O autor da publicação exige que o Porta dos Fundos seja responsabilizado por injúria e que os humoristas façam uma retratação aos grupos cristãos:
“Exigimos a proibição da veiculação do especial de Natal do Porta dos Fundos, que tem como título ‘A Primeira Tentação de Cristo’. O filme deve ser removido do catálogo da Netflix e o Porta dos Fundos deve ser responsabilizado pelo crime de vilipêndio à fé. Também desejamos uma retratação pública, pois ofenderam gravemente os cristãos.”
Anteriormente, o membros de uma página religiosa no Facebook revelaram que estão processando os humoristas. “O Porta dos Fundos não mediu esforços em sua criatividade maligna para insultar a Deus, a Santíssima Virgem e os apóstolos. Por ser difusora e protetora desse tipo de crime, a Netflix também foi arrolada no processo como cúmplice do material veiculado.”, diz parte da publicação.
De acordo com o Estadão, as críticas de grupos religiosos ao especial de natal do Porta dos Fundos só fizeram aumentar a popularidade da produção, intitulada ‘A Primeira Tentação de Cristo’. Para quem não assistiu, a trama acompanha a comemoração do 30º aniversário de Jesus, que é retratado como um personagem gay, o que vem causando revolta na comunidade cristã. Foi dito que o longa se tornou um dos títulos mais buscados na Netflix nos últimos dias, desviando a atenção de grande produções como ‘Esquadrão 6’, estrelado por Ryan Reynolds, e ‘O Irlandês’, novo filme do diretor Martin Scorsese.
Na internet, a produção também foi um dos assuntos mais comentados, alcançando o top 10 nos topic trendings do Twitter e gerando reações positivas e negativas. Outro detalhe é que grande parte dos assinantes que buscaram o título deixaram um ‘dislike’, incentivados por uma publicação nas redes sociais, afirmando que “a produção insulta a fé cristã”. Lembrando que o especial já está em exibição na Netflix.
]]>Sempre Família: A senhora lembrou que com o passar dos anos a legislação brasileira se tornou cada vez mais atenta à proteção aos vulneráveis. Como a proteção ao nascituro se encaixa nesse processo?
Regina Beatriz Tavares da Silva: A nossa legislação é protetiva, a começar pela Constituição Federal, que não gera qualquer margem de dúvida a respeito da proteção da vida desde a concepção em seu artigo 5º, que fala do “direito à vida” e não do “direito à vida do ser humano nascido”. Quando a lei não distingue, não cabe ao interprete distinguir – esse é um princípio básico da intepretação das normas jurídicas. O problema está justamente em propor a modificação da legislação através do STF, o que iria muito além da sua competência. O STF não tem competência legislativa e muito menos competência de alteração constitucional. Eu tenho a expectativa de que o STF não exacerbe a sua competência ao modificar leis quando não pode fazê-lo. O que o STF pode fazer é interpretar as leis na consonância da Constituição Federal.
SF: A senhora afirmou que o direito à vida por vezes colide com outros direitos fundamentais, mas diante deles não admite ponderação.
Regina Beatriz: Exato. O direito à vida é o mais importante de todos, chamado de direito fundamental no Direito Constitucional e de direito da personalidade no Direito Civil. É indiscutivelmente o mais importante porque só a partir da vida outros direitos podem ser exercidos. A partir do momento em que fosse autorizado matar um nascituro, obviamente ele jamais poderia exercer qualquer outro direito. Então é claro que o princípio da ponderação, que é tão bem visto no Direito brasileiro – como deve ser –, se aplica a outros direitos, mas não ao direito à vida. Tanto que no Brasil não existe pena de morte e a vida do ser humano é protegida de muitas formas.
SF: A senhora acha que exista uma tendência cultural que põe o direito à vida abaixo de outros direitos?
Regina Beatriz: Não é uma tendência cultural. É a tendência de apenas um movimento, que se diz feminista, mas nem sequer o é efetivamente. Feminismo é um movimento de proteção à mulher, inclusive do ser humano do gênero feminino que está por nascer, que gera igualdade e não privilégios. O feminismo é protetivo, mas o que se defendeu junto ao STF foi a autorização a matar um ser humano em gestação. Isso não é feminismo. Isso não é proteção. E não corresponde a uma tendência cultural. A maior parte dos brasileiros não aceita o aborto, a não ser nas condições excepcionais já previstas no Código Penal. No meu modo de entender, essas exceções estão corretas. Uma mulher que foi estuprada não pode ser obrigada a levar a gestação adiante. Assim como, entre a vida da mulher e a do ser humano em gestação, prevalece a vida da mulher. O Código Penal é sábio. E a maioria dos brasileiros pensa assim e hoje sabe se expressar muito bem contra o aborto. Até um tempo atrás, a maioria era silenciosa. Apenas as minorias gritavam. A maioria precisa falar em voz alta como as minorias, para que tenhamos noção de todo. Senão a gente passa a imaginar que todo mundo quer o aborto.
SF: A questão da proteção à mulher se relaciona com algo que a senhora disse na audiência: que a legalização do aborto aumentaria o número de casos em que a mulher é coagida a abortar.
Regina Beatriz: Sim, e menciono esses casos não baseada em estatísticas, que não são confiáveis, mas em razão da minha própria advocacia. Trato de conflitos em relações familiares o tempo todo. Vejo isso no dia a dia. Uma mulher gestante é vulnerável e fica fragilizada mesmo quando tem todo o suporte possível. Quem dirá uma mulher sofrendo pressão para abortar. E se tiver liberado, claro, é muito mais fácil. A argumentação de quem coage fica facilitada. Manter a legislação como está é uma questão de proteção à própria mulher. Toda mulher que aborta leva em si a marca do aborto. Não conheço uma mulher sequer que tenha realizado um aborto e não leve para o resto da vida a culpa de ter feito isso.
