou dos escritos destas personalidades? Alguma ligação específica com os bispos Sergio Mendes Arceo do México ou Helder Câmara do Brasil? Alguma possível conexão direta com teólogos da Libertação como Leonardo Boff, Frei Betto, Henry Camacho ou Gustavo Gutiérrez?

Tenho boas razões para suspeitar que havia uma conexão orgânica entre a KGB e alguns desses líderes promotores da Teologia da Libertação, mas não tenho evidência para comprová-la. Nos últimos 15 anos que morei na Romênia (1963-1978), dirigi a espionagem científica e tecnológica do país, e também as operações de desinformação destinadas a aumentar a importância de Ceausescu no Ocidente.

Recentemente vi o livro de Gutiérrez “Teologia da Libertação: Perspectivas” (1971) e tive a intuição de que este livro foi escrito em Lubyanka. Não surpreende que ele seja considerado agora como o fundador da Teologia da Libertação. Porém, da intuição aos fatos, entretanto, há um longo caminho.

]]>
http://portalconservador.com/ex-espiao-da-uniao-sovietica-nos-criamos-a-teologia-da-libertacao/feed/ 0 2310
O catolicismo é a maior religião dos Estados Unidos http://portalconservador.com/o-catolicismo-e-a-maior-religiao-dos-estados-unidos/ http://portalconservador.com/o-catolicismo-e-a-maior-religiao-dos-estados-unidos/#comments Thu, 01 Jan 2015 19:00:19 +0000 http://portalconservador.com/?p=1677 read more →]]> Enquanto a mídia secular está arrotando o resultado das pesquisas do nosso ultra ortodoxo e confiável IBGE sobre a queda de católicos em terras brasileiras, nos Estados Unidos da América a situação concreta é bem diferente: na maior nação protestante do mundo agora o Catolicismo é a maior religião cristã com mais de 68 milhões de fiéis. Vejamos os dados:

1. The Catholic Church 68,202,492, [ranked 1 in 2011]

2. Southern Baptist Convention 16,136,044, [ranked 2 in 2011]

3. The United Methodist Church 7,679,850, [ranked 3 in 2011]

4. The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints 6,157,238, [ranked 4 in 2011]

5. The Church of God in Christ 5,499,875, [ranked 5 in 2011]

6. National Baptist Convention , U.S.A. , Inc. 5,197,512, [ranked 6 in 2011]

7. Evangelical Lutheran Church in America 4,274,855, [ranked 7 in 2011]

8. National Baptist Convention of America , Inc. 3,500,000, [ranked 8 in 2011]

9. Assemblies of God 3,030,944, [ranked 9 in 2011]

10. Presbyterian Church (U.S.A.) 2,675,873, [ranked 10 in 2011]

Bento XVI, na sua homília no “Yankee Stadium” de Nova Iorque, lembrou que “Nesta terra de liberdade religiosa, os católicos encontraram não só a liberdade para praticar sua fé, mas também para participar plenamente na vida civil, levando consigo suas convicções morais para a esfera pública, cooperando com seus vizinhos a forjar uma vibrante sociedade democrática.” De fato, na recém fundada federação americana, se instituiu uma realidade muito particular, podemos dizer que foi na terra estadunidense onde a Igreja Católica vivenciou maior liberdade sob um país majoritariamente protestante. Dessa forma, o clero americano pôde acolher com maior zelo os imigrantes de fé romana, principalmente vindos da Irlanda, num primeiro momento, e depois da Itália, Polônia e Alemanha, assim como sedimentar uma forte presença no país, seja através de instituições ou por meio do crescente número de vocações.

O futuro do catolicismo nas Américas, sobretudo nos Estados Unidos, é de grande importância para a Cristandade. A Europa está espiritualmente morta e em breve será tomada pacificamente pela Islã, pois os europeus de herança cristã não têm mais filhos, nem mesmo o suficiente para repor o declínio natural da população. Salvo um milagre, é um processo irreversível.

Da Europa se terá apenas a saudosa lembrança de um tempo cristão, que não voltará tão cedo, e que viverá talvez em pequenas ilhas isoladas, como os cristãos dos países maometanos do Oriente. Queira Nossa Senhora que aconteça um milagre e que a Europa volte a ser cristã. Talvez as profecias de Fátima se cumpram trazendo uma renovação católica no Velho Mundo. Talvez. Rezemos.

