ciência – Portal Conservador https://portalconservador.com Maior Portal dirigido ao público Conservador em língua portuguesa. Mon, 25 Jun 2018 22:32:11 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.3.4 65453639 Associação Americana de Pediatras fulmina ideologia de gênero https://portalconservador.com/associacao-americana-de-pediatras-fulmina-ideologia-de-genero/ https://portalconservador.com/associacao-americana-de-pediatras-fulmina-ideologia-de-genero/#comments Mon, 21 Mar 2016 21:16:35 +0000 http://portalconservador.com/?p=2878 read more →]]> Grupo de médicos dos EUA emite declaração explicando, cientificamente, por que ideologia de gênero é nociva para as crianças

Uma associação de pediatras dos Estados Unidos declarou, no último dia 21 de março, através de seu site na Internet, que “a ideologia de gênero é nociva às crianças” e que “todos nascemos com um sexo biológico”, sendo os fatos, e não uma ideologia, que determinam a realidade. A declaração da American College of Pediatricians expõe 8 razões para os “educadores e legisladores rejeitarem todas as políticas que condicionem as crianças a aceitarem” a teoria de gênero. A iniciativa dos médicos se soma a inúmeras outras, provindas das mais diversas áreas de informação, para conter o que o Papa Francisco chamou de “colonização ideológica”. Em 2010, por exemplo, um importante documentário conseguiu desmontar, pelo menos em parte, a estrutura universitária que financiava essa ideologia na Noruega. O programa trouxe o parecer de vários especialistas, dos mais diversos campos científicos, que expuseram a farsa da teoria de gênero. Agora, a medicina vem respaldar mais uma vez a verdade sobre a família.

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A íntegra da nota escrita pelos pediatras norte-americanos pode ser lida a seguir.

A Associação Americana de Pediatras urge educadores e legisladores a rejeitarem todas as políticas que condicionem as crianças a aceitarem como normal uma vida de personificação química e cirúrgica do sexo oposto. Fatos, não ideologia, determinam a realidade.

1. A sexualidade humana é um traço biológico binário objetivo: “XY” e “XX” são marcadores genéticos de saúde, não de um distúrbio. A norma para o design humano é ser concebido ou como macho ou como fêmea. A sexualidade humana é binária por design, com o óbvio propósito da reprodução e florescimento de nossa espécie. Esse princípio é auto-evidente. Os transtornos extremamente raros de diferenciação sexual (DDSs) — inclusive, mas não apenas, a feminização testicular e hiperplasia adrenal congênita — são todos desvios medicamente identificáveis da norma binária sexual, e são justamente reconhecidos como distúrbios do design humano. Indivíduos com DDSs não constituem um terceiro sexo.

2. Ninguém nasce com um gênero. Todos nascem com um sexo biológico. Gênero (uma consciência e percepção de si mesmo como homem ou mulher) é um conceito sociológico e psicológico, não um conceito biológico objetivo. Ninguém nasce com uma consciência de si mesmo como masculino ou feminino; essa consciência se desenvolve ao longo do tempo e, como todos os processos de desenvolvimento, pode ser descarrilada por percepções subjetivas, relacionamentos e experiências adversas da criança, desde a infância. Pessoas que se identificam como “se sentindo do sexo oposto” ou “em algum lugar entre os dois sexos” não compreendem um terceiro sexo. Elas permanecem homens biológicos ou mulheres biológicas.

3. A crença de uma pessoa, que ele ou ela é algo que não é, trata-se, na melhor das hipóteses, de um sinal de pensamento confuso. Quando um menino biologicamente saudável acredita que é uma menina, ou uma menina biologicamente saudável acredita que é um menino, um problema psicológico objetivo existe, que está na mente, não no corpo, e deve ser tratado como tal. Essas crianças sofrem de disforia de gênero (DG). Disforia de gênero, anteriormente chamada de transtorno de identidade de gênero (TIG), é um transtorno mental reconhecido pela mais recente edição do Manual de Diagnóstico e Estatística da Associação Psiquiátrica Americana (DSM-V). As teorias psicodinâmicas e sociais de DG/TIG nunca foram refutadas.

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Print screen do site oficial do American College Pediatricians

4. A puberdade não é uma doença e hormônios que bloqueiam a puberdade podem ser perigosos. Reversíveis ou não, hormônios que bloqueiam a puberdade induzem a um estado doentio — a ausência de puberdade — e inibem o crescimento e a fertilidade em uma criança até então biologicamente saudável.

5. De acordo com o DSM-V, cerca de 98% de meninos e 88% de meninas confusas com o próprio gênero aceitam seu sexo biológico depois de passarem naturalmente pela puberdade.

6. Crianças que usam bloqueadores da puberdade para personificar o sexo oposto vão requerer hormônios do outro sexo no fim da adolescência. Esses hormônios (testosterona e estrogênio) estão associados com riscos à saúde, inclusive, mas não apenas, aumento da pressão arterial, formação de coágulos sanguíneos, acidente vascular cerebral e câncer.

7. Taxas de suicídio são vinte vezes maiores entre adultos que usam hormônios do sexo oposto e se submetem à cirurgia de mudança de sexo, mesmo na Suécia, que está entre os países mais afirmativos em relação aos LGBQT. Que pessoa compassiva e razoável seria capaz de condenar jovens crianças a este destino, sabendo que após a puberdade cerca de 88% das meninas e 98% dos meninos vão acabar aceitando a realidade e atingindo um estado de saúde física e mental?

8. Condicionar crianças a acreditar que uma vida inteira de personificação química e cirúrgica do sexo oposto é normal e saudável, é abuso infantil. Endossar discordância de gênero como normal através da rede pública de educação e de políticas legais irá confundir as crianças e os pais, levando mais crianças a serem apresentadas às “clínicas de gênero”, onde lhes serão dados medicamentos bloqueadores da puberdade. Isso, por sua vez, praticamente garante que eles vão “escolher” uma vida inteira de hormônios cancerígenos e tóxicos do sexo oposto, além de levar em conta a possibilidade da mutilação cirúrgica desnecessária de partes saudáveis do seu corpo quando forem jovens adultos.

Assinam a nota: Michelle A. Cretella, M.D. – Presidente da Associação Americana de Pediatras, Quentin Van Meter, M.D. – Vice-Presidente da Associação Americana de Pediatras – Endocrinologista Pediátrico; Paul McHugh, M.D. – Professor Universitário de Psiquiatria da Universidade Johns Hopkins Medical School, detentor de medalha de distinguidos serviços prestados e ex-psiquiatra-chefe do Johns Hopkins Hospital


Fonte: American College of Pediatricians

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Não existem argumentos para o aborto https://portalconservador.com/nao-existem-argumentos-para-o-aborto/ https://portalconservador.com/nao-existem-argumentos-para-o-aborto/#comments Thu, 21 Aug 2014 13:58:04 +0000 http://portalconservador.com/?p=1011 read more →]]> Não existem argumentos para o aborto! é a primeira parte de uma série de argumentos que são analisados e refutados, que são utilizados a esmo para defender o aborto.

Argumentos como objeto de refutação e informações adicionais:

1. “Legalização do aborto fará acabar o aborto clandestino”
2. “O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente. Se o aborto fosse feito em hospitais e por pessoal competente, não haveria mortes”
3. “Depois da despenalização só aborta legalmente quem abortaria clandestinamente”
4. Síndrome pós-aborto!
5. Aborto para a Diminuição de violência?
6. Razões para o aborto – o culpado não é o estupro!
7. “Não existe consenso na ciência sobre o assunto” ou “A vida do ser humano não começa na concepção” ou “A mulher tem direito sobre o próprio corpo”

1. “Legalização do aborto fará acabar o aborto clandestino”

ESTUDO 01

Numa entrevista concedida a Zenit, o Dr. Renzo Puccetti, especialista em Medicina Interna e secretário do Comité «Ciência & Vida» de Pisa-Livrono, explicou quais e quantas mentiras foram contadas para fazer a população aceitar, sobretudo as mulheres, a liberação do aborto.

«Afirma-se que a legalização do aborto fará acabar o aborto clandestino, mas isto é falso. Na Itália, depois de 29 anos de aborto legal e mais de 4.600.000 abortos legais, o Instituto Superior de Saúde estima em 20.000 o número de abortos clandestinos por ano (Relatório do ministro da saúde sobre a atuação da lei sobre a tutela social da maternidade e a interrupção voluntária da gravidez (lei 194/78) no ano de 2006)».

A quem diz que legalizando o aborto e combatendo assim o aborto clandestino se evita que as mulheres morram por causa das complicações de tal prática que, por sua própria natureza, não assegura a mesma segurança de um aborto legal, o Dr. Puccetti respondeu: «Os dados da OMS referem que a mortalidade materna (a mortalidade da mulher no período do início da gravidez até o quadragésimo segundo dia depois do término da gravidez, conduzida ao término ou interrompida) em Portugal, Irlanda e Polônia, onde o aborto é ilegal, é em média mais baixa em relação a dos países vizinhos, respectivamente Espanha, Inglaterra e República Tcheca».

«Por outro lado —acrescentou— há um estudo que fez definitivamente cair o presumido rol “salvífico” do aborto em relação à mulher. Na Finlândia foram avaliados os falecimentos de todas as mulheres em idade fértil entre um ano do término da gravidez; o resultado é que as mulheres que abortaram voluntariamente tiveram uma mortalidade três vezes maior em relação àquelas que deram à luz, com uma taxa de suicídio de 700% (Gisler M, Berg C, Bouvier-Colle MH, Buekens P. Am J Obstet Gynecol. 2004 Feb; 190(2):422-7).

«O estudo do professor Fergusson, —explicou o médico— conduzido controlando um grupo de fatores, mostrou o aumento da incidência de depressão e dos distúrbios de ansiedade nas mulheres que abortaram (Fergusson DM et al. J Child Psychol Psychiatry. 2006 jan; 47(1):16-24)».

«Sobre a base das evidências —sublinhou Puccetti— está claro que o aborto é nocivo para a saúde da mulher; as verdadeiras feministas, aquelas que devem combater pela tutela da vida e da dignidade da mulher, não conheço muitas, são firmemente contrárias ao aborto, vendo como isto é simplesmente o primeiro passo de uma tecno-ciência que, prometendo à mulher maior liberdade, na verdade lhe tira do próprio corpo, roubando o “know-how” da mulher para confiá-lo a um técnico do corpo feminino».

Segundo o secretário de Ciência & Vida de Pisa-Livorno, «entre os frutos da mentalidade abortista não é estranho o inverno demográfico. Não são raros os casos que depois de um ou mais abortos, efetuados porque não era o momento oportuno para uma gravidez, voltam-se desesperados a buscar o tratamento pró-criativo com as técnicas mais invasivas, mas na maior parte falhas, de procriação artificial».

«Se se admite por lei que o direito a decidir o quando da maternidade prevalece sobre tudo, até poder sacrificar a vida humana, —revelou o médico de Pisa— é fácil que na sociedade prospere uma cultura de aniquilamento demográfico. Também considerando as mães imigrantes que giram em torno de 12%, em geral têm dois filhos e antecipam a gravidez geralmente em quatro anos em relação às mulheres italianas, na Itália a natalidade está no limite mínimo».

Um dos argumentos utilizados pelos que sustentam a interrupção voluntária da gravidez é aquele de fazer acreditar que o aborto é bom para a mulher vitima de violência ou incesto.

«Na verdade —explicou Puccetti— tais motivações entram em jogo em menos de 0,5% dos casos (Lawrence B. Finer Perspectives on Sexual and Reproductive Health Volume 37, Number 3, September 2005). Também nestes dolorosos casos, de todas as formas, o aborto não constitui uma ajuda para estas mulheres, mas também pode acrescentar uma outra ferida a uma já aberta, como testemunhado por um documento específico redigido por mulheres americanas que ficaram grávidas após um ato de violência (http://www.afterabortion.info/news/WPSApetition.htm).