SF: A senhora disse ainda que é necessário pensar em outras soluções para esse tipo de problema. Que caminhos seriam possíveis para evitar esses casos?
Regina Beatriz: A curto prazo, uso de preservativos: camisinha, o mais barato – é de graça, não apenas no carnaval. Métodos contraceptivos que não sejam abortivos, porque a pílula do dia seguinte é obviamente abortiva. A médio prazo, a educação. Educar as meninas e meninos desde novos, ensinando-lhes que não devem ter relações sexuais prematuramente. Ensinar a eles que a relação sexual é algo muito importante durante toda a vida de uma pessoa. São necessárias políticas públicas que, além de divulgar melhor o acesso ao preservativo e questões relacionadas a doenças sexualmente transmissíveis, passem a se preocupar com a educação sexual no sentido positivo, inclusive para os homossexuais – jogando no lixo a ideologia de gênero, que não se confunde com a homossexualidade. Ideologia de gênero é querer que todas as crianças passem a sofrer de disforia de gênero, que é uma doença.
Entrevista realizada por Sempre Família.
]]>A crença moderna de que o islamismo e o cristianismo são fundamentalmente os mesmos “é muito influenciada por um relativismo de uma ordem religiosa”, disse o cardeal em uma recente coletiva de imprensa.
“Eu ouço as pessoas dizendo para mim, bem, todos nós estamos adorando o mesmo Deus. Nós todos acreditamos no amor. Mas eu digo pare um minuto, e vamos examinar cuidadosamente o que é o Islã e o que nossa fé cristã nos ensina.”
“Eu não acredito que seja verdade que todos nós estamos adorando o mesmo Deus, porque o Deus do Islã é um governador”, disse Burke. “A sharia é a lei deles, e essa lei, que vem de Allah, deve dominar todo homem eventualmente.” O Cardeal disse que, diferentemente do cristianismo, a sharia “não é uma lei fundada no amor. Dizer que todos nós acreditamos no amor simplesmente não é correto ”. O cristianismo e o islamismo não apenas diferem quanto à natureza de suas leis, propôs Burke, mas também em sua abordagem ao proselitismo e à vitória sobre os convertidos. No final, ele disse, nós temos que entender que “o que eles acreditam mais profundamente, o que eles atribuem em seus corações, exige que eles governem o mundo”. As palavras do cardeal ecoaram as recentes declarações de um prelado católico da Hungria, que advertiu que as enormes ondas de migrantes que chegam à Europa devem-se, em grande parte, a uma “vontade de conquista” muçulmana. “A jihad é um princípio para os muçulmanos, o que significa que eles precisam se expandir”, disse o arcebispo Gyula Marfi em uma entrevista em agosto. “A terra deve se tornar dar al-Islam, isto é, território islâmico, introduzindo a sharia – a lei islâmica”.
As duas palavras dos prelados, de fato, encontram confirmação em recentes afirmações do próprio Estado Islâmico na última edição de sua revista de propaganda, Dabiq.
“De fato, travar a jihad – espalhar o governo de Allah pela espada – é uma obrigação encontrada no Alcorão, a palavra de nosso Senhor”, diz o texto.
O Estado Islâmico estava reagindo especificamente às alegações do Papa Francisco de que a guerra travada por terroristas islâmicos não é de natureza religiosa, assegurando ao pontífice que sua única motivação é religiosa e sancionada por Allah no Alcorão.
“Esta é uma guerra divinamente garantida entre a nação muçulmana e as nações de descrença”, afirmam os autores em um artigo intitulado “Pela Espada”.
O Estado Islâmico atacou Francisco por sua afirmação de que “o Islã autêntico e a leitura adequada do Alcorão se opõem a toda forma de violência”.
O papa Francisco “lutou contra a realidade” em seus esforços para retratar o Islã como uma religião de paz, insiste o artigo, antes de pedir a todos os muçulmanos que adotem a espada da jihad, a “maior obrigação” de um verdadeiro muçulmano.
Em uma coletiva de imprensa em julho, o papa Francisco disse aos jornalistas que o mundo está em guerra, mas isso não é uma guerra religiosa.
“Toda religião quer a paz”, disse ele.
Em sua conferência de imprensa, o cardeal Burke insistiu que “o que é mais importante para nós hoje é entender o Islã a partir de seus próprios documentos e não presumir que já sabemos do que estamos falando”.
Traduzido por Salve Roma. Original em inglês (Breitbart).
]]>A revolução islâmica surgiu como parte do antigo plano colonial baseado na ideia de dividir para governar. O elemento central deste plano tem sido e ainda é a religião. Ela é uma arma muito eficiente para dividir e governar as pessoas. No antigo Egito, religião e política eram inseparáveis. Os reis eram como deuses, mas que não poderiam dominar, explorar e escravizar os povos, homens e mulheres, sem dividi-los e vendar suas mentes por meio religião.
E esses governantes sabiam que a união das pessoas comuns é poder, que as permite lutar e se rebelar contra a escravidão, contra as opressões de classe, religiosa, de gênero, contra a opressão nacional, estrangeira e do colonialismo.
O exército britânico invadiu o Egito em 1882 com colaboração dos poderes locais. Nenhum poder externo poderia ter invadido um país no Oeste ou no leste, no norte ou no sul, sem a colaboração interna. E nisso há outra coisa em comum: os poderes internos e externos usam da mentira para cegar as pessoas e esconder seus verdadeiros objetivos.
A religião e a educação são meios muito poderosos e que têm sido usadas estrategicamente por vários regimes em todo o mundo para enganar as pessoas.
