PC – Conte como é sua trajetória política?
JC – Eu sou conservador, mas sou muito jovem (risadas). Comecei realmente muito cedo nos estudos da filosofia política – e não é algo que me torne uma pessoa genial. Mas agradeço a grande oportunidade que me foi proporcionada pela minha família, de estudar em ótimos colégios e universidades. Então o caminho em direção à política sempre foi algo natural, não obstante o sangue político que corre no sobrenome Cavalcanti há três séculos de Pernambuco. Porém eu não gosto de carreirismo político. Eu visualizo que o carreirismo significa quase sempre hábitos da velha política. Aos meus 19 anos me filiei ao PSDB, seguindo uma orientação antiga do filósofo Olavo de Carvalho que sugeria uma filiação maciça de conservadores à partidos do establishment. O objetivo era a infiltração. Mas não houve sucesso. Era necessária uma militância muito extensa para uma empreitada dessas. Depois de quase cinco anos de partido, me filiei ao PSL de Luciano Bivar, partido que permitiu a candidatura de Jair Bolsonaro, acreditando no renascimento de um conservadorismo político. Porém, as inúmeras divergências e cisões me fizeram repensar à filiação ao partido. O que não significa que deixei de apoiar o governo.
PC – Mas por quê o Partido NOVO?
JC – Eu preciso contar antes de tudo que eu não sou liberal. Estar no NOVO não significa ser liberal. Eu sou defensor da ideia do livre mercado, e isso não significa automaticamente “defesa do liberalismo” nem tampouco de que defendo temas de esquerda (como o aborto, o casamento homossexual, a liberação das drogas). É uma questão de alinhamento e inteligência política (práxis), no momento ideológico. O Partido NOVO é realmente “novo” em muitos sentidos. Tem ideais fixos, um projeto político que envolve não politiquês (grifo nosso) mas um quadro pragmático de fazer política de uma forma mais livre, mais concisa, mais honesta perante o contribuinte – que é um eufemismo puro para escravo de impostos – e isso significa mais liberdade para o cidadão, e uma delas é a de não mexerem tanto em seu próprio bolso. Meu entendimento é que o Estado é um mal necessário, e deve ser voltado ao essencial na vida do cidadão – no máximo promover saúde, educação e segurança – e nem isso ele consegue fazê-lo direito.
PC – Quais os pontos que mais lhe atraíram?
JC – O primeiro ponto com certeza é a ideia de livre mercado defendida pelo NOVO. O socialismo significa demagogia, mentira e exploração. Promete felicidade e bem-estar, quando o que lhe entrega é opressão e dominação. Um Estado grande é incapaz de respeitar as liberdades individuais, porque são antônimos. Outro grande pronto é a recusa do Fundo Partidário. Financiar campanha política com o dinheiro público é um escárnio que a velha política fez com toda a sociedade. Dinheiro que poderia ser aplicado nos campos essenciais passarão a ser gastos com mentiras e publicidade. A revisão do Pacto Federativo também. Sou a favor de diversas bandeiras do NOVO, como o combate ao Estatuto do Desarmamento, uma vez que retirou a posse de arma da mão da população civil e contribuiu com o aumento da criminalidade; da Reforma Tributária e da redução do Estado na vida do indivíduo, do voto distrital e facultativo.
Foto: Divulgação Mendonça Filho. João Cavalcanti é o quarto na foto, e está ao lado do deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE). Em primeiro está o então candidato a governador de Pernambuco, Armando Monteiro, e do então candidato ao senado Mendonça Filho.
PC – E o Aliança pelo Brasil? Nunca foi uma possibilidade?
JC – Claro que sim. Pensei com muito carinho no Aliança pelo Brasil. Mas o retrospecto envolvendo o PSL não é o dos melhores. Não quero citar nomes e tampouco mexer num vespeiro ao entrar em situações que não me dizem o menor respeito. Depois de muito pensar sobre o assunto, vi que o Partido NOVO é muito mais sério, coerente e equilibrado. Mas torço pelo sucesso do Aliança pelo Brasil, e torço pelo sucesso do governo, o que não significa adesão total no sentido de não apontar os erros. Meu retrospecto como editor-chefe do Portal Conservador prova que toda a equipe tenta trabalhar de forma independente – escrevemos sobre os variados erros de qualquer governo ou partido, qualquer que seja a filiação política de cada colaborador nosso. Tentamos ao máximo evitar o enviesamento.
PC – Nos fale um pouco sobre o conservadorismo. É uma ideologia?
JC – Nunca que o conservadorismo será uma ideologia política. É uma discussão atinente a valores, essencialmente morais. O brasileiro-médio, filosoficamente inapto, tende a considerar que o conservadorismo é um movimento, tal como apoiar o Bolsonaro, seguir o Olavo de Carvalho no twitter, vestir camisas contra o mundo moderno, fumar charutos, tirar fotos intelectuais, ler algum livro do establishment conservador, bla bla bla. Um conservador honesto é um sujeito discreto, inteligente, cristão, que tem uma visão prudente acerca da realidade que o cerca – e isso exige acima de tudo muita maturidade. Um conservador honesto não é um idiota útil. Mas politicamente falando é claro que eu sempre tive lados que acreditei serem mais coerentes e verdadeiros, tanto em relação aos cidadãos como em relação à si mesmo. Fui e sou oposição no meu Estado contra o socialismo do PSB, quando apoiei Armando Monteiro para governador, Mendonça Filho e Bruno Araújo para o Senado (foto).
PC -Existe um “hábito conservador”?
JC – Certamente que não! O conservador é uma pessoa comum. Não significa ser o chato ou o moralista exagerado. Eu sou uma pessoa comum. Veja bem, eu pratico musculação, bebo socialmente, leio meus livros. O conservador pode ser àquele que num final de semana vai a igreja de manhã cedo e passa a tarde assistindo futebol. Quem pensa em hábitos num sentido fechado, estrito, certamente não quer ser conservador. Quer ser um fantoche ou um personagem estereotipado, ou ainda objetiva ganhar status em certos setores da sociedade que ainda se veem como conservadores. Não é preciso acordar e ler Aristóteles, respirar o Olavo (com todo respeito ao mesmo), ou ouvir Beethoven e gostar de teatro. Porém, é fato que se precisa de muita leitura, mas não significa apenas ler livros. Maturidade não se conquista à toa. Não é fácil virar um adulto ou enxergar o mundo de uma maneira lógica, coerente e realista.
