política internacional – Portal Conservador http://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Sat, 27 Aug 2016 23:41:30 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.6.1 65453639 Por que George Soros financia movimentos de esquerda? Entenda http://portalconservador.com/por-que-george-soros-financia-movimentos-de-esquerda-entenda/ http://portalconservador.com/por-que-george-soros-financia-movimentos-de-esquerda-entenda/#respond Sat, 27 Aug 2016 23:24:14 +0000 http://portalconservador.com/?p=2969 read more →]]> O casamento aparentemente contraditório entre um bilionário capitalista com grupos de esquerda desperta a seguinte pergunta: como um bilionário capitalista, especulador no mercado financeiro, decidiu financiar grupos de esquerda?

Recentemente, tivemos um fato marcante que nos ajudaria a entender a realidade do mundo atual e, para variar, passou batido pela grande mídia: o vazamento de informações da fundação do bilionário George Soros, Open Society Foundation, a qual doa milhares de dólares para organizações de pauta esquerdista (progressista). Até 25 de agosto, a lista completa dos documentos e das organizações de esquerda financiadas por Soros estava aqui (fonte primária).

Para quem acompanha os textos de Olavo Carvalho (aqui) e Flávio Morgenstern, esse casamento entre os metacapitalistas e as esquerdas não traz grandes surpresas, pelo contrário, é perfeitamente compatível com os movimentos progressistas de hoje.

De acordo com o intelectual Flávio Morgenstern (em ótimo Podcast sobre o tema, no qual resumo parte das ideias abaixo), para compreender o casamento entre George Soros e grupos de esquerda, é fundamental entender quais são os objetivos da esquerda hoje e o que é Globalismo, fenômeno muito debatido no mundo, mas pouco discutido no Brasil.

Segundo Morgenstern, o grande objetivo da esquerda é um mundo de paz entre as pessoas. Assim, para se alcançar a PAZ, na lógica esquerdista, seria necessário um Estado forte, além das fronteiras de um país, capaz de destruir todas as fontes de desigualdades na sociedade, seja ela racial, sexual ou até de renda. Mais do que isso, se tivéssemos um Estado com controle absoluto sobre a sociedade, acima das forças locais de um país, não haveria motivos para as nações entrarem em guerra. E é exatamente aí que entra o Globalismo de George Soros.

george-soros-portal-conservador

Teoria da conspiração? O brilhante filósofo inglês, Roger Scruton (ver obra Como ser um Conservador) nos diz que não. Segundo ele, a União Europeia foi criada justamente para ser um Estado acima dos governos locais a fim de evitar mais guerras na Europa. O ponto chave é que a união entre os povos não ocorreu de maneira espontânea, popular, de baixo para cima, mas imposta por uma agenda globalista onde as pessoas comuns não se vêm representadas pelas novas normas e leis impostas para a sociedade pelos burocratas de Bruxelas. A saída do Reino unido da União Europeia (Brexit) só mostrou este descontentamento popular com a agenda globalista.

Se de um lado, a União Europeia é um exemplo real que nos ajuda a entender o Globalismo; por outro, a relação entre o financiamento dos globalistas (George Soros) com movimentos de esquerda não parece ser tão óbvia. Por que a Fundação de George Soros financia ONGs, “coletivos” e movimentos que defendem ideologias que hoje caracterizam a nova esquerda (new left): feminismo, ideologia de gênero, black lives matter, gaysismo, abortismo, legalização das drogas, livres fronteiras para imigração, desarmamentismo, descriminalização da pedofilia, etc?

A razão é simples, muitos destes movimentos de esquerda não são necessariamente contra o capitalismo de George Soros, mas contra valores e princípios conservadores, base da civilização ocidental, que representam obviamente uma resistência aos anseios globalistas das famílias Soros, Rockfeller, Ford, entre outras.

Uma hipótese plausível é que para estes metacapitalistas colarem em prática seu projeto de governo global – novamente, tema amplamente discutido no primeiro mundo – é necessário enfraquecer qualquer resistência a esse super governo. Evidentemente que todos os elementos defendidos pela direita, principalmente pelos conservadores, são uma resistência ao poder global, tais como a família, a religião judaico-cristã, os poderes locais, o respeito às tradições, aos costumes e à liberdade individual. Por exemplo, é muito difícil um governo moldar um comportamento numa sociedade em que os valores são transmitidos pela família ou pelo convívio social, e não pelo Estado. Na mesma linha, é quase impossível um governo impor sua agenda diante de costumes e tradições tão enraizadas na sociedade. Em outras palavras, estes elementos conservadores representam uma resistência a qualquer tentativa de CONTROLE de governos sobre a sociedade civil.

Por isso, que é perfeitamente compreensível que George Soros, um super capitalista, financie agendas progressistas mundo afora: os movimentos de esquerda de hoje lutam contra princípios conservadores, que são elementos de resistência ao projeto globalista de George Soros. Mais do que isso, muitos destes movimentos progressistas não lutam pelos mais oprimidos, mas se vendem como bem-intencionados, politizando problemas de fato reais, para imporem sua ideologia sobre a sociedade. Por exemplo, é evidente que existe machismo em diversas partes do mundo; o problema é politizar o tema para impor uma ideologia e um CONTROLE sobre a sociedade, transformando todo homem num potencial machista e toda mulher numa potencial vítima. Em outras palavras, por meio de uma guerra de narrativas, exploram-se ressentimentos para imporem uma agenda antiliberal e anticonservadora sobre a sociedade, financiada com o dinheiro de Soros.

