Hist. do Brasil – Portal Conservador https://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Fri, 13 Mar 2020 14:29:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.8.1 65453639 Primeiro exame de Bolsonaro teria testado positivo para coronavírus https://portalconservador.com/primeiro-exame-de-bolsonaro-teria-testado-positivo-para-coronavirus/ https://portalconservador.com/primeiro-exame-de-bolsonaro-teria-testado-positivo-para-coronavirus/#respond Fri, 13 Mar 2020 14:29:19 +0000 https://portalconservador.com/?p=4728 read more →]]> 13.03.2020 – Informações de fontes diretas do Planalto dão conta de que primeiro teste do presidente deu positivo

O semblante pálido e abatido – com olhos um pouco marejados – no pronunciamento em rede nacional de TV nesta quinta-feira (12) à noite – logo após ele fazer uma live na página do Facebook com máscara – foi o prenúncio de uma sexta-feira 13 sem precedentes na suíte presidencial: deu positivo o primeiro teste para infecção por coronavírus no presidente da República Jair Bolsonaro.

Ele espera o resultado da contra-prova nesta sexta (13) para confirmar ou não a contaminação. Há tensão no ar. A despeito de passar tranquilidade na TV, e pedir ao povo para evitar as ruas (um claro cancelamento da convocação das manifestações pró-governo de domingo), Bolsonaro não esconde as evidências dos cuidados com a saúde. Apareceu de máscara hoje de manhã e não saiu do Palácio da Alvorada, a residência oficial.

Se Bolsonaro vai divulgar o resultado -seja positivo ou não – é uma questão pessoal, mas que envolve também uma situação de soberania nacional. Passar à população uma imagem de um presidente infectado pode causar medo geral e até mexer com os índices da Bolsa de Valores, que já oscilam fortemente há uma semana, com circuit-break como rotina . Ele também morderia a língua, porque em coletiva nos Estados Unidos (onde pode ter se contaminado), Bolsonaro ironizou a situação apontando que a epidemia de coronavírus seria coisa da mídia.

Bolsonaro vai chamar ao Alvorada o núcleo presidencial – todos militares de alta patente – para decidir o que falar. Enquanto a nação fica de stand by.

A mesma fonte da Coluna informa que até o comandante do avião presidencial que voltou dos Estados Unidos estaria contaminado.

FATOR TRUMP

Uma notícia curiosa circula no petit comité presidencial brasileiro. Muito se diz do constrangimento que seria se o secretário de Comunicação do Governo, Fábio Wajngarten, com infecção confirmada, tivesse contaminado o presidente norte-americano Donald Trump. Mas o papo aqui em Brasília é outro. Toda a cúpula do Governo trata com cuidado para não indicar uma suspeita: boa parte da comitiva foi contaminada na Flórida, e pior, no resort Mar a Lago, de propriedade de Trump. Partindo dessa premissa, há risco de Trump estar contaminado, e ele ter passado o vírus no contato pessoal.

Fato é que Trump, cobrado pela imprensa americana, desconversa e diz que não precisa de teste. É no mínimo estranho, para quem já culpou a Europa pelo caos na vigilância sanitária. Trump não admitiria que foi o causador dessa sexta-feira 13 tupiniquim.

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Jair Bolsonaro aparece de máscara e aguarda resultado para coronavírus https://portalconservador.com/jair-bolsonaro-aparece-de-mascara-e-aguarda-resultado-para-coronavirus/ https://portalconservador.com/jair-bolsonaro-aparece-de-mascara-e-aguarda-resultado-para-coronavirus/#respond Thu, 12 Mar 2020 23:23:31 +0000 https://portalconservador.com/?p=4720 read more →]]> 12.03.2020 – Bolsonaro aparece com máscara em live e diz que aguarda resultado de teste para coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro apareceu vestindo uma máscara de proteção sobre o nariz e a boca nesta quinta-feira, durante mais uma edição da transmissão ao vivo que promove semanalmente no Facebook. Mais cedo, ele se submeteu a um exame para saber se contraiu o vírus assim como o secretário de Comunicação da Presidência da República, Fábio Wajngarten, diagnosticado com a doença.

O resultado do teste de Bolsonaro está previsto para ser divulgado nesta sexta-feira e, durante a live, o presidente disse que segue no aguardo de mais notícias sobre o próprio estado de saúde. Ao lado de Bolsonaro no vídeo está Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde.

— Eu estou usando máscara porque nessa viagem aos EUA, uma das pessoas que veio comigo no voo, quando desceu em SP, foi fazer os exames habituais e deu positivo coronavirus. Todo mundo que estava no voo, hoje, coletou material de todos nós, ainda não deu o resultado.

Bolsonaro passou a ser monitorado e foi submetido a coleta de sangue para detectar a doença. Wajngarten participou da comitiva da viagem presidencial aos EUA no último fim de semana e esteve com o presidente dos EUA, Donald Trump, em jantar no sábado. O governo brasileiro já comunicou o caso às autoridades norte-americanas. Trump disse que não está preocupado.

Isolado no Palácio da Alvorada, Bolsonaro recomendou que amigos não o visitem até que seja divulgado o resultado do teste.