Quem acha que a revolução começou há apenas 40 anos está equivocado. No início da década de 1920, sob domínio colonial britânico no Egito, a religião e a filosofia do Islã foram utilizadas para criar divisões entre homens e mulheres, para vendar seus olhos diante dos planos coloniais, para que aceitassem a opressão econômica e política, aceitar a pobreza como destino, fazer com que as mulheres aceitassem a dominação sexual, de gênero e patriarcal. Este é o grupo chamado de Irmandade Muçulmana foi financiado pela embaixada britânica no Cairo, cem anos atrás.
Desde então, a Irmandade Muçulmana desempenhou um papel central na divisão do Egito, na criação de conflitos religiosos entre muçulmanos e não-muçulmanos e em mulheres. Hoje atua em mais de 70 países e tem por objetivo de estabelecer a xaria como base para os governos.
O fundamentalismo islâmico não é um fenômeno novo. Eles sempre representaram uma parte estratégica das potências coloniais e dos governos nacionais. Seu objetivo sempre foi a exploração, dominação e divisão entre mulheres e homens.
E isso vem acontecendo em todas as religiões, em todo o mundo, incluindo o cristianismo e o judaísmo.
Estive no Irã antes e depois da revolução islâmica, e meus amigos no Irã confirmaram que o aiatolá Khomeini foi enviado de Paris a Teerã com a ajuda de antigas e novas potências coloniais. Até que esses poderes começaram a perder a confiança no xá, que estava fazendo o jogo político entre os americanos e os soviéticos; Khomeini estava aceitando armas e apoio financeiro de ambos os lados.
Para estas potências, não havia nada melhor do que iniciar uma revolução, dividir o país, criar conflitos e tomar o petróleo do Irã. O Petróleo está no centro de tudo. Se o Irã não tivesse petróleo, provavelmente não teria ocorrido a revolução islâmica.
E a história se repete. Em janeiro de 2011, a Revolução Egípcia foi capaz de derrubar o regime de Mubarak, que estava colaborando com os poderes do capitalismo neocolonialista nos EUA, na Grã-Bretanha e de Israel. Milhões de egípcios rumaram para a Praça Tahrir, homens, mulheres, crianças muçulmanas, cristãos de várias classes sociais e econômicas, todos unidos. Foi uma revolução secular histórica, surpreendente, que inspirou outras nações a seguir seus passos, e assustou as potências imperialistas neocoloniais estabelecidas naquelas terras.
Mas a falta de articulação popular deixou o país frágil. Após a queda de Mubarak em 11 de fevereiro de 2011, a Praça Tahrir foi invadida pela Irmandade Muçulmana. E eles, mais uma vez dividiram o povo, separaram cristãos de muçulmanos, separaram mulheres de homens, mudaram os slogans e pautas da revolução de política, econômica e metas seculares para objetivos religiosos islâmicos. Assim como a revolução iraniana em 1979, que começou como um movimento secular com o objetivo de libertar economicamente e politicamente o Irã, mas que foi alterado pelo aiatolá Khomeini, com apoio dos poderes econômicos externos, a Revolução Egípcia de 2011 também teve seus objetivos alterados pela Irmandade Muçulmana apoiada tanto por antigos quanto por novos colonizadores. E para os direitos das mulheres isso significa muito retrocesso. Algo que relatei no meu livro “A Mulher com os Olhos de Fogo” (A woman at point zero) – que sai no próximo mês no Brasil pela Faro Editorial.
Vivemos em um mundo dominado por um sistema religioso, patriarcal e racista. Mas o nível de opressão varia de acordo com o tempo e de um lugar ao outro, segundo o grau de consciência da maioria e os poderes políticos das mulheres e homens lutando por liberdade, justiça e dignidade.
Minha luta nesse contexto é por resgatar o feminismo Histórico. O feminismo ocidental separou a opressão de classe da opressão da mulher. Isto porque as mulheres de classe média americanas e europeias não sofriam como nós da mesma opressão econômica. Já as mulheres revolucionárias da África e Oriente médio conectaram classe, raça e patriarcado para escolher causas mais importantes para lutar, como a opressão das vestimentas e a mutilação genital feminina que, apesar de proibida em muitos países, continua a ser praticada em larga escala.
A autora
Nawal El Saadawi, 87, é uma escritora, ativista, médica e psiquiatra feminista egípcia. Saadawi foi presa pelo presidente Anwar al-Sadat em 1981 por supostos “crimes contra o Estado”. Ela escreveu muitos livros sobre as mulheres no Islã, e se dedica, em especial, à luta contra a prática da mutilação genital feminina no Oriente Médio. Nawal é tratada como “a Simone de Beauvoir do mundo árabe”. Seus livros já foram traduzidos para mais de 28 idiomas e são adotados em universidades do mundo inteiro. Seus discursos atualmente se concentram na crítica a tentativa de normalizar o que ela considera a opressão aos costumes das mulheres na África e Oriente Médio. Depois de 4 décadas da revolução islâmica, muitos já consideram normais as restrições aplicadas às mulheres, incluindo muitas mulheres.
Para mais informações:
Assessoria de Imprensa
Andrea Jocys
[email protected]
+55 (11) 98146-2630
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre chora as vítimas do atentado ocorrido neste domingo (27/01) durante a Missa dominical na catedral da ilha filipina de Jolo, na província de Sulu, pertencente à Região Autônoma no Mindanao Muçulmano. Até o momento, o balanço oficial é de 27 mortos e 77 feridos.
Conforme relatado à AIS por dom Lito Lampon, bispo emérito de Jolo e hoje arcebispo de Cotabato, uma das duas bombas explodiu na entrada da Catedral de Nossa Senhora do Monte Carmelo, enquanto a outra no estacionamento em frente. “Tudo ocorreu durante a Santa Missa. A primeira bomba explodiu enquanto os fiéis cantavam o Aleluia – continua o prelado – a segunda, enquanto as autoridades respondiam ao fogo “.