Por fim, será que é mera coincidência que uma pessoa adepta da ideologia de gênero defenda também o desarmamento da sociedade civil, o aborto, o poliamor, ridicularize o cristianismo e admire o Obama? Por que será que é tão previsível saber a opinião dos Gregórios Duviviers e dos cools da Vila Madalena e do Leblon sobre imigração, legalização das drogas, aborto, cotas, etc? Por que será que tantas pessoas pensam em bloco sobre todos estes temas? Não sei. Talvez George Soros saiba a resposta.


Escrito por Alan Ghani.

]]>
http://portalconservador.com/por-que-george-soros-financia-movimentos-de-esquerda-entenda/feed/ 0 2969
10 atitudes de Mauricio Macri para livrar a Argentina da austeridade http://portalconservador.com/10-atitudes-de-mauricio-macri-para-livrar-a-argentina-da-austeridade/ http://portalconservador.com/10-atitudes-de-mauricio-macri-para-livrar-a-argentina-da-austeridade/#comments Sun, 17 Jan 2016 17:10:51 +0000 http://portalconservador.com/?p=2744 read more →]]> 24/12 – Desmantelou o Serviço de Comunicação Audiovisual, órgão argentino que no governo Kirchner era encarregado de silenciar e identificar mídias meramente “oposicionistas”, antirrevolucionárias, antibolivarianistas ou mais apropriado, de “extrema-direita”. Além do desolojamento do organismo, decretou a expulsão do país de seu presidente, Martin Sabbatella, cujo mandato se encerraria em 2017.

27/12 – Decretou uma remodelação nos programas de mídia do governo. O principal alvo inicial foi o canal comunista Telesur, projeto político criado por Hugo Chávez e Fidel Castro, cujo objetivo era de promover o “bom socialismo do século XXI”. Com a expulsão do canal, o novo ministro das Comunicações, Hernán Lombardi, afirmou que o objetivo essencial “é restaurar as mídias públicas da propaganda socialista”. O então presidente da agência estatal de telecomunicações, Norberto Berner, foi demitido.

04/01 – 380 médicos cubanos foram desabilitados de exercer a profissão no país. A argumentação, seguida por Macri e pelo ministro da saúde argentina, Jorge Lemus, é a de que não há necessidade de médicos estrangeiros e tampouco desejam continuar o “financiamento da ditadura castrista”.

Mauricio-Macri-Portal-Conservador

06/01 – Macri começa a demitir milhares de militantes contratados pelo governo Kirchner. É um processo que poderá envolver cerca de 60 mil pessoas da antiga administração. Assim que assumiu o governo, Macri demitiu 2 mil funcionários do Senado e mais de 600 do “Centro Cultural Kirchner”, uma casa que custou cerca de 850 milhões de reais. Macri reforça ainda que muitos são “funcionários fantasmas” – na Argentina são conhecidos como “nhoques”.

07/01 – O plano de desvalorização cambial empreendido por Macri está agradando muitos investidores internacionais, dentre eles o bilionário Paul Singer, líder do grupo de credores que sofreram calote argentino. O secretário de Finanças, Luis Caputo, viajará para Davos para participar do Fórum Econômico Mundial e se encontrar com Singer.

08/01 – Início da reformulação da agência nacional de estatísticas, com o objetivo de levantar a credibilidade do órgão, envolvida durante o governo Kirchner com a veiculação de informações falsas ao público. Os indicadores oficiais de inflação estão temporariamente indisponíveis.

11/01 – O avião oficial Tango-10 foi oficialmente aposentado. Enquanto procura por um jato menor, mais moderno (com menor consumo de combustíveis) e de preferência usado, o novo presidente viajará para Davos em um avião comercial. Será a primeira viagem oficial de Macri.

13/01 – A Argentina pode novamente ingressar no mercado internacional de crédito, depois que houver uma renegociação das dívidas. Desde o início de 2014 que a Argentina não tem acessos a financiamentos estrangeiros, e isso se deve a recusa do governo Kirchner em realizar uma parte dos pagamentos dos fundos credores, denominados “fundos abutres”, cujo valor remonta a US$ 1,3 bilhão, impostos por decisão da Justiça americana. Na constatação de Macri, “a dívida é um fator limitante ao crescimento do país”. Com o financiamento estrangeiro, será possível controlar as taxas de câmbio e aumenta as reservas do país.

14/01 – Como parte da nova política do governo Macri, a Argentina se compromete com o Brasil a reativar seus vínculos bilaterais, em temas relativos a indústria, setor energético, comércio, transporte e defesa, dentre outros.

15/01 – Macri doará seu salário de 4,4 mil dólares à mesma fundação de apoio aos pobres que já doava quando era prefeito de Buenos Aires. A fundação Margarita Barrientos alimenta cerca de 1.800 pessoas no bairro pobre Villa Soldati, que possuiu creche, posto de saúde, biblioteca, casa de idosos e dormitórios.

Escrito por João Cavalcanti.

]]>
http://portalconservador.com/10-atitudes-de-mauricio-macri-para-livrar-a-argentina-da-austeridade/feed/ 1 2744
Estado Islâmico reivindica atentado em Paris com pelo menos 150 mortos http://portalconservador.com/estado-islamico-reivindica-atentado-em-paris-com-pelo-menos-140-mortos/ http://portalconservador.com/estado-islamico-reivindica-atentado-em-paris-com-pelo-menos-140-mortos/#comments Sat, 14 Nov 2015 01:53:03 +0000 http://portalconservador.com/?p=2623 read more →]]> 13.11.2015PARIS – Três atentados ocorreram na noite desta sexta-feira, 13 de novembro, no centro Paris. Pelo menos 153 mortos já foram confirmados pelas autoridades parisienses, além de centenas de feridos. Foram registadas pelo menos oito explosões e seis tiroteios por várias testemunhas. 1.500 soldados franceses foram enviados para as ruas de Paris. O Estado Islâmico acaba de reivindicar o ataque em Paris, avança o Correire della Sera: “Vingança pela Síria”. Os muçulmanos fizeram menções a três novos alvos: “Roma, Londres, Washington“.