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Deputado descendente da família imperial quer excluir feriado nacional que homenageia Tiradentes https://portalconservador.com/deputado-descendente-da-familia-imperial-quer-excluir-feriado-nacional-que-homenageia-tiradentes/ https://portalconservador.com/deputado-descendente-da-familia-imperial-quer-excluir-feriado-nacional-que-homenageia-tiradentes/#comments Fri, 28 Feb 2020 19:19:20 +0000 https://portalconservador.com/?p=4705 read more →]]> Luiz Philippe de Orleans e Bragança propôs Projeto de Lei para trocar 21 de abril, em homenagem ao inconfidente mineiro Tiradentes, pelo dia 22 de abril, descobrimento do Brasil.

O deputado Federal e descendente da família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, propôs, na Câmara dos Deputados, o PL 6.460/19, para excluir do rol de feriados nacionais o dia 21 de abril e, em troca, incluir o dia seguinte, 22 de abril, em referência ao descobrimento do Brasil.

21 de abril marca a data de morte de Tiradentes, ícone na luta da Inconfidência Mineira, cujo objetivo era a desvinculação do Brasil e a Coroa Portuguesa.

Segundo o parlamentar, o dia 22 de abril é uma data histórica relacionada ao descobrimento oficial do Brasil e defende que “essa data possui uma legitimidade histórica e relevância na constituição de nossa identidade nacional, razão pela qual deve ser considerada feriado em todo o país”.

Troca de feriado

O texto da proposição pretende alterar a lei 662/49, que estabelece os dias de feriados nacionais.

Para que não haja mais de um feriado no mesmo dia, o deputado sugere a revogação do feriado de 21 de abril, relativo à morte de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, em 1792.

Tiradentes foi símbolo da Inconfidência Mineira, mas, para Orleans e Bragança, a data foi apenas uma “criação do regime republicano, instalado no Brasil através de um golpe militar que baniu a família imperial brasileira. A República recém-instalada necessitava de símbolos e personagens históricos para sua legitimação perante o conjunto da população brasileira”.

Na justificativa, o parlamentar defende que o descobrimento do Brasil já foi considerado feriado nacional em outra ocasião e fixado pelo decreto 155-B de 1890. A comemoração se dava no dia 3 de maio, por se considerar que este foi o dia em que os portugueses aportaram em terras tupiniquins.

No entanto, Orleans e Bragança defende que “com a vinda da família real portuguesa para o Brasil, que trouxe consigo exemplar da Carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota, constatou-se que a data correta seria 22 de abril”. De acordo com a justificativa do projeto:

“A presente proposição legislativa pretende modificar essa lei, restituindo-se como feriado nacional o dia 22 de abril, data histórica relativa ao descobrimento oficial do Brasil. Consideramos que essa data possui uma legitimidade histórica e relevância na constituição de nossa identidade nacional, razão pela qual a mesma deve ser considerada feriado em todo o Brasil”

O projeto tramita em caráter conclusivo e será analisado pelas comissões de Cultura e posteriormente, pela CCJ.

21 de abril

Tiradentes nasceu em 12 de novembro de 1746 e era o quarto de sete filhos. Foi dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou no Brasil. Participou de um dos principais movimentos de contestação do poder que a coroa portuguesa exercia sobre o Brasil Colônia, a Inconfidência Mineira, entre os anos de 1788 e 1789.

Devido à sua participação no movimento, Tiradentes foi preso e enforcado no dia 21 de abril.

Tiradentes é oficialmente patrono da nação brasileira desde 1965, quando o então presidente Castelo Branco sancionou a lei 4.897/65.

De acordo com a justificativa do PL 216/63, que eu origem à lei, a medida em que países da América foram se emancipando do imperialismo colonial, foram surgindo representantes do patriotismo. Neste sentindo, Tiradentes participou ativamente da emancipação brasileira, representando o ideal de liberdade e independência.

A bandeira do Estado de Minas Gerais traz o lema dos inconfidentes mineiros: Libertas quæ sera tamen – Liberdade ainda que tardia.

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Os desafios do novo presidente https://portalconservador.com/os-desafios-do-novo-presidente-17/ https://portalconservador.com/os-desafios-do-novo-presidente-17/#comments Mon, 29 Oct 2018 13:59:49 +0000 http://portalconservador.com/?p=4124 read more →]]> Depois da campanha mais aflorada dos últimos anos, onde os ânimos dos brasileiros nunca tiveram tão aflorados, o novo presidente Jair Messias Bolsonaro terá que já agora nos primeiros dias após eleito tentar pacificar o País e minimizar qualquer permanência de palanque eleitoral.

Mesmo já confirmando quatro nomes da sua equipe ministerial: General Heleno (Defesa), Paulo Guedes (Fazenda), Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia). Ele terá que nos próximos dias fechar toda a equipe e anunciar se aglutinará pastas e extinguirá outras. Tarefa que não é fácil, um ponto positivo é a flexibilidade de escolha do presidente eleito, haja vista que seu palanque não somou muitas siglas partidária evitando o loteamento do neo-Governo.

 

Mesmo com os famosos 100 dias de prazo para qualquer Governo, Bolsonaro terá pela frente um partido que é competente em matéria de oposição, o PT estará na sua cola, ele não poderá titubear um momento. As primeiras impressões após o primeiro de janeiro de 2019 norteará o tom do seu Governo, as famosas reformas que todos prometeram não poderá passar do primeiro ano e para que isso aconteça nos primeiros meses o Congresso terá que está afinado com o presidente.