PC – Você pensa em candidatura política?
JC – Com certeza nem tão cedo. O Partido NOVO não é um partido formado à nível local. Estou trabalhando por sua formação na minha cidade natal, no interior do estado de Pernambuco. E seguindo o Estatuto do NOVO, a gestão partidária não pode ser feita por candidato ou por ocupante de cargo eletivo. Então ser dirigente significa não poder ser candidato. O NOVO também é contra o carreirismo político. Ser membro do partido significa aceitar essa proibição da reeleição consecutiva, o que previne a manutenção da classe política e favorece à renovação e oxigenação dos quadros. A política no Brasil precisa ser repensada desde o começo. E isso começa com o estímulo ao conhecimento e ao acesso à educação. Nossa grande arma no século XXI é a internet. Foi por esse motivo que fundei o Portal Conservador lá em 2013, desde sempre mantido com recursos próprios, sem depender de patrocínio estatal, ao contrário de certos blogs de esquerda, que só se sustentavam com dinheiro público. Ponto positivo para o Bolsonaro que acabou com isso.
Instagram – https://www.instagram.com/dr.joaocavalcanti/
Facebook – https://www.facebook.com/dr.joaocavalcanti
E-mail – [email protected]
Whatsapp público – (81) 98184-2147
Leia aqui mais alguns trechos da entrevista:
Por que a política não pode ser redentora?
O cristianismo, que é uma religião hegemônica no Ocidente, fala do pecador, de sua busca e de seu conflito interior. É uma espiritualidade riquíssima, pouco conhecida por causa do estrago feito pelo secularismo extremado. Ao lado de sua vocação repressora institucional, o cristianismo reconhece que o homem é fraco, é frágil. As redenções políticas não têm isso. Esse é um aspecto do pensamento de esquerda que eu acho brega.
Essa visão do homem sem responsabilidade moral. O mal está sempre na classe social, na relação econômica, na opressão do poder. Na visão medieval, é a graça de Deus que redime o mundo. É um conceito complexo e fugidio. Não se sabe se alguém é capaz de ganhar a graça por seus próprios méritos, ou se é Deus na sua perfeição que concede a graça. Em qualquer hipótese, a graça não depende de um movimento positivo de um grupo. Na redenção política, é sempre o coletivo, o grupo, que assume o papel de redentor. O grupo, como a história do século 20 nos mostrou, é sempre opressivo.
Em que o cristianismo é superior ao pensamento de esquerda?
Pegue a ideia de santidade. Ninguém, em nenhuma teologia da tradição cristã – nem da judaica ou islâmica –, pode dizer-se santo. Nunca. Isso na verdade vem desde Aristóteles: ninguém pode enunciar a própria virtude. A virtude de um homem é anunciada pelos outros homens. Na tradição católica – o protestantismo não tem santos –, o santo é sempre alguém que, o tempo todo, reconhece o mal em si mesmo. O clero da esquerda, ao contrário, é movido por um sentimento de pureza. Considera sempre o outro como o porco capitalista, o burguês. Ele próprio não. Ele está salvo, porque reclica lixo, porque vota no PT, ou em algum partido que se acha mais puro ainda, como o PSOL, até porque o PT já está meio melado. Não há contradição interior na moral esquerdista. As pessoas se autointitulam santas e ficam indignadas com o mal do outro.
Quando o cristianismo cruza o pensamento de esquerda, como no caso da Teologia da Libertação, a humildade se perde?
Sim. Eu vejo isso empiricamente em colegas da Teologia da Libertação. Eles se acham puros. Tecnicamente, a Teologia da Libertação é, por um lado, uma fiel herdeira da tradição cristã. Ela vem da crítica social que está nos profetas de Israel, no Antigo Testamento. Esses profetas falam mal do rei, mas em idealizar o povo. O cristianismo é descendente principalmente desse viés do judaísmo.
Também o cristianismo nasceu questionando a estrutura social. Até aqui, isso não me parece um erro teológico. Só que a Teologia da Libertação toma como ferramenta o marxismo, e isso sim é um erro. Um cristão que recorre a Marx, ou a Nietzsche – a quem admiro –, é como uma criança que entra na jaula do leão e faz bilu-bilu na cara dele. É natural que a Teologia da Libertação, no Brasil, tenha evoluído para Leonardo Boff, que já não tem nada de cristão. Boff evoluiu para um certo paganismo Nova Era – e já nem é marxista tampouco. A Teologia da Libertação é ruim de marketing. É como já se disse: enquanto a Teologia da Libertação fez a opção pelo pobre, o pobre fez a opção pelo pentecostalismo.
O senhor acredita em Deus?
Sim. Mas já fui ateu por muito tempo. Quando digo que acredito em Deus, é porque acho essa uma das hipóteses mais elegantes em relação, por exemplo, à origem do universo. Não é que eu rejeite o acaso ou a violência implícitos no darwinismo – pelo contrário. Mas considero que o conceito de Deus na tradição ocidental é, em termos filosóficos, muito sofisticado. Lembro-me sempre de algo que o escritor inglês Chesterton dizia: não há problema em não acreditar em Deus; o problema é que quem deixa de acreditar em Deus começa a acreditar em qualquer outra bobagem, seja na história, na ciência ou sem si mesmo, que é a coisa mais brega de todas. Só alguém muito alienado pode acreditar em si mesmo. Minha posição teológica não é óbvia e confunde muito as pessoas. Opero no debate público assumindo os riscos do niilista. Quase nunca lanço a hipótese de Deus no debate moral, filosófico ou político. Do ponto de vista político, a importância que vejo na religião é outra. Para mim, ela é uma fonte de hábitos morais, e historicamente oferece resistência à tendência do Estado moderno de querer fazer a cura das almas, como se dizia na Idade Média – querer se meter na vida moral das pessoas.
Por que o senhor deixou de ser ateu?
Comecei a achar o ateísmo aborrecido, do ponto de vista filosófico. A hipótese de Deus bíblico, na qual estamos ligados a um enredo e um drama morais muito maiores do que o átomo, me atraiu. Sou basicamente pessimista, cético, descrente, quase na fronteira da melancolia. Mas tenho sorte sem merecê-la. Percebo uma certa beleza, uma certa misericórdia no mundo, que não consigo deduzir a partir dos seres humanos, tampouco de mim mesmo. Tenho a clara sensação de que às vezes acontecem milagres. Só encontro isso na tradição teológica.