Também a argumentação dos defensores da interrupção voluntária da gravidez, segundo os quais se diz que o recurso ao aborto é excepcional, é para Pucetti «uma motivação fraudulenta».

O secretário de Ciência & Vida afirmou que «os dados desmentem esta tese». Justamente «a abortividade há anos na Itália é estável em torno de 250 abortos entre 1000 nascidos vivos. A legalização se associa a uma adição à prática abortiva: na Itália, somente no ano de 2004, 23.431 mulheres abortaram pela segunda vez, 6.861 pela terceira, 2.136 pela quarta e 1.433 por, pelo menos, a quinta vez».

«Todos os estudiosos, mesmo os abortistas, —concluiu Puccetti— admitem que aumentar o acesso ao aborto aumenta o recurso a esta medida. Entre os numerosos exemplos há o da Irlanda: é sabido que mulheres irlandesas vão abortar na Inglaterra, mas o fenômeno abortivo na Irlanda é um terço do inglês, onde o aborto é legal se requerido; é bom ter em mente que a tais áridos números correspondem 10.555 vidas humanas que nascem, vivem, se alegram e sofrem como todos nós, ao invés de ser jogadas no lixo entre os refugos especiais de um hospital».

ESTUDO 02

Em 1984 legalizou-se -ou despenalizou-se- o aborto para acabar com o aborto clandestino em Portugal. Contudo, não existem evidências que apontem, com a legalização, que mulheres vão passar a recorrer ao aborto legal. Todos os defensores do aborto estão convidados a apresentar um país -um único!- onde a legalização do aborto tenha acabado com o aborto clandestino. No caso de não conseguirem, expliquem-nos então porque invocam o aborto clandestino a seu favor.

a) E expliquem mais isto: nos países em que o aborto é proibido, as forças pró-aborto clamam contra as mortes causadas pelo aborto clandestino. Nos países onde o aborto é permitido até às 12 semanas, as forças pró-aborto clamam contra as mortes em abortos clandestinos depois das 12 semanas. Com argumentos destes, tendo sempre o cuidado de nunca verificar a veracidade das mortes alegadas, pode-se legalizar o aborto até aos nove meses! É isso que se pretende? Se é, porque o não dizem claramente? Se não é, como pensam parar o processo? Por acto de fé?

b) Se algumas mulheres morrerem na sequência do aborto do seu filho de 35 semanas, isso será motivo para legalizar o aborto até às 35 semanas? Porque é que a morte num aborto clandestino até às 12 semanas legitima a legalização do aborto até ás 12 semanas, e a morte na sequência de um aborto às 35 não legitima a legalização do aborto até às 35 semanas?

O aborto na Índia é legal há 25 anos e por cada aborto legal fazem-se dez clandestinos. Como se explica isto? Quem garante que não acontecerá o mesmo em outros países? Todos os estudos que se seguem provaram que, depois da legalização, o aborto clandestino não diminui de forma significativa:

(Inglaterra: Brit. Med. Jour., May 1970, 1972, e Lancet, Mar. 1968;
Japão: Asahi Jour., Oct. 16, 1966;
Hungria: International Jour. of OB/GYN, May 1971;
EUA: Amer. Jour. of Public Health, No. 1967. )

 

2. “O aborto só é perigoso quando é feito sem condições de higiene e por pessoal incompetente. Se o aborto fosse feito em hospitais e por pessoal competente, não haveria mortes”

Poucos riscos em obstetrícia são tão certos como aqueles a que a grávida se expõe quando aborta após a décima quarta semana de gravidez.” (Cf. Duenhoelter & Grant, “Complications Following Prostaglandin F-2A Induced Midtrimester Abortion,” Amer. Jour. OB/GYN, vol. 46, no. 3, Sept. 1975, pp. 247-250)

Uma das razões que mais frequentemente levam as mulheres à urgência de ginecologia, são abortos feitos em clínicas de aborto legais.” (Cf. L. Iffy, “Second Trimester Abortions,” JAMA, vol. 249, no. 5, Feb. 4, 1983, p. 588.)

E quais são os problemas a que a mulher se sujeita quando aborta? Entre outros podem-se referir: 20% gravidez ectópica (numa gravidez “desejada” posterior), 8% infertilidade, 14% aborto expontâneo (numa gravidez “desejada” posterior), 5% parto prematuro (numa gravidez posterior), e muitas outras (como hemorragias, febres, coma e morte).

«As mulheres sofrem e morrem em abortos legais em parte porque o aborto é inerentemente perigoso, é um ataque violento, e em parte porque as pessoas que se dedicam a fazer abortos podem ser tão perigosos para a saúde das mulheres como alguns dos infames abortadores de vão-de-escada». (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

Em 2010, foram apresentados alguns estudos de campo sobre o comportamento de mulheres que praticaram o aborto no 1º Encontro de Estudos Médicos sobre a Vida Humana, em Lisboa, Portugal. Especialistas demonstraram forte relação do aborto induzido com graves enfermidades mentais e físicas das mulheres que o cometeram. Os dados revelaram que 60% das mulheres que o praticaram necessitaram de cuidados mentais 90 dias depois. Depressão, comportamento bipolar, síndrome do pânico, surtos psicóticos foram alguns dos transtornos observados nelas, além do medo e da culpa.

“Eu como confessor não conheço nada mais mortal para uma mulher do que o trauma de um aborto, porque você arrancar o neném de dentro dela é mais do que tirar um pedaço da mulher, é arrancar a sua essência”, destaca padre Carlos Lodi, líder pró-vida de Anápolis (GO).

A médica em Biologia molecular Alice Teixeira relata que existem muitos estudos que relacionam o câncer de mama a abortos provocados.

Segundo a Dra. Pilar Virgil, médica e especialista em Ginecologia e Obstetrícia pela Universidade Católica do Chile, as consequências são muitas. “São consequências afetivas, consequências no sistema imune, e é muito comum o desenvolvimento de certos transtornos”, afirma.

 

3. “Depois da despenalização só aborta legalmente quem abortaria clandestinamente”

Num estudo realizado nos EUA, 72% das mulheres interrogadas afirmaram categoricamente que se o aborto fosse ilegal nunca o teriam feito. As restantes exprimiram dúvidas sobre se o teriam feito ou não. Somente 4% das interrogadas afirmaram que teriam feito o aborto ainda que ele fosse ilegal. (Cf. Aborted Women: Silent No More, David Reardon, Chicago, Loyola University Press, 1987.)

4. Síndrome pós-aborto!

Herbert Praxedes
Médico e Professor Titular do Departamento de
Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal Fluminense – UFF

Dernival da Silva Brandão
Médico especialista em Ginecologia e Membro Emérito da
Academia Fluminense de Medicina

Os graves danos físicos e psicológicos decorrentes do aborto provocado são conhecidos internacionalmente sob a designação de “síndrome pós-aborto.”

A propósito, veja-se o artigo “O que é a Síndrome Pós Aborto ?”, de Wanda Franz, PhD, Professora Associada de Recursos Familiares da Universidade de West Virgínia, Morgantown,WV 26505, U.S.A., traduzido do “National Right To Life News 14(1):1-9,1987 – What ist Post-Abortion Syndrome ?” , por Herbert Praxedes, Médico e Professor Titular do Departamento de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense – UFF.

No dia 15 de junho de 2005, promovida pela Associação das Mulheres em Acção, foi realizada em Lisboa, Portugal, a conferência “A Realidade Ibérica da Saúde Sexual e Reprodutiva”, na qual foi um dos oradores o professor catedrático e psiquiatra espanhol Aquilino Lorente, que afirmou: “As conseqüências de um aborto para a mulher são muitíssimo graves, elas passam a sofrer de stress crônico, a taxa de suicídio aumenta e as depressões não respondem aos fármacos”. O psiquiatra Pedro Afonso, do Hospital Júlio de Matos, contou um pouco da sua experiência como médico e como voluntário no centro de apoio a mulheres grávidas e mães de risco Sta. Isabel, na capital portuguesa: ”Um aborto acarreta sempre muitos riscos físicos e psíquicos para as mulheres.” Também se manifestou, a espanhola Esperanza Moreno, de 38 anos, que colaborou no primeiro livro editado na Espanha com testemunhos de mulheres que abortaram e disse: “Abortei há 11 anos, era solteira e já tinha um filho. Foi a pior experiência da minha vida, ainda hoje sofro do sindroma pós-aborto . . . As clínicas parecem matadouros e nós cordeiros. Estamos sozinhas, angustiadas, envergonhadas, sentimos culpa e nunca mais esquecemos a experiência”(. Fonte: Portugal Diário, 15/06/2005)

Além disso, mesmo nos países desenvolvidos e onde é legalizada a prática do aborto provocado, este importa sempre em um agravamento do risco de vida para a mulher, conforme consta em parecer da Dra. Marli Virgínia Gomes Macedo Lins e Nóbrega, Ginecologista e Obstetra, que refere estudo realizado na Finlândia, com mulheres entre 15 e 49 anos de idade, no período compreendido entre os anos de 1987 a 2000, publicado no dia 10 de março de 2004, no Jornal Americano de Ginecologia e Obstetrícia, no qual ficou constatado “que as mulheres têm 2,95 mais chance de morrer de aborto do que de um parto” e que “a prática de qualquer abortamento aumenta significativamente o risco de mortalidade para a mulher mesmo em países desenvolvidos e onde essa prática é legalizada.” (destacamos)

Fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/aborto-argumentos-e-numeros-inconsistentes

5. Aborto para a diminuição de violência?

No ano de 2005 foi publicado o polêmico livro Freakonomics, que entre muitas de suas constatações, dava a ideia no seu quarto capítulo de que a queda na criminalidade ocorrida nos anos 90 em Nova York não seria causada pelas políticas de segurança do governo, mas pela legalização do aborto nos anos 70.

Países onde o aborto é legalizado em verde.

“A idéia é simples: crianças indesejadas têm risco maior de envolvimento em crimes, e a legalização do aborto reduz o número de crianças indesejadas. Portanto, não é difícil ver por que legalizar o aborto reduziria a criminalidade”, disse Levitt, o escritor de Freakonomics.

Segundo o livro, crianças indesejadas que foram abortadas teriam maior probabilidade de se tornarem criminosas caso tivessem nascido. Uma vez que o Estado elimina essas crianças indesejadas que nunca vieram a nascer, no futuro, a criminalidade seria diminuída com a inexistência desses criminosos que jamais existiram. Parece estranho para você? Pois para mim parece.

Levitt, em Freakonomics, chega a  declarar que a diminuição da criminalidade em Nova York, nos anos 90, não foi obra do plano “Tolerância Zero”, do então Prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, mas sim, da legalização do aborto, pois com o aborto, deixaram de nascer boa parte filhos de moças solteiras, em muitos casos prostituídas ou drogadas, que nasceriam “destinados ao crime”.

Aqui há uma questão de lógica, se nos anos 90, do então Prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani elaborou o plano “Tolerância Zero”, foi porque a criminalidade em Nova York estava chegando a um patamar altíssimo e se isto estava ocorrendo como se pode falar que ela estava diminuindo?Isto é a inversão, ou melhor, a negação da lógica!

Taxa de criminalidade na Europa. Reparem que a Polônia, onde o aborto é crime, tem uma taxa de criminalidade menor do que o resto do leste europeu, que tem as maiores taxas de aborto.

Se o aborto reduzisse a criminalidade, as áreas onde são feitos mais abortos seriam as mais seguras. Na realidade, não é bem assim.

Aliás, nos Estados Norte americanos onde é alto o número de abortos, como Nova York e a Califórnia, também são altos o consumo de narcóticos e a taxa da criminalidade. Além disso, a ligação entre pobreza e crime é muito mais tênue do se imagina. Registros mostram que desigualdade de renda é mais importante que pobreza no aumento de crimes. Logo, uma indesejada criança pobre pode muito bem não nunca cometer um crime. Se a pobreza fosse diretamente relacionada com o crime, países como Bangladesh e Índia seriam campeões de crimes, mas na verdade possuem taxas inferiores as dos Estados Unidos. Portanto, para mitigar os crimes a sociedade precisa rever também sua cultura.

