Escrito por dois teólogos e inquisidores dominicanos, Jacob Sprenger e Heinrich Kraemer, o Malleus Maleficarum (do latim, “Martelo das Bruxas”) foi um livro do século XV destinado a ajudar inquisidores em identificar e processar as acusadas de bruxaria. Enquanto em si mesmo ele não incitou a “caça às bruxas” no momento da sua publicação, foi influente na formação do pensamento de católicos e protestantes sobre as bruxas.
O livro foi lançado em 1484 e inicialmente foi prontamente recusado pelo bispo que o encomendou, tendo seus dois autores sido posteriormente excomungados por continuarem o publicando. Com 28 edições esse volumoso manual define as práticas consideradas “demoníacas”. Ele se torna uma ‘espécie de Bíblia da caça às bruxas’ e vai ter grande influência do outro lado do Atlântico séculos depois sobre as comunidades puritanas nos Estados Unidos tendo sido utilizado no famoso Caso das Bruxas de Salém.
O prefácio também incluía uma aprovação da faculdade de teologia da Universidade de Colônia. A autenticidade do endosso de Colônia foi questionada por Joseph Hansen, mas Christopher S. Mackay rejeita sua teoria como um mal-entendido. Entretanto, o clero da Universidade o condenou, declarando-o tanto ilegal como antiético. Kramer, porém, inseriu uma falsa nota de apoio da Universidade em posteriores edições impressas do livro. A data de 1487 é geralmente aceita como a data de publicação, ainda que edições mais antigas da obra tenham sido produzidas em 1485 ou 1486.
A Igreja Católica proibiu o livro pouco depois da publicação, colocando-o na Lista de Obras Proibidas (Index Librorum Prohibitorum). Apesar disso, entre os anos de 1487 e 1520, a obra foi publicada 13 vezes. Entre 1574 e a edição de Lyon de 1669, o Malleus recebeu um total de 16 novas reimpressões. Estas informações são descaradamente omitidas e ocultadas por anticatólicos. Enganosamente, fazem parecer que o livro foi um “manual da Inquisição para caçar e torturar bruxas”. Claro, isto é um total dilate.
O livro é queridinho dos historiadores amadores atuais. Mas não é um guia confiável para o período da “caça às bruxas”: é um texto dúbio com um passado duvidoso, um livro que você simplesmente não pode levar muito à sério.
O livro tornou-se o manual para os tribunais seculares em toda a Europa renascentista, mas não foi utilizado pela Inquisição, que ainda alertou contra confiar na obra. Entre os anos de 1487 e 1520 o trabalho foi publicado treze vezes. Ele foi novamente publicada entre os anos de 1574-1669, um total de 16 vezes. Independentemente da autenticidade dos endossos que aparecem no inicio do livro, a sua presença contribui para a popularidade da obra.
Em 1538, a Inquisição espanhola advertiu seus membros a não acreditar em tudo o que o Malleus dizia, mesmo quando ele apresentava provas aparentemente sólidas (Jolly, Raudvere, & Peters(eds.), ‘Witchcraft and magic in Europe: the Middle Ages’, pág. 241 (2002). Em 1490, apenas três anos depois que foi publicado, a Igreja Católica condenou Malleus como falso.
Entre 1487 e 1520, 20 edições do Malleus foram publicadas, e outros 16 edições foram publicadas entre 1574 e 1669. No entanto, há um consenso acadêmico que a publicação do Malleus Maleficarum não foi tão influente como historiadores modernos inicialmente pensavam (Joyy et al., ‘Witchcraft and Magic In Europe’, p. 241 (2002). De acordo com MacCulloch, o Malleus foi um dos vários fatores importantes que contribuem para a mania de Bruxa, junto com a superstição popular e as tensões criadas pela Reforma.
Assim, o Malleus NUNCA FOI USADO na Inquisição, mas principalmente em tribunais seculares. Essa diferença de funcionamento entre a Inquisição e tribunais seculares é a causa dos maus equívocos, distorções e péssimas informações de historiadores contra a Igreja Católica. Além disso, embora as recomendações do livro foram aplicadas, em alguns casos, há pouca evidência de que os procedimentos foram seguidos por toda a Europa. Sua popularidade a longo prazo foi provavelmente devido ao seu apelo lascivo, e não em sua utilidade na localização e julgamento de bruxas.
Texto adaptado de Carlos Spitzweg.