Via CACP.
]]>Segundo Hannah Arendt, a fama e a glória são o que permitem ao homem marcar, de forma definitiva, a História. No entanto, tanto a fama quanto a glória podem ser passageiras, momentâneas não conferindo ao seu portador, algumas vezes, a certeza da eternidade. Poucos serão lembrados por muito tempo. Poucos serão lembrados para sempre.
Sunset BLVD (1950) e What Ever Happened to Baby Jane? (1962) são dois filmes que versam sobre esse tema. Os efeitos da fama, sua consequente perda, o esquecimento e o processo de negação da situação atual, em nome de um passado glorioso.
Se o revolucionário abdica do presente em nome de um futuro hipotético, as personagens principais desses dois longas-metragens abdicam do presente em nome de um passado honrado.
No primeiro, encontramos a personagem Norma Desmond, uma famosa atriz do cinema mudo, que acabou não se adaptando às novas tecnologias do cinema falado, caindo no ostracismo. Encastelando-se com seu mordomo, ao ver Joe Gillis bater à sua porta informando ser um escritor, acredita que voltará a ficar sobas luzes dos holofotes.
Mostra a ele seus manuscritos de um roteiro de cinema que contará a vida da princesa Salomé que, ao dançar e encantar o Rei Herodes, obtém como prêmio a cabeça de João Batista em uma bandeja. O filme será mudo e contará com Norma na maior parte das cenas.
Ocorre que, com o passar do tempo, Norma apaixona-se por Joe e passam a viver juntos. Depois de acreditar que terá seu filme gravado pelos estúdios da Paramount, acaba descobrindo um caso extraconjugal por parte de Joe, o que culmina em uma briga.
Nesta discussão, o escritor revela à atriz que este filme jamais será gravado, que ninguém mais se recorda da figura de Norma e que as cartas que recebe não são de fã, mas sim do mordomo que as redige e também se encarrega de depositá-las nos correios. Depois da discussão, Joe resolve partir, mas Norma acaba matando o companheiro em seu jardim com três tiros.
Nos últimos minutos do filme, enquanto é acompanhada para fora de sua mansão pela polícia, Norma tem seu último delírio, acreditando estar na cerimônia de premiação de seu filme sobre a princesa Salomé ou num set de gravações, completamente alheia ao crime que praticara.
Baby Jane, personagem que dá título ao segundo filme, também se revolta contra o presente e resolve viver no seu grandioso passado. Quando criança era uma personalidade infantil dos teatros, cantando uma canção dizendo “i’ve writter a letter to Daddy / His adress is heaven above”. Na adolescência, Jane sofre com o sucesso obtido pela irmã nas telas de cinema, acabando por viver à sua sombra, até que um trágico acidente de carro faz com que irmã fique paraplégica e Jane tenha de cuidar dela até a velhice, selando o destino de ambas para sempre.
O ostracismo faz com Jane desenvolva alguns problemas psicológicos. Além de cantar constantemente a música com qual fizera sucesso em seus áureos tempos, ocasionalmente, vestia-se com a roupa naquela época, indignando-se com aqueles que não se lembravam de Baby Jane Hudson.
Assim como Norma, Jane nega a estrutura da realidade e refugia-se em um passado consolador. Ambas as histórias nos dão uma lição importante: se o homem é ele e suas circunstâncias, nas palavras de Ortega Y Gasset, os que se esquecem do presente e vivem no passado acabam por perder o sentido de sua própria existência.
O conservador não é aquele que renega o presente e consola-se num passado distante, mas aquele que projeta o seu futuro e age no presente, levando em consideração os erros e acertos cometidos no passado. Ter consciência dos atos transcorridos e assumir a responsabilidade por eles é o que se chama “carregar a própria cruz”, como nos ensina Olavo de Carvalho. Reclamar do mundo moderno em nome de um passado que sequer foi vivenciado por aquele que o louva é apenas imaturidade e/ou fuga da realidade.
Escrito por Guilherme Stumpf.
]]>O garoto passa mais da metade do dia transitando por prédios públicos, em contato com funcionários públicos, seus professores e tutores, aprendendo o que é uma boa rotina para não ofender ninguém. O metafísico é ensinado como uma herança bárbara, coisa antiga; Roma nunca esteve lá por muito tempo, então as suas histórias se misturam às dos gibis. Nenhuma resposta é definitiva e o melhor juiz é o senso comum ou o crivo do estado.
É um mundo onde atirar um papel no chão tem um impacto espiritual imenso, que castiga, ao passo que você passa a ter a reprovação de todos os pares. É o tipo de realidade que o obriga a, desde cedo, passar anos discutindo sobre os direitos dos animais de não serem consumidos por nós, outros animais.
Quando esse jovem topa com um imigrante, um islâmico, ele vê tudo aquilo com muito espanto. Mas, mais importante do que isso: ele tem que respeitá-lo à última condição do seu átomo. E, por fazer isso, acaba, um dia, quem sabe, despretensiosamente, depois de ver muitas imagens como esta aqui ao lado, entrando em uma Mesquita. É bonita, a arquitetura é bacana, atrai os olhos, por que não?
Eis que o universo ressurge. Esse mesmo garoto, acostumado às embalagens verdes e à intolerância a todos os elementos da tabela nutricional, encontra aquele mesmo amigo no centro do prédio, atirado ao chão, em oração ao seu Deus. Ele está absolutamente envolvido, emocionado, tocado; sente medo, vergonha e mais uma coleção de sensações que o outro garoto – provavelmente – jamais sentiu…não nessas dimensões.
As conversas futuras serão, provavelmente, sobre o que ele sente quando está fazendo aquilo, quando ele aprendeu a fazer aquelas coisas e o principal: se Deus existe mesmo. “É claro que existe! Deus é uma certeza!”. Pronto. Esse jovem ouvirá tantas verdades, tão certas quanto a água; pela primeira vez, ouvirá respostas objetivas sobre o que fazer e o que não fazer, sobre o certo e o errado…Boom! Temos mais um muçulmano norueguês!