Em termos práticos, sem esperar pelo milagre, confiando no andar ordinário das coisas, as Américas são uma terra mais fértil para a semente do Evangelho.

O Brasil seria uma ótima terra de missão, com um povo mais dócil às verdades reveladas, com virtudes ainda inacabadas, herdadas da presença do catolicismo antes da crise pós-conciliar que devastou a vida espiritual do Ocidente. Os países da América Hispânica, catolicíssimos, devotíssimos de Nossa Senhora, também têm em si a potência de protagonizar o ressurgimento de uma civilização católica no Ocidente. Mas os Estados Unidos teriam um papel de cardeal importância, porque lá as instituições e os estado de espírito necessárias para isso já são uma realidade. Mesmo fortemente abalado pela crise conciliar, o catolicismo lá é mais pujante que em qualquer outra nação do Ocidente. Antes da crise conciliar essa pujança era uma coisa notável.

Só em 1955 foram 140 mil os protestantes convertidos e a população católica crescia em 1 milhão anualmente. Isso é uma coisa verdadeira assombrosa!

Alguns Bispos Americanos estão dando aula de evangelização. Há uma iniciativa da Conferência Episcopal Americana em fazer propaganda da fé católica em comerciais das mais populares emissores de TV. É como se a CNBB fizesse comercial da Missa Tridentina e a Globo anunciasse em horário nobre.

Veja por exemplo, o que a Arquidiocese de Nova Iorque produziu, um vídeo de ordenação de cinco jovens padres e questionando o telespectador sobre sua vocação.

O livro Todos os caminhos vão dar a Roma, do ex-pastor presbiteriano Scott Hahn e sua esposa Kimberly Hahn até hoje é responsável pela conversão de milhares de protestantes. Na obra, o casal relata o percurso de conversão e como foram vendo quanto a Sola Scriptura (“Só a escritura”) era incompatível com a mensagem de Cristo. É interessante, pois descreve a conversão de duas pessoas que tinham uma (falsa) ideia de catolicismo. O engraçado é que eles passaram admirar a fé católica através de sua moral, especialmente no que diz respeito a métodos reprodutivos, exatamente o ponto que a grande maioria dos católicos simplesmente não entende.

lex-orandi-lex-credendi-Portal-Conservador

A atração que os protestantes americanos tem pela Igreja é pelo seu conservadorismo, conservadora no sentido de guardar e conservar o que Cristo deixou a ela. Uma vez que muitos não suportam uma religião liberal, sempre vem no sentido de mudar aquilo que exatamente ela não pode mudar.

Maior igreja protestante dos Estados Unidos agora é católica

Depois que a mega-igreja protestante foi a falência, seu prédio foi comprado pela Diocese Católica do local, que a usará como sua nova catedral. Sem entrar no mérito da feiúra protestante da igreja, isso tem uma forte simbologia por trás. É uma virada da Igreja Católica nos Estados Unidos, que afinal começou muito pequena, e agora já é a maior denominação cristã dos Estados Unidos.

Christ-Cathedral-Portal-Conservador

O nome que foi dado à nova Catedral, aprovado pela Santa Sé, é Christ Cathedral (antes era chamada de Crystal Cathedral). As motivações são ecumênicas (nem tudo é perfeito); mas há um bom motivo para escolherem essa como sua nova Catedral, que afinal é um ponto turístico e já tinha se tornado referência em igrejas protestantes no país.

Lá, podemos ver o oposto do Brasil. Aqui o “padrão” é dizer-se católico, então temos muitos “católicos não-praticantes”. Lá, os não-praticantes são em maioria os protestantes, já que eles são a grande maioria da população. Como a grande parte dos protestantes no Brasil, os católicos dos Estados Unidos são ativos em sua Igreja.

Aqui está um vídeo da Catholic News Agency de uma ordenação na Diocese, onde foi apresentado o novo nome da Catedral e foi nomeado o seu vigário episcopal, o Pe. Christopher H. Smith:

Texto adaptado do portal Tradição em foco com Roma

]]>
http://portalconservador.com/o-catolicismo-e-a-maior-religiao-dos-estados-unidos/feed/ 25 1677