Atentados-Paris-13-11-2015-Portal-Conservador2

O primeiro aconteceu num bar próximo do Stade de France, no bairro de Saint Denis, onde estava acontecendo uma partida de futebol entre a França e a Alemanha. Dois indivíduos terão sido os autores do atentado e utilizaram explosivos com pregos. O Le Monde noticiou que as explosões ocorreram em três restaurantes diferentes. Milhares de pessoas que estavam nas bancadas do estádio — que tem capacidade para acolher mais de 81 mil pessoas — recusaram-se a abandonar o recinto e estiveram durante vários minutos concentradas no relvado. As explosões foram ouvidas no interior do estádio, quando o jogo ainda estava acontecendo.

O segundo atentado foi registado na Boulevard Voltaire, perto do Bataclan Café, uma das mais famosas salas de espetáculos da capital gaulesa. Três terroristas foram abatidos a tiros pela polícia francesa. Mais de uma centena de mortos foi registrada no interior da sala. Ocorreram, pelo menos, cinco explosões no Bataclan, onde os autores do atentado estiveram mais de uma hora com reféns. Uma jornalista do Le Monde que ouviu um sobrevivente noticiou que os terroristas estavam nos camarins quando a polícia entrou no edifício.

Um dos agentes envolvidos na operação de resgate relata o que viu. “Foi um massacre“. Os terroristas terão lançado várias granadas para dentro da sala de espetáculos, que pode acomodar 1.500 pessoas, escreve a BMFTV. Fontes policiais descrevem o interior do Bataclan como uma “cena do Apocalipse”. O número de vítimas pode subir.

Já o terceiro atentado ocorreu na Rue de Charonne, a cerca de 1 quilômetro e meio do local do segundo incidente. Os dois primeiros locais situam-se no 10.º bairro de Paris, enquanto o terceiro já está localizado no 11.º Arrondissement. O Stade de France dista cerca de nove quilômetros da zona onde foram registrados os outros dois atentados.

Atentados-Paris-13-11-2015-Portal-Conservador

François Hollande, presidente francês, já decretou o estado de emergência nacional e autorizou o encerramento das fronteiras, “para impedir que os culpados saiam do país”. Em comunicado, a Câmara Municipal de Paris e a polícia francesa pediram aos cidadãos para permanecerem em casa e, a saírem à rua, que seja em casos absolutamente necessários.

Barack Obama já falou em Washington e garantiu que o país “fará o for possível pelo povo francês” e para colocar “os responsáveis [dos atentados] perante a justiça. O presidente dos EUA disse que “este ataque não foi apenas contra o povo francês, mas contra toda a humanidade”. O governo português emitiu um comunicado, no qual “lamentou profundamente a situação ocorrida em França”.

O Vaticano também se pronunciou. “Estamos chocados com esta nova manifestação de loucura, de violência terrorista e de ódio, a qual condenamos da forma mais radical, juntamente com o Papa e todos aqueles que amam a paz”, disse Federico Lombardi, chefe da Sala de Imprensa da Santa Sé, citado pelo norte-americano Washington Post. “Rezamos pelas vítimas e pelos feridos, e por todos os franceses. Este é um ataque à paz de toda a humanidade e exige uma resposta decisiva e apoiada por todos nós.”

Português em Paris: “Em dez meses vivi dois ataques terroristas de perto”

Fernando estava no metro de Paris quando se deram os primeiros ataques. Debaixo da terra não sabia o que se estava a passar na cidade de Paris. Não chegou a ouvir as explosões nem os tiros e só soube do que se estava a passar quando chegou a casa, em Montrouge, já fora da capital francesa. A mulher esperava-o preocupada. Chegou em segurança, naquela zona tudo está “calmo e sereno”. Fernando abandonou o bar onde costuma encontrar-se com os colegas de trabalho cerca de 10 minutos antes dos ataques. Esse bar situa-se próximo de um dos locais afetados e os amigos de Fernando ainda estão, neste momento, “barricados no prédio da empresa” onde trabalha: “Estou longe de qualquer perigo, mas toda a gente está de algum modo assustada e chocada com tudo o que se está a passar”.

Ainda não sabe que medidas terá de tomar amanhã mas, garante, sairá à rua a menos que seja decretado um recolher obrigatório: “O terrorismo alimenta-se do medo que gera e eu não tenciono alimentá-lo”, afirma.

Não é a primeira vez que Fernando se confronta com ataques em França. O português mudou-se para Paris há cerca de três anos e seis meses e viveu de perto os ataques ao Charlie Hebdo: foi à porta da sua casa que um polícia foi atingido no dia depois do ataque à redação do jornal satírico. O prédio onde vive chegou a ser vasculhado, já que a polícia suspeitava que o autor do ataque ainda estava na região. Passaram dias até descobrirem que ele se teria escapado para a zona de Vincennes. Por causa da proximidade, Fernando diz que os ataques do início do ano foram “mais complicados”, mas hoje o português volta a questionar a opção de trabalhar em Paris: “Particularmente quando dois ataques terroristas ocorrem próximos de mim: um onde vivo e outro de onde trabalho, num espaço de 10 meses”, diz.