Quando eu estava em Campina Grande, no segundo dia, às 18:00, eu testemunhei o Caio Perozzo e o Mateus Mota Lima rezando o Angelus. Na mesa de madeira que fica do lado de fora da casa, rodeados de mato e do escuro, abriram aquele pequeno caderno e começaram a rezar…em latim. As palavras embaralhadas e os cantos que vinham e iam me tocaram materialmente. Eu podia sentir o formigamento na pele; não era mero preciosismo intelectual do tipo “uau, eles sabem fazer isso em latim”. A sensação de diminuição, de querer fazer parte daquilo, de pensar como eu fiquei tanto tempo sem conhecer isso…ali, eu entendi um pouco o que o menino da Suécia sente ao enxergar por detrás do véu de Ísis pela primeira vez.
Nos dias seguintes, na missa, a insistência na cerimônia individual, os joelhos e a mão contra o peito. “Minha culpa, minha culpa”. Sem escusas, sem esquivas…
Forró temos em casa, músicas e cantorias de parabéns, também. Nos abraçarmos, batermos palmas e cantarmos ao ritmo do Olodum é o que menos precisamos agora. Precisamos do católico fervoroso, do de sempre, da tal Ortodoxia de Chesterton; ela é capaz de convencer – e converter – pela dignidade e pelo tamanho do exemplo. Às seitas as cadeiras de plástico, o microfone colorido e o bate-papo engraçado. Catolicismo é dor.
Escrito por Ícaro de Carvalho. Título adaptado.
]]>Sei de todos os defeitos de Trump, tanto os reais quanto imaginários, e lamento a estupidez dos principais comentaristas conservadores americanos que não foram apenas contra a indicação do seu nome (eu fui contra até ontem) mas apostaram no tudo ou nada e queimaram as pontes possíveis para um acordo a partir da sua nomeação. É um momento em que muitos “pundits” deveriam considerar seriamente a aposentadoria.
O treino acabou e é hora do campeonato. Não há pouca coisa em jogo nesta eleição presidencial e é bom você ter plena noção disso. Lembre do que disse Andrew Breitbart em 2012, quando muitos conservadores torciam o nariz para Mitt Romney (se você não sabe quem é Andrew Breitbart, não perca tempo com Trump agora e vá estudar um pouco): “a luta é contra eles, eu vou apoiar qualquer candidato republicano, não importa, é nós contra eles. Se você não apoia nossos candidatos, você é uma vergonha para nosso lado. Se você não ajuda nosso lado por ter restrições ao candidato, você está do lado deles.”
Barack Obama deixará a presidência com uma coleção inigualável de crimes contra o próprio país, que vão da explosão do déficit público ao acordo com o Irã que poderá levar o mundo à Terceira Guerra Mundial, em parte com a cumplicidade de Hillary Clinton. O próximo presidente terá que reverter parte deste desastre e ainda indicar um juiz da Suprema Corte que será o fiel da balança entre direita e esquerda na mais alta instância jurídica da única superpotência do planeta.
“Ah, mas Trump pode fazer isso e aquilo”. Sim, ele pode cometer erros, mas enquanto em relação a ele trabalhamos com possibilidades e hipóteses, Hillary tem um currículo que deverá um dia não só desqualificar seu nome para qualquer cargo público como mandá-la para a cadeia. É literalmente o desastre certo pelo duvidoso. “Mas Trump já foi do lado de lá e teve posições de esquerda”. Ronald Reagan também, próximo assunto. Até Olavo de Carvalho e David Horowitz já foram de esquerda, C. S. Lewis já foi ateu, Saulo de Tarso matava cristãos antes de se tornar São Paulo. Sigamos.
Trump pode ser um idiota ou um gênio, os próximos meses dirão. Se ele é um bilionário narcisista e destemperado ou um brilhante estrategista que usou as mais novas táticas do playbook político para vencer, só saberemos com o tempo. Se Trump subitamente assumir um tom conciliatório e começar a soar como estadista, é preciso parar de dizer que ele não sabe o que está fazendo.
Num momento em que a grande imprensa, especialmente a americana, está praticamente toda virada para a esquerda e em campanha pelo partido democrata, bancar o louco para ganhar as manchetes e manipular a imprensa para abrir um canal direto com a população é simplesmente genial. Como saber se ele brincou com todo mundo para ter acesso aos eleitores menos instruídos e, após criar uma base sólida de apoio popular, vai buscar uma conciliação com os formadores de opinião, não há como saber neste momento. E aconselho que você desconfie de todo mundo que acha que sabe o que vai acontecer, especialmente numa eleição que está desafiando todas as previsões.
Um dos mais inteligentes conservadores da atualidade é Milo Yiannopoulos, o britânico que trabalha no Breitbart.com de Londres. Católico, abertamente gay e com 32 anos, é uma das vozes mais lúcidas comentando o atual momento da política americana e um defensor ferrenho de Donald Trump. Para ele, o Partido Republicano está envelhecido, perdeu a conexão com a realidade e com as bases, e só um troll como Trump para chacoalhar tudo e forçar a renovação do partido. Espero que ele esteja certo.
Agora é hora de curar as feridas da batalha anterior e se preparar para a guerra ao lado de Trump contra Hillary. Falo como alguém que apoiou Scott Walker, Carly Fiorina e Ted Cruz contra Trump, mas ele venceu democraticamente um por um por mérito e não há como não reconhecer que ele é o merecedor da vaga.
Antes de tomar uma decisão contrária a Trump apenas para não dar o braço a torcer, lembre do que disse John Milton, papel de Al Pacino em “O Advogado do Diabo” (1999): “Vanity – definitely my favorite sin.” O mundo não suportará mais quatro anos de desmandos na Casa Branca e é isso que importa.
Escrito por Alexandre Borges. Publicado originalmente em Senso Incomum.
]]>Em setembro, uma revista de moda brasileira fez um “ensaio sensual” com meninas com menos de 10 anos de idade, colocando as crianças em poses vulgares até para modelos adultas, e teve a edição recolhida por decisão judicial. A revista reagiu com uma nota malcriada e foi defendida por alguns colunistas da grande imprensa do país.