A taxa de homicídios praticados por adolescentes triplicou no primeiro grupo nascido depois da legalização do aborto. Como explicar isso? Se o aborto reduzisse os crimes, veríamos os crimes entre adolescente reduzidos a partir de 1987, mas é exatamente o contrário do que aconteceu. É óbvio, o crime entre jovens não triplicou por causa da legalização, o que na verdade explica esse aumento são uma série de fatores sociais muito mais complexos do que a questão do aborto.

No gráfico vemos que os homicídios entre adolescentes aumentaram depois da legalização, começando a subir em 1987, quando a primeira geração de nascidos após a legalização entrou na adolescência.

Por exemplo, quase 60% da queda nos assassinatos desde 1990 envolviam agressores com mais de 25 anos – indivíduos que nasceram antes da legalização. Como mostrado na figura abaixo, houve reduções substanciais durante os anos 1990 nos homicídios cometidos por grupos etários mais velhos, especialmente aqueles na faixa etária de 25-34 anos de idade.

O gráfico vemos que nos anos 90 pessoas com mais de 25 anos, e que portanto, não poderiam ter sido abortadas antes da legalização, apresentaram uma queda nos índices de crimes praticados. Logo, se o aborto fosse a causa da diminuição da violência, tais grupos não teriam queda alguma, comprovando que a legalização não influi na criminalidade.

Por fim, a hipótese de que crime é influenciado pelo aborto não pode explicar a grande queda nos assassinatos e em outros crimes violentos nos primeiros seis meses de 2009 (ápice da crise econômica) para os meses correspondentes de 2010. Na verdade, nada pode.

Em dezembro de 2008 houve um grande aumento no número de homicídios entre adolescentes negros, embora as mulheres negras tenham as maiores taxas de aborto , que são 3 vezes maiores do que as de mulheres brancas. Homicídios por negros entre as idades de 14 e 17  saltou 34% de 2000 a 2007, mesmo com o aborto legalizado. O número de crimes para os brancos na mesma faixa etária não aumentou.

Para que não reste nenhuma dúvida, no gráfico acima vemos a refutação cabal da ideia. Negros sofrem cerca de três vezes mais abortos do que os brancos, de modo que o “Efeito Legalização” deveria ter diminuido a criminalidade nos negros masculinos 14-17 anos se comparados com os brancos. Em vez disso, o oposto aconteceu no primeiro grupo nascido após a legalização.

Ao contrário do que é pregado religiosamente, não existem provas de que o aborto de fato diminua a violência. O livre o Freaknomics usa o exemplo da queda do crime em Nova York após a legalização, porém, as estatísticas mostram que o crime não diminuiu nas primeiras gerações afetadas pela legalização. Além do mais, a queda foi coincidente com políticas de segurança pública do prefeito republicano Rudolph Giuliani. A cerca de 2 anos atrás, um sociólogo mostrou que a queda da violência nas metrópoles ocorreu de forma parecida entre cidades onde o aborto era legalizado e não legazido. Logo, essa queda é debitada em fatores pertencentes a globalização.

Fontes:

http://www.johnstonsarchive.net/policy/abortion/statesabrate.html

http://pricetheory.uchicago.edu/levitt/Papers/DonohueLevittTheImpactOfLegalized2001.pdf

Índices de mulheres mortas em decorrência de aborto. Reparem que Malta não legaliza o aborto e tem taxas quase iguais às dos seus vizinhos europeus que legalizam o ato.

Abaixo um estudo detalhado em inglês de dois economistas que refutam ponto a ponto a teoria de que o aborto diminui os crimes.

http://www.isteve.com/abortion.htm

 

6. Razões para o aborto – o culpado não é o estupro!

As estatísticas comprovam que mulheres que recorrem ao aborto tem maior chance de se suicidar, contrair doenças psicológicas, ter doenças ligadas aos orgãos reprodutivos e são mais propensas a ter um aborto involuntário no futuro.

Os pró-aborto alegam defender a escolha da mulher, mas menos de 2% dos abortos são feitos em decorrência de estupro. Todos sabem que muitas vezes a mulher, fragilizada, é obrigada pelo parceiro, pela família ou pelo trabalho a abortar.

O que uma lei é capaz de fazer é estipular uma pena para quem infringi-la e for pego. Só isso. O renomado economista Milton Friedmann, da Universidade de Chicado,  já fez estudos elaborados sobre a descriminalização de algumas atividades ( mais especificamente crimes ligados ao consumo de drogas), mesmo sendo a favor delas, reconheceu que é lógico que um ato legal seja mais justificado e praticado do que um ilegal.

7. “Não existe consenso na ciência sobre o assunto” ou “A vida do ser humano não começa na concepção” ou “A mulher tem direito sobre o próprio corpo”

“O desenvolvimento do embrião começa no estágio 1 quando o espermatozoide fertiliza óvulo e juntos se tornam um zigoto” (Marjorie England, professor da Faculdade de Medicina de Ciências Clínicas, Universidade de Leicester, Reino Unido). [1]

“O desenvolvimento humano começa depois da união dos gametas masculino e feminino durante um processo conhecido como fertilização (concepção). Fertilização é uma sequência de eventos que começa com o contato de um espermatozoide com um óvulo em sequência e termina com a fusão de seus núcleos e a união de seus cromossomos formando uma nova célula. Este óvulo fertilizado, conhecido como zigoto, é uma larga célula diplóide que é o começo, o primórdio de um ser humano” (Keith L. Moore, premiado professor emérito e cátedro da divisão de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto, Canadá). [2]

“Embrião: um organismo no estágio inicial de desenvolvimento; em um homem, a partir da concepção até o fim do segundo mês no útero” (Ida G. Dox, autora sênior de inúmeros livros de refência para médicos e cientistas, premiada, trabalhou na Escola de Medicina da Universidade de GeorgeTown). [3]

“Para o homem o termo embrião é usualmente restrigido ao período de desenvolvimento desde a fertilização até o fim da oitava semana da gravidez” (William J. Larsen, PhD, Professor do Departmento de Biologia Celular, Neurologia e Anatomia, membro do Programa de Graduação em Desenvolvimento Biológico do Colégio de Medicina da Universidade de Cincinnati) [4].

“O desenvolvimento de um ser humano começa com a fertilização, processo pelo qual duas células altamente especializadas, o espermatozóide do homem e o óvulo da mulher, se unem para dar existência a um novo organismo, o zigoto” (Dr. Jan Langman, MD. Ph.D., professor de anatomia da Universidade da Virgínia) [5].

“Embrião: o desenvolvimento individual entre a união das células germinativas e a conclusão dos órgãos que caracteriza seu corpo quando se torna um organismo separado…No momento em que a célula do espermatozóide do macho humano encontra o óvulo da fêmea e a união resulta num óvulo fertilizado (zigoto), uma nova vida começa…O termo embrião engloba inúmeros estágios do desenvolvimento inicial da concepção até o nona ou décima semana de vida” (Van Nostrand’s Scientific Encyclopedia) [6].

“O desenvolvimento de um ser humano começa com a fertilização, processo pelo qual o espermatozóide do homem e o óvulo da mulher se unem para dar existência a um novo organismo, o zigoto” (Thomas W. Sadler, Ph.D., Departamento de Biologia Celular e Anatomia da Universidade da Carolina do Norte) [7].

“A questão veio sobre o que é um embrião, quando o embrião existe, quando ele ocorre. Eu penso, como você sabe, que no desenvolvimento, vida é um continuum…Mas penso que uma das definições usuais que nos surgiu, especialmente da Alemanha, tem sido o estágio pelo qual esses dois núcleos (do espermatozóide e do óvulo) se unem e as membranas entre eles se chocam” (Jonathan Van Blerkon, Ph.D., pioneiro dos procedimentos de fertilzação em vitro, professor de desenvolvimento molecular, celular da Universidade de Colorado, reconhecido mundialmente como o preeminente expert na fisiologia do óvulo e do espermatozóide) [8].

“Zigoto. Essa célula, formada pela união de um óvulo e um espermatozóide, representa o início de um ser humano. A expressão comum “óvulo fertilizado” refere-se ao zigoto” (Keith L. Moore, premiado professor emérito e cátedro da divisão de anatomia da Faculdade de Medicina da Universidade de Toronto, Canadá; Dr. T.V.N. Persaud é professor de Anatomia e Chefe do Departamento de Anatomia, professor de Pediatria e Saúde Infantil, Universidade de Manitoba, Winnipeg, Manitoba, Canadá. Em 1991, recebeu o prêmio mais importante no campo da Anatomia, do Canadá, o J.C.B. Grant Award, da Associação Canadense de Anatomistas) [9].

“Embora a vida seja um processo contínuo, a fertilização é um terreno crítico porque, sob várias circunstâncias ordinárias, um novo, genéticamente distinto organismo humano é por isso mesmo formado…A combinação dos 23 cromossomos presente em cada pró-núcleo resulta nos 46 cromossomos do zigoto. Dessa forma o número do diplóide é restaurado e o gênoma embrionário é formado. O embrião agora existe como uma unidade genética” (Dr. Ronan O’Rahilly, professor emérito de Anatomia e Neurologia Humana na Universidade da Califórnia) [10].

“Quase todos animais maiores iniciam suas vidas de uma única célula: o óvulo fertilizado (zigoto)…O momento da fertilização representa o ponto inicial na história de uma vida, ou ontogênia, de um indíviduo” (Bruce M. Carlson, M.D, Ph.D., pesquisador professor emérito da Escola Médica de Desenvolvimento Biológico e Celular). [11]

“Deixe-me contar um segredo. O termo pré-embrião tem sido defendido enérgicamente por promotores da Fertilização In Vitro por razões que são políticas, não científicas. O novo termo é usado para prover a ilusão de que há algo profundamente diferente entre o que não-médicos biólogos ainda chamam de embrião de seis dias de idade e entre o que todo mundo chama de embrião de dezesseis dias de idade. O termo pré-embrião é usado em arenas políticas – aonde decisões são feitas para permitir o embrião mais novo (agora chamado de pré-embrião) de ser pesquisado – bem como em confinados escritórios médicos, aonde pode ser usado para aliviar preocupações morais que podem ser expostos por pacientes de fertilização in vitro. “Não se preocupe”, um médico pode dizer, “é apenas um pré-embrião que estamos congelando ou manipulando. Eles não se tornaram embriões humanos reais até que coloquemo-os de volta ao seu corpo” (Lee M. Silver, professor da célebre Universidade de Princeton no Departamento de Biologia Molecular e da Woodrow Wilson School of Public and International Affairs). [12]

“Desde a concepção a criança (1) é um organismo complexo, dinâmico e em rápido crescimento. Na seqüência de um processo natural e contínuo o zigoto irá, em aproximadamente nove meses, desenvolver-se até aos trilhões de células do bebê recém-nascido. O fim natural do espermatozóide e do óvulo é a morte, a menos que a fertilização ocorra. No momento da fertilização um novo e único ser é criado, o qual, embora recebendo metade dos seus cromossomos de cada um dos progenitores, é completamente diferente deles”. [13]

___________________________

[1] [England, Marjorie A. Life Before Birth. 2nd ed. England: Mosby-Wolfe, 1996, p.31]

 

[2] [Moore, Keith L. Essentials of Human Embryology. Toronto: B.C. Decker Inc, 1988, p.2]

 

[3] [Dox, Ida G. et al. The Harper Collins Illustrated Medical Dictionary. New York: Harper Perennial, 1993, p. 146]

 

[4] [Walters, William and Singer, Peter (eds.). Test-Tube Babies. Melbourne: Oxford University Press, 1982, p. 160]

 

[5] [Langman, Jan. Medical Embryology. 3rd edition. Baltimore: Williams and Wilkins, 1975, p. 3]

 

[6] [Considine, Douglas (ed.). Van Nostrand’s Scientific Encyclopedia. 5th edition. New York: Van Nostrand Reinhold Company, 1976, p. 943]

 

[7] [Sadler, T.W. Langman’s Medical Embryology. 7th edition. Baltimore: Williams & Wilkins 1995, p. 3]

 

[8] [Jonathan Van Blerkom of University of Colorado, expert witness on human embryology before the NIH Human Embryo Research Panel — Panel Transcript, February 2, 1994, p. 63]

 

[9] [Moore, Keith L. and Persaud, T.V.N. Before We Are Born: Essentials of Embryology and Birth Defects. 4th edition. Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1993, p. 1]

 

[10] [O’Rahilly, Ronan and Müller, Fabiola. Human Embryology & Teratology. 2nd edition. New York: Wiley-Liss, 1996, pp. 8, 29. This textbook lists “pre-embryo” among “discarded and replaced terms” in modern embryology, describing it as “ill-defined and inaccurate” (p. 12}] [11] [Carlson, Bruce M. Patten’s Foundations of Embryology. 6th edition. New York: McGraw-Hill, 1996, p. 3]

 

[12] [Silver, Lee M. Remaking Eden: Cloning and Beyond in a Brave New World. New York: Avon Books, 1997, p. 39] [13] (Amicus Curiae, 1971 Motion and Brief Amicus Curiae of Certain Physicians, Professors and Fellows of the American College of Obstetrics and Gyneco1ogy, Supreme Court of the United States, October Term, 1971, No. 70-18, Roe v. Wade, and No. 70-40, Doe v. Bolton.)