Por fim, dentre tantos outros desafios o maior que o presidente Bolsonaro terá pela frente é suprir o grau de esperança que os brasileiros depositou em sua pessoa. Sobretudo no combate a corrupção e respostas incisivas na segurança pública. À ele e sua equipe desejamos sorte!

Faltou – No discurso de Haddad faltou o famoso gesto democrático de reconhecer a derrota e parabenizar o vitorioso, gesto tradicional de fazer a ligação ao candidato eleito. A falta disso é fruto do clima criado durante o período eleitoral. A vitória de Bolsonaro quebra um ciclo de 16 anos de comemoração petista nas urnas.

Rápidas

Tucanos – Eleito governador de São Paulo, João Doria Jr terá pela frente assumir o protagonismo da sigla tucana em nível nacional. Mesmo a contragosto de Alckmin, Doria é o novo líder natural tucano. O pernambucano Bruno Araújo acompanhou a apuração ao lado do governador eleito na capital paulistana.

Fez feio  – O Instituo Vox Populi vem caindo num mar de veradeiro descrédito. Às vésperas do pleito divulgou uma pesquisa que apontava empate técnico entre os prescindenciáveis. Verdadeira discrepância do que foi a eleição deste domingo.

Pinga-fogo: Como Bolsonaro vai agir com o Nordeste que concedeu uma expressiva vitória a Haddad?

Escrito por Elielson Lima. Blog do Elielson.

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62 anos depois https://portalconservador.com/62-anos-depois/ https://portalconservador.com/62-anos-depois/#respond Thu, 31 Aug 2017 17:09:29 +0000 http://portalconservador.com/?p=3616 read more →]]> Café Filho chegou à Presidência, como todos sabem, diante de uma situação social e politicamente difícil para o Brasil: o suicídio de Getúlio Vargas. A principal preocupação de Café Filho era a da estabilização econômica. O próprio Presidente declarara que seu governo não pretendia ser popular, mas sim levar a cabo algumas medidas importantes.

Em 1953, Vargas se preocupava com uma política antiinflacionária. Para tanto, nomeou Oswaldo Aranha como Ministro da Fazenda. Em agosto do mesmo ano, o Ministro lançou o Plano Aranha. Em linhas gerais, o plano se sustentava em dois pilares: uma política de restrição de cŕedito e um novo sistema de controle cambial. Aparentemente, Vargas resolvera adotar medida ortodoxas no que tange à economia.

Apesar disso, todo o trabalho de Oswaldo Aranha foi por água baixo. Ainda quando Ministro do Trabalho, João Goulart havia prometido um aumento de 100% do salário-mínimo. A promessa foi concretizada por Vargas quando Jango já não fazia mais parte do Ministério. Contudo, o aumento de 100% do salário-mínimo afundou qualquer possibilidade de estabilização econômica baseada nos planos de Aranha. A inflação interna e os déficits nos pagamentos externos foram as outras duas âncoras que afundaram o plano. Restou a Café Filho administrar, da melhor forma possível, os prejuízos.

Mais de 60 anos depois, Michel Temer chega à Presidência do Brasil em condições tão adversas quanto. O processo de impeachment de Dilma Rousseff levou mais um vice à condição de Presidente. E, mais uma vez, em condições economicamente adversas. A economia do governo Dilma baseada no consumo e na liberação de crédito por parte de bancos públicos para empresários, gerou uma forte desestabilização econômica e trouxe de volta a temida inflação.

Deve-se salientar ainda a assinatura de decretos de suplementação com liberação de crédito, pela então Presidente, que resultaram na sua condenação pelo Senado Federal, que entendeu existir crime de responsabilidade fiscal.

Diante do grave estado da economia, deve-se premiar a atitude de Henrique Meireles, ministro da Fazenda de Michel Temer. A chamada PEC do teto dos gastos foi uma medida de extrema importância aprovada pelo Congresso Nacional. O Estado não possui recursos ilimitados para gastar à revelia. Faz-se necessário uma alocação desses recursos, que são escassos, lugar comum nos estudos de economia.

A Reforma Trabalhista aprovada também foi uma importante medida para reestabelecer a saúde da economia. A legislação trabalhista brasileira era arcaica, antiquada e a Justiça do Trabalho não é nada além do que uma justiça de distributiva, que visa cumprir um “papel social” abstrato que imagina possuir, focando mais em distribuição de renda do que na aplicação da lei.

No entanto, a última medida do Governo Temer deixa a desejar. Além da taxa tributária brasileira ser exorbitante, analisar a forma como se deu o aumento dos combustíveis não é preciosismo. Os princípios básicos do Direito estabelecem que uma norma não pode ter efeito retroativo, além de estabelecer, no mínimo, um dia entre sua data de publicação e sua efetiva aplicação.

O art. 196, §6 da CF/88 estabelece que qualquer lei que realize a majoração de alíqutas só poderá produzir efeitos 90 dias após sua publicação. Diante da determinação expressa constante na norma constitucional, não resta dúvida: como Temer pode ter editado um decreto que entrou em vigor na data de sua publicação?

As tentativas de apresentar uma recuperação econômica para a população, diante da baixa popularidade do Presidente, é válida. No entanto, os rombos nos cofres públicos não podem ser tapados com a retirada de dinheiro de uma população que se encontra endividada. Se Temer pretende apresentar resultados positivos, que passe a adota medidas econômicas ortodoxas no lugar de taxar arbitrariamente produtos que impactam, especialmente, na vida dos que mais se prejudicaram com a crise: os pobres.