A autora do artigo publicado no NYT, Margo Kaplan, chega a dizer que um em cada 100 homens é pedófilo, uma colocação ultrajante e embusteira, mas reveladora da agenda nada original que está por trás do lobby pedófilo. A chamada “sexologia” possui um ponto de inflexão com Alfred Kinsey, um pedófilo sadomasoquista que até hoje é aclamado como o sexólogo mais influente de todos os tempos, mesmo depois que os erros grosseiros de suas pesquisas foram revelados. Suas amostras eram criminosamente forjadas e seus métodos de investigação levaram ao abuso sexual de mais de 2 mil crianças, incluindo bebês de poucos meses.
A entusiasmada aceitação das ideias de Kinsey – amplificadas por intelectuais como Michel Foucault (foto), também atraído sexualmente por jovens e sadomasoquista – pela elite cultural ocidental desde os anos 50 marcou profundamente a visão que as universidades, a imprensa e a indústria do entretenimento têm do sexo nos dias atuais. O foco na preservação da saúde física, mental e emocional baseada em ciência, experiência acumulada e senso comum foi substituído pela promoção do vale-tudo e da experimentação ilimitada com consequências desastrosas.
A psiquiatra e PhD americana Miriam Grossman tem alertado pais, educadores e legisladores sobre os riscos da atual política de educação sexual baseada em “falsa ciência” e agendas de engenharia social de gente como Alfred Kinsey, John Money, Wardell Pomeroy, Margaret Mead e think tanks como Siecus, Planned Parenthood e Advocates for Youth, que têm facilitado muito a vida do lobby pedófilo e a proliferação das DSTs. Uma das suas revelações foi mostrar que a Siecus, colaboradora da Unesco, foi financiada por Hugh Hefner, fundador da Playboy.
O lobby pedófilo nas principais universidades do mundo é forte e atuante. Ken Plummer, sociólogo de Essex, defende que a pedofilia nem existe, já que infância seria apenas uma “construção social”. Recentemente, a Universidade de Cambridge promoveu um grande seminário sobre o tema, com vários palestrantes simpáticos aos pedófilos. Nas universidades canadenses, já é praticamente aceita como orientação sexual.
Não há nada mais importante para uma sociedade do que a proteção de suas crianças, especialmente do lobby pedófilo travestido de discussão acadêmica ou experimentação sexual libertária. Uma sociedade que não faz tudo o que estiver ao seu alcance para que seus filhos tenham uma infância saudável, livre de estimulações eróticas precoces e de pedófilos, está invariavelmente condenada.
Escrito por Alexandre Borges. Publicado em 21/10/2014 na Gazeta do Povo.
]]>Pais e mães trazem a seus filhos dons únicos e complementares. Muito ao contrário da lógica do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a identidade sexual dos pais importa muito para um desenvolvimento saudável das crianças. Sabemos, por exemplo, que a maioria dos homens encarcerados não tiveram a companhia de seus pais em casa. Pais pela sua própria natureza e identidade são seguros, estimulam disciplina e traçam limites, apontam direções claras ao mesmo tempo que sabem assumir riscos, se tornando assim um exemplo aos seus filhos para toda a vida. Mas pais não podem gerar crianças num útero, dar a luz e amamentar bebês em seus peitos. Mães criam seus filhos de uma maneira única e de uma forma tão benéfica que não podem ser replicados pelos seus pais.
Dawn Stefanowicz é autora e palestrante internacional. Ela foi criada por pais homossexuais, e foi ouvida pela Suprema Corte Norte Americana. Ela é membro do Comitê Internacional de Direito Infantil.
Não é preciso ser um cientista espacial para sabermos que homem e mulher são anatomicamente, biologicamente, fisiologicamente, psicologicamente, hormonalmente e neurologicamente diferentes entre si. Essas características únicas proporcionam benefícios perenes para suas crianças e não podem ser replicados por “pais legais” do mesmo sexo, mesmo quando esses se esforcem para agir em diferentes papéis numa clara tentativa de substituir a identidade sexual masculina ou feminina faltante nesta casa.
Com efeito, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não apenas priva crianças de usufruir seu direito a paternidade natural, mas dá ao Estado o poder de sobrepor a autonomia dos pais biológicos, o que significa que os direitos dos pais foram usurpados pelo governo.
Crianças não são produtos que podem ser retirados de seus pais naturais e negociados entre adultos desconexos. Crianças em lares com pais homossexuais irão frequentemente negar sua aflição e fingir que não sentem falta de dos seus pais biológicos, se sentindo pressionados a falar positivamente graças as políticas LGBTs. Contudo, quando uma criança perde um de seus pais biológicos devido a morte, divórcio, adoção ou a reprodução artificial, eles experimentam um vazio doloroso. Foi exatamente isso quando nosso pai homossexual trouxe seu parceiro do mesmo sexo para dentro de nossas vidas. Seus parceiros não poderão nunca substituir a ausência de um pai biológico.
No Canadá, é considerado discriminatório dizer que casamento é entre homem e mulher ou até que cada criança deveria conhecer e ser criado por seus pais biológicos unidos em casamento. Não é apenas politicamente incorreto, você também pode ser multado legalmente em dezenas de milhares de dólares e mesmo forçado a passar por “tratamentos de sensibilidade”.
Qualquer pessoa que se sentir ofendido por qualquer coisa que você tenha dito ou escrito pode fazer uma reclamação para a Comissão de Direitos Humanos ou mesmo nos Tribunais de Justiça. No Canadá, essas organizações fiscalizam o que é dito, penalizando cidadãos por qualquer expressão contrária a um comportamento sexual em particular ou a grupos protegidos identificados como de “orientação sexual”. Basta uma única queixa contra uma pessoa para que esta seja intimada diante de um tribunal, custando ao acusado dezenas de milhares de dólares em taxas legais pelo simples fato de ter sido acusado. Essas comissões possuem poder para entrar em residências privadas e a remover qualquer item pertinente as suas investigações em busca de evidências de “discurso de ódio”.
O acusador que faz a queixa tem todas as suas custas processuais pagos pelo governo. Mas não o acusado que faz a sua defesa. E mesmo que este prove sua inocência ele não pode ter reembolso das custas processuais. E se é condenado, também precisará pagar por danos à pessoa que fez a queixa.