Fonte: www.portalconservador.com

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Confissão de fé de 25 cientistas; entre eles, seis Nobel https://portalconservador.com/confissao-de-fe-de-25-cientistas-entre-eles-seis-nobel/ https://portalconservador.com/confissao-de-fe-de-25-cientistas-entre-eles-seis-nobel/#comments Sun, 20 Jul 2014 00:56:15 +0000 http://portalconservador.com/?p=890 read more →]]> Johannes Kepler (1571-1630), um dos maiores astrônomos:

Deus é grande, grande é o seu poder e infinita a sua sabedoria. Louvai-o, céu e terra, sol, lua e as estrelas com sua própria linguagem. Meu Senhor e meu Criador! A magnificência de tuas obras que eu quero anunciar aos homens na medida em que a minha inteligência limitada possa compreender.”

Copérnico (1473- 1543), fundador da mundovisão moderna:

“Quem vive em estreito contato com a ordem, mais realizado é, e a sabedoria divina faz-nos sentir mais estimulados para as aspirações mais sublimes. Quem não adora o arquiteto de todas estas coisas?”

Newton (1643- 1727), fundador da física teórica clássica:

“O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um vasto oceano. O arranjo maravilhoso e a harmonia do universo não poderiam senão sair de um ser onisciente e onipotente.”

Linneo (1707- 1778) fundador da botânica sistemática:

“Eu vi passar perto de mim o Deus eterno, infinito, onisciente e onipotente e eu prostrei-me de joelhos em adoração.”

Alessandro Volta (1745- 1827), descobriu as noções básicas da eletricidade:

“Eu confesso a minha  santa, católica, apostólica, romana. Agradeço a Deus que me deu esta  e tenho toda a intenção de viver e morrer nela.”

Ampere (1775- 1836), descobriu a lei fundamental da corrente elétrica:  

“Quão grande é Deus, e quão pequena é a nossa ciência que parece uma nano-pequenez!”

Cauchy (1789- 1857) insigne matemático:

“Eu sou cristão, ou seja, acredito na divindade de Cristo, como todos os grandes astrônomos e todos os grandes matemáticos do passado.”

Gauss (1777- 1855), um dos maiores matemáticos e cientistas alemães:

“Finalmente, quando chegar a nossa última hora, será grande e inefável a nossa alegria ao vermos que em todo o nosso trabalho, apenas vislumbramos a infinitude do Criador.”

Liebig (1803- 1873), célebre químico:

“A grandeza e sabedoria infinita do Criador só se irão realmente revelar a quem fizer esforços para tirar as suas ideias do grande livro da natureza.”

Robert Mayer (1814- 1878), cientista naturalista (Lei da conservação da energia):

“Acabo a minha vida com a convicção que brota do fundo do meu coração: a verdadeira ciência e a verdadeira filosofia não podem ser outra coisa senão uma propedêutica da religião cristã.”

Secchi (1803- 1895), célebre astrônomo:

“Ao olhar para o céu chego a Deus num ápice.”

Darwin (1809- 1882), Teoria da evolução:

“Eu nunca neguei a existência de Deus. Acho que a teoria da evolução é perfeitamente compatível com a crença em Deus. O argumento máximo da existência de Deus parece-me que é a impossibilidade de demonstrar e compreender a imensidão do universo, sublime em todas as medidas, e que os homens tenham sido fruto do acaso.”

Thomas Edison (1847- 1931), o inventor mais fecundo, 1200 patentes:

“O meu maior respeito e minha máxima admiração vai para todos os engenheiros, especialmente o maior de todos: Deus”.

C.L. Schleich (1859- 1922), célebre cirurgião:

“Eu me tornei crente à minha maneira, pelo microscópio e a observação da natureza, e quero, na medida em que estiver ao meu alcance, contribuir para a plena concórdia entre a ciência e a religião.”

Marconi (1874- 1937), inventor da telegrafia sem fios, Prêmio Nobel 1909:

“Declaro com orgulho: sou crente. Acredito no poder da oração, não só como católico, mas também como cientista.”

Millikan (1868- 1953), grande físico americano, Pr:emio Nobel 1923:

“Posso garantir, com toda decisão, que a negação da carece de toda base científica. A meu ver, jamais se encontrará uma verdadeira contradição entre a e a ciência.”

Eddingtong (1882- 1946), célebre astrônomo inglês:

“Nenhum dos inventores do ateísmo foi naturalista. Todos eles foram filósofos muito medíocres.”

Albert Einstein (1879- 1955), fundador da física contemporânea (teoria da relatividade e Prêmio Nobel 1921):

“Todo aquele que está seriamente comprometido com o cultivo da ciência chega a convencer-se de que, em todas as leis do universo, está manifesto um espírito infinitamente superior ao homem e diante do qual nós, com nossos poderes, devemos nos sentir humildes.”

Plank (1858- 1947), fundador da física quântica, Prêmio Nobel 1918:

“Nada nos impede disso, e o impulso do nosso conhecimento o exige… relacionar mutuamente a ordem do universo e o Deus da religião. Deus está para o crente no início dos seus discursos; para o físico, no término deles.”

Schrödinger (1887- 1961), criador da mecânica ondulatória, Prêmio Nobel 1933:

“A obra-prima mais fina é a feita por Deus, segundo os princípios da mecânica quântica.”

Howard Hathaway Aiken (1900-1973), pai do cérebro eletrônico:

“A física moderna me ensina que a natureza não é capaz de ordenar a si mesma. O universo supõe uma enorme massa de ordem. Por isso, requer uma “Causa Primeira” grande, que não está submetida à segunda lei da transformação da energia e que, por isso, é sobrenatural.”

Wernher Von Braun (1912- 1977), construtor alemão- americano dos foguetes espaciais:

“Acima de tudo está a glória de Deus, que criou o grande universo, que o homem e a ciência vão escrutinando e investigando dia após dia em profunda adoração.”

Charles Townes (1915), físico, Prêmio Nobel de física 1964 por descobrir os princípios do laser:

“Como religioso, sinto a presença e intervenção de um ser Criador que vai além de mim mesmo, mas que está sempre perto. A inteligência teve algo a ver com a criação das leis do universo.”

Allan Sandage (1926-2010), astrônomo profissional, calculou a velocidade com que o universo se expande e sua idade pela observação das estrelas distantes:

“Eu era quase um ateu na infância. A ciência foi o que me levou à conclusão de que o mundo é muito mais complexo do que podemos explicar. O mistério da existência só pode ser explicado mediante o sobrenatural.

Um cartão e uma surpresa

Um jovem universitário viajava ao lado de um venerável idoso que estava rezando seu terço. O jovem se atreveu a dizer-lhe: “Por que, ao invés de rezar o terço, o senhor não se dedica a aprender a instruir-se um pouco mais? Eu posso lhe indicar alguns livros para que se instrua”.

O ancião lhe disse: “Eu gostaria que você me enviasse o livro a este endereço” – e lhe entregou seu cartão, no qual estava escrito: “Luis Pasteur, Instituto de Ciências de Paris”.

O universitário ficou envergonhado. Havia pretendido dar conselhos ao mais famoso sábio da sua época, o inventor das vacinas, admirado no mundo inteiro… e devoto do terço.

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O homem que jogou fora o Prêmio Nobel https://portalconservador.com/o-homem-que-jogou-fora-o-premio-nobel/ https://portalconservador.com/o-homem-que-jogou-fora-o-premio-nobel/#respond Thu, 03 Apr 2014 20:50:00 +0000 http://portalconservador.com/?p=411 read more →]]> Eis um breve trecho do livro “Poder Global e Religião Universal”, escrito pelo Monsenhor Juan Claudio Sanahuja, publicado pela Editora Ecclesiae.

“A pressão social, o medo de sermos qualificados de fundamentalistas e um sincero, ainda que equivocado, espírito de salvar o que pode ser salvo frente à avalanche de projetos, leis e costumes iníquos, podem fazer-nos cair na tentação de negociar o que é inegociável e, portanto, ceder quanto ao que não nos pertence — a ordem natural e a doutrina de Jesus Cristo. Essa atitude nos fará cair na opção do mal menor, num malminorismo moralmente inadmissível.

***

Dr-Jerome-Lejeune-e-pacientes

Jérôme Lejeune e suas pacientes

Que sirva para ilustrar o exemplo do Servo de Deus Jérôme Lejeune. Aos 33 anos, em 1959, Lejeune publicou sua descoberta sobre a causa da síndrome de Down, a ‘trissomia do 21’, e isto o transformou em um dos pais da genética moderna. Em 1962 foi designado como especialista em genética humana na Organização Mundial da Saúde (OMS) e, em 1964, foi nomeado Diretor do Centro Nacional de Investigações Científicas da França; no mesmo ano, é criada para ele, na Faculdade de Medicina da Sorbonne, a primeira cátedra de Genética Fundamental. Transforma-se assim em candidato número um ao Prêmio Nobel de Medicina.

Aplaudido e lisonjeado pelos grandes do mundo, deixa de sê-lo em 1970, quando se opõe ferozmente ao projeto de lei do aborto eugênico. Lejeune combateu o malminorismo que infectou os católicos da França; estes supunham que cedendo ao aborto eugênico freavam as pretensões abortistas e evitavam uma legislação mais permissiva. Os argumentos de Lejeune eram muito claros: não podemos ser cúmplices, o aborto é sempre um assassinato, quem está doente não merece a morte por isto e, mais ainda, longe de frear males maiores, o aborto eugênico abre as portas para a liberalização total deste crime. Sua postura lhe rendeu uma real perseguição eclesial que se juntou à perseguição civil, acentuada por sua defesa do nascituro nas Nações Unidas.

Também em 1970, participou de uma reunião da OMS, na qual se tentava justificar a legalização do aborto para evitar abortos clandestinos. Foi nesse momento, quando se referindo à Organização Mundial de Saúde, que disse: ‘eis aqui uma instituição de saúde que se tornou uma instituição para a morte’. Nessa mesma tarde, ele escreveu para sua esposa e filha dizendo:: ‘Hoje eu joguei fora o Prêmio Nobel’. Em nenhum momento deu ouvidos aos prudentes, que o aconselhavam calar-se para chegar mais alto e assim mais poder influir.

João Paulo II, em sua carta ao Cardeal Jean-Marie Lustinger, então arcebispo de Paris, por ocasião da morte de Lejeune, disse:

“Como cientista e biólogo era um apaixonado pela vida. Ele se tornou o maior defensor da vida, especialmente a vida dos nascituros, tão ameaçada na sociedade contemporânea, de modo que se pode pensar que seja uma ameaça programada. Lejeune assumiu plenamente a particular responsabilidade do cientista, disposto a ser um sinal de contradição, ignorando a pressão da sociedade permissiva e do ostracismo do qual era vítima.”