Forte mensagem enviada à AIS pelo administrador apostólico de Jolo, padre Romeo Saniel, que no momento do ataque encontrava-se, como também dom Lampon, na Reunião Plenária da Conferência Episcopal em Manila.
“A maioria das vítimas é composta de fiéis que vinham todos os domingos à missa das 8h da manhã, destaca o religioso pertencente à ordem dos Oblatos de Maria Imaculada. Recordo Daisy Barade delos Reyes que era o presidente do conselho paroquial, Romy Reyes e sua esposa Leah: eram meus amigos. Todos eles permaneceram corajosamente em Jolo, apesar das ameaças e do alto nível de insegurança”.
Grande dor
Padre Saniel está convencido de que este é um atentado anticristão e que as vítimas foram mortas por causa de sua fé. “Não há palavras para descrever nossa dor. Pedimos que rezem pelas vítimas e seus entes queridos, bem como pelas famílias dos soldados que perderam a vida tentando dar segurança à nossa catedral”.
Como Ajuda à Igreja que Sofre denunciou várias vezes, há anos na região de maioria islâmica de Mindanao, os cristãos sofreram ataques horríveis de extremistas islâmicos e separatistas de Abu Sayaf, filiados ao Isis. Temos certeza de que nenhum ataque ou violência anticristã jamais poderá erradicar a fé do coração dos católicos.
Poucos dias atrás o referendo pela autonomia da província
Até o momento, ninguém assumiu a responsabilidade pelo ataque ocorrido menos de uma semana depois que a minoria muçulmana no país de maioria católica obteve uma autonomia especial, na esperança de pôr fim a um conflito que vinha ocorrendo há 50 anos no qual cerca de 150 mil pessoas morreram. Embora a maioria dos muçulmanos residentes na área tenha aprovado o acordo de autonomia, os da província de Sulu, onde Jolo está localizada, o rejeitaram.
Publicado originalmente em Vatican News.
]]>Leia aqui mais alguns trechos da entrevista:
Por que a política não pode ser redentora?
O cristianismo, que é uma religião hegemônica no Ocidente, fala do pecador, de sua busca e de seu conflito interior. É uma espiritualidade riquíssima, pouco conhecida por causa do estrago feito pelo secularismo extremado. Ao lado de sua vocação repressora institucional, o cristianismo reconhece que o homem é fraco, é frágil. As redenções políticas não têm isso. Esse é um aspecto do pensamento de esquerda que eu acho brega.
Essa visão do homem sem responsabilidade moral. O mal está sempre na classe social, na relação econômica, na opressão do poder. Na visão medieval, é a graça de Deus que redime o mundo. É um conceito complexo e fugidio. Não se sabe se alguém é capaz de ganhar a graça por seus próprios méritos, ou se é Deus na sua perfeição que concede a graça. Em qualquer hipótese, a graça não depende de um movimento positivo de um grupo. Na redenção política, é sempre o coletivo, o grupo, que assume o papel de redentor. O grupo, como a história do século 20 nos mostrou, é sempre opressivo.
Em que o cristianismo é superior ao pensamento de esquerda?
Pegue a ideia de santidade. Ninguém, em nenhuma teologia da tradição cristã – nem da judaica ou islâmica –, pode dizer-se santo. Nunca. Isso na verdade vem desde Aristóteles: ninguém pode enunciar a própria virtude. A virtude de um homem é anunciada pelos outros homens. Na tradição católica – o protestantismo não tem santos –, o santo é sempre alguém que, o tempo todo, reconhece o mal em si mesmo. O clero da esquerda, ao contrário, é movido por um sentimento de pureza. Considera sempre o outro como o porco capitalista, o burguês. Ele próprio não. Ele está salvo, porque reclica lixo, porque vota no PT, ou em algum partido que se acha mais puro ainda, como o PSOL, até porque o PT já está meio melado. Não há contradição interior na moral esquerdista. As pessoas se autointitulam santas e ficam indignadas com o mal do outro.
Quando o cristianismo cruza o pensamento de esquerda, como no caso da Teologia da Libertação, a humildade se perde?
Sim. Eu vejo isso empiricamente em colegas da Teologia da Libertação. Eles se acham puros. Tecnicamente, a Teologia da Libertação é, por um lado, uma fiel herdeira da tradição cristã. Ela vem da crítica social que está nos profetas de Israel, no Antigo Testamento. Esses profetas falam mal do rei, mas em idealizar o povo. O cristianismo é descendente principalmente desse viés do judaísmo.
Também o cristianismo nasceu questionando a estrutura social. Até aqui, isso não me parece um erro teológico. Só que a Teologia da Libertação toma como ferramenta o marxismo, e isso sim é um erro. Um cristão que recorre a Marx, ou a Nietzsche – a quem admiro –, é como uma criança que entra na jaula do leão e faz bilu-bilu na cara dele. É natural que a Teologia da Libertação, no Brasil, tenha evoluído para Leonardo Boff, que já não tem nada de cristão. Boff evoluiu para um certo paganismo Nova Era – e já nem é marxista tampouco. A Teologia da Libertação é ruim de marketing. É como já se disse: enquanto a Teologia da Libertação fez a opção pelo pobre, o pobre fez a opção pelo pentecostalismo.
O senhor acredita em Deus?
Sim. Mas já fui ateu por muito tempo. Quando digo que acredito em Deus, é porque acho essa uma das hipóteses mais elegantes em relação, por exemplo, à origem do universo. Não é que eu rejeite o acaso ou a violência implícitos no darwinismo – pelo contrário. Mas considero que o conceito de Deus na tradição ocidental é, em termos filosóficos, muito sofisticado. Lembro-me sempre de algo que o escritor inglês Chesterton dizia: não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem, seja na história, na ciência ou sem si mesmo, que é a coisa mais brega de todas. Só alguém muito alienado pode acreditar em si mesmo. Minha posição teológica não é óbvia e confunde muito as pessoas. Opero no debate público assumindo os riscos do niilista. Quase nunca lanço a hipótese de Deus no debate moral, filosófico ou político. Do ponto de vista político, a importância que vejo na religião é outra. Para mim, ela é uma fonte de hábitos morais, e historicamente oferece resistência à tendência do Estado moderno de querer fazer a cura das almas, como se dizia na Idade Média – querer se meter na vida moral das pessoas.