Se as suas crenças, valores e opiniões políticas forem diferentes daquelas endossadas pelo Estado, você assume o risco de perder sua licença profissional, seu emprego e até mesmo seus filhos. Veja o caso do grupo Judeu-Ortodoxo Lev Tahor. Muitos dos seus membros, que estiveram envolvidos numa batalha sobre a custódia de crianças aos cuidados de serviços de proteção tiveram de deixar a cidade de Chatham, Ontario, para a Guatemala em março de 2014, como uma forma de escapar da perseguição jurídica contra suas crenças religiosas, que não estava de acordo com as políticas regionais sobre educação religiosa. Dos mais de 200 membros deste grupo religioso, restaram apenas 6 famílias na cidade de Chatham.
Pais podem esperar interferência estatal quando se trata de valores morais, paternidade e educação – e não apenas lá nas escolas. O Estado tem acesso a sua casa para supervisionar você como pai para julgar sua adequação educativa. E se o Estado não gostar do que você está ensinando aos seus filhos, o Estado irá fazer o necessário para remover seus filhos de sua casa.
Professores não podem fazer comentários em suas redes sociais, escrever cartas para editores, debater publicamente, ou mesmo votar de acordo com suas consciências mesmo fora do ambiente profissional. Eles podem ser “disciplinados”, sendo obrigados a participar de aulas de re-educação ou mesmo de treinamentos de sensibilidade, quando não acabam demitidos por seus pensamentos politicamente incorretos.
Quando o casamento entre pessoas do mesmo sexo foi criado no Canadá, a linguagem de gênero-neutro se tornou legalmente obrigatório. Essa “novílingua” proclama que é discriminatório assumir que um ser humano possa ser masculino ou feminino, ou mesmo heterossexual. Então, para ser inclusivo, toda uma nova linguagem de gênero-neutro passou a ser usado pela mídia, pelo governo, em ambientes de trabalho, e especialmente em escolas, que querem evitar a todo custo serem recriminadas como ignorantes, homofóbicas ou discriminatórias. Um curriculum especial vem sendo usado em muitas escolas para ensinar os alunos como usar apropriadamente a linguagem do gênero-neutro. Sem o conhecimento de muitos pais, o uso de termos que descrevem marido e esposa, pai e mãe, dia dos Pais e das Mães, e mesmo “ele” e “ela” estão sendo radicalmente erradicados das escolas canadenses.
Organizadores de casamento, donos de salões de festas, proprietários de pousadas, floristas, fotógrafos e boleiros já viram suas liberdades civis e religiosas bem como seus direitos a objeção de consciência destruídas no Canadá. Mas isso não está reduzido apenas a indústria do casamento. Qualquer empresário que não tiver uma consciência em linha com as decisões do governo sobre orientação sexual e suas leis de não-discriminação de gênero, não terá permissão de influenciar suas práticas profissionais de acordo com suas próprias convicções. No final das contas, é o Estado quem basicamente dita o que e como os cidadãos podem se expressar.
A liberdade para pensar livremente a respeito do casamento entre homem e mulher, família e sexualidade é hoje restrita. A grande maioria das comunidades de fé se tornaram “politicamente corretas” a fim de evitar multas e cassações de seus status caritativos. A mídia canadense está restrita pela Comissão Canadense de Rádio, Televisão e Telecomunicações. Se a mídia publica qualquer coisa considerada discriminatória, suas licenças de transmissão podem ser revogadas, bem como serem multadas e sofrerem restrições de novas publicações no futuro.
Um exemplo de cerceamento e punição legal sobre opinões discordantes a respeito da homossexualidade no Canadá envolve um caso chamado Case of Bill Whatcott, que foi preso por “discurso de ódio” em abril de 2014 após este distribuir panfletos com críticas ao comportamento homossexual. Independente se você concorda ou não com o que este homem disse, você deveria se horrorizar a este ato de sanção estatal. Livros, DVDs e outros materiais também podem ser confiscados nas fronteiras canadenses se tais conteúdos forem considerados “odiáveis”.
Os americanos precisam se preparar para o mesmo tipo de vigilância estatal se sua Suprema Corte decidir legislar e banir o casamento como uma instituição feita entre homem e mulher. Isso significa que não importa o que você acredite, o governo terá toda liberdade para regular suas opiniões, seus escritos, suas associações e mesmo se você poderá ou não expressar sua consciência. Os americanos precisam entender que a meta final para muitos ativistas do movimento LGBT envolve um poder centralizado estatal – e o fim das liberdades previstas na primeira emenda constitucional.
Escrito por Dawn Stefanowicz.
]]>Essa sem dúvida é uma decisão emblemática, tratando-se do país mais “evangélico” do mundo. Se lembrarmos que há apenas dez anos, a grande maioria dos estados americanos repudiava o casamento de pessoas do mesmo sexo, a comemoração dos ativistas pró-LGBT diante da Suprema Corte americana mostra que a virada de jogo foi mesmo surpreendente.
Meu ponto aqui não é tratar de “direitos civis”. É preciso reconhecer que, perante a Lei, todas as pessoas têm os mesmos direitos. E que, se alguém pretende “casar-se” com quem quer que seja, em tese, essa pessoa tem o “direito” de fazer isso, desde que não prejudique outra pessoa no caso. Ao mesmo tempo, e isso ainda parece ser realidade nos Estados Unidos, as pessoas e instituições religiosas que discordam continuam tendo o direito de discordar, e, provavelmente, as igrejas não serão obrigadas a realizarem esse tipo de casamento tão cedo.
Porém, o que me chama atenção nesse caso é justamente a rápida mudança no pensamento mundial acerca desse assunto, e a consolidação disso na maior democracia cristã do mundo. Quando a maioria da população em uma democracia é favorável a uma prática, a tendência é que essa prática venha a ser institucionalizada. Foi o caso aqui. E isso mostra que os poderosos ventos de mudança que começaram a soprar mais fortemente no mundo desde o final do século 20, com a queda do muro de Berlim por exemplo, estão se intensificando cada vez, removendo com facilidade marcos antigos, em prol de uma unificação do paganismo na terra. A era cristã está terminando. E, tudo isso parece ter sido minuciosamente planejado.
Talvez seja exatamente isso o que as pessoas estejam comemorando diante da Suprema Corte americana. Um cartaz no meio da multidão dizia: “a constituição é nosso escudo contra a Bíblia da intolerância e preconceito”. Esse é o ponto mais crucial me parece. Aqui está o verdadeiro motivo da disputa, o qual subjaz por detrás de todos os demais discursos.