***

Dr. Lejeune, cientista de raro talento, sofreu na pele por sua defesa da vida humana nascente. Em um momento chave de sua carreira, ele teve a plena consciência de que estava deixando de lado a maior glória mundana que existe para um cientista, o Prêmio Nobel. Nem por isto ele deixou de lado suas convicções, seus princípios. Ele escolheu jamais perder o seu sabor, escolheu ser o Sal da Terra.

Que as atitudes de Dr. Lejeune frente ao mal nos sirvam de lição para o tempo presente em que tantos pedem aos cristãos que aceitem mudanças que são totalmente contrárias não apenas às nossas convicções, mas à própria Lei Natural, a lei que está inscrita no coração de cada um de nós. Que a tentação do malminorismo não encontre espaço em nossos corações, pois a defesa da vida humana necessita de pessoas conscientes de que não se negocia com a vida dos frágeis e inocentes.

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Mentiras sobre o aborto – Parte 01 https://portalconservador.com/mentiras-sobre-o-aborto-parte-01/ https://portalconservador.com/mentiras-sobre-o-aborto-parte-01/#respond Thu, 16 Jan 2014 21:02:37 +0000 http://portalconservador.com/?p=418 read more →]]> Este é o primeiro de uma série de artigos cujo escopo é claro: mostrar a fraude na argumentação pró-aborto. O projeto da plena legalização do aborto e até mesmo do infanticídio é um objetivo há muito tempo almejado por esquerdistas, feministas e também pela burocracia globalista, os quais para tanto utilizam de toda a fraude possível que lhes esteja ao alcance. Algumas dessas fraudes são sutis, mas a maioria delas é formada por falsificações absolutamente grosseiras dos números, da História, dos fatos, enfim. Qualquer estudo minimamente sério chegará a tais conclusões. É este tipo de estudo que me proponho a realizar.

A idéia inicial era escrever um artigo único sobre o assunto, mas isto se revelou absolutamente impossível. A militância abortista criou uma plêiade de mitos dos mais diversos para justificar o injustificável, o que demanda uma refutação com um mínimo de detalhismo. Acresça a isso ainda a frase de Olavo de Carvalho: “uma lei constitutiva da mente humana concede ao erro o privilégio de poder ser mais breve do que a sua retificação” (A Nova Era e a Revolução Cultural: Fritjof Capra & Antonio Gramsci, Rio, IAL & Stella Caymmi, 1994). Eis a razão da amplitude deste artigo e sua divisão.

1º Mito: são realizados milhões de abortos e muitas mulheres morrem neles.

Quando na década de 1960 as organizações pró-aborto nos EUA elaboraram sua estratégia para legalizar este crime, o primeiro mito que criaram foi sobre os supostos milhões de abortos e as supostas milhares de mortes de mulheres por eles causadas. Como sabemos que isto foi uma mentira estratégica deliberada? Dentre outros motivos, porque ela, tempos depois, foi revelada por um de seus autores: o médico Bernard Nathanson. [1]

O Dr. Nathanson foi um ginecologista e obstetra ligado à Planned Parenthood: a principal instituição promotora do aborto nos EUA – nascida inicialmente como uma instituição de planejamento familiar com finalidades eugênicas. Cabe aqui colocar este ponto antes de voltar ao assunto do tópico. O movimento feminista nos EUA na primeira metade do século passado tinha forte caráter eugenista. Influenciadas pelas teorias de inferioridade de raças e necessidade de eliminação de deficientes, as feministas defendiam que pessoas com alguma disfunção física ou mental deveriam ser impedidas de reproduzir.

Na segunda metade do século XX, o aborto tornou-se a estratégia para alcançar tais objetivos e não é à toa que os fetos abortados entre mulheres negras ou com alguma deficiência ocorrem em proporção muito maior do que quaisquer outras categorias no Ocidente (Levitt [2] e Goldhagen [3]).

Dr. Nathanson nos anos 1970 presenciou os avanços da fetologia e da cirurgia intra-uterina até se dar conta do óbvio: se o feto era um paciente, evidentemente ele tinha os mesmos direitos de qualquer paciente, dentre eles o principal: viver. Isto foi o início de uma profunda conversão moral que levou o Dr. Nathanson às fileiras do movimento pró-vida (e uma posterior conversão religiosa). Vejamos suas próprias palavras:

Serviram-nos de base duas grandes mentiras: a falsificação de estatísticas e pesquisas que dizíamos haver feito… Quando mais tarde os pró-abortistas usavam os mesmos “slogans” e argumentos que eu havia preparado em 1968, ria muito porque eu havia sido um de seus inventores e sabia muito bem que eram mentiras. É uma tática importante. Dizíamos, em 1968, que na América se praticavam um milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos que estes não ultrapassavam os cem mil, mas esse número não nos servia, e multiplicamos por dez para chamar a atenção. Também repetíamos constantemente que as mortes maternas por aborto clandestino se aproximavam de dez mil, quando sabíamos que eram apenas duzentas, mas esse número era muito pequeno para a propaganda. Esta tática do engano e da grande mentira que se repete constantemente acaba sendo aceita como verdade. Nós nos lançamos para a conquista dos meios de comunicação social, dos grupos universitários, sobretudo das feministas. Eles escutavam tudo o que dizíamos, inclusive as mentiras, e logo divulgavam pelos meios de comunicação social, base da propaganda [4].

No Brasil utiliza-se o mesmo expediente fraudulento. No início de 2012 houve a bombástica notícia de que peritas da ONU haviam denunciado que a legislação brasileira, ao criminalizar o aborto, era responsável pela morte de 200.000 mulheres por ano em todo o país. Impressionou o tom de arrogância da perita Patricia Schulz [5]:

A entidade realizou seu exame sobre a situação das mulheres no Brasil e não poupou críticas ao governo. “O que é que vocês vão fazer com esse problema político enorme que tem?”, cobrou durante a plenária a perita suíça Patricia Schulz. Ela foi ainda mais enfática. Schulz lembrou que em 2007 a ONU já havia cobrado do Brasil que a criminalização do aborto fosse revisada pelo governo. “Mas lamentavelmente não vimos progressos e os esforços fracassaram”, declarou. “Essa é uma questão muito preocupante. São 200 mil mortes por ano e essa alta taxa tem uma relação direta com a criminalização do aborto”, disse.

Ok. Vejamos como se descontrói esta história da carochinha:

A declaração da ONU data do início de 2012, portanto ela somente poderia se referir a dados de 2010, já que os dados de 2011 ainda não estavam sequer coletados por completo. Em 2010 morreram 476.792 mulheres no Brasil, das causas mais diversas. Vejamos a coluna de óbitos ampliada:

FONTE: IBGE [6]

Óbitos ocorridos no ano

Período

Mulheres

2003

411.555

2004

421.059

2005

416.482

2006

430.373

2007

437.913

2008

447.981

2009

461.018

2010

476.792

2011

492.887

Já os óbitos de mulheres em idade fértil [7] foram 66.497 em 2010. Vejamos:

FONTE: DATASUS [8]

Coluna ampliada

Região

                    Óbitos mulheres idade fértil

TOTAL

66.497

Região Norte

5.046

Região Nordeste

17.703

Região Sudeste

29.142

Região Sul

9.572

Região Centro-Oeste

5.034

Ora, partindo do princípio elementar de que é impossível uma mulher em idade não-fértil falecer por causa de um aborto (já que este presume gravidez), temos então que a estatística da ilustre (in)perita nada mais é que uma fraude grosseira. Para o número ser correto, teríamos que presumir que todas as mortes de mulheres em idade fértil no país decorrem do aborto (excluindo-se acidentes de carro, homicídios, doenças, afogamento, suicídio, etc.) e ainda assim seria necessário encontrar mais de 130.000 cadáveres para fechar a conta.

Este tipo de fraude estatística [9] não é exceção [10]. Ela faz parte do modus operandi da militância abortista desde a década de 1960. Um outro expediente é misturar deliberadamente a estatística de abortos espontâneos com abortos provocados. Estima-se que até 25% das gestações não não cheguem até o fim [11]. O Brasil tem perto de três milhões de nascimentos com vida por ano [12], conforme a tabela abaixo:

Abrangência: Brasil | Unidade: pessoas

Nascidos vivos ocorridos no ano

Período

Total

2003

2.822.462

2004

2.818.918

2005

2.880.877

2006

2.803.938

2007

2.755.371

2008

2.798.042

2009

2.764.642

2010

2.760.961

2011

2.824.776

Isto permite inferir (pois não há prova empírica exata) que talvez até um milhão de gestantes sofram aborto espontâneo anualmente. Pois bem, é daí que surge outro número mágico: o de um milhão de abortos realizados. Realizados uma ova! São (presumivelmente) um milhão de abortos naturais [13] [14]. Trata-se, portanto, de abortos que nada têm a ver com procedimentos voluntários.

Quando confrontada por estes dados, a militância abortista apela para o expediente derradeiro: a legislação anti-aborto geraria ocultação ou sub-notificação das ocorrências. Deixando de lado o absurdo de que as supostas 200.000 mortes Electronic Cigarettes por aborto implicariam no desaparecimento de mais de 130.000 cadáveres (onde estão enterrados? Cadê a Comissão da Verdade para averiguar isto?), pergunta-se: se os dados sobre abortos e mortes em procedimentos abortivos são tão ocultos assim, por qual mistério insondável eles só se revelam aos olhos da militância abortista? Por que os abortistas não mostram ao mundo sua metodologia de cálculo e base de dados? Seria a origem de seus números um segredo esotérico ao qual somente os iniciados podem ter acesso? Teriam os abortistas acesso a tais informações mediante uma revelação sobrenatural, a qual não pode ser explicada em detalhes aos infiéis, os quais apenas têm o direito de saber a mensagem, mas sem ter o direito de questionar a fonte? E essa gente ainda tem o desplante de se dizer “a favor da ciência” e de acusar seus adversários de dogmáticos e fanáticos [15].

Mas, no fim das contas, quantas mulheres de fato morrem após realizarem o aborto “planejado” no Brasil? Os dados do DATASUS são bem claros: no ano de 2011 foram 135 mortes. Confira:

Óbitos mulheres idade fértil por Capítulo CID-10 segundo Região

Capítulo CID-10: XV. Gravidez parto e puerpério

Grupo CID-10: Gravidez que termina em aborto

Tipo causa obstétrica: Morte materna obstétrica direta

Período: 2011

TOTAL

135

135

Região Norte

16

16

Região Nordeste

45

45

Região Sudeste

58

58

Região Sul

8

8

Região Centro-Oeste

8

8

Fonte: DATASUS.

Dessas 135 mortes, podemos refinar mais a pesquisa, pois esse número abrange situações como a gravidez ectópica (quando o embrião aloja-se em local impróprio, normalmente nas trompas de falópio, sendo necessário retirá-lo numa cirurgia de risco), por exemplo, que não teriam qualquer relação com a legalização do aborto, visto que se trata de hipótese de “aborto legal”. São as situações de morte por tentativa de aborto que os militantes da legalização dizem querer impedir. Mas quanto elas são afinal? Eis a resposta (de novo do DATASUS):

Óbitos mulheres em idade fértil, segundo Região
Grupo CID-10: Gravidez que termina em aborto
Categoria CID-10: O07 Falha de tentativa de aborto
Período: 2011

                 TOTAL

9

Região Norte

2

Região Nordeste

3

Região Sudeste

4

É isso mesmo. No ano de 2011 faleceram NOVE mulheres por tentativa de aborto ao longo dos oito milhões de quilômetros de território nacional (sendo que em duas regiões não houve registro de qualquer morte: Centro-oeste e Sul) [16].

Recentemente foi noticiado nacionalmente o falecimento de uma mulher atingida em cheio por um raio ao entrar na água enquanto chovia [17]. Segundo a Scientific American, ocorrem 132 mortes por ano no Brasil em razão desta causa, sendo que a chance de uma mulher ser atingida é dez vezes menor que a de um homem [18], no que se pode estimar em doze falecimentos por ano o número de mulheres vitimadas por raios.

