O que está em jogo? O ocidente versus o Islã

O atentado de radicais islâmicos à revista francesa anarco-trotskista Charlie Hebdo, na quarta-feira passada, 07 de janeiro, mobilizou, para além da cobertura massiva de grandes redes televisivas como CNN, FOX News e Rede Globo todo um leque de discussões quanto ao futuro do cristianismo no Ocidente. Outro atentado, desta vez realizada pelo Boko Haram, também muçulmano, dizimou mais de 2 mil mortos na cidade de Baga, na Nigéria. O primeiro foi largamento divulgado, o segundo, praticamente silenciado.

O grande conflito para o século XXI é mesmo de matriz cultural e religiosa. É um grande embate entre o Ocidente laico, outrora cristão, e o Islamismo militante, que há décadas discute as mais variadas formas de uma invasão cultural e religiosa da Europa. Como o resultado parece estar saindo melhor do que encomenda, a atual discussão islâmica está no patrocínio de incursões e financiamentos de mesquitas nas Américas.

Isto ficou evidente no último encontro muçulmano de 12 de novembro, em Istambul (Turquia). O evento foi noticiado pela grande mídia? A resposta é não. O tema? “Construindo as nossas tradições e o nosso futuro”. Ao contrário de Roma, que um dia fora a capital da Cristandade, Istambul permanece como a capital do Mundo Árabe. Quarenta líderes islâmicos e o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, discutiram e traçaram metas para uma expansão islâmica para os dez anos seguintes.

A escolha de Istambul é mesmo simbólica para o islamismo. Em 1453, os árabes liderados pelo sultão Maomé II (1432-1481) tomaram em assalto a cidade de Constantinopla (atual Istambul), selando o destino do Império Romano do Oriente e anunciando o seu próprio império, o Otomano, que só veio a ser dissolvido em 1922. A tomada de Constantinopla fora uma grande vitória contra o Ocidente cristão. E querem, a partir da própria Constantinopla, continuar os devidos trabalhos.

Todo este processo de invasão acontece enquanto o Ocidente está a dormir em torno de discursos politicamente corretos, liderados por políticos de ideologias socialistas e marxistas. É uma via de mão dupla: enquanto a mídia condena toda e mera crítica ao Islã como “islamofobia”, evidenciando o “fato de serem todos pacíficos”, do outro lado a política, que outorga o ensino islâmico sob debaixo dos panos e incentiva a imigração. É uma realidade que necessita ser rapidamente compreendida.

O islamismo está em conflito com o resto do mundo desde o século VII d. C, e o islã “moderno” está canalizando suas forças através do ensino, da grande mídia e da publicidade. Mesmos muçulmanos moderados (inofensivos?) apoiam os radicais do Estado Islâmico (ISIS), afinal, estão conquistando pessoas e territórios para Alá. E nenhum islâmico é contrário à instalação da lei divina. Nos Estados Unidos, a maior organização muçulmana, a Council on American-Islamic Relations (CAIR) ficou horrorizada com a proibição da Sharia em 16 estados americanos. [1]

Igreja-Catolica-Armenia-Portal-Conservador

Igreja Católica Armênia em Raqqa, Síria, atualmente escritório do ISIS.

O Estado Islâmico dominou dois terços do território iraquiano. A segunda cidade mais populosa, atrás apenas da capital Bagdá, Mossul, não existe mais. Mossul fora um centro cristão desde o II século d. C. Com muitos altos e baixos, a violência islâmica eclodiu após a invasão dos Estados Unidos em 2003 e a campanha do ISIS significou o golpe final [2]. O arcebispo de Mossul, Dom Amel Nona, foi enfático, em agosto de 2014: “Perdi minha diocese para o Islã – vocês no Ocidente também serão vítimas do Islã”.

E de fato, o mundo islâmico sabe muito bem que está em guerra com o cristianismo. É preciso compreender a posição do Corão sobre os infiéis, que são todos aqueles não-islâmicos. Para o islamismo, é irrelevante se você é cristão, ou ateu, ou budista, se é ou não é adepto das utopias messiânicas socialistas. Continua sendo infiel, pois não compartilha da fé em Alá. E portanto, ou você se converte ao Islã, ou você deve ser morto.

Ao contrário do Ocidente, que não experimenta nenhuma coesão religiosa ou até mesmo professa irreligiosidade, o mundo islâmico é representado por uma instituição internacional: a Organização da Cooperação Islâmica, com 57 países-membros. É simplesmente o maior bloco de países do mundo. Todos estes países defendem, desde o maior ao menor grau à instituição da lei islâmica, a Sharia. Rechaçaram, em diversas ocasiões, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU.

É mais do que evidente que a secularização experimentada pelo Ocidente é completamente inofensiva contra uma religião totalitária que é o islamismo. Eles estão vencendo esta batalha, mas ainda podem perder a guerra. É só lembrar que a Cristandade foi atacada constantemente por mais de quatro séculos antes dos Papas aprovarem as Cruzadas[3] [4]. E ainda há gente ignorante, para dizer o mínimo, que as condenam.

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Advogado e historiador. Bacharel em Direito pela Universidade Católica de Pernambuco. Bacharel em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Especialista em Direito Público pela Escola Superior de Advocacia da OAB SP. Acadêmico do curso de Ciência Política pelo Centro Universitário Internacional. Colunista político, é editor-chefe do Portal Conservador. Filho de Pernambuco e conservador atuante. https://www.instagram.com/dr.joaocavalcanti/

Comentários

2 Comentários

  1. luiz claudio disse:

    Ótimo texto, vai servir como referência em sala de aula.

  2. Luiz Darocha disse:

    Texto curto e que diz a verdade crua e nua. Enquanto os que governam o mundo ocidental capitulam, não é por acaso que a França, que se caracteriza por ser um país de capitulações ou servir-se dos outros como escudo (caso da 1ª Guerra e da 2ª guerra, acabou de capitular – Quando digo a França falo na dos que a governam, os herdeiros da hedionda revolução francesa. Vão agora sair com leis para perseguir todas e todos os que denunciem o maometanismo (dito islão). Esta manifestação (na qual a Turquia e o Qatar, etc, estavam representados) marcou o final deste grande país, pois querem que as pessoas sejam “Charlies” e não patriotas (Charlie Hebdo é um jornal anarco-trotskysta). Um nojo o que se passa e o modo como abusam das pessoas.

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