O advogado pernambucano João Cavalcanti, também concluinte do Bacharelado em História na Universidade Federal de Pernambuco, nascido em 1994 na cidade de Paudalho, no interior do Estado, confirma sua filiação ao Partido NOVO – deixará o Partido Social Liberal (PSL) – e responde à certos questionamentos realizados pela redação do Portal Conservador. Numa conversa breve e descontraída com o jornalista Fábio Tedesco, fala sobre o Partido NOVO e outras questões pessoais.
PC – Conte como é sua trajetória política?
JC – Eu sou conservador, mas sou muito jovem (risadas). Comecei realmente muito cedo nos estudos da filosofia política – e não é algo que me torne uma pessoa genial. Mas agradeço a grande oportunidade que me foi proporcionada pela minha família, de estudar em ótimos colégios e universidades. Então o caminho em direção à política sempre foi algo natural, não obstante o sangue político que corre no sobrenome Cavalcanti há três séculos de Pernambuco. Porém eu não gosto de carreirismo político. Eu visualizo que o carreirismo significa quase sempre hábitos da velha política. Aos meus 19 anos me filiei ao PSDB, seguindo uma orientação antiga do filósofo Olavo de Carvalho que sugeria uma filiação maciça de conservadores à partidos do establishment. O objetivo era a infiltração. Mas não houve sucesso. Era necessária uma militância muito extensa para uma empreitada dessas. Depois de quase cinco anos de partido, me filiei ao PSL de Luciano Bivar, partido que permitiu a candidatura de Jair Bolsonaro, acreditando no renascimento de um conservadorismo político. Porém, as inúmeras divergências e cisões me fizeram repensar à filiação ao partido. O que não significa que deixei de apoiar o governo.
PC – Mas por quê o Partido NOVO?
JC – Eu preciso contar antes de tudo que eu não sou liberal. Estar no NOVO não significa ser liberal. Eu sou defensor da ideia do livre mercado, e isso não significa automaticamente “defesa do liberalismo” nem tampouco de que defendo temas de esquerda (como o aborto, o casamento homossexual, a liberação das drogas). É uma questão de alinhamento e inteligência política (práxis), no momento ideológico. O Partido NOVO é realmente “novo” em muitos sentidos. Tem ideais fixos, um projeto político que envolve não politiquês (grifo nosso) mas um quadro pragmático de fazer política de uma forma mais livre, mais concisa, mais honesta perante o contribuinte – que é um eufemismo puro para escravo de impostos – e isso significa mais liberdade para o cidadão, e uma delas é a de não mexerem tanto em seu próprio bolso. Meu entendimento é que o Estado é um mal necessário, e deve ser voltado ao essencial na vida do cidadão – no máximo promover saúde, educação e segurança – e nem isso ele consegue fazê-lo direito.
PC – Quais os pontos que mais lhe atraíram?
JC – O primeiro ponto com certeza é a ideia de livre mercado defendida pelo NOVO. O socialismo significa demagogia, mentira e exploração. Promete felicidade e bem-estar, quando o que lhe entrega é opressão e dominação. Um Estado grande é incapaz de respeitar as liberdades individuais, porque são antônimos. Outro grande pronto é a recusa do Fundo Partidário. Financiar campanha política com o dinheiro público é um escárnio que a velha política fez com toda a sociedade. Dinheiro que poderia ser aplicado nos campos essenciais passarão a ser gastos com mentiras e publicidade. A revisão do Pacto Federativo também. Sou a favor de diversas bandeiras do NOVO, como o combate ao Estatuto do Desarmamento, uma vez que retirou a posse de arma da mão da população civil e contribuiu com o aumento da criminalidade; da Reforma Tributária e da redução do Estado na vida do indivíduo, do voto distrital e facultativo.
Foto: Divulgação Mendonça Filho. João Cavalcanti é o quarto na foto, e está ao lado do deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE). Em primeiro está o então candidato a governador de Pernambuco, Armando Monteiro, e do então candidato ao senado Mendonça Filho.