É exatamente isto o que você acabou de ler: a possibilidade de uma mulher falecer vitimada por um raio é maior do que em razão de um procedimento abortivo.

O fato é que não existe fonte ou dado algum que embase o alegado pela militância abortista. Como já explicado nas palavras do Dr. Nathanson, estamos diante apenas de mentiras propagandísticas com a função política de legalizar homicídios.

Para encerrar esta primeira parte, é impossível não fazer uma analogia entre a ideologia abortista e a ideologia comunista quando se trata de escolher quais vítimas merecem encômios e lágrimas. Comunistas têm total desprezo pelas 100 milhões de pessoas que massacraram ao longo do século XX, mas ao mesmo tempo pranteiam de maneira escandalosa os seus falecidos, mesmo tendo sido mortos em número muito menor aos que mataram. A mesma coisa ocorre na mentalidade abortista, onde a morte de um reduzido número de mulheres gera mais escândalo que os mais de quarenta milhões de abortos realizados num único ano (2008), conforme a Organização Mundial de Saúde [19].

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[1] Médico fundador da NARAL (National Abortion and Reproductive Rights Action League – Liga de Ação Nacional dos Direitos Reprodutivos). http://pt.wikipedia.org/wiki/Bernard_Nathanson. Esclareça-se que o Wikipedia está sendo citado como meio do leitor não familiarizado com o assunto inteirar-se sobre quem foi o Prof. Nathason. Todavia (esclarecimento importante aos mais maliciosos) a enciclopédia livre não foi, de maneira alguma, a fonte principal deste artigo.

[2] Freakonomics, editora Campus, 2007.

[3] Fascismo de Esquerda, editora Record, 2009.

[4] http://www.providafamilia.org.br/doc.php?doc=doc45845

[5] http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,onu-critica-legislacao-brasileira-e-cobra-pais-por-mortes-em-abortos-de-risco,837316,0.htm

[6] http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=RC81&t=obitos-ocorridos-ano-sexo. A coleta de dados é feita mediante a obrigatoriedade dos cartórios de registros civis de pessoas naturais enviarem a cada três meses os dados sobre nascimentos, casamentos e óbitos, conforme previsto na Lei de Registros Públicos (Lei. 6.015/73) em seu artigo 49.

[7] Abrange mulheres de 10 a 49 anos. Vide http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/sim/mat10descr.htm

[8] http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?sim/cnv/mat10uf.def

[9] Quando os números mentirosos de Patricia Schulz foram denunciados (vide artigo de Reinaldo Azevedo no website http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/a-grande-mentira-sobre-as-200-mil-mulheres-que-morreriam-em-decorrencia-do-aborto-pior-o-governo-brasileiro-ajuda-a-espalhar-a-falacia/), houve uma tentativa de se dizer que a mídia havia entendido de maneira equivocada as palavras da “perita”, a qual teria na verdade aludido a 200.000 internações hospitalares ao invés de 200.000 abortos. Qual foi a prova de que esta realmente foi a declaração da suíça? Um relatório oficial? Anais de congresso? Nada disso. Uma pessoa que supostamente a conhece postou no facebook a informação, como foi noticiado no site http://www.viomundo.com.br/denuncias/ministro-padilha-o-erro-nao-foi-da-onu-e-sim-do-estadao.html, ou seja, fonte não-oficial oriunda de terceiros, publicada em rede social. Atribuir algum crédito a isto é excesso de benevolência.

[10] Infelizmente não consegui encontrar as fontes, mas recordo-me bem de matérias da revista Claudia e do jornal O Globo falando respectivamente em 250.000 e 400.000 mortes anuais de mulheres por aborto.

[11] http://demaeparamae.pt/artigos/aborto-espontaneo

[12] http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?no=10&op=0&vcodigo=RC71&t=nascidos-vivos-ocorridos-ano-local-nascimento

[13] Aproveite-se o ensejo para refutar uma outra falácia do abortismo: a de que não há problema moral em legalizar o aborto, já que se trata de fenômeno que ocorre naturalmente. A acefalia de tal raciocínio pode ser demonstrada pelo seguinte exemplo analógico: a morte é um fato natural, então neste caso não haveria problema algum em descriminalizar o homicídio.

[14] É possível que este número seja maior, pois muitos desses abortos espontâneos ocorrem no primeiro para o segundo mês de gestação, sendo que por vezes a mulher sequer fica ciente da gravidez, achando que a breve suspensão da menstruação foi uma mera irregularidade temporária de seu ciclo.

[15] Os expedientes empregados pelos abortistas quando questionados sobre suas fontes chegam a ser cômicos. No debate pelo Portal IG (http://www.youtube.com/watch?v=XUoDRy0bjVo) entre o Prof. Hermes Nery (pró-vida) e uma defensora da legalização do aborto, enquanto o primeiro estava sempre consultando suas anotações e fontes, sua contendora nada tinha em mãos e alegou (aos 7’ e 30” de programa) que havia deixado seu material com indicação das fontes “ali dentro” (apontando para os bastidores do programa). Frise-se que o programa teve três intervalos e em nenhum deles a distinta senhora teve a idéia de buscar seu material ou pedir a alguém que o fizesse. No fim das contas, não citou fonte alguma com precisão.

[16] Dependendo dos parâmetros utilizados, o DATASUS também pode informar números ainda mais baixos: 97 e 7 eventos para óbitos em geral e óbitos por tentativa de aborto, respectivamente. Optou-se aqui pelos valores mais altos, até para deixar claro a opção deste artigo pela honestidade intelectual, sem buscar os dados que mais favoreçam as idéias aqui expostas.

[17] http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/brasil/2014/01/14/interna_brasil,407921/mulher-morre-em-praia-do-guaruja-em-sao-paulo-apos-ser-atingida-por-raio.shtml

[18] http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/os_numeros__surpreendentes__de_mortes_por_raios_no_brasil.html

[19] http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75174/1/WHO_RHR_12.02_eng.pdf?ua=1

Escrito por Daniel Aquino Neto. Revista Vila Nova.

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Comentários ao texto do geneticista Eli Vieira https://portalconservador.com/comentarios-ao-texto-do-geneticista-eli-vieira/ https://portalconservador.com/comentarios-ao-texto-do-geneticista-eli-vieira/#respond Thu, 18 Jul 2013 02:26:59 +0000 http://portalconservador.com/?p=1070 read more →]]> Recentemente, no site do geneticista Eli Vieira, deparei-me com um texto, com 10 argumentos a favor da descriminalização do aborto até a 12º semana de vida, em apoio ao Conselho Federal de Medicina, que divulgou nota em prol do aborto legal. O texto é interessante, pois enumera muitos dos argumentos utilizados pelos que defendem a descriminalização do aborto. Tomei a liberdade de refutá-los. Abaixo segue o texto original, em letras pretas, e meus comentários, em azul.

 

Pela defesa da vida através da descriminalização do aborto: uma nota de apoio ao CFM

1 – A questão sobre o aborto não diz respeito à “vida”, mas à “vida humana”, ou seja, ao indivíduo. Não é uma questão de saber como começa a vida, é uma questão de saber em que etapa do desenvolvimento o nosso Estado laico deve aceitar um embrião como um cidadão digno de direitos.

No primeiro parágrafo o autor já admite falar de vida humana. Afinal, se um zigoto, um embrião ou um feto estão vivos, de que tipo de vida se trata, que não a humana?  Quanto aos direitos, é importante lembrar que, já que falamos de vida humana, devemos falar também de dignidade, e se há dignidade, há direitos humanos. Não podemos negar a dignidade a um nascituro, que é um ser humano, baseando-se apenas na idade gestacional.

2 – Para estabelecer se um embrião é um cidadão, o Estado deve ser informado pela ciência sobre quando surgem no desenvolvimento os “tributos mais caracteristicamente humanos.

O autor, que é um “cientista”, acha que cabe apenas à ciência determinar quem merece ou não a dignidade humana e o direito à vida. Este argumento é anacrônico e remonta à Grécia antiga, quando, após o nascimento, os “sábios” determinariam se o nascido era humano ou “monstro”. Se o deixariam viver ou se o matariam, caso a criança fosse, por exemplo, mal formada. No mais, é interessante ressaltar que o argumento que afirma que a vida do indivíduo humano começa na concepção é científico, confirmado pela embriologia. O fato de os “atributos mais caracteristicamente humanos” não terem ainda se desenvolvido não faz com que a vida ali presente (e nem o próprio autor nega isto) não seja humana.

3 – Os atributos mais caracteristicamente humanos não são ter um rim funcionando, nem um coração batendo, mas ter um cérebro em atividade. Isto é razoavelmente estabelecido porque é a morte cerebral que é considerada o critério para dizer quando uma pessoa morreu, e não a morte de outros órgãos. Por isso mesmo transplante de coração não é acompanhado de “transplante” de registro de identidade.

4 – Se a morte do cérebro é o critério médico que o Estado aceita para considerar o indivíduo humano como morto, o início do cérebro deve ser logicamente e necessariamente o critério para considerar o início do indivíduo, e não a fecundação.

Comparar a vida de um ser humano com morte cerebral, no fim de sua vida, à de um ser humano, no início de seu desenvolvimento, com a vida toda pela frente, é um argumento perverso, torpe, grotesco. Utiliza-se a morte para negar a vida. Um zigoto, um embrião ou um feto em gestação, se deixados em paz, terão condições de desenvolver os “atributos mais caracteristicamente humanos” que o autor coloca. Ao contrário, um ser humano com morte cerebral, se deixado em paz, irá falecer. Não se trata de discutir potencialidades, o que, de acordo com os defensores da legalização do aborto, não tem sentido – embora discorde. O que se discute é existência de  vida humana, não potencial e subjetiva, como seria o caso de gametas ou mesmo embriões concebidos in vitro, mas real e objetiva. A partir da concepção, o que existe é uma vida humana de fato, não potencial, que, livre da violência de um aborto induzido, ou da infelicidade de um aborto espontâneo, chegará ao nascimento em poucas semanas.

5 – Considerar a fecundação como o início do indivíduo humano é perigoso, porque é definir um indivíduo apenas por seus genes. Isso é determinismo genético.

Os genes não são determinantes exclusivos da individualidade, que, aliás, não é determinável em momento algum, pois a vida é fluida, e nossa individualidade se modifica a cada instante, conforme o ambiente e as experiências vividas, inclusive no útero materno; mas a carga genética, estabelecida na fecundação, é a origem desta individualidade. Isto não é determinismo genético, que é a crença de que todas as características físicas e comportamentais dependem exclusivamente dos genes. Perigoso é crer que outros critérios, como o tempo gestacional ou a atividade cerebral do nascituro “determinem” se este é ou não humano, se é alguém mais ou menos merecedor da dignidade. Isto sim seria uma espécie de determinismo biológico anacrônico e perverso. Os direitos humanos são inerentes à vida humana. Não há vida humana mais ou menos digna, se houvesse, isso representaria simplesmente a negação dos direitos humanos como um todo.

6 – O cérebro não tem sua arquitetura básica formada no mínimo até o terceiro mês da gestação. Isso significa que o embrião não percebe o mundo, não tem consciência, é um punhado de células como qualquer pedaço de pele. Por isso não é moralmente condenável que as mulheres tenham direito de escolher não continuar a gestação antes deste período.

Todos os seres humanos já passaram pelo estágio em que, segundo o autor, eram um “punhado de células como qualquer pedaço de pele”. O próprio termo utilizado demonstra um desprezo enorme pela vida humana,  que é comparada,  grosso modo, a um cisto, a um furúnculo, que podem ser extirpados sem qualquer consequência. Repetimos: um zigoto, um embrião ou um feto em gestação, se deixados em paz, em poucas semanas se desenvolverão e se tornarão crianças. Compará-los a um “punhado de células como qualquer pedaço de pele”, cuja vida não tem importância, nem valor, nem dignidade, é que é moralmente condenável

Na figura abaixo podemos ver o “punhado de células como qualquer pedaço de pele”, com três meses de gestação, idade limite, segundo os defensores da legalização no Brasil, para a realização do aborto.