Por que o senhor deixou de ser ateu?
Comecei a achar o ateísmo aborrecido, do ponto de vista filosófico. A hipótese de Deus bíblico, na qual estamos ligados a um enredo e um drama morais muito maiores do que o átomo, me atraiu. Sou basicamente pessimista, cético, descrente, quase na fronteira da melancolia. Mas tenho sorte sem merecê-la. Percebo uma certa beleza, uma certa misericórdia no mundo, que não consigo deduzir a partir dos seres humanos, tampouco de mim mesmo. Tenho a clara sensação de que às vezes acontecem milagres. Só encontro isso na tradição teológica.
Via CACP.
]]>A matrix da promiscuidade é um mundo de ilusão porquê ele promete algo que é incapaz, por si mesmo, de cumprir – que é prometer liberdade e felicidade para todos. Felicidade é a palavra do século, como uma vez fora entre os filósofos gregos. Sócrates (469~399 a.C) associava a felicidade (eudaimonia) ao exercício de condutas virtuosas, tal como a justiça, que eram proveitosas à alma. O mundo ocidental contemporâneo, cada vez mais secularizado, aproxima-o dos prazeres físicos e momentâneos. De regra, imagina-se que todas as pessoas querem ser felizes. É por esta razão que o discurso da promiscuidade têm logrado tanto êxito. Ele parte do princípio que, uma vez soltando-se das garras da moralidade tradicional, é possível viver em plenitude, livre das “repressões sexuais” da moralidade que inibem o espírito animalesco humano. Herbert Marcuse, tal como o Diabo, é um destes mestres da ilusão. Ideólogo (recuso-lhe a alcunha de filósofo) da Escola de Frankfurt (foto), escreveu “Eros e Civilização” em 1955, procurando combater as teorias freudianas da psicanálise mas, evidentemente, muito mais: servir de arcabouço teórico para a Revolução sexual que se seguiria nos anos 60, conferindo legitimidade aos movimentos de contracultura, tais como o movimento hippie.
Mas qual era, certamente, o objetivo da Escola de Frankfurt, que tinha outros representantes igualmente ilusionistas como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Jürgen Habermas? dizimar os pilares da civilização ocidental. Notadamente e principalmente, aquilo que se referiam como a “cultura judaico-cristã”, um conceito delicado e extremamente impreciso, surgido nos idos dos anos 40, como defende o rabino inglês Adam Zagoria-Moffet num pequeno artigo intitulado “O Mito da Tradição Judaico-Cristã”. À parte da discussão, a razão de viver da Escola era certamente o combate puro e simples, parafraseando C. S. Lewis, à moral cristã.
A ilusão de Marcuse em Eros e Civilização é que ele propunha – entre linhas – a utilidade do sexo em resposta ao mal-estar civilizacional. Em Marcuse, a essência da civilização é a repressão. “Mal-estar”, curiosamente, produzido pelos próprios teóricos frankfurtianos. Os frankfurtianos criaram uma tese-problema, e prontamente se dignificaram a apresentar suas próprias “soluções”: um bom uso da dialética hegeliana, deve-se dizer. Combater a civilização proporcionaria no final liberdade e felicidade à quem aderisse a ideia. A ironia de Marcuse têm início na percepção deste sobre o trabalho. É que, para além de Marx, o primeiro não conferia valor à atividade laboral, porque em si mesma ela significaria a “negação do prazer”. O curioso (ou seria o desfecho da ironia?), é que no mundo moderno, os lucros são auferidos pelos descendentes dos capitalistas que financiaram os trabalhos de Frankfurt: o trabalho, que é utilitário, é utilizado para proporcionar o prazer! A ironia era proposital? Nada aponta o contrário.
É a ilusão quem proporciona o lucro, porque há uma indústria bilionária do sexo, nascida com a revolução sexual. Num mundo cristão e, portanto, monogâmico, o sexo tem seu valor, mas seu peso é medido por valores completamente diferentes: o moral, o familiar e o religioso, tendo início com o casamento: “o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne” (Marcos 10:7). A promiscuidade retira o valor original do sexo, associando-o unicamente ao conceito do prazer, e assim o hamster (agora o gênero humano) continua correndo na roda, sem contudo, sair do lugar – mantendo viva as engrenagens que mantém a indústria sexual. A promiscuidade, que materialmente falando está intrinsecamente ligada à prodigalidade, também proporciona uma devassidão moral que deixa vestígios psíquicos na mente e químicos no corpo, em suma, desenvolve-se paulatinamente uma incapacidade emocional de respeito e afeto aos parceiros (quiçá falar em amor), de forma que a manutenção do casamento, ou se for o caso, sua dissolução, seguirá critérios meramente econômicos, geralmente ocorrendo na forma de uma pensão paga pelos homens às mulheres.