PC – E o Aliança pelo Brasil? Nunca foi uma possibilidade?
JC – Claro que sim. Pensei com muito carinho no Aliança pelo Brasil. Mas o retrospecto envolvendo o PSL não é o dos melhores. Não quero citar nomes e tampouco mexer num vespeiro ao entrar em situações que não me dizem o menor respeito. Depois de muito pensar sobre o assunto, vi que o Partido NOVO é muito mais sério, coerente e equilibrado. Mas torço pelo sucesso do Aliança pelo Brasil, e torço pelo sucesso do governo, o que não significa adesão total no sentido de não apontar os erros. Meu retrospecto como editor-chefe do Portal Conservador prova que toda a equipe tenta trabalhar de forma independente – escrevemos sobre os variados erros de qualquer governo ou partido, qualquer que seja a filiação política de cada colaborador nosso. Tentamos ao máximo evitar o enviesamento.
PC – Nos fale um pouco sobre o conservadorismo. É uma ideologia?
JC – Nunca que o conservadorismo será uma ideologia política. É uma discussão atinente a valores, essencialmente morais. O brasileiro-médio, filosoficamente inapto, tende a considerar que o conservadorismo é um movimento, tal como apoiar o Bolsonaro, seguir o Olavo de Carvalho no twitter, vestir camisas contra o mundo moderno, fumar charutos, tirar fotos intelectuais, ler algum livro do establishment conservador, bla bla bla. Um conservador honesto é um sujeito discreto, inteligente, cristão, que tem uma visão prudente acerca da realidade que o cerca – e isso exige acima de tudo muita maturidade. Um conservador honesto não é um idiota útil. Mas politicamente falando é claro que eu sempre tive lados que acreditei serem mais coerentes e verdadeiros, tanto em relação aos cidadãos como em relação à si mesmo. Fui e sou oposição no meu Estado contra o socialismo do PSB, quando apoiei Armando Monteiro para governador, Mendonça Filho e Bruno Araújo para o Senado (foto).
PC -Existe um “hábito conservador”?
JC – Certamente que não! O conservador é uma pessoa comum. Não significa ser o chato ou o moralista exagerado. Eu sou uma pessoa comum. Veja bem, eu pratico musculação, bebo socialmente, leio meus livros. O conservador pode ser àquele que num final de semana vai a igreja de manhã cedo e passa a tarde assistindo futebol. Quem pensa em hábitos num sentido fechado, estrito, certamente não quer ser conservador. Quer ser um fantoche ou um personagem estereotipado, ou ainda objetiva ganhar status em certos setores da sociedade que ainda se veem como conservadores. Não é preciso acordar e ler Aristóteles, respirar o Olavo (com todo respeito ao mesmo), ou ouvir Beethoven e gostar de teatro. Porém, é fato que se precisa de muita leitura, mas não significa apenas ler livros. Maturidade não se conquista à toa. Não é fácil virar um adulto ou enxergar o mundo de uma maneira lógica, coerente e realista.
PC – Você pensa em candidatura política?
JC – Com certeza nem tão cedo. O Partido NOVO não é um partido formado à nível local. Estou trabalhando por sua formação na minha cidade natal, no interior do estado de Pernambuco. E seguindo o Estatuto do NOVO, a gestão partidária não pode ser feita por candidato ou por ocupante de cargo eletivo. Então ser dirigente significa não poder ser candidato. O NOVO também é contra o carreirismo político. Ser membro do partido significa aceitar essa proibição da reeleição consecutiva, o que previne a manutenção da classe política e favorece à renovação e oxigenação dos quadros. A política no Brasil precisa ser repensada desde o começo. E isso começa com o estímulo ao conhecimento e ao acesso à educação. Nossa grande arma no século XXI é a internet. Foi por esse motivo que fundei o Portal Conservador lá em 2013, desde sempre mantido com recursos próprios, sem depender de patrocínio estatal, ao contrário de certos blogs de esquerda, que só se sustentavam com dinheiro público. Ponto positivo para o Bolsonaro que acabou com isso.
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