Chappatte, um famoso cartonista, já retratou os atentados de hoje:

Atentados-Paris-13-11-2015-Portal-Conservador6678

 

Confira a galeria de fotos:

Clique para exibir o slide.

Última atualização às 00:25 (Horário de Brasília) de 14.11.2015.

]]>
http://portalconservador.com/estado-islamico-reivindica-atentado-em-paris-com-pelo-menos-140-mortos/feed/ 2 2623
O mito do conservadorismo russo http://portalconservador.com/o-mito-do-conservadorismo-russo/ http://portalconservador.com/o-mito-do-conservadorismo-russo/#comments Sat, 24 Oct 2015 16:08:35 +0000 http://portalconservador.com/?p=2553 read more →]]> Após ter disseminado todo o tipo de valor subversivo ao redor do mundo [1], não deixando nem as estruturas do Vaticano livres de contaminação, a Rússia parece surgir como farol moral do mundo e último reduto do conservadorismo em uma era de ebulições revolucionárias. A estratégia do comunismo em se fazer parecer outra coisa completamente diferente para confundir o inimigo parece ter tanto sucesso que já existe conservador tecendo louvores a Vladimir Putin.

A ascensão do “conservadorismo” russo não poderia ocorrer sem a queda da imagem de um dos seus maiores rivais geopolíticos: os Estados Unidos. A URSS, que já dantes da Guerra Fria infiltrara agentes subversivos em espaços estratégicos da América, hoje colhe os frutos de um longo período de [im]plantação de corrupção moral do governo americano.

Se os EUA são uma nação cristã e temente a Deus, não é o que suas ações envolvendo governo civil e política externa demonstram. Poderão frutos bons saírem de uma árvore má?

Os russos estão vencendo a guerra contra os americanos sem disparar nenhum tiro, apenas ensinando-lhes como se render ao que de pior existe com a doutrina do politicamente correto. Internamente, os EUA hoje favorecem políticas que atacam a família, a religião cristã, promovem o aborto e o uso de drogas. Externamente, se metem em qualquer conflito ideológico para expandir sua atuação no globo. Foi assim que os EUA invadiram o Iraque sob o pretexto de depor um ditador assassino e acabaram colocando no comando um grupo terrorista responsável pelo genocídio de cristãos, yazidis e qualquer outro grupo étnico-religioso que não queira se render ao pacifismo do islã.

Putin-Portal-Conservador-eurasianismo

Que os EUA criaram o Estado Islâmico (EI) não é mais surpresa para ninguém, e até mesmo a direita americana está ciente disso [2]. A Operação Liberdade no Iraque treinou e forneceu armamento para milícias locais em nome do combate o terror, mas “combate ao terror”, àquela altura, era treinar grupos insurgentes que mais tarde lutariam para depor o regime de Muamar Kadafi (a maioria controladas pela Al-Qaeda, na Líbia) e de Bashar al-Assad (Al-Nusra, Síria), que o presidente George W. Bush havia definido como integrantes do “eixo do mal” [3]. A Frente Al-Nusra – braço da Al-Qaeda na Síria – estaria sob a supervisão direta dos EUA, enquanto que o ISIS, que veio de dentro da Al-Qaeda, saiu de controle.

A leniência dos EUA e dos países aliados em combater o EI de forma efetiva é devido ao fato de que o EI também é uma ameaça ao Governo sírio. Acabar com os rebeldes e com EI, o grupo anti-Assad com maior efetivo e poderio bélico na região, é diminuir as chances de uma deposição de Assad. O governo americano parece estar mais interessado em permitir a barbárie do EI, financiando grupos radicais com dinheiro do contribuinte, do que perder influência no Oriente-Médio.

A Rússia, que deu início às ações aéreas na Síria bombardeando em um único dia mais territórios rebeldes do que os EUA e aliados em meses, parece promover um verdadeiro turning point não apenas na região controlada pelo EI, mas na imagem que agora tenta sustentar perante a política internacional. Putin se aproveita do momento de fraqueza do governo americano para elevar sua imagem de bastião dos valores tradicionais.

Nossos conservadores, seduzidos pela defesa que o presidente russo vem fazendo do conservadorismo moral, já andam dizendo que Putin é o novo Comandante-em-chefe do Médio oriente, esquecendo-se das alianças de presidente russo com o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, que pretende varrer Israel do mapa [4], com a socialista China, que aumentou consideravelmente seu efetivo militar, e do envolvimento de Bashar al-Assad com o Hamas e o Hezbollah, grupos jihadistas também abertamente favoráveis a destruição do Estado israelense.

Após ter corrompido o Ocidente de tal forma que ficamos parecendo um cadáver em estado avançado de decomposição, a Antiga União Soviética personificada no “ex”-agente da KGB surge como único país do globo a condenar o mal que ela mesmo criou. Não precisamos lembrar que do mesmo modo agiu Lênin e Stálin, que condenando a miséria libertina dos EUA e o nazismo alemão, criaram um terror para o povo russo difícil de ser superado em número de cadáveres.

Com sorte o bloco de poder eurasiano não sairá desse conflito com a imagem e o prestígio de serem os novos defensores de um conservadorismo moral e cristão. São apenas lobos em peles de cordeiros.

Escrito por Felipe Lomboni. Publicado inicialmente sob o título “Rússia: Pátria Conservadora?”. Blog O Reacionário.