7 – Usar o argumento de que o embrião ou o zigoto tem o potencial de dar origem a um ser humano para protegê-lo não vale, porque seria o mesmo que tentar proteger os óvulos que se perdem logo antes das menstruações em todas as mulheres, ou os espermatozoides que são jogados fora na masturbação masculina. Além disso, hoje a ciência sabe que toda célula humana, até as células da pele, tem o potencial de dar origem a um ser humano inteiro, bastando para isso alguns procedimentos de clonagem. No entanto nós destruímos essas células diariamente: arrancando a cutícula, roendo as unhas, passando a mão no rosto, arrancando fios de cabelo, etc. Potencial não concretizado não é argumento para defender coisa alguma.

Infelizmente, este é o mais absurdo e “moralmente condenável”  argumento do autor. Por mais que a ciência teorize sobre o potencial de se criar seres humanos a partir de células humanas diversas, compará-las a embriões em gestação é uma assalto à inteligência. Óvulos perdidos nas menstruações, espermatozoides na masturbação, cutículas e fios de cabelo, se deixados em paz, não se desenvolverão até se tornarem novos seres humanos; zigotos, embriões e fetos já são seres humanos.

8 – Se você acha que o embrião precoce ou o zigoto tem consciência, é responsabilidade sua provar isso, não é o que os cientistas dizem. E num Estado laico, vale o que pode ser estabelecido independentemente da crença religiosa. Se sua crença religiosa diz que uma única célula é consciente, você não tem o direito de impor sua crença a ninguém ao menos que possa prová-la e torná-la científica. Todos os que tentaram fazer isso falharam até hoje: uma célula formada após a fecundação não é essencialmente diferente de qualquer outra célula do corpo.

Normalmente, são os defensores da legalização do aborto os que pretendem associar a vida humana à existência da consciência, não os que a combatem. Lembremos que os argumentos religiosos não são os únicos contrários à legalização do aborto. Entre os que combatem a legalização do aborto com argumentos laicos, ninguém afirma que o zigoto ou embrião têm consciência. No mais, repetimos, é absurda a afirmação de que o zigoto em gestação não seja diferente de qualquer outra célula do corpo.

 9 – A vida, em sentido mais amplo, que inclui os outros animais, as plantas e os microorganismos, é um processo ininterrupto que começou neste planeta há aproximadamente 4 bilhões de anos atrás. Por isso é importante reiterar: não é o “começo da vida” que está sendo debatido, mas sim o começo do indivíduo humano como um ser consciente, dotado de uma mente e digno de proteção do Estado.

É claro que não estamos debatendo o início da vida na Terra, caso contrário estaríamos vendo um episódio do Cosmos de Carl Sagan. Mas já que estamos falando da vida na Terra, é importante compreender que todas as formas de vida merecem ser tratadas com dignidade e respeito, pois a nossa vida depende delas . Por outro lado, afirmar que somente indivíduos conscientes, “dotados de mente”, são dignos de proteção do Estado soa anacrônico e reacionário. Afirmaríamos então que pacientes em coma automaticamente perderiam a proteção do Estado? Todos os seres humanos são dignos de direitos e proteção do Estado.

10 – Concluindo, é a mulher, um ser humano adulto, uma cidadã com direitos, quem merece prioridade de proteção, e não um embrião de poucas semanas. Se ela não se sente preparada para cuidar de uma criança, ela deve ter o direito de interromper sua gestação, caso esta gestação esteja no começo e o embrião não tenha cérebro desenvolvido. Deixar as mulheres terem poder de decisão sobre seus próprios corpos é reconhecer um direito natural delas e assegurar que só tenham filhos quando sentirem que podem trazê-los a este mundo com amor e saúde, para que o próprio mundo em que crescerão seja também mais saudável.

E é por isso que defender que o aborto seja uma escolha, e não um crime, é também defender a vida humana.

Ao colocar desta forma, o autor deixa implícito que aqueles que defendem os direitos do nascituro não defendem os direitos das mulheres. O que é uma inverdade. Ser feminista não significa ser a favor do aborto. As feministas pró-vida, por exemplo, veem a necessidade do aborto como uma consequência da opressão à qual as mulheres são submetidas, sem o apoio social (não só do Estado, mas da sociedade) para criarem seus filhos com dignidade. O direito ao aborto não resolverá a opressão contra as mulheres, ao contrário, apenas diminuirá a pressão que ela seja combatida. O aborto é uma violência e em nada contribuirá para diminuir a hostilidade de um mundo machista contra as mulheres. Em nada diminuirá a violência contra as mulheres.  As mulheres devem ter todo o direito de decidir sobre seus corpos e escolher o melhor momento para serem mães, entretanto, a partir do momento em que houve a concepção, não se trata apenas do corpo da mulher, pois há outra pessoa envolvida, uma pessoa em situação certamente ainda mais frágil, não responsável por sua situação, merecedora de dignidade e proteção contra uma decisão tão arbitrária e violenta como o aborto. O autor fala em “direito natural” da mãe. Ora, de todos os “direitos naturais” do jusnaturalismo, não há dúvida de que o direito à vida seja o mais importante, o mais básico de todos. No caso da gestação, há direitos conflitantes, o da mãe, ao próprio corpo, e o do nascituro, à vida. E se há direitos conflitantes,  conforme dizia Norberto Bobbio, um dos maiores contribuintes para que a sociedade ocidental compreendesse os direitos humanos, a escolha é necessária: entre o direito à vida e o direito ao próprio corpo, o primeiro deve ser escolhido.

P. S.: Se você já se chocou com imagens sangrentas usadas pelo lado sem argumentos, o lado dos autointitulados “pró-vida”, há uma forma de tratar seu trauma: ver qual é a aparência de um aborto legal e seguro, feito respeitando o limite de 12 semanas que o Conselho Federal de Medicina defende. Você pode fazer isso neste site, e prometo que não vai se chocar: http://www.meuaborto.com.br/

O intuito do site mencionado é demonstrar que o aborto não passa de um procedimento médico, como tantos outros, que pode ser feito com segurança e higiene, não a interrupção da vida de um ser humano em gestação. Obviamente, o aborto não foi exibido no site. Não se mostrou a violência a que o feto foi submetido, quando sugado por uma bomba à vácuo. Dependendo da idade gestacional, antes da sucção, o feto é picotado ainda no útero. Mesmo assim, é incrível crer que a imagem de um ser humano liquefeito em um pote com sangue não seja chocante, ou mais, que não seja “moralmente condenável”.

Escrito por Leonardo João Zamboni. Blog Ateus contra o aborto.

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Karl Kienitz, professor do ITA, fala sobre ciência e fé cristã https://portalconservador.com/karl-kienitz-professor-do-ita-fala-sobre-ciencia-e-fe-crista/ https://portalconservador.com/karl-kienitz-professor-do-ita-fala-sobre-ciencia-e-fe-crista/#respond Thu, 15 Mar 2012 14:47:24 +0000 http://portalconservador.com/?p=900 read more →]]> Karl Kienitz é engenheiro de eletrônica formado pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em 1983. Concluiu seu mestrado no ITA em 1985 e obteve o doutorado em Engenharia Elétrica na Escola Politécnica Federal de Zürich (ETHZ), Suíça, em 1990. Foi oficial engenheiro da ativa da FAB até 1993 e atualmente é Professor Associado do ITA. Foi bolsista de pesquisa da Fundação Alexander von Humboldt e pesquisador visitante do Centro Aeroespacial Alemão (DLR) em 1996/7 e 2004/5. É Pesquisador de Produtividade em Pesquisa do CNPq (nível 2).

De janeiro de 2007 a fevereiro de 2011, Karl coordenou o Curso de Graduação em Engenharia Eletrônica do ITA, que em 2009 foi reconhecido pelo MEC como o melhor curso de engenharia do país. Sua atuação profissional concentra-se nas áreas de Engenharia Elétrica e Engenharia Aeroespacial, com ênfase em Sistemas de Controle.

Karl mantém um site pessoal sobre Fé e Ciência no endereço www.freewebs.com/kienitz.

Em entrevista concedida ao Origem e Destino, Karl faz uma reflexão objetiva sobre ciência e fé cristã.

Muitos cientistas, no início da ciência moderna, eram cristãos. Qual foi a importância da visão de mundo cristã para o desenvolvimento da ciência moderna?

Karl-Kienitz-Portal-ConservadorMuitos cientistas desde o início – e não apenas no início – da ciência moderna têm sido cristãos. Ciência depende de certos pressupostos devidamente organizados acerca do mundo. E foi na cultura europeia do final da Idade Média, permeada pelo Cristianismo, que condições adequadas a esse respeito se apresentaram propiciando o desenvolvimento do método experimental da ciência como o conhecemos. Cristãos como Robert Grosseteste e o seu aluno Roger Bacon (século XIII) estiveram entre os primeiros a enfatizar o uso da experimentação para aferir afirmações sobre fenômenos naturais, e deixaram clara uma sólida motivação para tal, enraizada numa visão de mundo cristã. Foram seguidos pelos primeiros cientistas modernos propriamente ditos, cristãos como Agricola, Kepler, Pascal e Boyle. Séculos mais tarde, o cristão James Joule continuaria enfatizando a ligação positiva entre fé cristã e ciência ao dizer que “após conhecer e obedecer à vontade de Deus, o próximo alvo deve ser conhecer algo dos Seus atributos de sabedoria, poder e bondade evidenciados nas obras de Suas mãos.” Pois ciência mostrou servir de modo sobremodo excelente para conhecer, explorar e fazer bom uso das “obras de Suas mãos”, de tudo aquilo que Deus criou. 

Para fazer ciência é necessário pressupor que as ferramentas da ciência – a lei da lógica, a lei da causalidade, o princípio da uniformidade – sejam verdadeiras. A visão de mundo cristã tem algo a dizer sobre essas ferramentas da ciência?

A visão de mundo cristã não chancela esta ou aquela ferramenta da ciência, da filosofia ou de outro ramo da atividade intelectual humana. Mas ela pode nos predispor a esperar que elas funcionem, como acontece no caso das três citadas. Por exemplo, a Bíblia nos revela que Deus é consistente em seu governo da criação, e não cheio de caprichos. Portanto podemos de antemão esperar descobrir padrões regulares no estudo da natureza. Esse tipo de argumento comprovadamente contribuiu para que se investigasse a natureza com uma sistemática que foi sendo aperfeiçoada, resultando no método científico. 

Em casos específicos, é possível reconhecer ainda outras contribuições das convicções cristãs. Deixe-me ilustrar com dois exemplos. Kepler servia-se de suas descobertas para destacar a glória e sabedoria do Criador. Galileu argumentava que não se pode presumir que os caminhos e pensamentos de Deus sejam os nossos, e por isso aplicou-se a observar sistematicamente o mundo que Ele criou.

Em síntese, eu não chegaria a dizer que uma visão de mundo cristã foi a base da ciência moderna. A base da ciência moderna foi o árduo trabalho de pessoas de intelecto invejável, tenazmente dedicadas ao estudo da natureza. Mas sua visão cristã do mundo decisivamente as motivou e favoreceu no desenvolvimento e uso do método científico.

Stephen Jay Gould, destacado paleontólogo, biólogo evolucionista e filósofo da ciência, que lecionou em Harvard, e faleceu em 2002, afirmou que cristianismo e ciência podem coexistir, pois ocupam lugares separados na vida humana. O senhor concorda?

Cristianismo e ciência têm coexistido na cultura ocidental, basta estudar história da ciência para constatá-lo. Quando Gould tenta explicar que isso ocorre porque os dois “ocupam lugares separados na vida humana”, não acompanho seu raciocínio. De que “lugares separados” ele estaria falando? Contudo sei que para cientistas como James Clerk Maxwell e Max Planck, cristianismo e ciência não têm apenas coexistido; têm existido em união. Planck reiterou que os dois “combatem unidos numa batalha incessante contra o ceticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição”. E Maxwell sugeriu que “os cristãos cujas mentes dedicam-se à ciência são chamados a estudá-la para que sua visão da glória de Deus possa ser tão extensa quanto possível”.