A promiscuidade feminina é preferível à masculina – não que deixe de financiar a ambos, por óbvio – pela mídia de massa e pela educação estatal porque a psique evolutiva do homem é nitidamente territorialista – mesmo os promíscuos tendem a rejeitar mulheres igualmente promíscuas para um futuro relacionamento duradouro. As feministas atribuem a esta condição do homem como uma conduta que expressa o machismo, quando é biológico. O instinto evolutivo feminino, por outro lado, tende a considerar o homem segundo critérios materiais, o de garantir a sobrevivência da mulher e das crias (hipergamia natural – as mulheres sentem-se atraídas por homens de condição material superior). Nesse entendimento, se todas as mulheres são promíscuas, não restaria aos homens opções à não ser se render a promiscuidade. Os megacapitalistas não vendem a farsa do prazer pelo lucro financeiro imediato apenas. Se são promotores da promiscuidade, é porque defendem a tese de Engels de que as famílias existem em função da propriedade privada – e esta significaria perpetuação do poder. Revolucionários à primeira vista, são extremamente conservadores nos costumes. Perdendo-se a sacralidade, a sociedade perde seu valor em si mesma e pode ser tomada de assalto por aqueles que mantém o poder e o dinheiro associados – a exemplo de uma Europa dessacralizada e pós-cristã. A descristianização é necessária pela mesma razão: o cristianismo autêntico não tolera a imoralidade. Reconhece-o, mas exige sua conversão. Se uma conversão genuína ocorre, uma monogamia temporária ou permanente renasce, valorizando a instituição familiar.
Numa sociedade exibicionista, de cunho liberal e feminista, as mulheres aprendem desde cedo a fazer bom uso do corpo, na busca por homens cada vez mais ricos e mais destacados socialmente. De monta, as mulheres influenciadas pelo feminismo em seus mais variados graus fazem pouco caso de homens comuns, porém parceiros sólidos e responsáveis, na busca desenfreada por homens melhores, quando não há necessidade evolutiva imediata para a sobrevivência ou subsistência (hipergamia artificial/midiática). Apoiam todo seu sucesso ao físico, sem certificarem-se de que um corpo atraente não se conserva por muito tempo. Por outro lado, os homens buscam recursos financeiros para agregar valor, pagando pelo sexo num exemplo clássico de prostituição indireta, e assim poder se relacionar com diversas mulheres, antes negada pela pobreza ou falta de destaque social – proporcionada pela hipergamia da mídia que vende homens de sucesso como condição ad hoc para o coito. Este é o grande truque do pensamento frankfurtiano, prometer felicidade e liberdade (através de uma falsa democracia sexual) quando apenas têm a proporcionar tristeza e escravidão econômica ou emocional, num mundo cada vez mais tecnológico e globalizado, porém que regressa moralmente aos costumes antigos, antes do advento das civilizações, onde vigorara a lei do mais forte. No final, tem-se indivíduos, de ambos os sexos, mutilados na alma e no corpo, incapazes de produzir famílias sadias e felizes. Prelúdio do Fim. Uma vez disse Nosso Senhor: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32).
]]>A irreligiosidade da Revolução Francesa adveio dos mentores intelectuais do movimento – os iluministas. A hostilidade para com a religião é subproduto da hostilidade à Igreja Católica. No verbete “Razão” da Encyclopédie, escrito por Diderot, o pensador destaca que a razão é para o filosófo o que a religião é para o cristão. A razão, nestes termos, não é apenas oposta à religião, mas adquire seu caráter absoluto.
Conforme destaca Anthony Quinton, um dos traços do conservadorismo britânico é o tradicionalismo: a crença de que a sabedoria politica é de alguma forma de natureza histórica e coletiva, residindo em instituições que passaram pelo teste do tempo. Por outro lado, a ideologia da razão proposta pelos philosophes acabou por iniciar o movimento revolucionário e parir as piores experiências políticas mundiais – seja a Francesa, seja a Russa, Chinesa, entre outras…
Pregando a tolerância em seus escritos e condenando a perseguição religiosa, Voltaire proferiu a frase que ecooa até hoje na mente dos revolucionários: ecrassez l’infâme. A religião para ele era uma característica das massas e não dos hommes de lettres. O autor de Candido declarou que “todo homem sensível, todo homem honrado, deve ter horror à seita cristã” e que a “religião deve ser destruída entre as pessoas respeitáveis e ser deixada à canaille tanto grande quanto pequena, para a qual ela foi feita”. Diderot, falando em nome de todos os philosophes franceses, saudou Voltaire como o anticristo. O judaísmo também era atacado por Voltaire, conhecido pelo seu antissemitismo – hoje em dia, ignorado – definindo os judeus como “gananciosos, materialistas, bárbaros, não civilizados e usurários”.
A Revolução foi anti-religiosa, mas procedeu como uma revolução religiosa: não se limitou à França e pretendeu modificar a própria natureza humana e não apenas a ordem político-social vigente. Hannah Arendt classificou a Revolução Francesa como o germe do totalitarismo do século XX. A Revolução, segundo Michelet, fundou a fraternidade no amor do homem pelo homem, no dever mútuo, no Direito e na Justiça. Definindo esta base como fundamental, a Revolução não teve necessidade de outros.
Os ideais iluministas propiciaram uma série de mitos, um deles bastante forte ainda hoje: o estado laico. Um estudo de história mais aprofundado bastaria para demonstrar que é impossível uma dissociação total entre religião e política. No caso brasileiro, por exemplo, o PT jamais chegaria ao poder sem o apoio da esquerda católica: teologia da libertação, comunidades eclisiais de base, Dom Hélder Câmara. Tentar separar a esfera espiritual da esfera temporal é como querer separar a alma do corpo.
O que o estado laico não possui é uma religião oficial, devendo seguir a religião da maioria da população, resguardando o direito das minorias de pregar e professar sua fé. O Estado não tem o direito de equiparar estas religiões à religião da maioria. Peguemos o Brasil como modelo: 64.2% dos brasileiros são católicos e 22,2% são protestantes – de acordo com as informações do último censo. Dentro dos 13,2% existem as mais variadas religiões e seitas. Comparar o cristianismo (86,8% da população é cristã) com os praticantes da seita do Santo Daime é algo completamente desproporcional.