Mas o que, como cristãos, podemos dizer disso tudo? Reclamar e exclamar horrorizados expressões como: “é o fim dos tempos”? Talvez seja mesmo, e nesse caso, não deveríamos estar horrorizados, mas com a certeza indirimível de que tudo está acontecendo como tinha que ser. Sim, a era cristã precisa terminar, pois se ela não terminar, Jesus não voltará. O Apóstolo Paulo disse que antes que Cristo volte “primeiro” precisa “vir” a apostasia (2Ts 2.3). E o próprio Cristo disse que os dias que antecederiam sua volta recapitulariam dois importantes momentos da história bíblica. Um dos exemplos evocados por Cristo foi justamente os “dias de Noé”, quando as pessoas “comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento” (Lc 17.26-27). Questões em relação ao casamento, portanto, estariam no centro da agenda do mundo mais uma vez, antes da volta de Cristo.
Em Gênesis 6 temos a descrição de padrões de casamento inaceitáveis por Deus, e isso resultou diretamente no dilúvio. É interessante que o arco-íris que estaria nas nuvens como prova da aliança divina, agora esteja numa bandeira que contraria aquilo que o próprio Deus ordenou, porém institucionalizado na forma da lei. Mas, talvez isso faça Deus se lembrar mais uma vez… Mas, o segundo momento evocado por Cristo é ainda mais emblemático: “O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar” (Lc 17.28-30). Em Sodoma e Gomorra, um dos maiores pecados, que resultou na destruição das cidades, foi o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo!
Tudo isso aponta para uma inquietante realidade e, ao final, para uma surpreendente esperança. Todas as ações malignas no mundo, e que estão a todo vapor como podemos ver, trabalhando para a implantação do paganismo como sistema, apesar disso, estão debaixo dos desígnios daquele que anunciou o fim desde o começo. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28). Fica, entretanto, o alerta do Senhor: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt 24.13).
Escrito por Leandro Lima, escritor e teólogo presbiteriano.
]]>Uma fórmula que, porém, funcionou. Evidentemente estas ideologias sobre o “gênero” – e todos os derivados que, de maneira sorrateira, estão sendo paulatinamente introduzidos nas escolas italianas – alarmaram uma multidão de pais, que só estavam à espera de uma ocasião para se reunirem e denunciarem a ideologia de gênero, definida pelo Papa Francisco como um “erro da mente humana” que ameaça prejudicar a serenidade psicossexual de gerações inteiras (apesar de muitos chegarem a afirmar que o “gênero” seja apenas uma invenção de “católicos-talibãs”).
O objetivo principal da manifestação, todavia, foi protestar pacificamente contra o Projeto de Lei da senadora Monica Cirinnà, que introduz, de fato, o casamento e as adoções gay pela via jurisprudencial, e a prática do útero de aluguel. Sobre esses assuntos, todos estavam de acordo: os neocatecúmenos (que representaram o grupo mais numeroso, com 250.000 membros, vindos de todas as regiões italianas), Manif pour Tous, as Sentinelas em Pé, os recém-fundados “Parlamentares em prol da Família”, os Evangélicos, o Movimento Pró-Vida, a associação Agapo e muitos outros. Foram poucos os representantes das paróquias e dos movimentos ligados à Conferência Episcopal Italiana. Estavam também presentes uma centena de parlamentares que fizeram questão de apoiar o evento no “anonimato”, dispersos na multidão.
O que vimos foi, então, uma aglomeração vasta e diversificada, que ocupou também as ruas próximas à praça de São João de Latrão. “Somos um milhão. Vocês são o futuro deste país que está vivendo um inverno demográfico”, gritou Gandolfini do palco onde estava exposto oSalus Populi Romani ( “Protetora do Povo Romano”, ícone bizantino da Virgem com o Menino Jesus). “Esta praça hoje não é de um lobby, mas de um povo que gastou dinheiro do seu bolso, que fez renúncias e sacrifícios para poder estar aqui. A mensagem que vem do país real é forte e clara: para a maioria esmagadora dos italianos, família é a que se baseia no casamento entre um homem e uma mulher, e os nossos filhos têm direito a uma mãe e a um pai”, acrescenta Gandolfini.
Essas palavras nos fazem relembrar o Family Day de 2007, ocorrido nessa mesma praça de São João de Latrão, promovido e apoiado fortemente por uma Igreja mais unida, durante o governo do primeiro ministro Prodi. A atmosfera era a mesma. O tempo hoje, porém, foi diferente, marcado por uma chuva que abriu e fechou o encontro. Mas isso não desanimou pais, crianças, jovens e idosos presentes na praça: com a ajuda de sobretudos, sombrinhas, guarda-chuvas e barracas improvisadas, todos permaneceram em seu lugar, durante o dia inteiro. O metrô São João continuou a trazer pessoas até as 15h, horário do encerramento.
Além de bandeiras que apoiavam a família natural, havia balões coloridos, cartazes e faixas com dizeres do tipo: “Tirem as mãos dos nossos filhos”, “Gender is Danger”, “Toda ameaça à família é uma ameaça à sociedade”, “Deus homem e mulher os criou” etc. Felizmente não houve casos de violência, nem provocações por parte de grupos LGBT, como vaias ofensivas, lançamentos de objetos ou flash-mob (aglomerações improvisadas), anunciados nos dias anteriores. Os Juristas Católicos, de toda maneira, haviam já divulgado um comunicado por meio do qual convidavam os participantes a não reagir a nenhum tipo de ação, mantendo o caráter pacífico da manifestação.
Clique para exibir o slide.O evento foi animado por vários convidados que se sucederam no palco, nomes célebres do cenário italiano pró-vida e pró-família: os advogados Simone Pillon e Gianfranco Amato, o ex-parlamentar Mario Adinolfi, diretor de “La Croce Quotidiano” (que realizou um desabafo original a propósito de Elton John…), a escritora Costanza Miriano, o jurista Alfredo Mantovano.
Também houve representantes religiosos, como Kiko Argüello, iniciador dos neocatecumenais; Cornelius Eke, da comunidade africana, representante das etnias; Giacomo Ciccone, representante dos evangélicos. O Imã Mohamed, da mesquita sunita de Centocelle, reafirmou com força que o gênero “é perigoso e prejudicial à humanidade. Com o nosso empenho podemos derrotá-lo”. Entre aplausos, Mohamed acrescentou: “Estamos aqui todos juntos, muçulmanos e cristãos, para defender a família. Também a comunidade islâmica se levanta contra esse projeto perigoso que põe em risco a existência da humanidade e que pretende poluir as mentes dos nossos filhos”.