]]>
http://portalconservador.com/o-mito-do-conservadorismo-russo/feed/ 10 2553
O ataque de Moscou ao Vaticano http://portalconservador.com/o-ataque-de-moscou-ao-vaticano/ http://portalconservador.com/o-ataque-de-moscou-ao-vaticano/#comments Fri, 22 May 2015 03:22:22 +0000 http://portalconservador.com/?p=2331 read more →]]> A União Soviética jamais se sentiu à vontade tendo que conviver com o Vaticano neste mundo. Descobertas recentes provam que o Kremlin estava disposto a não medir esforços para neutralizar o forte anti-comunismo da Igreja Católica. Em março de 2006, uma comissão parlamentar italiana concluiu que “além de toda dúvida razoável, os líderes da União Soviética tomaram a iniciativa de eliminar o papa Karol Wojtyla” em retaliação à sua ajuda ao movimento dissidente Solidariedade na Polônia. Em janeiro de 2007, quando documentos mostraram a colaboração do recém-nomeado arcebispo de Warsaw, Stanislaw Wielgus, com a polícia política na época da Polônia comunista, ele admitiu a acusação e se aposentou. No dia seguinte, o prior da Catedral Wawel de Cracóvia, local de sepultamento de reis e rainhas poloneses, se aposentou pela mesma razão. Em seguida, soube-se que Michal Jagosz, um membro do tribunal do Vaticano que estuda a santidade do depois Papa João Paulo II, foi acusado de ser um antigo agente da polícia secreta comunista; de acordo com a mídia polonesa, ele foi recrutado em 1984, antes de deixar a Polônia para assumir um cargo no Vaticano.

Atualmente, está prestes a ser publicado um livro que irá revelar a identidade de outros 39 sacerdotes cujos nomes foram descobertos nos arquivos da polícia secreta de Cracóvia, alguns deles bispos atualmente. Além disso, essas revelações parecem ser apenas a ponta do iceberg. Uma comissão especial em breve iniciará uma investigação sobre a atuação de todos os religiosos durante a era comunista, quando, acredita-se, milhares de sacerdotes católicos daquele país colaboraram com a polícia secreta. Isto apenas na Polônia – os arquivos da KGB e os da polícia política nos demais países do antigo bloco soviético ainda precisam ser abertos para investigar as operações contra o Vaticano.

Na minha outra vida, quando estava no centro das operações de guerra de inteligência estrangeira de Moscou, me vi envolvido em um esforço deliberado do Kremlin para manchar a reputação do Vaticano, retratando o Papa Pio XII como um frio simpatizante do nazismo. No fim das contas, a operação não causou nenhum dano duradouro, mas deixou um amargo sabor residual de difícil eliminação. A história jamais foi contada antes.

 

O ATAQUE À IGREJA

Em fevereiro de 1960, Nikita Khrushchev aprovou um plano ultra-secreto para destruir a autoridade moral do Vaticano na Europa Ocidental. O plano era um criativo fruto de Aleksandr Shelepin, chefe da KGB, e de Aleksey Kirichenko, membro do Politburo soviético responsável por políticas internacionais. Até aquele momento, a KGB tinha lutado contra o seu “inimigo mortal” na Europa Oriental, onde a Santa Sé havia sido cruelmente atacada como um covil de espiões a soldo do imperialismo americano, e os seus representantes haviam sido sumariamente presos sob acusação de espionagem. Agora, Moscou queria desacreditar o Vaticano imputando-lhe a pecha de bastião do nazismo, usando os seus próprios sacerdotes, em seu próprio território.

Eugenio Pacelli, o Papa Pio XII, foi escolhido como alvo prioritário da KGB – a sua encarnação do demônio – pois havia deixado este mundo em 1958. “Mortos não podem se defender” era o slogan da KGB na época. Moscou acabara de ganhar um soco no olho por ter falsamente incriminado e encarcerado um prelado do Vaticano, o cardeal József Mindszenty, primaz da Hungria, em 1948. Durante a revolução húngara de 1956, ele escapara da prisão e pedira asilo na embaixada americana em Budapeste, onde começou escrever as suas memórias. Quando os detalhes de como ele havia sido condenado se tornaram conhecidos de jornalistas ocidentais, foi visto por todos como um santo herói e mártir.

Como Pio XII havia sido núncio papal em Munique e em Berlin quando os nazistas estavam iniciando a sua tentativa de chegar ao poder, a KGB queria retratá-lo como um anti-semita encorajador do Holocausto. O desafio era realizar a operação sem dar o menor sinal do envolvimento do bloco soviético. Todo o trabalho sujo devia ser feito por mãos ocidentais, usando evidências do próprio Vaticano. Isto corrigiria outro erro cometido no caso de Mindszenty, incriminado com documentos soviéticos e húngaros falsificados. (Em 6 de fevereiro de 1949, alguns dias após o julgamento de Mindszenty, Hanna Sulner, a especialista húngara em caligrafia que havia fabricado a “evidência” usada para incriminar o cardeal, fugiu para Viena e exibiu os microfilmes dos “documentos” em que se baseara o julgamento encenado. Hanna demonstrou, em um testemunho minuciosamente detalhado, que os documentos eram todos forjados, produzidos por ela, “alguns pretensamente escritos pelo cardeal, outras exibindo a sua suposta assinatura”.)