Neste sentido, correta a decisão do STF que julgou improcedente a ADI 4439, proposta pela Procuradoria-Geral da República. A PGR, baseando-se no argumento de laicidade do Estado, formulou dois pedidos: que as aulas de ensino religioso constituam-se apenas de exposição de doutrinas, história, práticas e dimensões de crenças (incluindo o agnosticismo e o ateísmo, além de proibir o ensino confessional) e impedir a contratação de professores que são representantes de alguma religião.
O que os revolucionários pretendem, no fundo, é transformar o estado laico em um estado ateu – iniciando uma guerra de perseguição religiosa, que começa com a alteração dos significado dos símbolos religisos (como os judeus que utilizavam a estela de Davi no braço não como símbolo religioso, mas como prova de sua inferioridade) até a proibição da exibição dos símbolos. Lembro aqui, a decisão do Tribunal Constitucional Alemão que proibiu a fixação de crucifixos nas paredes de órgãos públicos.
O Estado brota da sociedade, devendo a ela servir. A sociedade brasileira precede o Estado brasileiro e da República Brasileira. O Estado, no sentido webberiano, foi montado no Brasil em 1808 e a República proclamada em 1889. No entanto, os jesuítas estavam em terras brasileiras desde o século XVI lutando para a civilizar o nosso território, como destaca o historiados Capistrano de Abreu em sua obra Capítulos de História Colonial.
A tentativa de impedir o ensino confessional no Brasil contraria a vontade da imensa maioria da população brasileira e, por isso, deve ser rejeitada. Se, como dizia Linconl, a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo, chegou a hora da população brasileira ser ouvida e, sobretudo, respeitada.
]]>No entanto, esse princípio não é efetivo. Explico: levado às últimas consequências, o princípio da liberdade individual torna-se o inverso de si mesmo. Vejamos primeiro o motivo da liberdade não ser um princípio. Princípios são normas gerais que podem ser aplicadas eternamente sem contradições. As regras da geometria, por exemplo, são princípios que jamais levarão a contradições.
Existem, no entanto, princípios de aplicação relativa, que não podem ser aplicados, porque ao atingir determinado ponto, passam a se contradizer. A máxima de que “a liberdade de um termina quando começa a de outro”, repetida ad infinutum. é o suficiente para demonstrar que a liberdade não é um princípio, mas sim uma norma pragmática de aplicação relativa e, por consequência, limitada.
A liberdade ilimitada é irmã do poder ilimitado. Quando um determinado sujeito possui liberdade total, automaticamente, todos os demais deixam de possui-la. Sendo a liberdade limitada, não pode ser utilizada como princípio organizador da sociedade humana ou seu princípio fundamental.
Existem princípios que são limitados por outros, aos quais estão submetidos. Ao dizer que a “liberdade de um termina quando começa a liberdade do outro”, se está dizendo que o princípio da liberdade é limitado pelo princípio da justiça.
Suum cuique tribuere, dar a cada um o que lhe é devido, predomina sobre o princípio da liberdade. Assim sendo, os que pregam a liberdade em sentido absoluto já começam cometendo um erro fundamental. A liberdade é uma qualidade secundária que molda e adapta instituições existentes na sociedade, jamais sendo o seu princípio fundamental.
Sociedade é organização e ordem. Liberdade total é sinônimo de desorganização. Para a vida em sociedade, a liberdade individual já surge limitada. O princípio organizador jamais poderá ser a liberdade; no máximo, poderá defendê-la A liberdade total é incompatível com a vida em sociedade, considerando que, caso exercida, resultaria em um anarquismo que, por definição, não é liberdade, e sim a lei do mais forte.
No caso concreto brasileiro, a Constituição Federal, no inciso IX do art. 05º, consagra o princípio da liberdade de expressão. A comprovação de que esse princípio não é absoluto é sua limitação através da tipificação de determinadas condutas pelo Código Penal: injúria, calúnia, difamação e vilipêndio (artigos 138. 139. 140 e 208 do CP, respectivamente).
Os que se manifestam de forma contrária ao fechamento da exposição estão, ao fim e ao cabo, defendendo o cometimento de um crime. Desta forma, são como o personagem Raskolnikov: acreditam ser pessoas superiores do ponto de vista moral, que se encontram acima da lei. Aqueles que empenham esforços a favor de termos vagos, como “Estado democrático de Direito”, deveriam cobrar o cumprimento da lei, pilar básico de uma democracia. O que se espera é que o castigo aplicado aos divulgadores da mostra e seus defensores seja proporcional ao crime cometido.
]]>Personalidades britânicas continuam abrindo a porta para a introdução da Sharia. Um dos principais juízes da Grã-Bretanha, Sir James Munby, ressaltou que o cristianismo não influencia mais os tribunais e que os tribunais devem ser multiculturais – ou seja: mais islâmicos. Rowan Williams, ex-arcebispo de Canterbury e o Chefe de Justiça Lord Phillips também sugeriram que a lei britânica deveria “incorporar” elementos da Lei Islâmica (Sharia).
As universidades britânicas também estão promovendo a lei islâmica. Novas diretrizes acadêmicas estabelecem que ‘grupos religiosos ortodoxos’ podem separar homens e mulheres durante os eventos. Na Queen Mary University of London, as mulheres tiveram que usar uma entrada separada e foram obrigadas a sentar em uma sala sem poderem fazer perguntas ou levantar as mãos, igualzinho ao que acontece em Riad e em Teerã. A Sociedade Islâmica na London School of Economics realizou uma festa de gala na qual as mulheres e os homens ficaram separados por um painel de sete metros.
Milhares de muçulmanos participam de um culto ao ar livre em Birmingham, Inglaterra, 6 de Julho de 2016 (foto).
“Londres é mais islâmica do que muitos países muçulmanos juntos”, de acordo com Maulana Syed Raza Rizvi, um dos pregadores islâmicos que lideram o “Londonistão”, nome dado pela jornalista Melanie Phillips à capital inglesa. Não, Rizvi não é um extremista de direita. Wole Soyinka, Prêmio Nobel de Literatura, foi menos cortês, ele chamou o Reino Unido de “fossa dos islamistas”.