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O Dia da Consciência Negra e o senhor de escravos….Zumbi! https://portalconservador.com/o-dia-da-consciencia-negra-e-o-senhor-de-escravos-zumbi/ https://portalconservador.com/o-dia-da-consciencia-negra-e-o-senhor-de-escravos-zumbi/#comments Fri, 20 Nov 2015 16:18:32 +0000 http://portalconservador.com/?p=2681 read more →]]> Hoje é dia 20 de novembro. Para aqueles que não sabem, esse dia foi instituído como sendo o Dia Nacional da Consciência Negra pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, no calendário escolar brasileiro. A Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, instituiu o dia 20 de novembro como Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data foi assim designada porque, de acordo com o governo, o líder negro Zumbi dos Palmares, rei do Quilombo dos Palmares, foi morto no dia 20 de novembro de 1695. Mas quem é Zumbi dos Palmares?

As ONGs procuram mitificar a história do Quilombo dos Palmares e de seu representante Zumbi, apresentando o primeiro como um refúgio de liberdade do negro perseguido e o segundo como herói nacional. A realidade histórica, entretanto, difere bastante dessas criações legendárias. O referido quilombo, longe de servir como refúgio, espalhava terror, mesmo entre muitos negros.

José de Souza Martins denuncia a mistificação do Quilombo dos Palmares ao denunciar a existência da escravidão dentro dele: Os escravos que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos, do mesmo grupo linguístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU por escravizarem pigmeus nos Camarões[1]

Zumbi-Portal-Conservador

Um fato meticulosamente mantido fora dos registros históricos oficiais é o de que Zumbi dos Palmares [pintura acima] enviava esquadrões de ataque para fazendas vizinhas não com o intuito de libertar seus irmãos negros do jugo escravista, mas para roubar escravos dos senhores de terra em seu próprio proveito. Sim, Zumbi dos Palmares foi um dos maiores senhores escravistas de seu tempo. E não se engane: aqueles que ousavam fugir do “paraíso” quilombola de Palmares eram perseguidos por experientes capitães-do-mato e, uma vez recapturados, eram torturados e mortos em praça pública — menos de 100 anos depois, algo semelhante foi conduzido em Paris durante a Revolução Francesa, período conhecido como “O Terror”.

Ora, a ascensão dele se deu após o assassinato do tio: “Depois de feitas as pazes em 1678, os negros mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o comando-em-chefe do Quilombo”. Zumbi rompeu as pazes e espalhou o terror. Tais eram as devastações que os quilombolas espalhavam em torno de si que a pedido da população circunvizinha foram organizadas as expedições armadas das quais resultou a sua destruição de Palmares.

Décio Freitas, autor do livro Palmares – A Guerra dos Escravos, em entrevista para a “Folha de S. Paulo”, confessou que depois das pesquisas, ele tem hoje uma visão diferente do líder negro Zumbi. ‘Acho que, se ele tivesse sido menos radical e mais diplomático, como foi seu tio Ganga-Zumba, teria possivelmente alterado os rumos da escravidão no Brasil.’’ Zumbi não tinha pretensões de libertar os escravos – maior mercadoria da África – e mantinha os costumes ali vigentes pelos quais algumas etnias escravizavam os seus inimigos. Os portugueses, na maior parte das vezes, não capturavam os escravos, mas os compravam das tribos africanas. Zumbi mantinha escravos de tribos inimigas para os mais variados trabalhos no quilombo.

Leandro Narloch argumenta ainda que o Quilombo dos Palmares reproduzia uma rígida hierarquia africana, com servos e escravos.  Além disso, outros negros não eram diferentes.. “o sonho dos escravos era ter escravos”. Na sociedade Brasileira, tanto na colônia quanto no Império, ter escravos era sinal de prestígio social, logo esse era o principal objetivo de um negro liberto. Assim como foi o caso da famosa Chica da Silva que tinha diversos escravos e não hesitava em castigá-los. Aos poucos a miscigenação também criou uma classe de senhores de escravos mulatos e pardos, enfraquecendo a ideia que se tem do senhor exclusivamente branco e de dezenas de escravos sofridos ao redor da casa grande. [3]

 

Referências

[1] José de Souza Martins, Divisões Perigosas, Ed. Civilização Brasileira, Rio, 2007, p. 99

[2] Edison Carneiro, O Quilombo dos Palmares, Ed. Civilização Brasileira, 3a ed., Rio, 1966, p. 35

[3] Leandro Narloch, Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, Rio, 2009, p. 88

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10 raras fotografias de escravos brasileiros feitas 150 anos atrás https://portalconservador.com/10-raras-fotografias-de-escravos-brasileiros-feitas-150-anos-atras/ https://portalconservador.com/10-raras-fotografias-de-escravos-brasileiros-feitas-150-anos-atras/#respond Wed, 01 Apr 2015 14:41:52 +0000 http://portalconservador.com/?p=2518 read more →]]> Esta publicação é uma pérola, verdadeira uma raridade, creio que todos os brasileiros deveriam ter conhecimento disso. Quando estudamos a escravidão no ambiente escolar não estamos habituados a ver imagens reais de escravos do Brasil. A fotografia é um elemento que aproxima o leitor da realidade, e por conta disso, é muito importante estabelecer este tipo de contato na hora de aprender sobre algum tema.