Para evitar outra catástrofe como a de Mindszently, a KGB precisava de alguns documentos originais do Vaticano, mesmo remotamente ligados a Pio XII, os quais os seus especialistas em desinformação poderiam modificar levemente e projetar “na luz apropriada” para provar as “verdadeiras cores” do Papa. A KGB, entretanto, não tinha acesso aos arquivos do Vaticano, e aí entrou o meu DIE, o serviço romeno de inteligência estrangeira. O novo chefe do serviço de inteligência estrangeira soviético, general Aleksandr Sakharovsky, havia criado o DIE em 1949 e havia sido até pouco tempo antes o nosso conselheiro-chefe soviético; o DIE, ele sabia, estava em excelente posição para contactar o Vaticano e obter aprovação para pesquisa em seus arquivos. Em 1959, quando fui nomeado para a Alemanha Oriental no disfarçado cargo de representante-chefe da Missão Romena, havia conduzido uma “troca de espiões” na qual dois oficiais do DIE (coronel Gheorghe Horobet e major Nicolae Ciuciulin), pegos com em flagrante na Alemanha Ocidental, foram trocados pelo bispo católico Augustin Pacha, preso pela KGB sob uma espúria acusação de espionagem, e que finalmente retornava ao Vaticano via Alemanha Ocidental.

 

INFILTRAÇÃO NO VATICANO

“Seat 12” era o codinome dado a essa operação contra Pio XII e eu me tornei o seu ponta-de-lança romeno. Para facilitar o meu trabalho, Sakharovsky me autorizou a informar (falsamente) o Vaticano que a Romênia estava pronta para restabelecer as relações cortadas com a Santa Sé, em troca ao acesso aos seus arquivos e um empréstimo sem juros de um bilhão de dólares por 25 anos. (As relações da Romênia com o Vaticano haviam sido cortadas em 1951, quando Moscou acusou a nunciatura do Vaticano na Romênia de ser um front da CIA disfarçado e fechou os seus escritórios. Os edifícios da nunciatura em Bucareste haviam sido revertidos ao DIE e hoje abrigam uma escola de idioma estrangeiro.) O acesso aos arquivos papais, eu havia dito ao Vaticano, era necessário para encontrar raízes históricas que ajudariam o governo romeno a justificar publicamente a sua mudança de atitude em relação à Santa Sé. O dinheiro – bilhão de dólares (não, isto não é erro de digitação) -, me disseram, havia sido introduzido no jogo para tornar a alegada mudança de opinião romena mais plausível. “Se há uma coisa que estes monges entendem é de dinheiro” disse Sakharovsky.

Ion-Pacepa-Portal-Conservador

A minha atuação na troca do bispo Pacha pelos dois oficiais do DIE realmente abriram as portas para mim. Um mês após ter recebido as instruções da KGB, fiz meu primeiro contato com um representante do Vaticano. Por razões de segredo, o encontro – e a maioria das reuniões seguintes – ocorreu em um hotel em Genebra, Suíça. Fui apresentado a um “membro influente do corpo diplomático” que, me disseram, havia começado a carreira trabalhando nos arquivos do Vaticano. O seu nome era Agostino Casaroli, e eu logo perceberia a sua grande influência. Imediatamente, este monsenhor deu-me acesso aos arquivos do Vaticano, e logo três jovens oficiais do DIE disfarçados de sacerdotes romenos estavam mergulhados nos arquivos papais. Casaroli também concordou “em princípio” com o pedido de Bucareste pelo empréstimo sem juros, mas disse que o Vaticano desejava impor certas condições. (Até 1978, quando deixei a Romênia para sempre, eu ainda estava negociando o empréstimo, diminuído então para 200 milhões de dólares.)

Durante os anos 1960-62, o DIE conseguiu furtar dos Arquivos do Vaticano e da Biblioteca Apostólica centenas de documentos ligados, de alguma forma, ao Papa Pio XII. Tudo era imediatamente enviado para a KGB por um correio especial. Na realidade, nenhum material incriminador contra o Pontífice emergiu de todos aqueles documentos secretamente fotografados. A maior parte eram cópias de cartas pessoais e transcrições de reuniões e discursos, tudo formatado na rotineira linguagem diplomática esperada. A KGB, entretanto, continuava pedindo mais documentos. E nós enviávamos mais.

 

A KGB PRODUZ UMA PEÇA

Em 1963, o general Ivan Agayants, o famoso chefe do departamento de desinformação da KGB, foi a Bucareste para nos agradecer pela ajuda. Disse-nos que a operação “Seat-12” havia se materializado em uma poderosa peça de ataque contra o Papa Pio XII intitulada The Deputy (O Representante), uma referência indireta ao Papa como representante de Cristo na terra. Agayants levou o crédito pelo formato da peça, e nos disse que ela tinha extensos apêndices de documentos para lhe dar sustentação, anexados pelos seus especialistas com a ajuda de documentos furtados por nós do Vaticano. Agayants também nos disse que o produtor da The Deputy, Erwin Piscator, era um comunista devoto com um relacionamento de longa data com Moscou. Em 1929, ele havia fundado o Teatro do Proletariado em Berlim, e em seguida procurado asilo político na União Soviética quando Hitler chegou ao poder, e, poucos anos depois, “emigrou” para os EUA. Em 1962, Piscator voltou a Berlim Ocidental para produzir The Deputy.

