Uma análise da modinha intelectual

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Este tópico contém respostas, possui 4 vozes e foi atualizado pela última vez por Profile photo of Renan Renan 3 mes, 2 semanas atrás.

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  • #1875
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    Lawyer Realista
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    Libertos dessa cegueira intelectual que os prendia de contemplar a verdade, uma recente casta brasileira, composta de gente de tudo quanto é idade, vem apresentando um quadro prematuro de “intelectualidade”. Ostentam, de suas redescobertas, o óbvio, da qual se vê todo dia o que pelo menos alguém já repetiu umas cem milhões de vezes. O pior, esse tipo de comportamento tem atingido pessoas que poderiam ter um futuro brilhante pela frente, não fosse essa obsessão besta de querer a qualquer custo parecer inteligente. Dia desses vi um imbecil juvenil, tadinho, querendo ser aceito pela “elite dominante”, fez de tudo, coitado, para atrair a atenção daqueles que também estão querendo fazer o mesmo nas redes sociais.

    Todas essas pessoas apresentam em conjunto um ar seríssimo de intelectualidade, sem ao menos haver sequer, nos seus pensamentos, um conteúdo que mereça os aplausos dos estudiosos sérios; mas pera aí, onde estão esses últimos? Quando não é isso, as mesmas suam as mangas para estarem nos octágonos virtuais, só para depois contar vitória ao seu clubinho ao qual também apresenta o mesmo comportamento pueril. No máximo elas ganham curtidas e alguns comentários dos puxa-sacos, e já se acham celebridades de renome! Com direito a acreditarem estar aptas à dar a opinião em todo o tipo de assunto; desde política até assuntos de fofocas: o negócio é mostrar sempre o gosto eclético pelo saber, não esquecendo, é claro, da demonstração hollywoodiana ao público-alvo – meninos punheteiros e garotas “sise, si sentindo” – de como vivem as suas emocionantes vidas.

    Ora, há em alguém alguma dúvida de que isso se trata de soberba e “ejaculação intelectual precoce”? Ainda há quem diga se devo me preocupar. Sem hesitar a esse tipo de manifesto, já adianto-lhes: sim, devo estar preocupadíssimo com esse povo que com certeza irá se importar com este escrito. Por outro lado, temos aqueles cujas cascas dos ovos acabaram de ser quebradas e estão vendo a luz pela primeira vez; bem, como esses estão engatinhando, digamos assim, é bem mais fácil de ouvirem qualquer pensamento de cunho direitista, como o desta pobre alma por exemplo.

    Mesmo eu não dizendo a vós nada de política por ora, e muito menos pretendo dizer quaisquer cousas sem ante ter como referência tantas outras, gostaria de deixar meu humilde conselho. Se estiver alguém lendo isto, e encontra-se entrando ou já está a um certo tempo dentro dessa maré conservadora, aconselho a REVER as suas aspirações nesse ramo. Não unicamente como sujeito que quer adquirir para si elevada cultura, mas de alguém que pretende no futuro repassar aquilo onde antes foi fruto de árduas horas gastas em pesquisas e, delas, se conseguiu um melhor esclarecimento de uma centelha realidade despercebida dos nossos limitados olhos; pois tudo o que vejo são apenas repetições do mesmo assunto, contando por outro de forma diferente. Eu por exemplo, não atrevo-me ainda a dizer uma linha dos escritos de Aristóteles, por outro lado, outros que estão nos seus primeiros contatos com o filosofo acreditam conseguir dialogar perfeitamente bem com estagirista – e o raciocínio segue às demais sublimes obras. Como é que pode?

    Se depois disso ainda existir os revoltados, que ficaram sem entender bulhufas, digam-me, por que devo postar quaisquer dos meus pensamentos se eles estão em fase de amadurecimento? Isto não seria mostrar a vós um fruto ainda não maduro, e se este está verde, não sou eu um afoito em querer mostrar aquilo que deveria ser nutrido mais e mais até que esteja num certo ponto de colhê-lo, digo mostrá-lo? A verdade, é que, quem quer ostentar aquilo que quase [ou] não tem, é porque não é aquilo que queria ser. Deixem já essa soberba,e por favor, sejam prudentes em abrir o bico.

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    #1877
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    Russell
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    O mais interessante deste texto é que pode remeter à qualquer categoria ideológica, política-econômica vigentes neste país. E a receita, inevitavelmente, deriva da pura e simples propaganda. O que, a grosso modo, podem diferenciar os movimentos ateístas, marxistas, libertários, conservadores, religiosos, progressistas em geral?