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Quitandeiras em rua do Rio de Janeiro, 1875 (Marc Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles).

Uma vez que o Imperador Pedro II era um entusiasta da fotografia, o Brasil se tornou um ambiente favorável à prática da fotografia muito cedo. Durante a segunda metade do século XIX diversos fotógrafos, alguns patrocinados pela Coroa, fizeram valiosos registros da realidade vivida no país. As imagens abaixo são do acervo do Instituto Moreira Salles, algumas delas foram feitas há mais de 150 anos. A qualidade do material, tanto no sentido gráfico quanto em detalhes de comentários nas suas legendas, impressiona e aproxima aqueles que querem entender o cenário escravocrata brasileiro. Elas datam entre 1860 e 1885, período em que movimento abolicionista tomou maiores proporções. São registros muitas vezes idealizados, de tom artístico, se assemelhando às pinturas da época. Diferente de alguns casos de propaganda abolicionista nos Estados Unidos, o objetivo dessas fotos não é denunciar barbaridades.

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Lavagem do ouro, Minas Gerais, 1880. (Foto: Marc Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles).

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Escravos na colheita de café, Vale do Paraíba, 1882 (Marc Ferrez/Colección Gilberto Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles).

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Senhora na liteira (uma espécie de “cadeira portátil”) com dois escravos, Bahia, 1860 (Acervo Instituto Moreira Salles).

Negra com uma criança branca nas costas, Bahia, 1870. (Acervo Instituto Moreira Salles).

6-Escravos-Brasil-Portal-Conservador

Foto da Fazenda Quititi, no Rio de Janeiro, 1865. Observe o impressionante contraste entre a criança branca com seu brinquedo e os pequenos escravos descalços aos farrapos (Georges Leuzinger/Acervo Instituto Moreira Salles).

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Primeira foto do trabalho no interior de uma mina de ouro, 1888, Minas Gerais. (Marc Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles).

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A Glória, vista do Passeio Público, Rio de Janeiro, 1861 (Revert Henrique Klumb/Acervo Instituto Moreira Salles).

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Escravos na colheita do café, Rio de Janeiro, 1882 (Marc Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles).

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Negra com o filho, Salvador, em 1884 (Marc Ferrez/Acervo Instituto Moreira Salles).

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Relíquias de um conflito do século XIX: 15 raras fotografias da Guerra do Paraguai https://portalconservador.com/reliquias-de-um-conflito-do-seculo-xix-15-raras-fotografias-da-guerra-do-paraguai/ https://portalconservador.com/reliquias-de-um-conflito-do-seculo-xix-15-raras-fotografias-da-guerra-do-paraguai/#respond Tue, 22 Apr 2014 11:39:59 +0000 http://portalconservador.com/?p=680 read more →]]> 144 anos atrás terminava o mais sangrento conflito armado da história da América Latina, a Guerra do Paraguai mobilizou centenas de milhares de brasileiros, paraguaios, argentinos e uruguaios. Este episódio, ainda pouquíssimo trabalhado nos livros de História, decorreu numa drástica mudança no cenário econômico da chamada Região Platina.

Uma sequência de desentendimentos diplomáticos desencadeou na mobilização conjunta de Brasil, Argentina e Uruguai contra as forças paraguaias. Sob o comando do intitulado Ditador Perpétuo, Solano López, a então muitíssimo próspera República do Paraguai lutou até o último suspiro, no que resultou no massacre de quase toda população economicamente ativa do país.

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Artilharia uruguaia na Batalha do Boqueirão, e ao fundo tropas da tríplice aliança indo para o combate,1866.

A Guerra do Paraguai (1864-1870) teve consequências sérias para os dois lados combatentes, e entre os milhares de mortos, o mais radical resultado foi a conversão do Paraguai de uma pioneira república autossuficiente em uma nação miserável. Entre outros efeitos, também podemos destacar o fortalecimento do exército brasileiro e do pensamento abolicionista, dois pontos que influenciaram no processo que iria desencadear na Proclamação da República do Brasil em 1889.

Nos últimos anos essa temática vem sendo reavaliada por historiadores que se dividem entre correntes divergentes: alguns se referem ao Paraguai como uma grande vítima de interesses imperialistas envolvendo Brasil e Inglaterra; outros preferem ver o episódio de forma a diminuir uma suposta figura “idealizada” criada em torno da nação paraguaia. Neste contexto, alguns livros foram publicados reunindo a iconografia da Guerra, contemplando entre ilustrações e pinturas, algumas fotografias que podem enriquecer o imaginário sobre o período.

Ricardo Salles, historiador carioca que publicou um dos livros a respeito:

“Meu objetivo é ajudar na construção de uma memória da guerra que não seja laudatória nem depreciativa, mas dê a real dimensão da participação da sociedade brasileira no conflito”

As fotos deste artigo estão nesses livros e são do acervo da Biblioteca Nacional do Brasil, confira:

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A bandeira do Brasil Imperial tremula na cidade paraguaia de Humaitá, ao fundo podemos ver mastros de navios de guerra ancorados no Rio Paraguai,1868.

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Oficiais brasileiros posando para fotografias (1865; 1868).

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Membros do Batalhão de Voluntários da Pátria, regimento proveniente da longínqua província do Ceará, entre 1867 e 1868.

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Na foto à esquerda, cadáveres de paraguaios vítimas da Batalha do Boqueirão, 1866; à direita, um militar junto a dois meninos paraguaios que cresceram durante o conflito, eles se vestiam como soldados, 1868.