O senhor acredita em milagres?

No Moderno Dicionário da Língua Portuguesa (Melhoramentos), milagre é definido como “fato que se atribui a uma causa sobrenatural”. Existem fatos que eu atribuo a causas sobrenaturais. Considero a ressurreição de Jesus Cristo o mais significativo deles.

Não é uma contradição que um cientista acredite em milagres?

Não, pois é o materialista e não o cientista que crê que tudo (no sentido mais amplo do termo) pode ser explicado – ou algum dia o será – em termos de leis naturais. 

Se milagres acontecem, há eventos com causas sobrenaturais. Isto é, o senhor atribui certos eventos a causas sobrenaturais quando, na realidade, esses eventos podem ter causas naturais ainda não descobertas. Essa crença não passaria a ideia de que o senhor acredita no Deus das lacunas?

Cientistas geralmente não fazem menção ao sobrenatural em suas assertivas por receio de cometerem a “falácia do deus das lacunas”, que consistiria em apelar para o sobrenatural quando de fato existiria uma explicação – ainda não conhecida – em termos de leis naturais. Quando uma pessoa crê que tudo pode(rá) ser explicado em termos de leis naturais, muitas vezes estará propensa a acusar outros da “falácia do deus das lacunas”, mesmo sem ter certeza de que um dia existirá uma explicação material/natural adequada. Em última análise, tal pessoa estará simplesmente rejeitando uma explicação que não lhe convém, acusando seu interlocutor de uma suposta “falácia” que pode muito bem não existir. Como exemplo cito a ressurreição de Jesus, para a qual é notória a falha das tentativas naturalistas de explicação. As alternativas – pouco honestas, infelizmente – são simplesmente negar ou ignorar o fato, grotescamente desconsiderando a evidência existente. 

Ao contrário do materialista, reconheço como distintos o conjunto daquilo “que é” e o conjunto daquilo “que pode(rá) ser sabido/conhecido por meios naturais”. No meu entender é equivocada uma mentalidade como a materialista, na qual a ontologia (a teoria daquilo que é) é derivada da epistemologia (a teoria daquilo que pode ser sabido). Cientistas que professam a fé cristã, e outros cientistas também (como por exemplo Gödel e Einstein) se opõe / opuseram a esse tipo de mentalidade. Eu creio no Deus pessoal e relacional revelado na Bíblia e sei que milagres acontecem. Como cientista tenho um padrão elevado para aceitar milagres, mas não os nego. Se eu algum dia for acusado da “falácia do deus das lacunas”, tal acusação será motivada pela fé materialista do acusador e não por falta minha de rigor científico. 

Norman Geisler, filósofo cristão, acredita que o materialismo e o naturalismo levam alguns cientistas a ignorar, por exemplo, o design inteligente. Por que a visão de mundo materialista é falsa?

Alvin Plantinga apresentou vários argumentos de peso contra o materialismo, por exemplo no artigo “Against Materialism”, publicado na revista “Faith and Philosophy”, em 2006. De um ponto de vista mais prático, eu considero que o principal descaminho do materialismo / naturalismo se manifesta no seu procedimento de procurar por explicações para o que talvez seja inacessível por princípio. Assim o materialista se fecha ao discernimento de que existe o perigo da falácia quando busca explicar o inexplicável.

Então, porque ainda existem materialistas e naturalistas?

De fato existem muitos materialistas e naturalistas apesar dos sólidos argumentos contra o materialismo e o naturalismo. A meu ver há (pelo menos) duas explicações possíveis para esse tipo de fenômeno, ambas apontadas por Blaise Pascal (na coletânea Pensèes, fragmentos 245, 259 e 277). (1) Tanto a razão quanto o hábito podem ser fontes de crenças. Muitas pessoas simplesmente adquiriram o hábito de serem materialistas / naturalistas e nunca lhes ocorreu refletir seriamente sobre sua visão de mundo. (2) As pessoas tem o poder de decidir sobre o que irão ou não pensar. Assim também refletir acerca da própria visão de mundo ocorre por decisão própria. Pascal diz que “o coração tem suas razões, que a razão desconhece. … o coração naturalmente ama a Deus, e também naturalmente a si mesmo, dependendo de a quem se entregar; e se endurece contra um ou outro de acordo com sua vontade”.

O que um materialista deve fazer para se tornar cristão?

À luz da minha resposta à pergunta anterior, considero que o primeiro passo é reconsiderar objetivamente a própria visão de mundo. Aqueles que desejam trabalhar uma argumentação mais detalhada podem ler os escritos de Alvin Plantinga e William Lane Craig. Aqueles que desejam excelentes textos, porém mais acessíveis, talvez prefiram os textos de Norman Geisler e Josh McDowell.

Qual deve ser o procedimento de um universitário cristão que está sendo confrontado com a visão de mundo materialista e naturalista?

Ao invés de responder a essa pergunta, eu gostaria de remeter a um texto do Prof. Alderi Souza de Matos (Universidade Presbiteriana Mackenzie), que trata de forma muito completa o que está sendo perguntado. Sua “Carta a um universitário cristão” pode ser lida em http://www.freewebs.com/kienitz/carta.htm.

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Cientista protestante vai presidir Academia de Ciências do Vaticano https://portalconservador.com/cientista-protestante-vai-presidir-academia-de-ciencias-do-vaticano/ https://portalconservador.com/cientista-protestante-vai-presidir-academia-de-ciencias-do-vaticano/#comments Mon, 25 Apr 2011 21:58:35 +0000 http://portalconservador.com/?p=914 read more →]]> Academia Nobel – A Pontifícia Academia de Ciências é um conselho ocupado por grandes nomes da ciência mundial, que orienta o Papa em questões científicas. Werner Arber, biólogo molecular suíço, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1978, é o primeiro protestante a presidir a Academia.

A Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano tem 80 membros, entre homens e mulheres. Eles não precisam ser necessariamente católicos. Cerca de um terço dos membros são vencedores do Prêmio Nobel. O suíço Werner Arber foi Prêmio Nobel de Medicina em 1978. Ele é professor aposentado de biologia molecular na Universidade da Basileia e, há trinta anos, membro desse conselho papal.

Há três meses ele se tornou presidente da instituição. O Swissinfo, um serviço do governo suíço de divulgação do país no exterior, fez uma entrevista com o cientista.

Werner-Arber-Portal-Conservador

Werner Arber

O senhor preside a Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano. Quais são suas funções nesse posto?

Werner Arber: Nós acompanhamos o progresso nas ciências e refletimos o que este significa para a sociedade. Periodicamente informo o Vaticano sobre as nossas reflexões.

Como primeiro protestante a chefiar a Pontifícia Academia de Ciências, o senhor é tratado de outra forma que se fosse católico?

W.A.: Eu não posso responder essa questão, pois não tenho referências. Presumidamente tornei-me presidente porque as pessoas perceberam que sou um cientista que demonstra ter um amplo campo de interesses.

O Papa determina quais são os temas a serem analisados pela Pontifícia Academia de Ciências?

W.A.: Vez ou outra, na verdade raramente, o Vaticano manifesta um desejo.

Há alguns anos organizamos uma conferência sobre o “Momento da Morte”. A questão era determinar se uma pessoa está morta quando seu coração ou o cérebro param.

Esse foi um tema sugerido pelo Papa.

Quais foram as conclusões tiradas pela Academia?

W.A.: Depois de consultar especialistas da área médica, chegamos à conclusão que a morte do cérebro é mais importante do que a do coração. Em todo caso, é possível reanimar alguém depois que seu coração cessa de bater.

Mas, honestamente, constatamos que nunca é possível determinar esse quadro na base dos segundos. Existem pessoas que vivem há anos em um quadro de coma. A medicina levanta a questão de saber quando é eticamente responsável retirar um órgão.

Além disso, o Vaticano interessa-se pela pergunta: qual é o momento em que a alma abandona o corpo. Obviamente não foi possível respondê-la do ponto de vista científico.

Então a Pontifícia Academia de Ciências parece ser um órgão independente, de fato, do Vaticano?

W.A.: Sim, ela tem uma longa história. Dizem que existe há mais de quatrocentos anos, desde o tempo de Galileu Galilei. Foi um momento em que a Igreja cometeu muitos erros frente à ciência. Porém o Vaticano tem consciência disso e reabilitou Galileu em 1992.

Qual é o nível de influência da Pontifícia Academia de Ciências em relação ao Papa?

W.A.: Eu diria que, vez ou outra, o Papa adota nossas reflexões e as utiliza em seu conhecimento. Suas decisões são, então, influenciadas por elas.

O que une o Papa às ciências?

W.A.: São questões como saber o que é a verdade!

Muitas outras pessoas também refletem sobre isso, sejam religiosas ou não.

O que é a verdade? De onde venho? O que irá ocorrer no futuro? São também questões da evolução: qual a diferença entre a vida e a não-vida?

Por trás da evolução o Papa vê um “Creator Spiritus”, uma força que planejou de forma direcionada a evolução, Deus. Como o senhor analisa essa visão?

W.A.: As ciências não podem até hoje – o que talvez seja possível em centenas de anos, não sei – provar se Deus existe ou não, não importando o que seja.

Como cientista, não vejo nenhum desejo primordial de criar o ser humano.

Para ser sincero, nós precisamos determinar: é possível afirmar muita coisa sobre a verdade, mas eu, como pesquisador da evolução, não posso dizer como surgiu a primeira forma de vida.

Como a ciência explica isso?

W.A.: A ciência fala de auto-organização.

Podemos dar informações detalhadas sobre como a evolução funciona nos dias de hoje. Podemos falar sobre a evolução cósmica ou sobre a evolução da vida. Se sabe quando o sol terá consumido toda sua energia e deixará de ser o sol.

Isso é parte de uma evolução natural. Até então teremos as diversas formas de vida sobre o nosso planeta.

Como devemos entender essa análise?

W.A.: Precisamos definir o que é a vida.

A definição da NASA, a Agência Espacial Americana, contém dois critérios para a vida: em primeiro lugar, ele deve ser capaz de se reproduzir, ou seja, ter crias; em segundo, a população deve ser capaz de se adaptar às novas condições de vida, deve passar por uma evolução independente.

Esse é o caso no nosso planeta. Todos os seres vivos são capazes de fazê-lo. Eu parto do princípio que isso é uma boa definição do que é a “vida”.

O que pensam os Papas sobre essa ampla definição?

W.A.: Em 1995, o Papa João Paulo II confirmou em uma audiência com a Academia que é preciso levar em consideração que a vida passa por uma evolução e possa se adaptar a outras condições. Ele não disse que isso é um fato concreto, mas sim que é preciso levar esse ponto em consideração.

O Papa Bento XVI não afirmou até agora nada contra isso. Porém que eu saiba, ele também nunca debateu profundamente essa questão. Pessoas próximas do Papa me disseram que a Igreja Católica vê na evolução biológica e cósmica um processo de permanente criação.

Há alguns anos as universidades papais oferecem um programa denominado STOQ (de science, theology and the ontologigcal quest, ou ciência, teologia e a questão ontológica, a parte da filosofia que trata da natureza do ser). Eu faço parte da comissão de planejamento desse programa.

STOQ organiza seminários com a presença de cientistas, teólogos, filósofos, filósofos da ciência e historiadores da ciência. Neles discutem-se os pontos de confluência entre conhecimentos das ciências naturais, doutrinas teológicas e a verdade.

Nesse programa discute-se também a questão de saber se a diferença feita pela Igreja Católica entre homens e mulheres é justificável?

W.A.: Tanto na Academia como também nesse programa atuam mulheres. Eu não sei se a posição da mulher na sociedade e na Igreja já foi um tema neles. No projeto STOQ – assim como na Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano – são debatidas questões ligadas às ciências naturais e não sociais.

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