“Os terroristas não suportam o multiculturalismo de Londres”, ressaltou o prefeito da cidade Sadiq Khan após o recente ataque terrorista que deixou mortos e feridos em Westminster. A verdade é o inverso: os multiculturalistas britânicos estão alimentando o fundamentalismo islâmico. Acima de tudo, Londonistão, com suas 423 novas mesquitas, está sendo construído sobre as tristes ruínas do cristianismo inglês.
A Hyatt United Church foi comprada pela comunidade egípcia para ser transformada em mesquita. A St Peter’s Church foi transformada na mesquita Madina. A Brick Lane Mosque foi construída em cima de uma antiga igreja metodista. Não são somente os imóveis são convertidos, as pessoas também o são. O número de convertidos ao Islã dobrou; muitas vezes esses convertidos abraçam o Islã radical, como aconteceu com Khalid Masood, o terrorista que atacou Westminster.
O jornal Daily Mail publicou fotos de uma igreja e de uma mesquita separadas poucos metros uma da outra no coração de Londres. A Igreja de San Giorgio, projetada para acomodar 1.230 fiéis, contava com apenas 12 pessoas para celebrar a missa. Na Igreja de Santa Maria, havia 20.
A mesquita ao lado, a Brune Street Estate enfrenta um problema diferente: a superlotação. O pequeno salão pode acomodar somente 100 pessoas. Na sexta-feira os fiéis precisam ficar na rua para poderem rezar. Pelo andar da carruagem, o cristianismo na Inglaterra está se tornando uma relíquia, enquanto o Islã será a religião do futuro.
Em Birmingham, a segunda maior cidade britânica, onde residem muitos jihadistas que orquestram os atentados, uma minarete islâmica domina o céu. Há petições para permitir que mesquitas britânicas convoquem, por meio de alto-falantes, os fiéis para a oração islâmica três vezes ao dia.
Em 2020, segundo estimativas, o número de muçulmanos que participarão de cultos chegará no mínimo a 683.000, enquanto o número de cristãos que participarão da missa semanal despencará para 679.000. “O novo cenário cultural das cidades inglesas já chegou. O cenário cristão, homogeneizado da religião do Estado está batendo em retirada”, ressaltou Ceri Peach da Universidade de Oxford. Ao passo que quase a metade dos muçulmanos britânicos tem menos de 25 anos, um quarto dos cristãos estão acima dos 65. “Daqui a 20 anos haverá mais muçulmanos devotos do que cristãos praticantes”, salientou Keith Porteous Wood, Diretor da National Secular Society.
Desde 2001, 500 igrejas de Londres das mais diferentes doutrinas foram transformadas em casas particulares. Nesse mesmo período mesquitas britânicas foram proliferando. Entre 2012 e 2014 a proporção de britânicos que se consideravam anglicanos caiu de 21% para 17%, uma retração de 1,7 milhões de pessoas, enquanto que, de acordo com uma sondagem conduzida pelo respeitado NatCen Social Research Institute, o número de muçulmanos saltou quase um milhão. Paroquianos estão decrescendo a uma taxa que em uma geração o número de fiéis praticantes será três vezes menor do que a dos muçulmanos que vão regularmente à mesquita às sextas-feiras.
Demograficamente falando a Grã-Bretanha está adquirindo cada vez mais um semblante islâmico em lugares como Birmingham, Bradford, Derby, Dewsbury, Leeds, Leicester, Liverpool, Luton, Manchester, Sheffield, Waltham Forest e Tower Hamlets. Em 2015 um estudo mostrou que o nome mais comum na Inglaterra era Mohammed, incluindo as variações ortográficas como Muhammad e Mohammad.
As cidades mais importantes contam com gigantescas populações muçulmanas: Manchester (15,8%), Birmingham (21,8%) e Bradford (24,7%). Em Birmingham a polícia acaba de desmantelar uma célula terrorista, há também uma probabilidade maior de um bebê nascer no seio de uma família muçulmana do que no seio de uma família cristã. Em Bradford e Leicester metade das crianças são muçulmanas. Os muçulmanos não precisam se tornar maioria no Reino Unido, eles precisam apenas islamizar gradualmente as principais cidades. A mudança já está acontecendo. “Londonistão” não é um pesadelo de maioria muçulmana, é um híbrido cultural, demográfico e religioso no qual o cristianismo declina e o Islã avança.
Conforme Innes Bowen assinala no The Spectator, apenas duas das 1.700 mesquitas na Grã-Bretanha de hoje seguem a interpretação modernista do Islã, comparada aos 56% nos Estados Unidos. Os wahhabitas controlam 6% das mesquitas no Reino Unido, enquanto o controle fundamentalista Deobandi chega a 45%. Segundo uma pesquisa do Knowledge Center um terço dos muçulmanos do Reino Unido não se sentem como “parte da cultura britânica”.
Londres também está repleta de tribunais da Sharia. Há oficialmente 100 desses tribunais. O advento deste sistema jurídico paralelo foi possível graças à British Arbitration Act e ao sistema Alternative Dispute Resolution. Estes novos tribunais se baseiam na rejeição da inviolabilidade dos direitos humanos: os valores de liberdade e igualdade que são a base do Direito Inglês.
Após o ataque à revista satírica francesa Charlie Hebdo, o chefe do MI6, Sir John Sawers, recomendou a autocensura e “certa moderação” ao falar sobre o Islã. O embaixador britânico na Arábia Saudita, Simon Collis, se converteu ao Islã e realizou a peregrinação à Meca, o hajj. Ele agora se chama Haji Collis.
O que está por vir?
Escrito por Giulio Meotti.¹ Publicado em Católica Conect.
¹Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
]]>