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Soldados brasileiros ajoelham-se diante da estátua de Nossa Senhora da Conceição durante uma procissão, 1868.

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Coronel Faria da Rocha revista tropas brasileiras em Tayi, Paraguai,1868.

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Oficial brasileiro ao lado de um prisioneiro paraguaio, foto datada entre 1865 e 1868.

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Nesta imagem podemos ver um religioso brasileiro junto a civis paraguaios. Os homens em pé ao fundo são das forças aliadas foto datada entre 1869 e 1870.

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Prisioneiros paraguaios fotografados durante a ocupação de Assunção, capital do país.

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Oficiais brasileiros nos momentos finais da Guerra do Paraguai, entre eles está o Conde d´Eu (com a mão na cintura), 1870.

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À esquerda o Imperador Pedro II usando trajes típicos durante uma visita ao Rio Grande do Sul, 1865; à direita a última foto de Solano López, 1870.

Fontes:
Lago, Bia Corrêa do. Os fotógrafos do Império: a fotografia brasileira no Século XIX. Rio de Janeiro: Capivara, 2005.
Salles, Ricardo. Guerra do Paraguai: memórias & imagens. Rio de Janeiro: Edições Biblioteca Nacional, 2003.
Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 19, nº 38, p. 283-310. 1999

Escrito por Bruno Henrique Brito Lopes. História Ilustrada.

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A falsa memória da direita https://portalconservador.com/a-falsa-memoria-da-direita/ https://portalconservador.com/a-falsa-memoria-da-direita/#respond Fri, 03 Aug 2012 20:17:20 +0000 http://portalconservador.com/?p=3085 read more →]]> Dizem que o Brasil é um país sem memória, mas isso não é verdade: o Brasil é um país com falsa memória. Esquecer o passado é uma coisa, reinventá-lo conforme as ilusões do dia é bem outra. É desta doença que a memória do Brasil padece, e ela é bem mais grave que a amnésia pura e simples.

Não, não estou falando da manipulação esquerdista do passado. Ela existe, mas é só um aspecto parcial da patologia geral a que me refiro. Esta infecta pessoas de todas as orientações ideológicas possíveis e algumas sem orientação ideológica nenhuma. Ela é um simples resultado da ojeriza nacional à busca do conhecimento, portanto à reflexão madura sobre o que quer que seja.

Querem um exemplo de falsa visão do passado que não foi produzida por nenhum esquerdista? O país está cheio de almas conservadoras e cristãs que ainda idealizam o regime militar, como se ele fosse uma utopia retroativa, a encarnação extinta das suas esperanças.

É verdade que os militares não roubavam, que eles fizeram o país crescer à base de quinze por cento ao ano, que eles construíram praticamente todas as obras de infra-estrutura em que a economia nacional se apóia até hoje, que eles acabaram com as guerrilhas, que no tempo deles a criminalidade era ínfima e que os índices de aprovação do governo permaneceram bem altos pelo menos até a metade da gestão Figueiredo. Que tudo isso são méritos, ninguém com alguma idoneidade pode negar.

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Mas também é verdade que, tendo subido ao poder com a ajuda de uma rede enorme de instituições, partidos e grupos conservadores e religiosos, a primeira coisa que eles fizeram foi desmanchar essa rede, cortar as cabeças dos principais líderes políticos conservadores e privar-se de qualquer suporte ideológico na sociedade civil.

Fizeram isso porque não eram conservadores de maneira alguma, eram indivíduos formados na tradição positivista – forte nos meios militares até hoje – que abomina o livre movimento das idéias na sociedade e acredita que o melhor governo possível é uma ditadura tecnocrática. Pois foi uma ditadura de militares e tecnocratas iluminados o que impuseram ao país por vinte anos, rebaixando a política à rotina servil de carimbar sem discussão os decretos governamentais. Suas mais altas realizações foram triunfos típicos de uma tecnocracia, seus crimes e fracassos o efeito incontornável do desejo de tudo controlar, de tudo reduzir a um problema tecnoburocrático onde o debate político é  reduzido a miudezas administrativas e a onde a iniciativa espontânea da sociedade não conta para absolutamente nada.

O positivismo nada tem de conservador: é, com o marxismo, uma das duas alas principais do movimento revolucionário. Compartilha com sua irmã inimiga a crença de que cabe à elite governante remoldar a sociedade de alto a baixo, falando em nome do povo para que o povo não possa falar em seu próprio nome. Tal foi, acima de qualquer possibilidade de dúvida, a inspiração que acabou por predominar nos governos militares. Que dessem ao movimento de 1964 o nome de “Revolução” não foi mera coincidência, nem usurpação publicitária de um símbolo esquerdista: foi um sinal de que, por baixo da meta nominal de derrubar um governo corrupto e devolver rapidamente o país à normalidade, tinham planos de longo prazo, totalmente ignorados da massa que os aplaudia e até de alguns dos líderes civis de cuja popularidade se serviram para depois jogá-los fora com a maior sem-cerimônia.