Em todos os meus anos na Romênia, sempre lidei com os meus chefes da KGB com um certo cuidado pois eles costumavam manejar os acontecimentos de forma a fazer a inteligência soviética a mãe e o pai de tudo. Mas eu tinha razões para acreditar na declaração auto-elogiosa de Agayants. Ele era uma lenda viva no campo da desinformação. Em 1943, morando no Irã, Agayants lançara o relatório de desinformação segundo o qual Hitler havia montado uma equipe especial para sequestrar o presidente Franklin Roosevelt da embaixada americana em Teerã durante a Conferência de Cúpula Aliada a ser realizada lá. Por isso, Roosevelt concordou em montar o seu quartel-general em uma vila sob a “segurança” do complexo da Embaixada Soviética, protegida por uma grande unidade militar. Todo o pessoal soviético designado para aquela vila era composto por oficiais de inteligência disfarçados, com domínio do idioma inglês, mas, com poucas exceções, eles mantinham isto em segredo para poder escutar as conversas. Mesmo com as capacidades técnicas limitadas da época, Agayants conseguiu proporcionar a Stalin, de hora em hora, relatórios de acompanhamento sobre os hóspedes americanos e britânicos. Isto ajudou Stalin a obter o acordo tácito de Roosevelt para deixá-lo manter sob domínio os países bálticos e os demais territórios ocupados pela União Soviética em 1939-40. Agayants também levou o crédito por ter induzido Roosevelt a usar o familiar tratamento “Tio Joe” para Stalin naquele encontro. De acordo com o relato de Sakharovsky para nós, Stalin estava mais orgulhoso disso até mesmo do que dos territórios ganhos. “O aleijado é meu!” teria exultado.

Exatamente um ano antes do lançamento da peça The Deputy, Agayants realizou outra ação bem sucedida. Inventou um manuscrito concebido para convencer o Ocidente de que, no fundo, o Kremlin pensava bem dos judeus; isto foi publicado na Europa Ocidental, com muito sucesso entre o público, na forma de um livro intitulado Notes for a Journal. O manuscrito foi abribuído a Maxim Litvinov, nascido Meir Walach, o aposentado comissário soviético para relações exteriores, demitido em 1939 quando Stalin purgou o seu aparato diplomático de judeus em preparação para a assinatura do pacto de “não-agressão” com Hitler. (O Pacto de Nâo-Agressão Stalin-Hitler foi assinado em 23 de agosto de 1939 em Moscou. Continha um Protocolo secreto dividindo a Polônia entre os dois signatários e dava aos soviéticos autoridade sobre Estônia, Letônia, Finlândia, Bessarábia e Bucovina do Norte.) Este livro de Agayants estava tão perfeitamente falsificado que o mais proeminente estudioso da Rússia Soviética, o historiador Edward Hallet Carr, ficou totalmente convencido da sua autenticidade e até escreveu uma introdução para ele. (Carr havia escrito uma História da Rússia Soviética, em 10 volumes.)

A peça The Deputy foi lançada em 1963 como um trabalho de um desconhecido alemão oriental chamado Rolf Hochhuth, sob o título Der Stellvertreter, Ein christliches Trauerspiel (The Deputy, a Christian Tragedy). A tese central era que Pio XII havia apoiado Hitler e o encorajara a ir adiante com o Holocausto Judeu. O livro acendeu imediatamente uma gigantesca controvérsia acerca de Pio XII, descrito como um homem frio e sem coração, mais preocupado com as propriedades do Vaticano do que com o destino das vítimas de Hitler. O texto original apresentava uma peça de oito horas, apoiada por cerca de 40 a 80 páginas (dependendo da edição) do que Hochhuth chamou de “documentação histórica”. Em um artigo de jornal publicado na Alemanha em 1963, Hochhuth defende a sua representação de Pio XII dizendo: “Os fatos estão aí – quarenta páginas repletas de documentos no apêndice da minha peça.” Em uma entrevista de rádio em Nova Iorque em 1964, quando The Deputy estreiou naquela cidade, Hochhuth disse “Eu considerei necessário adicionar à peça um apêndice histórico, de cinquenta a oitenta páginas (dependendo do tamanho da impressão)”. Na edição original, o apêndice é intitulado Historische Streiflichter (fragmentos históricos). The Deputy foi traduzida para cerca de 20 idiomais, drasticamente cortada e normalmente sem o apêndice.

Antes de escrever The Deputy, Hochhuth, que não tinha diploma secundário (Abitur), estava trabalhando em diversos trabalhos desimportantes para o grupo editorial Bertelsmann. Em entrevista, declarou que em 1959 obtivera uma licença de ausência de trabalho e fôra a Roma, onde passara três meses conversando e, em seguida, escrevento o primeiro rascunho da peça, e onde havia proposto uma “série de questões” a um bispo cujo nome recusou a revelar. Até parece! Quase na mesma época, eu costumava visitar o Vaticano regularmente como representante credenciado de um chefe de estado, e nunca encontrei nenhum bispo tagarela para conversar no corredor comigo – e não foi por falta de tentativa. Os oficiais ilegais do DIE infiltrados por nós no Vaticano também encontraram quase as mesmas dificuldades insuperáveis para penetrar nos arquivos secretos do Vaticano, mesmo com o inexpugnável disfarce de sacerdote.

Nos meus velhos tempos do DIE, quando podia pedir ao meu chefe pessoal, general Nicolae Ceausescu (o irmão do ditador) um relatório detalhado sobre algum subordinado, ele sempre perguntava “Para promover ou rebaixar?” (NT: For promotion or demotion?, no original.) Durante os seus primeiros dez anos de vida, The Deputy tendeu na direção do rebaixamento do Papa. Gerou uma enxurrada de livros e artigos, alguns acusando, outros defendendo o pontífice. Alguns chegaram até a jogar a culpa pelas atrocidades em Auschwitz nas costas do Papa, outros meticulosamente reduziram os argumentos de Hochhuth a pó, mas todos contribuíram para a enorme atenção recebida na época por esta peça trapaceira. Hoje, muitas pessoas que jamais ouviram falar na The Deputy estão sinceramente convencidas que Pio XII foi um homem frio e malvado que odiava os judeus e ajudou Hitler a eliminá-los. Como Yury Andropov – chefe da KGB e inigualável mestre da enganação soviética – costumava me dizer, as pessoas são mais propensas a acreditar em sujidade do que em santidade.