    Não me expresso no sentido no qual o indivíduo proclama-se pertencente à um grupo sobre os seus pares, depois de uma profunda reflexão e de anos de estudos, conciliando as mais variadas obras, influências e posicionamentos políticos, para daí ter uma posição verdadeira no mundo.

    Digo que a formação do adolescente e do jovem praticamente se restringe à propaganda: qual destes grupos são capazes de conquistar primeiro as mentes destas crianças? Convenhamos, não existe educação brasileira, salvo raríssimas exceções. Basicamente, uma verdadeira educação é autodidata. E em um país como o nosso, as dificuldades crescem à galope.

    Lendo o tópico me fez relembrar sobre meu ateísmo na adolescência. Na ânsia de me sentir mais intelectual que os meus pares, abracei o ateísmo, proporcionada também pela supremacia de alguns movimentos ateístas de alguns fóruns. Fui consumido pela propaganda pela qual o ateísmo representaria a verdadeira “ciência” e a razão, contra os ignorantes religiosos seguidores de mitos. Até que tive a sorte de ter acesso à portais (tal como o Portal Conservador é hoje) incentivando a leitura dos livros de Russell Kirk, que fez excelentes estudos e alertas das ideologias destes últimos séculos.

    O texto é um convite à prudência. E merece mesmo ser lido.

    #1883
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    Stachka
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    Só não entendi um ponto:

    Se estiver alguém lendo isto, e encontra-se entrando ou já está a um certo tempo dentro dessa maré conservadora, aconselho a REVER as suas aspirações nesse ramo.

    O que seriam estas aspirações? Lembrei de um deputado de Santa Catarina que disse ter tido uma grande referência de direita nas aulas da faculdade: FHC. Só ri.

    Vejam:

    Fui consumido pela propaganda pela qual o ateísmo representaria a verdadeira “ciência” e a razão, contra os ignorantes religiosos seguidores de mitos.

    Digo o mesmo. Recentemente estava debatendo com uma pseudointelectual cujo maior ídolo é Carl Sagan, e por ter lido dialética erística uma vez na vida, a moça se achou competente para debater até sobre aquilo que não conhece. É lamentável, mas a gente amadurece. Esse povinho que acha que o ser humano está destinado a conquistar o universo através da ciência e da tecnologia precisa de um pouquinho mais de maturidade e estudo.

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    #1885
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    Lawyer Realista
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    Prezado Stachka,

    O raciocínio é bastante simples: veja que, como o próprio Commodoro dissera, “é um convite a prudência”. Quando eu falei as palavras onde você mesmo fez questão de citar, me referia a essa garotada toda que não está interessada em levar os estudos a sério, por outro lado querem brincar de gente grande. Aconselho a rever suas aspirações nesse ramo com o intuito de justamente conhecerem-se a si mesmas — acredito ser este o primeiro passo para deixar a ignorância. Caso contrário continuaremos vendo esse quadro caótico que é essa empolgação toda na internet. Pois, se de fato esse povo pretende ser a consciência desse país, vão ter de escolher se querem representar a classe inteligente ou a que se faz de alguma coisa; este últimos são apenas fingidos. De que forma, talvez você me pergunte, “seria rever os nossos conceitos”? Respondo-te: TENDO A CONSCIÊNCIA EXATA DE QUEM EU SOU, DO QUE PRETENDO ME TORNAR E DO QUE EU SEI DESSA VIDA. A propósito, alguém que iniciou os estudos um tempo desses sabe de alguma coisa? Espero ter conseguido responder.

    At

    #1967
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    Renan
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    Na minha humilde opinião, a prepotência do brasileiro não conhece limites, já cansei de conversar com economistas que NUNCA leu sequer Mises, com (pseudo)filósofos que NUNCA leram qualquer autor que não seja da linha Marx-Nietzsche-Foucault, filosofia clássica então no Brasil não existe, ninguém conhece, ninguém viu, mas mesmo se conhecer são contra e tecem um monte de críticas que aprenderam a reproduzir.

    É neste cenário que qualquer um que lê o resumo de Das Kapital se diz comunista e se acha um gênio. Sem falar dos conservadores que nunca leram Russel Kirk. No geral o brasileiro despreza conhecimento, sempre que puder apenas repetir frases de efeito igual um papagaio ele o fará e irá se considerar gênio por isto.

    Aqui cabe o crédito a esquerda, afinal foi ela que (des)construiu essa cultura. Repetir sem pensar, Gramsci agradece.

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