Todas as organizações civis conservadoras e de direita que criaram a “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, a maior manifestação popular da história brasileira até então, foram depois extintas, marginalizadas ou reduzidas a um papel decorativo. Como bons tecnocratas, os militares acreditavam piamente que podiam governar sem sustentação cultural e ideológica na sociedade civil, substituindo-a com vantagem pela pura propaganda oficial. Esta, por sua vez, era esvaziada de toda substância ideológica, reduzida ao triunfalismo econômico e à luta contra o “crime”. Gramsci, no túmulo, se revirava, mas de satisfação: que mimo mais delicioso se poderia oferecer aos próceres da “revolução cultural” do que um governo de direita que abdicava de concorrer com eles no campo cujo domínio eles mais ambicionavam? Naqueles anos, e não por coincidência, o monopólio do debate ideológico foi transferido à esquerda, que ao mesmo tempo ia dominando a mídia, as universidades, o movimento editorial e todas as instituições de cultura, sob os olhos complacentes de um governo que por isso se gabava de ser “pragmático” e “superior a ideologias”.

A esquerda, quando caiu do cavalo em 1964, teve ao menos o mérito de se entregar a um longo processo de autocrítica e até de mea culpa, de onde emergiu a dupla e concorrente estratégia das guerrilhas e do gramscismo, calculada para usar os guerrilheiros como bois-de-piranha e abrir caminho para a “esquerda pacífica”, na qual o governo militar não viu periculosidade alguma até que ela, por sua vez, o derrubou do cavalo com o escândalo do Riocentro e a enxurrada de protestos que se lhe seguiu.

Aqueles que, na “direita”, ou no que resta dela, se apegam ao regime militar como um símbolo aglutinador, em vez de examinar criticamente os erros que o levaram ao fracasso, estão produzindo um falso passado. Não o fazem por esperteza, como a esquerda, mas por ingenuidade legítima, com base na qual a única coisa que se pode construir é um futuro ilusório.

Escrito por Olavo de Carvalho. Diário do Comércio, 3 de agosto de 2012.

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Tiradentes, um dos mais graves enganos da História https://portalconservador.com/tiradentes-um-dos-mais-graves-enganos-da-historia/ https://portalconservador.com/tiradentes-um-dos-mais-graves-enganos-da-historia/#comments Sat, 21 Apr 2012 12:30:22 +0000 http://portalconservador.com/?p=696 read more →]]> Tiradentes é um dos mais graves enganos da História, contada a partir da república. Há algumas décadas passadas celebrava-se o 22 de abril. Nada mais justo: descobrimento do Brasil: Agora não. O 22 de abril passou há um dia qualquer desapercebido de comemoração, fazendo o povo esquecer-se da data. E aí passou-se a celebrar o 21 de abril de abril: Tiradentes! Mas, por que Tiradentes? O Império tivera, em sua história, muitos ícones a comemorar. Além de D. Pedro I, de D. Pedro II, de D. Leopoldina, de D. Amélia, de D. Thereza Christina e da Princesa Isabel, o Império tivera Caxias, Osório, Tamandaré, Barroso, Porto Alegre, Zacarias de Góes e Vasconcellos, Paraná, Paulo Barbosa, Ouro Preto, Alencar, Castro Alves, Amoedo, Gonçalves Dias, Silveira Martins, Ferreira Viana, Carlos Gomes, Mena Barreto, Pirajá, etc. etc. etc.

A República precisava também de um ícone. Deodoro… nem pensar! Arrependera-se de ter proclamado a República e era amigo do Imperador. Floriano Peixoto? Credo em Cruz! Mandou passar a fio da espada, 400 guardas-marinha da Esquadra Imperial, na Revolta da Armada. Prudente de Morais? Não. Chacinou Antônio Conselheiro e todos de Canudos. Campos Salles? Rodrigues Alves? Affonso Penna? Não poderiam servir. Antes da República, eram Conselheiros do Império. Barão do Rio Branco? Como um ícone da República pode ser um Barão? Jamais. Santos Dumont? Era amigo íntimo da Família Imperial no exílio de Paris. Oswaldo Cruz? Foi um grande médico, sanitarista, do período republicano, mas discípulo de outro médico, o Barão de Motta Maia, que acompanhou a Família Imperial, no exílio.

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Marechal Rondon? Talvez, mas tinha sangue e cara de índio! Washington Luís? Foi deposto por Getúlio, não serve também. Quem sabe, o próprio Getúlio? O homem dos trabalhadores. Mas… como, ícone de uma República que se diz liberal e democrática… um ditador? Amigo de Hitler, de Mussolini e de Plínio Salgado, que, por sinal, traiu? Juscelino? Fez Brasília! Mas acelerou a inflação e tinha cara de palhaço. Também não serve. Jânio Quadros? Era louco! Mas, então quem? Não há ninguém? Será possível? Villa-Lobos? Gênio da música, mas era um boêmio. Não serve. Foram escarafunchar, na História Colonial, anterior à vinda da Família Rela Portuguesa. Beckman? Não, tem nome alemão. O Sabino, da Sabinada da Bahia? Não serve, não tem perfil de ícone. Os mais antigos? Duarte Coelho, Tomé de Souza, Duarte da Costa, Mem de Sá?