 

CALÚNIAS ENFRAQUECIDAS

Em meados da década de 1970, The Deputy começou a perder força. Em 1974, Andropov admitiu para nós que, se soubéssemos antes o que sabíamos então, jamais teríamos ido atrás do Papa Pio XII. Referia-se a informações recentemente liberadas mostrando que Hitler, longe de ser amigo de Pio XII, na verdade tramou contra ele.

Poucos dias antes da admissão de Andropov, o antigo comandante supremo do esquadrão da SS alemã (Schutztaffel) na Itália durante a Segunda Guerra Mundial, general Friedrich Otto Wolff, havia sido solto da cadeia e confessado que em 1943 Hitler havia lhe ordenado que raptasse o Papa Pio XII do Vaticano. Aquela ordem havia sido tão confidencial que jamais foi trazida à tona após a guerra em nenhum arquivo nazista. Nem surgiu em nenhuma das inúmeras prestações de contas de oficiais da Gestapo e SS conduzidas pelos Aliados vitoriosos. Segundo a sua confissão, Wolff teria replicado a Hitler que a ordem levaria seis semanas para ser cumprida. Hitler, que culpava o Papa pela derrota do ditador italiano Benito Mussolini, queria a ordem cumprida imediatamente. Por fim, Wolff persuadiu Hitler que haveria uma forte reação negativa se o plano fôsse implementado, e o Führer o abandonou.

Também em 1974, o cardeal Mindszenty publicou o seu livro Memoirs, no qual descreve em dolorosos detalhes como foi falsamente incriminado na Hungria comunista. Com provas baseadas em documentos fabricados, ele foi acusado de “traição, mal uso de moeda estrangeira e conspiração”, ofensas “todas passíveis de pena de morte ou prisão perpétua”. Ele também desceve como a sua falsa “confissão” ganhou então vida própria. “Qualquer um, parecia para mim, podia ter reconhecido imediatamente este documento como uma falsificação grosseira, pois era o produto de um trabalho malfeito e de uma mente inculta”, escreveu o cardeal. “Mas quando depois eu li os livros, jornais e revistas estrangeiros que lidaram com o meu caso e comentaram a minha “confissão”, percebi que o público deve ter concluído que a “confissão” havia sido realmente feita por mim, apesar de ter sido feita em estado semiconsciente e sob a influência de lavagem cerebral… o fato de a polícia ter publicado um documento fabricado por ela mesma parecia muito descarado para se acreditar”. Além de tudo isso, Hanna Sulner, a especialista em caligrafia húngara usada incriminar o cardeal, havia escapado para Viena, e confirmou ter forjado a “confissão” de Mindszenty.

Alguns anos depois, o Papa João Paulo II iniciou o processo de beatificação de Pio XII, e testemunhas do mundo inteiro provaram, de modo constrangedor para os adversários, que Pio XII era um inimigo, não um amigo, de Hitler. Israel Zoller, o rabi-chefe de Roma entre 1943-44, quando Hitler tomou a cidade, devotou um capítulo inteiro das suas memórias louvando a liderança de Pio XII. “O Santo Padre enviou uma carta para ser entregue em mãos aos bispos instruindo-os para levantar o claustro de conventos e monastérios, para poderem se tornar refúgio para os judeus. Sei de um convento onde as Irmãs dormiram no porão, emprestando as suas camas para os refugiados judeus”. Em 25 de julho de 1944, Zoller foi recebido pelo Papa Pio XII. Notas tomadas pelo secretário de estado do Vaticano, Giovanni Battista Montini (que se tornaria o Papa Paulo VI) mostram a gratidão do rabi Zoller ao Santo Padre por toda a sua ajuda para salvar a comunidade judaica em Roma – e os seus agradecimentos foram transmitidos pelo rádio. Em 13 de fevereiro de 1945, o rabi Zoller foi batizado pelo bispo auxiliar de Roma, Luigi Traglia, na igreja de Santa Maria degli Angeli. Em agradecimento a Pio XII, Zoller tomou o nome cristão de Eugênio (o nome do Papa). Um ano depois, a esposa e a filha de Zoller também foram batizadas.

David G. Dalin, em The Myth of Hitler´s Pope: How Pope Pius XII Rescued Jews From the Nazis, publicado poucos meses atrás, compilou provas indiscutíveis da amizade entre Eugenio Pacelli e os judeus, iniciada bem antes dele ser papa. No começo da Segunda Guerra Mundial, a primeira encíclica do Papa Pio XII foi tão anti-Hitler que a Real Força Aérea e a força aérea francesa lançaram 88 mil cópias do documento sobre a Alemanha.

Ao longo dos 16 últimos anos, a liberdade de religião foi restaurada na Rússia e uma nova geração vem lutando para desenvolver uma nova identidade nacional. Só podemos esperar que o presidente Vladimir Putin decida abrir os arquivos da KGB e os coloque sobre a mesa para que todos possam ver como os comunistas caluniaram um dos mais importantes Papas do último século.

 

Escrito pelo ex-general Ion Mihai Pacepa, oficial de mais alta patente a desertar do Bloco Soviético. O seu livro Red Horizons foi traduzido para 27 idiomas.

Traduzido por Ricardo Hashimoto. Este texto é tradução do artigo Moscow’s Assault on the Vatican, publicado no National Review em 25 de janeiro de 2007.

]]>
http://portalconservador.com/o-ataque-de-moscou-ao-vaticano/feed/ 1 2331