Dentre outros, tomaram a palavra os cônjuges Vincenzo e Sara Aquino, pais de 11 filhos, que deram seu testemunho de família, frisando particularmente a importância da educação e as relações entre escola e família. Também foram lidas no palco as mensagens de apoio de mons. Vincenzo Paglia, Presidente do Pontifício Conselho para a Família, e do rabino chefe da comunidade hebraica de Roma, Riccardo Di Segno. Ganhou espaço também a voz da associação Agapo, que reúne pais de pessoas homossexuais. A Agapo repudiou firmemente o Projeto de Lei Cirrinà, porque – explicou – “não promove o bem dos homossexuais”.
Por fim, para concluir o evento, o testemunho musical de Kiko Argüello, que, com seu violão e acompanhado por uma pequena orquestra do Caminho, entoou um canto à Virgem Maria. Em seguida, Kiko, fazendo-se porta-voz do Papa, disse: “Parece que o Secretário da Conferência Episcopal Italiana tenha declarado algo diferente, mas o Santo Padre está conosco. Escrevi ao Papa Francisco, após ter recebido as cartas de algumas famílias de Brescia e Verona que me contavam o que acontece nas escolas de seus filhos. O Papa me respondeu, no domingo passado, e me disse que existem ideologias que colonizam as famílias e ‘contra as quais’ é necessário agir”. Dito e feito. Esperamos que – como almejou Gandolfini – a voz deste milhão de pessoas seja ouvida também “nos palácios mais altos”.
]]>Em abril do ano passado (2014) o Congresso Nacional, movido por pressões de ordem pública e de setores religiosos de nosso País, retirou o termo “ideologia de gênero” do PNE – Plano Nacional de Educação, sancionado pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. De fato, muitos se deram por satisfeitos, acreditando que haviam conquistado uma bela vitória. Pessoalmente, não consegui visualizar nenhuma vitória real. O texto aprovado, na figura do art. 2º inciso III, retirou o termo gênero e manteve a redação: “superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação” dando margem à divulgação da mesmíssima ideologia de gênero. É totalmente possível deseducar nossas crianças e nossos jovens nos pressupostos da ideologia de gênero, sem contudo, mencionar o termo uma única vez.
Há interesses escusos, movidos pelo apoio de agências governamentais, lobbies internacionais poderosíssimos e indiretamente, das Organizações das Nações Unidas (ONU) – um protótipo perfeito de governo mundial totalitário. O objetivo é sempre o mesmo: fortalecer e integrar os governos, e por conseguinte dinamitar a coesão familiar. A temática da ideologia de gênero é uma bandeira promovida em todo o mundo ocidental: não é local/regional. É preciso compreender isso. E em nenhum momento essa ideologia foi concebida ou foi fruto espontâneo das populações civis, de maiorias cristãs – mas plenamente introduzidas e financiadas pelos governos. Desde 2012, quinze projetos tentaram introduzir a ideologia de gênero em nosso País. Vivemos no meio de uma guerra ideológica, em que a família cristã é o seu alvo natural.
Retornando à lei, passou de certo modo desapercebido o fato desta estipular a elaboração de planos estaduais e municipais de educação – introduzindo, por conseguinte, a ideologia de gênero. Os municípios brasileiros têm até o dia 24 de junho para aprovar seus Planos Municipais de Educação (PMEs). A validade legal das PMEs decorrem de sua aprovação perante as Câmaras Municipais. É neste sentido que entram as militâncias socialistas organizadas, cujo único objetivo é pressionar os vereadores para aprovar os pontos defendidos pela ideologia. Podemos e devemos adotar as mesmas táticas.
A tramitação dos Planos de Educação já vem ocorrendo em muitos municípios e estados. Entre as metas propostas, inserem a ideologia de gênero com firme propósito de estabelecer uma mudança na educação de nossos filhos. No último dia 02, o Ministério de Educação (MEC) lançou nota reiterando a data limite de 24 de junho de 2015 para que estados e municípios elaborem metas e estratégias para a educação local para os próximos 10 anos na forma de planos de educação. A nota menciona o cumprimento do prazo como condição para recebimento de recursos da União via Plano de Ações Articuladas (PAR) – responsável por grande parte dos repasses do governo federal na área.
O que pode ser feito?
Faça o download da cartilha CONTRA a Ideologia de Gênero. Envie-a por e-mail ou entre em contato pessoalmente (ou por telefone, com o gabinete) com vereadores de seu município e com os deputados locais de sua região.
Compartilhe este artigo no Facebook, o reposte em grupos conservadores e em defesa da família. Alerte o maior número de pessoas possível.
Participe ou crie grupos nas câmaras municipais para repudiarem a ideologia de gênero. Entrem em contato com o clero, com paroquianos e com líderes evangélicos. Na proteção da família cristã, é preciso saber reunir as lideranças. As audiências públicas nas câmaras municipais devem acontecer nas próximas semanas. Planeje ir com sua família para os encontros. Se não for possível, vá sozinho.
Alguns projetos municipais que estão tramitando nas respectivas câmaras:
PME – SP (http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/iah/fulltext/projeto/PL0415-2012.pdf)
Texto do projeto na meta 22: “Promover e institucionalizar mecanismos e práticas educativas de combate a quaisquer formas de preconceito e discriminação (raça-etnia, gênero, idade, orientação sexual, religião, etc.), tendo como foco a equidade, a justiça social e a valorização das diferentes culturas”.
Link da Campanha do CitizenGO contra o PME de SP: http://www.citizengo.org/pt-pt/24343-vereadores-sao-paulo-digam-nao-ideologia-genero-no-pme
PME – RS (http://www.educacao.rs.gov.br/pse/html/forum_est_educ.jsp?ACAO=acao1)
A menção a ideologia de gênero ou “identidade de gênero” é realizada em vários pontos.
Assista o documentário Lavagem de Cérebro e entenda porque a ideologia de gênero é um embuste.
LEIA+Vídeo: A ideologia de gênero aplicada que resultou em suicídio.
Mais informações no Observatório Interamericano de Biopolítica.
]]>