Não podem! Foram nomeados pelo Rei de Portugal e eram seus súditos fiéis. Então, quem? Havia um alferes (sub-oficial) em Ouro Preto, que foi patriota de fato. Participou da conjuração Mineira de 1789 (conhecida como Inconfidência Mineira) que queria a independência de Minas Gerais, da Coroa Portuguesa, e era republicano, e foi o único que se declarou, de fato, revolucionário, enquanto os outros negaram, em Tribunal. Os outros eram importantes, Padres, Juízes, desembargadores, poetas famosos, Coronéis, outros oficiais, etc…etc… Mas todos, ou se mataram na prisão (como Alvarenga Peixoto) ou traíram seus ideais negando sua participação na Inconfidência. Tanto que a pena de morte foi reformada em exílio perpétuo para a África (que não foi perpétuo, pois 33 anos depois, D. Pedro I proclamava a independência (não só de Minas, mas do Brasil todo) e eles puderam voltar (alguns voltaram já no tempo de D. João VI). Nenhum deles, portanto, serve de ícone republicano, mas e o alferes? Não é muito insignificante? Ainda mais que nas horas vagas era barbeiro, e como, costume da época, também arrancava dentes: “Cabelo, barba e dentes”, por favor, e o fulano sentava-se, corajosamente, na cadeira do “Tiradentes”. É insignificante e acabou louco, antes de ser enforcado. (Se é que foi, há dúvidas; como era “masson”, o teriam salvo e trocado por outro, também condenado à morte. Suspeita-se). É um simples alferes, tirador de dentes. Não faz mal. Nós o inventamos. Com quem ele precisa parecer-se? Claro! Com Jesus! O mártir da pátria! Vamos por lhe barbas (os enforcados tinham cabelo e barba raspados, antes da execução). E criar sua História” Será o Ícone da República, já que não há nenhum outro. Foi um patriota republicano. Haverá dúvida? Mas por que não agiu como os demais, tirando o corpo fora? Terá sido mesmo como patriota? Ou como irresponsável, por causa da loucura?

A conjuração, antes de ser descoberta pelas autoridades da coroa-portuguesa, ia de vento em popa, embora com tão poucos partícipes, que podiam reunir-se na sala do poeta Tomaz Antônio Gonzaga (o Dirceu da Marília). Todos eram homens de estatura alta, ou da política ou intelectual, ou militar, etc. entre os de pequena estatura, contava-se Joaquim José da Silva Xavier, o alferes, tiradentes. Era jovem, robusto e patriota (pelo menos parecia ser), logo, a figura indicada para ir, de viagem ao Rio de Janeiro, a fim de encontrar aderentes à Inconfidência. Foi mandado, quase como um moleque de recados. Como não tivesse muita instrução, nem tino político, ou lábia publicitária, fracassou. Todas as portas que visitou no Rio de Janeiro, lhe foram fechadas, ou melhor ainda, lhe eram batidas na cara. Fora! Não queremos nada com você! Fruto da revolução lá dos franceses; fora! E foram tantos os foras, que o já fraco equilíbrio psíquico do Tiradentes, tornou-se em loucura. Voltou para Ouro Preto, ou vila Rica, como também era chamada a capital da capitania. A volta foi mais dura que a vinda, pois se na vinda sofrera as agruras de viajante daquele tempo, pelo menos havia a esperança!

À volta, teve as mesmas agruras, mas sem a esperança. E a falta da esperança aumentou a insanidês. Pousava em fazendas, do caminho. E nas casas-grandes dos fazendeiros (em geral ligadas ao Marquês de Barbacena, governador das Minas Gerais), contava, à mesa, que tropas do Rio de Janeiro marchariam, em breve, para engrossar os exércitos de revolucionários de Ouro Preto, que a França e os Estados Unidos enviariam esquadras, para combater o Vice-Rei, no Rio de Janeiro, impedindo-o de ajudar o Barbacena. E assim por diante. Em cada parada, até Ouro Preto, aumentavam seus delírios. Resultado: O Marquês de Barbacena ficou sabendo de tudo, antes mesmo que o traidor Silvério dos Reis, lhe contasse. Por isso não deu guarida ao Silvério e mandou prendê-lo também. Também, porque, mal Tiradentes chegou a Ouro Preto foi encarcerado, junto com todos os outros inconfidentes, que ele havia delatado, na mais pura ingenuidade dos insensatos e loucos! Como já dissemos foram todos a Tribunal, e negaram; menos ele. O processo chegou a Lisboa e o Alto Tribunal da Corte, condenou todos à pena máxima: forca! Mas reinava em Portugal uma mulher, a Rainha D. Maria I, que ainda não tinha perdido suas faculdades mentais. E como mulher e bondosa católica reformou a sentença de morte, para degredo em Angola, menos para Tiradentes, que havia confessado o crime de lesa majestade. (Dizem que mais tarde, D. Maria I, melhor informada da insanidade de Tiradentes, reformara também sua sentença, para degredo, mas a reforma da sentença, teria chegado tardiamente, pois Tiradentes já tinha sido enforcado).

O Ícone da República, o alferes Tiradentes, é uma figura tão paradoxal, quanto à própria conjuração que se pavoneou do título de Inconfidência. Quem não conhece bem o latim, não entendeu porque a Coroa Portuguesa chamou o movimento de Inconfidência. Porque “Inconfidere”, em latim é o contrário de “Fidere”. “Fidere é confiar”; inconfidere” é desconfiar. Ou melhor: desconfia-se de quem é traidor, inconfidente: Traidores da Coroa. Até hoje, infelizmente, em Ouro Preto , na Praça, Central, sobre o portal da Casa da Câmara está escrito “Museu da Inconfidência” ou seja: “Museu da Traição”.

Escrito por Otto de Alencar de Sá-Pereira, advogado, professor e historiador.

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